Já discordei mais de uma vez da
professora Eloísa Machado de Almeida, que costuma analisar decisões
tomadas pelo Supremo. Neste sábado, na Folha, escreve um excelente e ponderado artigo sobre a decisão tomada pelo Supremo. Ela trata das incertezas decorrentes da exótica escolha feita pelo tribunal.
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Tantas incertezas indicam que a nova interpretação dada pelo Supremo estará sob questionamento constante. A forma pela qual o Supremo chegou a essa mudança de interpretação não ajuda: uma questão de ordem em ação penal, suscitada pelo próprio ministro relator.
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Tantas incertezas indicam que a nova interpretação dada pelo Supremo estará sob questionamento constante. A forma pela qual o Supremo chegou a essa mudança de interpretação não ajuda: uma questão de ordem em ação penal, suscitada pelo próprio ministro relator.
A decisão, repentina e processualmente
exótica, mostra que o Supremo pode se valer de qualquer ação em
andamento para derivar questões constitucionais relevantes, sem que
tenha sido provocado a isso e mesmo quando há debate pendente no
Legislativo (ainda tramita uma PEC que extingue definitivamente o foro
por prerrogativa de função em todas as situações).
Esse é só mais um exemplo da expansão de
competências dada pelo tribunal a si mesmo. É verdade que não se trata
de um fenômeno exclusivo de nosso tribunal; afinal, já é célebre a frase
de um dos juízes da Suprema Corte americana dizendo que a Constituição é
o que os juízes dizem que é. A Constituição brasileira é que o Supremo
diz? Decisões recentes, tomadas no curso de uma agenda de moralização da
política, têm afastado o tribunal do sentido muitas vezes literal da
Constituição. Amplia seu poder, mas não sua autoridade: quanto mais
inusual, dividida e imprevisível a decisão, maiores os questionamentos.
Muito poder, sem controle nem mesmo
processual, deveria ser acompanhado de moderação. Para cortes infladas, o
remédio é a autocontenção— e nisso o Supremo Tribunal Federal tem
falhado.
Retomo
Sempre há alguma esperança quando uma professora de direito honra o magistério e seus alunos e diz o que tem de ser dito, sem ceder ao alarido.
Sempre há alguma esperança quando uma professora de direito honra o magistério e seus alunos e diz o que tem de ser dito, sem ceder ao alarido.
Blog do Reinaldo Azevedo