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domingo, 16 de julho de 2023

A misoginia violenta do movimento trans - Revista Oeste

Tom Slater, da Spiked

O identitarismo woke se tornou um defensor da violência contra mulheres

Ilustração: Shutterstock

Quando você acha que os ideólogos de gênero não podiam se rebaixar mais, eles vão e se superam. Eventos chocantes ocorridos em Londres expuseram quanto o movimento trans e seu séquito se tornaram desvairados e moralmente perdidos.

Na Parada do Orgulho Trans+ de Londres, no sábado, 8 de julho, Sarah Jane Baker um ex-detento violento que se identifica como mulher trans subiu ao palco e defendeu a agressão às chamadas TERF (sigla em inglês para “feministas radicais trans-excludentes”), um termo ofensivo para mulheres críticas da teoria de gênero, com socos no rosto:

“Eu ia subir aqui e ser muito fofa, muito legal e muito adorável; ser queer e dar risada”, disse ele, do palco. “Mas, se vocês virem uma TERF, deem um soco na cara dela.”

Aqui está um homem que cumpriu uma pena de 30 anos por sequestro e tentativa de assassinato sugerindo que mulheres que discordam dele, que querem defender seus direitos, que não querem homens violentos como ele em seus vestiários, devem ser agredidas. E a multidão reagiu não com um silêncio estupefato ou com um susto coletivo, mas com gritos e aplausos.

Ouvir algo tão violento e misógino sendo defendido abertamente nas ruas de Londres em 2023 já é revoltante. Mas o que veio em seguida é quase pior. Na melhor das hipóteses, os organizadores do Orgulho Trans+ e um bando de figuras do Partido Trabalhista fizeram um condenação fraca de Baker. Na pior, basicamente arrumaram desculpas para ele.

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, decidiu não comentar esse incidente vergonhoso diretamente. Em vez disso, o melhor que sua equipe de imprensa conseguiu produzir foi esta miserável declaração: “O prefeito se orgulha de ser um aliado da comunidade LGBTQI+ e já deixou claro seu apoio à comunidade trans. Assim como deixou claro que a violência nunca é aceitável”. 
 
Mais deprimente ainda foi a reação da organização do Orgulho Trans+, que basicamente disse que o rompante de Baker era meio compreensível (depois da tradicional condenação da violência, claro). “Sarah e muitas outras pessoas da nossa comunidade guardam muita raiva e têm o direito de expressar essa fúria usando palavras”, disse o porta-voz do evento.

Então Clive Lewis, membro do Partido Trabalhista do Parlamento britânico se juntou ao debate com exemplo espetacular de enrolação. “Defender a violência contra os demais é errado, e esse caso não é uma exceção”, ele tuitou. “Mas, como vocês sabem, falas e ações violentas não são exclusividade de apenas um dos lados da questão.”

Esse argumento seria deplorável, mesmo que fosse verdade. 
Mas, como qualquer um que esteja acompanhando as guerras de gênero sabe, a violência, as ameaças e o ódio nu e cru não vêm do lado que critica as questões de gênero. 
Eles vêm quase exclusivamente dos ativistas trans, que parecem estar furiosos com a mera existência dessas mulheres arrogantes.

Vamos nos lembrar da viagem da ativista crítica das questões de gênero Posie Parker para a Oceania, em março. 
A viagem culminou com uma manifestação pacífica de mulheres organizada por Parker em Auckland sendo violentamente invadida por uma multidão de homens. 
A ativista foi agredida. Uma mulher mais velha levou um soco no olho.
 
Ou de Riley Gaines, a nadadora norte-americana que foi atacada na Universidade de São Francisco, em abril, quando tentou protestar contra a inclusão de homens em esportes femininos. Ou de Maria MacLachlan, a mulher de 60 anos que levou um soco no rosto de um ativista trans na casa dos 20 enquanto esperava para participar de um evento de crítica à teoria de gênero no Hyde Park, em Londres, em 2017.

Também vemos as ameaças e alfinetadas maldisfarçadas e não tão disfarçadas — às mulheres que criticam questões de gênero quando ousam falar em público ou se reunir
Em uma manifestação da ação Let Women Speak, ativistas trans cercaram o grupo e começaram a entoar “Nazista bom é nazista morto, então se matem”. Jo Phoenix, uma pesquisadora que critica o debate de gênero, foi silenciada na Universidade de Essex em 2019 depois de protestos dos estudantes. Nos preparativos para o evento, circulou um folheto que dizia “CALE A BOCA, TERF DE MERDA”, ao lado da imagem de uma arma.

