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sexta-feira, 17 de julho de 2020

DESPEJARAM MUITOS BILHÕES E CORRUPÇÃO, MAS POUCA INTELIGÊNCIA NO COMBATE AO COVID-19 - Sérgio Alves de Oliveira


Apesar das deficiências na prevenção e cura da pandemia do novo coronavirus, certamente o maior índice de letalidade no Brasil se deve  à demora no combate à doença. Conforme o “avanço” da “praga chinesa”, chega-se a um ponto em que a possibilidade de cura fica cada vez mais remota,irreversível,com muita frequência levando ao óbito.
Investe-se  fábulas de dinheiro, público e privado, em novos hospitais, leitos, UTIs, respiradores artificiais, e diversos outros equipamentos, relativos ao Covid-19,no momento em que a máxima prioridade deveria ficar centrada  no “ataque” à doença logo aos primeiros sintomas, no seu início, no seu “jardim da infância”.

É evidente que os testes e exames laboratoriais respectivos despendem apenas uma pequena fração dos custos envolvidos nas fases posteriores da sua evolução, com toda a parafernália hospitalar envolvida. E o mesmo acontece com os remédios ”quebra-galho” disponíveis no mercado da indústria farmacêutica, bem baratos,que apesar de destinados originalmente a outras doenças,têm demonstrado alguns  resultados satisfatórios quando empregados bem no início da doença. E tudo isso sem considerar a verdadeira guerra de interesses econômicos deflagrada  dentro da indústria farmacêutica, cada  qual não poupando “fake news” para alijar o  concorrente da competição.

A roubalheira “pública”na compra de equipamentos e remédios para combater a doença, com dispensa de licitação, especialmente nos Estados e Municípios, hoje detentores do “monopólio” das políticas públicas no  enfrentamento da referida  doença, por decisão do próprio  Supremo Tribunal Federal, teve um efeito absolutamente “perverso”: “democratizou” a corrupção, através da  sua “distribuição” a uma infinidade de servidores e  administradores públicos, dos Estados e Municípios, onde o controle certamente fica bem  mais difícil por ficar (a corrupção) “pulverizada”nos diversos entes político-administrativos dessa “pseudofederação”, “teóricamente ”autônomos” entre si.

Um episódio que se passou com a renomada médica pneumologista de São Paulo, Dra.Carmen Silvia Valente Barbas, internacionalmente  reconhecida por ter aperfeiçoado nova técnicas de ventilação mecânica para o Covid-19,atuante nos Hospitais de Clínicas e Albert Einstein, tem força para deixar-nos,do “comum-dos-mortais”, verdadeiramente de “orelhas-em pé”. Ela foi uma das “milhões” de vítimas dessa doença.
Mas apesar de  especialista  e “inventora” de novas tecnologias em respiração  mecânica,e cercada de todos os recursos do mundo para enfrentamento dessa doença,na verdade ela acabou “escapando  por pouco”.

No dia 19 de março de 2020 a referida  médica começou a ter um pouco de dor de garganta,tosse , dores no corpo e cansaço. Nem deu muita “bola”. Mas acabou fazendo teste de Covid-19, em 23 de março. Os resultados laboratoriais,”positivo”, só chegaram no dia 27,ou seja, após 4 dias. Não é preciso ser médico para  se concluir  que durante esses 4 dias,somados aos outros 4 dias decorridos entre os primeiros sintomas e o   exame laboratorial ( de 19 a 23 de março), ou seja,um total de 8 dias, o vírus chinês foi se “aperfeiçoando”. Quando se deu conta da gravidade da sua situação,a Dra. Carmen imediatamente convocou os seus discípulos,médicos que havia treinado com a sua invenção, para atendê-la. Nada mais justo .E com isso  acabou “escapando”. Mas por muito pouco.

O caso da Dra. Carmen certamente serve para mostrar em que  “maus lençóis” estão os brasileiros, que não são médicos, pneunomologistas ,ou infectologistas,nem têm alunos treinados por eles para atendê-los nesse tipo de  demanda, e também não têm as estruturas de hospitais sofisticados como o de  Clínicas ou Albert Einstein à disposição.
 Portanto, o que mais falta no combate ao novo coronavirus é mais  honestidade, bom senso e, acima de tudo ,“lógica”, qualidades ao que parece cada vez mais raras, especialmente no poder público. Sem atacar o Covid-19 no seu “berçário”,uma infinidade de mortes ainda deverão acontecer.


Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo