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quinta-feira, 12 de maio de 2016

Temer enfrenta primeiros protestos em Brasília e São Paulo - protestos são ridículos, insignificantes quanto seus participantes e a presidente deposta

Manifestantes fecharam a Av. Paulista e entraram em confronto com a PM no Planalto 

Enquanto Michel Temer fazia seu primeiro pronunciamento como presidente interino no Palácio do Planalto, do lado de fora manifestantes contra o novo governo tentaram invadir o prédio e entraram em confronto com a polícia, que usou gás de pimenta para dispersar o grupo. Entre os militantes, estavam cerca de 40 mulheres que se acorrentaram na grade de proteção do palácio mais cedo em protesto contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ninguém foi detido. Durante o pronunciamento, o presidente interino também foi alvo de panelaços em alguns bairros do Rio e de São Paulo, onde manifestação fechou a Avenida Paulista.


Policiais usam spray de pimenta em protesto no Palácio do Planalto durante pronunciamento do presidente interino, Michel Temer - ANDRE COELHO / Agência O Globo

Segundo a Polícia Militar do DF, havia cerca de 200 manifestantes em frente ao Planalto. Os policiais agiram em apoio à segurança do palácio, quando um grupo conseguiu ultrapassar a grade de proteção para invadir o local. Os manifestantes chegaram a deitar na rampa, mas foram retirados com gás de pimenta. Minutos depois, outro confronto teve início, novamente com uso do produto que irrita pele, olhos, boca e mucosa nasal, levando ao fim da manifestação.

Uma das militantes, a cientista política Louise Caroline, 32 anos, filiada ao PT, disse que a mobilização em frente ao Planalto é só o início: - A gente veio dizer que não tem arrego. Vamos todos os dias desse presidente interino lembrá-lo que ele não tem legitimidade. Temer deu o golpe numa mulher, apresenta um Ministério sem nenhuma mulher. Isso é simbólico, é prova de que já conhecemos esse governo: de brancos, homens, representantes das elites - diz Louise.

Em meio à confusão, militantes que apoiam o novo governo também acabaram atingidos pelo gás de pimenta. Eles estavam a poucos metros dos manifestantes a favor de Dilma. Antes do confronto, os dois grupos chegaram a trocar insultos, mas policiais se postaram fazendo uma espécie de barreira entre os adversários.

Parte das mulheres que participavam da manifestação que terminou em confronto é de outros estados. Elas vieram a Brasília para a Conferência de Mulheres e são ligadas, em sua maioria, a movimentos e entidades que trabalham o tema de gênero. Antes das 19h, o clima já era de tranquilidade nos arredores do palácio, mas policiais se mantiveram no local para garantir a segurança.

Mais cedo, durante o discurso de Dilma, cerca de 4 mil militantes ocuparam a parte da frente do Planalto para mostrar apoio a Dilma.Para chegar à área mais próxima ao palco externo, onde ela fez um discurso para a militância, era preciso passar por um detector de metais, dispensar garrafas de água, guarda-sol e demais objetos considerados perigosos. Mesmo assim, a área ficou lotada.

A militância chamou Temer de "golpista", prometeu forte oposição popular ao governo dele e direcionou palavras de carinho a presidente afastada. Sob um forte calor do meio-dia, intensificado pela secura de Brasília, os manifestantes gritavam frases como "Dilma, eu te amo" e "Lula ladrão que roubou meu coração".

O ex-presidente Lula, que acompanhou Dilma, ao lado de outros aliados, foi ovacionado pelos manifestantes, que também não economizaram elogios a José Eduardo Cardozo. Se, enquanto ministro da Justiça, ele foi alvo de críticas por não controlar a Lava-Jato, reconquistou a simpatia da militância e do PT, de onde vinham as maiores queixas, ao atuar como defensor jurídico da presidente no processo de impeachment,na função de advogado-geral da União. - Agora é com você, Cardozo - gritavam militantes. Outros completavam: - Você é o cara!

AVENIDA PAULISTA FECHADA
Em São Paulo, protesto organizado por movimentos sociais fechou os dois sentidos da Avenida Paulista. O grupo pró-Dilma, acompanhado por um caminhão de som, saiu em marcha em direção ao prédio da Fiesp, local do acampamento pró-impeachment, onde queimaram patos de papelão. O pato é um símbolo, criado pela Federação das Indústrias de São Paulo, do movimento pelo afastamento da presidente Dilma.


Não haverá trégua. A disposição dos movimentos é de resistência. Estamos diante de um governo ilegítimo, que não foi eleito — afirma Guilherme Boulos, líder do MTST, que fez ainda duras críticas ao nomes escolhidos para os ministérios de Temer:
— Falaram em ministério de notáveis e estamos vendo notáveis de corruptos — concluiu.


Fonte: O Globo