Se Clive, Sadiq ou a equipe do Orgulho Trans+ pudessem me mostrar contraexemplos, de feministas radicais de destaque incentivando agressões físicas a ativistas trans, dando voltas sobre o tema ou se recusando a condenar quem comete essas agressões, eu adoraria vê-los. Mas todos sabemos que não existem. Com todas as acusações de transfobia feitas contra ativistas críticas das questões de gênero ao longo dos anos, não são elas as extremistas e inimigas nesse debate — e nunca foram. 
No entanto, essas mulheres não só são difamadas como uma ameaça à vida das pessoas trans por defenderem seus direitos baseados no sexo, conquistados com tanta luta, mas também estão sendo tratadas de maneira absurda pela lei. Feministas radicais têm sido investigadas, presas e processadas por ofensas graves como distribuir adesivos dizendo “Mulheres não têm pênis” ou por errar o pronome de alguém durante uma disputa no Twitter.

Em contraste, enquanto este artigo era escrito, nenhuma investigação sobre Sarah Jane Baker estava sendo feita, apesar da natureza muito mais extremista de seus comentários e de sua longa ficha criminal. Baker passou 30 anos na prisão, originalmente por sequestrar e torturar um familiar, e depois por tentar matar outro detento. (Baker fez a transição durante o encarceramento e afirma ter removido os próprios testículos com uma lâmina de barbear.) Ativista trans Sarah Jane Baker | Foto: Reprodução/YouTube

Atribuindo a um lado a questão espinhosa da incitação nesse caso, e considerando a linha tênue entre desabafar a própria raiva e fazer uma incitação direta à violência, simplesmente não é possível comparar as chamadas TERF com os ativistas trans. Um lado está defendendo de forma robusta seus direitos contra uma onda de preconceitos e assédio rotineiro da polícia. O outro lado são ativistas trans que não apenas têm extremistas genuínos em seus grupos, mas também têm passe livre dos membros do Partido Trabalhista, das universidades e até da polícia.

O ódio violento contra as mulheres voltou num formato politicamente correto. Homens estão sendo celebrados em manifestações por incentivar agressões a ativistas dos direitos das mulheres. Enquanto isso, políticos e ativistas, que em qualquer outra situação poderiam se considerar valentes guerreiros contra “o patriarcado”, estão desviando o olhar ou justificando essas ações.

Nunca imaginei que veria o dia em que esquerdistas autodeclarados se tornariam apologistas da violência contra mulheres. Mas nada mais me surpreende. A ideologia de gênero está enraizada no cérebro deles. Precisamos enfrentar essa misoginia woke.

Tom Slater é editor da Spiked.
Ele está no Twitter: @Tom_Slater_

Leia também “Greta e a guerra ecológica contra a classe trabalhadora”
 
 
 

quarta-feira, 1 de março de 2023

Vamos pagar mais pela gasolina para custear um governo inchado - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo

Combustíveis

Preço da gasolina
Imagem ilustrativa.- Foto: Gerson Klaina/Tribuna [nos tempos de Bolsonaro, gasolina não chegava aos R$ 5,00.]

A partir de hoje, preços mais caros para gasolina e para o álcool. O governo não pode abrir mão de nos cobrar, de nós que abastecemos nossos veículos, quase R$ 29 bilhões do PIS e Cofins. 
 E, claro, a gente vai pagar também mais do que isso porque o preço da gasolina, desde criancinha eu sei, influencia o preço de tudo.  
Só tem alguns coleguinhas que não sabem disso e estão dizendo que só quem vai pagar é o dono do carro.
 
A decisão contrariou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que queria manter a isenção, mas atendeu ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está precisando de dinheiro.  
Aliás, quando o governo fala em reforma tributária, claro que é para aumentar impostos, porque o déficit está em R$ 231 bilhões pelo orçamento, e ainda tem mais os gastos de um governo que inchou e passou a ter 37 ministérios.
 
