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quinta-feira, 3 de março de 2022

QUAL O LIMITE PARA PUTIN? - Guilherme Baumhardt

Nações têm interesses e estão de olho em mercados. A relação entre parceiros pode gerar benefícios, mas quando ela se traduz em dependência pode significar, também, riscos

Semanas atrás, na véspera da visita do presidente Jair Bolsonaro à Rússia, um recuo das tropas comandadas por Vladimir Putin foi comemorado como um sinal de que o iminente conflito com a Ucrânia poderia não ocorrer. O quadro remete ao que muitas vezes ocorre com o paciente internado por longo período em um hospital: uma leve melhora antes do óbito. No caso das tropas russas, o que houve foi um embuste. A decisão de Moscou de atacar Kiev já estava tomada. Era apenas questão de tempo. Prova disso é a velocidade com que avançam sobre o território ucraniano.


Bombas, mísseis e mortes ocorrem todos os dias – a população de Israel que o diga, volta e meia atacada pelo grupo terrorista Hamas. O que estamos assistindo neste momento, porém, é bem diferente. Trata-se de uma potência nuclear avançando sobre o segundo país em área territorial do Velho Continente. Não é pouca coisa.

A ruína da antiga União Soviética trouxe cicatrizes. Países foram desmantelados (Tchecoslováquia e Iugoslávia, para ficarmos em apenas dois dos mais expressivos exemplos) e deram origem a outras nações. E embora tenham sido processos traumáticos e construídos muitas vezes à base de protestos, sangue e mortes, eram conflitos essencialmente internos.

Sem saber ainda qual o apetite de Vladimir Putin e qual a dimensão que terá o impacto nas relações políticas e econômicas, ficam algumas lições do que ocorre neste momento.

A primeira e, talvez, mais básica é: não existe vácuo de poder. Quando alguém abre mão da liderança, o que surge não é o vazio, mas sim uma substituição natural.   
Donald Trump estava longe de ser o mais polido dos presidentes norte-americanos. Mas se faltava educação e finesse, sobrava habilidade nas negociações. 
Joe Biden oscila. A ameaça de retaliar a Rússia com embargos econômicos tem alcance limitado e ele sabe disso. O mundo esperava uma reação mais enérgica. Ela não veio.

A segunda lição serve de alerta: a agenda ambiental que demoniza combustíveis fósseis pode ser, aos olhos das novas gerações, limpa e cheirosa. Mas traz riscos, especialmente do ponto de vista de segurança, tanto de fornecimento quanto de estabilidade política. A pergunta mais óbvia é: enfiar goela abaixo, a fórceps, o uso de energias alternativas interessa a quem?

Nações têm interesses e estão de olho em mercados. A relação entre parceiros pode gerar benefícios, mas quando ela se traduz em dependência pode significar, também, riscos. A Europa que estimulou (inclusive com a adoção de prazos legais) a propagação dos carros elétricos estava interessada em depender menos do petróleo que ela pouco produz (exceção feita aos nórdicos). Até aí, sem problemas. Mas a mesma Europa que queria reduzir esta dependência é hoje praticamente refém do gás russo, especialmente a Alemanha, que decidiu precipitada e erroneamente desligar usinas nucleares após o terremoto e posterior tsunami que atingiu a usina de Fukushima.

Em meio à onda desarmamentista que avança sobre o mundo, uma importante lembrança: na metade da década de 1990, um acordo selou o destino do poderio nuclear da Ucrânia, o terceiro mais importante do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e Rússia. As ogivas foram devolvidas aos russos sob a promessa de que o ocidente garantiria a segurança dos ucranianos. Pergunto: se a Ucrânia ainda tivesse este arsenal sob seus domínios, Putin se arriscaria a fazer o que fez? Pouco provável.

O fato é que Joe Biden parece perdido.[parece? o dorminhoco americano já estava perdido quando o candidataram.]  Não é a primeira vez que isso ocorre com um presidente dos Estados Unidos. Na década de 1960, John Kennedy passou por situação semelhante. Após vencer Richard Nixon nas eleições, o jovem presidente democrata entrou em uma ciranda de desgaste da gestão. A aprovação a ele e ao governo caía. Assim como ocorre agora, a antiga União Soviética viu na fraqueza de Kennedy uma oportunidade de expandir seus domínios e ampliar seu poder bélico.

O resto é história. A chamada "Crise dos Mísseis" tirou o sono de boa parte do planeta ao longo de quase duas semanas. Habilidoso, Kennedy viu ali uma oportunidade. O jovem peitou Nikita Khrushchev, impediu a instalação do arsenal soviético em solo cubano e aproveitou para recuperar o terreno perdido. Kennedy ressurgiu como liderança no seu país e, também, no ocidente. O mundo hoje olha para Joe Biden e não nutre grandes esperanças de que algo semelhante possa ocorrer. Se nada for feito, a resposta para o título da coluna será: não há limite. Infelizmente.