São Paulo
Queria lembrar do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o governador que dormiu na prefeitura de São Sebastião, botou um colchão no chão e ficou lá. 
Agora voltou para a capital e já se reuniu com os industriais do estado. 
Ele diz que tem que reindustrializar o meio Brasil, que é São Paulo, a indústria de São Paulo. 
E para isso vai criar uma campanha de política tributária e de desburocratização. Estimular São Paulo significa estimular o PIB brasileiro, não tenho a menor dúvida quanto a isso.

Alexandre de Moraes e os militares
Estou achando estranho essa decisão do ministro Alexandre de Moraes, de autorizar a Polícia Federal a incluir no inquérito do 8 de janeiro, militares do Exército brasileiro, sendo que o Exército já está fazendo um inquérito para entregar ao Ministério Público Militar.

Eu acho que é um atrito desnecessário porque, por exemplo, imagina se houver busca e apreensão por parte da Polícia Federal na casa de um general, como é que fica? 
Mas, enfim, os juristas é que devem responder essas questões que se tornam cada vez mais graves e importantes.
 
CPI
Bom, agora já tem assinaturas suficientes para instalar a CPI mista de deputados e senadores para investigar o 8 de janeiro. 
Na próxima reunião do Congresso Nacional vai ter de ser lido o requerimento e aí instalada a CPI. 
Já tem assinatura mais do que suficiente de deputados e senadores para isso. Depende agora da vontade do presidente do Congresso, que é o senhor Rodrigo Pacheco, para ler o requerimento e começar essa investigação para saber o que aconteceu de fato no dia 8, as causas, as consequências e os envolvidos.

Ingerência na Petrobras
Vai voltar a ingerência de preços na Petrobras.
Eu já mencionei o aumento no preço dos combustíveis.
Haddad, o ministro da Fazenda, já está dando palpite dentro da Petrobras. O presidente da Petrobras veio para uma reunião com o chefe da política do governo, que é o ministro Rui Costa, do Gabinete Civil, e Haddad. 

Mas e os acionistas da Petrobras, como é que ficam?

O governo é o acionista majoritário em ações com direito a voto, mas as outras pessoas – são milhões de acionistas, inclusive de outros países –, o acionista que está investindo para ter dividendos?  
Vai ter um colchão, como diz Haddad, para restringir a margem de lucro da Petrobras, mudar a política de preços, que é o preço internacional  cotado ao dólar? 
Vai voltar ao que era antes? Esse é um assunto muito importante e nós temos de ficar de olho nisso também.

Por fim, queria registrar aqui que aquela advogada que acusou a Prevent Senior de tratar uma doença, no caso a Covid, lá na CPI e depois na televisão, foi condenada a pagar uma indenização para a Prevent Senior no valor de R$ 300 mil por danos morais.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


Juscelino Filho já teria sido demitido em qualquer governo que se desse um mínimo de respeito - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Esse Juscelino Filho, que ganhou do presidente Lula o Ministério das Comunicações, é um desastre com perda total.  
Ele já estava fazendo hora extra no emprego; em qualquer governo que se desse um mínimo de respeito, deveria ter sido posto no olho da rua quando foi revelado que gastou dinheiro público para asfaltar uma estrada bem na frente de uma de suas fazendas no Maranhão. 
Agora, segundo divulgou uma reportagem de O Estado de S. Paulo, usou um jato da Força Aérea Brasileira para comparecer a um leilão de cavalos de raça em São Paulo, durante o fim de semana. 
Pior: recebeu do Erário diárias pelos dias da viagem, como se tivesse trabalhado em alguma coisa.  
Para completar, foi anunciado que ele ocultou mais de 2 milhões de reais do seu patrimônio na declaração feita à justiça eleitoral para as eleições de 2022. É esse o nível; é esse o retrato do governo Lula.
 
Qual a seriedade que se pode esperar de um governo que entrega a um indivíduo como esse o seu Ministério de Comunicações, tido pela esquerda como uma das peças mais “estratégicas” do Estado brasileiro? Qual o critério de escolha? 
 Não vale dizer, como resmunga agora o PT, que Lula não tem nada a ver com isso, porque apenas aceitou um nome indicado pela “base aliada”. 
De fato, o ministro vem de uma dessas gangues partidárias que infestam o Congresso Nacional e vendem apoio a qualquer governo, mas isso não é desculpa – quem o nomeou foi o presidente da República, e o presidente tem de ser responsável pelas nomeações que faz.  
O ministro dos cavalos está, sim, na conta de Lula como estão a ministra cercada de milicianos que gastou mais de 1 milhão de reais em gráficas fantasmas e aluga, com dinheiro público, um escritório por três vezes o seu valor de mercado, mais uma penca de outros elementos da mesma qualidade.

Lula tem um problema sem solução com essa gente toda; o que pode dizer a eles, com a sua folha corrida na justiça criminal? 
O presidente foi condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, e só está solto porque o STF lhe deu de presente a “anulação” dos seus processos – por erro de endereço, disseram. 
E agora, diante de um Juscelino desses, ou qualquer outro igual a ele, o que Lula pode dizer? “Seja honesto”? Corre o risco de lhe rirem na cara. É aí, justamente, que está o problema: no Brasil de hoje, o presidente da República não vale mais, em termos de moral pública, do que qualquer dos tipos mais escuros que foram nomeados para o seu governo. É tudo pinga da mesma pipa.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo


sexta-feira, 31 de julho de 2020

Com a outra mão - Alon Feuerwerker

Análise Política


São muitos números, então é melhor ir direto para a explicação completa (leia). O fato é que o déficit primário explodiu e as previsões para este ano são astronômicas (leia). O que era para ser uma consistente política de austeridade sustentada foi abalroado pela pandemia da Covid-19. 
Paciência, dirão, o imprevisível é sempre muito difícil de prever.

É razoável supor que quando a pandemia passar (quando?) ficaremos sim com um problema de estoque de dívida, mas o fluxo vai talvez normalizar-se. Dirão os pessimistas que é muito otimismo, mas não custa ter algum. Qual é a dúvida, então? Como fazer para servir a dívida que cresceu esse tanto, mas de um jeito que não implique tirar o oxigênio da recuperação econômica.

Se o governo estiver de olho apenas em aumentar a arrecadação a todo custo, vai asfixiar a economia. O melhor seria subir a receita graças a um belo aumento da atividade. Mas isso não está no horizonte próximo, todas as pesquisas mostram um consumidor cabreiro. Quando a desconfiança do consumidor em relação ao futuro vai passar? Na boa, ninguém sabe.

O governo busca recursos para o Renda Brasil. Mas nenhum programa social terá efeito milagroso para 2022 se, com a outra mão, o governismo garrotear quem está um pouco acima na escala social.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

sexta-feira, 22 de maio de 2020

O novo imposto e a mão de gato - O Estado de S.Paulo

Celso Ming


Mais uma vez, Paulo Guedes insiste na criação de um imposto que lembra a velha CMPF, o imposto do cheque
O que é, o que é? Tem focinho de gato, orelha de gato, olho de gato, garra de gato, mas tem uma peninha na cabeça? A resposta qualquer criança sabe: é um gato com uma peninha na cabeça. Pois, mais uma vez, o ministro da Economia, Paulo Guedes, insiste na criação de um imposto que lembra a velha CMPF, o imposto do cheque. Também desta vez, ele insiste em dizer que não tem nada a ver com CPMF. Mas não esconde que será um imposto provisório – que fique entendido – a ser cobrado sobre operações digitais.

Sempre que essa ideia aparece, vem com supostas meritórias intenções. Em 1996, quando o então ministro da Saúde, Adib Jatene, defendeu a criação da CPMF, argumentou que viria para financiar a saúde pública. Alguém poderia ser contra o melhor dos objetivos, o ataque às doenças? Logo se viu que era apenas um jeito maroto de vender o imposto, porque a arrecadação foi para o caixa geral e daí para onde o governo determinasse.


Agora, o ministro argumenta que é preciso recriar empregos. O novo imposto derrubaria os encargos sociais das empresas, que, por sua vez, seriam encorajadas a contratar pessoal, agora quando o desemprego corre solto. Esse disfarce de imposto provisório também é velho de guerra. O imposto do cheque também começou provisório. Em dois anos deveria ser extinto. De provisório em provisório, foi ficando. Durou dez anos. [o óbvio: o mesmo P que inicia provisório, inicia permanente.]

Achar que esse imposto não dói porque seria automaticamente cobrado pelos bancos é uma empulhação. O que não é operação digital nesta economia moderna? Todas as operações bancárias têm pelo menos algumas fases digitais, os pagamentos por cartão de crédito ou de débito são digitais; o comércio eletrônico é digital, a encomenda de comida para entrega em domicílio (o delivery) é digital. Além disso, não é preciso ser tributarista para saber que este é um imposto de péssima qualidade. Incide cumulativamente (em cascata) ao longo de toda a cadeia de pagamentos, o que é expressamente proibido pela Constituição (art. 154). Na medida em que onera a mercadoria com impostos sobre impostos, encarece as exportações e, assim, tira competitividade do produto brasileiro. [para ficar bem claro: incide nas duas pontas - paga quando recebe e paga quando paga = na entrada e na saída.] 

Ah, sim, o ministro garante que a alíquota será baixa, não só para reduzir o tamanho da facada, mas também para reduzir as distorções. Essa é também uma história conhecida. Um imposto assim sempre começa com uma alíquota quase simbólica. Mas, lá pelas tantas, falta dinheiro nos cofres públicos e o ministro de plantão dirá que não há outro jeito senão aumentar a alíquota e assim sucessivamente. [vide o IOF: alíquota diária até parece irrisória, suportável; 
só que quando você faz a operação financeira incide uma alíquota única, de apenas 0,38% = rendimento de dois meses da caderneta de poupança.
Um exemplo: faltando um dia para o aniversário de sua poupança você tem uma necessidade urgente e inadiável e para não perder o 'rendimento' da poupança você usa o cheque especial por um dia.
Mesmo que seja naquele banco dos 'dez dias sem juros' você paga de imediato 0,38% de IOF mais um percentual diário.
Para recuperar os 0,38% você tem que somar dois meses de poupança.] 

Se após tantos desmentidos essa anomalia for realmente recriada, Estados e municípios haverão de brigar por fatias do que vier a ser arrecadado sob o argumento de que o fato gerador do imposto é o mesmo do ICMS ou do ISS, que lhes cabe por direito. Finalmente, esse imposto vai sendo proposto na pior hora, quando o desemprego e a crise tiram renda do trabalhador, quando, altamente endividadas, as empresas estão quebrando e não conseguem sequer honrar seus compromissos junto com o Fisco.

Esta é mais uma mão de gato.

Celso Ming, colunista - O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 13 de abril de 2020

A inércia opera a favor de quem? - Alon Feuerwerker

Análise Política

O presidente da República vive uma situação contraditória. Nunca o apoio a ele foi tão sólido na sua base fiel. Todas as pesquisas mostram entre 25% e 35% do eleitorado acompanhando-o mesmo nas polêmicas em que está sozinho contra o resto da política e a opinião pública. Mas a faca tem dois gumes, e nunca como nesta crise da Covid-19 Jair Bolsonaro esteve tão próximo do isolamento. Na sociedade, nas instituições e mesmo dentro do próprio governo.
As falas e ações de Bolsonaro deixam claro que os movimentos dele com acenos à conciliação são apenas manobras táticas para ganhar tempo e reagrupar forças com o objetivo de retomar a ofensiva. Ele joga com a atitude dos que confiam plenamente na vitória final, ou dependem excessivamente dela para sobreviver. E também por isso não têm maior interesse num acordo de paz. Ou mesmo num armistício mais duradouro, que possibilite a estabilização do front.

Em política, é sempre importante levar em conta a inércia. Responder à pergunta “se não acontecer nada, acontece o quê?”. É a outra forma de perguntar a favor de quem joga o tempo. E a análise desse fator deve ser sempre pontual, pois o vento pode mudar de sentido de uma hora para outra. Então cabe perguntar: se persistir à esquerda e ao dito centro a rejeição a enveredar pelo caminho do confronto final contra o presidente, qual será o desfecho?

Para recuperar a expressão popularizada pelo técnico da Seleção na Copa de 1978 (faz tempo...), Cláudio Coutinho, Bolsonaro mostra jogar de olho no ponto futuro. Na crise provocada pelo SARS-CoV-2, apesar de ajustes táticos aqui e ali, parece confiar que a fortaleza dos adversários, particularmente os governos estaduais, [já começam  a despontar entendimentos diferentes entre os governadores e a tendência natural é que essas divergências se transformem em pontos de atritos ... - manter em um mesmo balaio,  27 governadores é até divertido o desastre que vai dar.
Enquanto pelo menos nessa 'guerra' Bolsonaro é só ele, coeso, pensamento único = o dele.] vai cair diante da inevitabilidade de alguma hora as pessoas precisarem voltar ao trabalho para garantir a subsistência.

Não chega a ser uma aposta tão arriscada. O tema começa a ganhar espaço em todo o mundo mesmo sem o vírus da Covid-19 estar neutralizado. Até porque fica cada vez mais evidente que isso talvez demore. E bastante. Então trata-se de planejar a executar a volta à atividade mais dia menos dia, tomando as providências necessárias, ou possíveis, para reduzir a transmissão do patógeno quando as pessoas voltam de algum modo à vida social.

Um governo convencional teria assumido cedo a liderança do lockdown, e agora estaria liderando o planejamento da operação para sair dele. E saborearia os píncaros da popularidade. E a completa imobilização da oposição. É o que acontece, por exemplo, na Argentina. Onde está a diferença? Talvez ela esteja em Alberto Fernández ter um partido institucional hegemônico e vertebrado, enquanto Bolsonaro não tem nenhum.

Talvez essa diferença leve o presidente brasileiro a acreditar que se decidir enveredar pelo caminho da conciliação com o establishment acabará imobilizado, se não terminar derrubado. Na ausência de um partido institucional para chamar de seu, Bolsonaro precisa manter em movimento o partido bolsonarista extra-institucional, exatamente para bloquear o movimento de adversários políticos, especialmente dos que se apresentam como possíveis aliados.

Entrementes, disputa espaço nas manchetes com a contabilidade de mortes. E fica a pergunta: “Se não acontecer nada, acontece o quê?” 

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político - Análise Política


terça-feira, 22 de agosto de 2017

Já atingiram meu olho, mas não vão me calar', diz professora agredida

Professora agredida em SC pede que país 'volte a valorizar a educação'

Agredida por um aluno dentro da escola em que trabalha, a professora Marcia Friggi, 51, pediu nesta terça-feira (22) que o país "volte a valorizar a educação" e que alunos e pais de alunos "voltem a respeitar os professores". 


  A professora Marcia Friggi, 51, agredida no interior de Santa Catarina por aluno de 15 anos

"Precisamos voltar a valorizar a educação e a cultura. Precisamos voltar a respeitar os pais, os professores, os mais velhos. O Brasil está esquecendo disso", disse à Folha. Na segunda (21), ela foi agredida a socos por um aluno de 15 anos em Indaial (145 km de Florianópolis). 



A professora publicou na internet fotos em que aparece com corte na testa e com hematoma no olho direito, e desde então vem sendo tratada nas redes sociais como uma espécie de "símbolo do descaso com a educação".  "Infelizmente, isso [agressão] não ocorre só comigo. Vários professores passam por esse problema diariamente. Isso [violência] precisa mudar. Nosso país só vai conseguir melhorar se melhorar a educação." Marcia disse que ainda não consegue abrir o olho direito. "Não estou bem nem fisicamente, nem emocionalmente." 

POLÍCIA
De acordo com relato da professora à Delegacia de Polícia Civil de Indaial, a agressão aconteceu às 10h de segunda-feira no Ceja (Centro de Educação de Jovens e Adultos) da cidade. Era a primeira aula dela com o aluno. No depoimento, Marcia contou que o rapaz se irritou quando ela pediu para ele tirar o livro de cima das pernas e colocá-lo sobre a mesa de estudos. O aluno teria se recusado e a xingado. 

Ainda segundo o depoimento, a professora pediu para o aluno se retirar da sala e ir até à direção. No caminho, segundo a educadora, o rapaz jogou o livro em sua direção, não a atingindo. A agressão aconteceu na sala da direção. Marcia diz ter levado três socos, a ponto de cair contra a parede. Segundo ela, o aluno "é alto, é forte, é um homem". A professora é magra e mede 1,65 m.
O delegado José Klock afirmou que a professora estava machucada no momento do registro da ocorrência e que ele chamado à delegacia e que a polícia ouvirá testemunhas da agressão. 

ANTECEDENTES
O conselheiro tutelar Jair Gilmar Gonzaga informou que o aluno denunciado pela professora já "precisou de encaminhamentos anteriores" da repartição, mas não detalhou os motivos. Limitou-se a dizer que foi por "problemas" nas escolas em que já estudou. "O que podemos dizer é que nunca tivemos um caso de agressão com esta magnitude aqui na cidade. É algo atípico", disse. 

Uma professora da rede municipal da cidade ouvida pela reportagem disse que o aluno "é agressivo" e que está no Ceja porque não conseguiu fazer os ensinos básico e fundamental com os colegas da mesma faixa de idade. "Ela já bateu em colegas. Bateu até na mãe. É um garoto com problemas sérios de relacionamento, sem orientação", disse a professora, que pediu para não ser identificada. 

EXPERIÊNCIA
A professora Marcia Friggi trabalha em mais de uma escola de Indaial, cidade de 65 mil habitantes. Marcia é professora de Língua Portuguesa. Está no magistério há 12 anos. Ela ficará sete dias em casa, de atestado. Colegas a descrevem como "uma pessoa comedida". "A professora Marcia é uma profissional respeitada. É uma pessoa comedida. Sempre respeitou os alunos", disse Andrea Cordeiro, coordenadora de uma escola onde a professora leciona. 

A agressão contra ela foi comentada até por pessoas e entidades fora do âmbito da educação. "Episódios como o da agressão à professora são emblemáticos e não podem ser aceitos, sob hipótese alguma. As medidas socioeducativas pertinentes precisam ser adotadas", disse Glauco José Côrte, presidente da Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina). 

"A ampla repercussão do ocorrido precisa ser o ponto de partida para uma reflexão sobre o valor do professor para a sociedade. O respeito aos valores e à dignidade humana começa em casa. Jamais pode ser delegado à escola", disse ele.  Nesta terça, Marcia afirmou que o comportamento do aluno "é reflexo da falta de respeito que ocorre em toda a sociedade" e que "na sala de aula isso vem à tona". Marcia disse que tem recebido milhares de mensagens de carinho, mas que também vem recebendo "manifestações de ódio", o que "não [lhe] surpreende".
Ela afirmou que não tem expectativas sobre o que vai acontecer com o aluno. "A minha parte eu fiz. Não me acovardei. Procurei a polícia, fiz corpo de delito. Agora não é mais comigo." 

OUTRO LADO
A reportagem não conseguiu contato com o aluno acusado de agressão, nem com a família dele. Os nomes do rapaz e dos pais não foram fornecidos pelo Ceja, pela Secretaria de Educação, pela Polícia Civil, pelo Conselho Tutelar e pelo juizado da Infância e Juventude.
Até a tarde desta terça, ele também não havia sido ouvido formalmente por nenhuma entidade que pudesse, indiretamente, fornecer sua versão. A promotoria da Infância e Juventude de Indaial informou que o caso "ainda não foi formalizado" e que provavelmente correrá em segredo de justiça porque se trata de adolescente. 

A direção do Ceja não comentou o assunto. Informou que só a Secretaria de Educação do município falaria sobre o caso. Em nota, a pasta confirmou a agressão, informou que prestou apoio à professora e declarou que repudia "qualquer tipo de agressão moral ou física independentemente da motivação". "A Secretaria de Educação está acompanhando todos os fatos e continuará prestando o apoio necessário à professora", diz o texto. A nota não faz alusão ao aluno. 

O prefeito de Indaial, Andre Moser (PSDB), informou nesta terça que a situação escolar do aluno será discutida nos próximos dias e que a agressão já foi comunicada às autoridades competentes. [esse  marginal é mais um beneficiado pela estúpida determinação legal que impede que menores de 18 anos sejam penalizados quando cometem 'infrações' - no Brasil menor não pode ser preso e sim apreendido e não comete 'crimes' e sim ato infracional.]

Fonte: UOL -  Folha de S. Paulo



á atingiram meu olho, mas não vão me calar', diz professora agredida... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/noticias/bbc/2017/08/22/ja-atingiram-meu-olho-mas-nao-vao-me-calar-diz-professora-agredida.htm?cmpid=copiaecola
Já atingiram meu olho, mas não vão me calar', diz professora agredida... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/noticias/bbc/2017/08/22/ja-atingiram-meu-olho-mas-nao-vao-me-calar-diz-professora-agredida.htm?cmpid=copiaecola
Já atingiram meu olho, mas não vão me calar', diz professora agredida... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/noticias/bbc/2017/08/22/ja-atingiram-meu-olho-mas-nao-vao-me-calar-diz-professora-agredida.htm?cmpid=copiaecola