*Publicado originalmente no Correio do Povo de 25/02/2022

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Bolsonaro: "Cuidado que ivermectina mata bichas, hein? Cuidado"

Comentário homofóbico foi feito em entrevista à rádio Joven Pan. O mandatário defendeu uso do medicamento, que não possui comprovação científica contra a covid-19, disse que tomou o remédio e que integrantes do Palácio do Planalto também fizeram uso da medicação. "Eu tomei a cloroquina, mais de 200 tomaram, aqui na Presidência, e ninguém foi a óbito", alegou

 O presidente Jair Bolsonaro teceu um comentário homofóbico nesta quarta-feira (21/7) durante entrevista à Rádio Jovem Pan de Itapetininga. O mandatário defendeu o uso do medicamento ivermectina, que não possui comprovação científica contra a covid-19, disse que tomou o remédio e que integrantes do Palácio do Planalto também fizeram uso da medicação. O presidente mencionou ainda cloroquina, que tampouco tem eficácia comprovada contra a doença. "Eu tomei a cloroquina, mais de 200 tomaram, aqui na Presidência e ninguém foi a óbito", alegou.

Em seguida, o apresentador Milton Júnior relatou ter usado ivermectina ao ser diagnosticado com o vírus. "Se serve de demonstração, aqui na rádio, todos nós tomamos a ivermectina e ninguém pegou covid-19". O mandatário rebateu: "Cuidado, que ivermectina mata bichas hein? Cuidado", riu.

Política - Correio Braziliense


quarta-feira, 17 de março de 2021

A campanha mundial assassina contra o combate precoce à covid-19 - Sérgio Alves de Oliveira

Estou a cada dia mais convencido que a criação, em laboratório de bioterrorismo, e a rápida disseminação  do novo coronavírus por todos os países do planeta, não foram  nenhum “acidente”, ou obra do acaso. E não é preciso contratar nenhum detetive tipo “Sherlock Holmes” para que se chegue logo a essa fatídica conclusão. Basta verificar onde nasceu, e de onde foi espalhado o maldito vírus para todo o mundo,que coincide exatamente com o país  que menos foi afetado economicamente  pelas consequências destrutivas e mortais desse vírus: a República Popular da China.  
 
E a China, com toda a sua cara de “santa”, não só foi pouco  afetada pela doença, como também nesse período de plena pandemia deu um enorme salto no seu Produto Interno Bruto, o chamado “PIB”, ao contrário do restante do mundo,  onde só houve queda do PIB. E nesse “embalo”, com a quebradeira mundial de empresas, o capitalismo de estado chinês ,que tem a cara de pau de se dizer “comunista”, está comprando tudo a preço de “banana”. Não vai demorar, e “eles” acabarão adquirindo tantas empresas,concessões e terras no Brasil (para alimentar 1,7 bilhões de chineses),que acabarão ficando “donos” do país. E tudo registrado em cartório !!!!Em criminologia ,geralmente o principal suspeito de algum crime coincide com o seu maior beneficiário.É por aí que deve começar a investigação.
 
Mas a China  não só “quebrou as pernas” do mundo, como agora ousa ser a única fornecedora das “muletas” necessárias. Esse país domina não só domina a tecnologia das vacinas imunizantes,como também os “insumos” necessários à sua produção
E alguém que colocar o cérebro na frente das pernas para pensar, evidentemente logo concluirá que todo esse “aparato” chinês  de vacinas e insumos necessários à sua produção,teriam sido desenvolvidos  bem antes de surgida disseminada a doença nas pessoas.

A “voz” mundial hoje dominante é que só a vacina respectiva vencerá o novo coronavirus, apesar da guerra declarada entre  os diversos fabricantes, cada qual dizendo que o seu produto é o ”melhor”, atribuindo aos “demais ” diversos efeitos nocivos, tanto que diversos países já suspenderam as suas aplicações, invocando razões diversas.

Mas há um consenso mundial, a começar pela Organização Mundial da Saúde-OMS, dirigida pelo terrorista etíope  Tedros Ghebreyesus, seguida pela “oficialidade” médica ,hospitalar,e sanitária de quase todo o mundo,no sentido de “banir” definitivamente  os tratamentos alternativos e PRECOCES contra o Covid-19.

Mas para início de conversa,essa postura “oficial” das indústrias médicas, laboratoriais, farmacêuticas  e hospitalares, jamais  tomou por base que esses tratamentos precoces contra o novo coronavirus, mesmo que eventualmente não funcionassem, jamais “mataram” ninguém, e que as mortes  somam milhões, somente  a partir da internação nos hospitais, nos seus corredores, UTIs,respiradores,etc., quando ao que tudo leva a crer que muitas vezes já é “tarde”, levando ao óbito.

Mas todas essas “nefastas” autoridades que dirigem a saúde no mundo jamais se preocuparam em verificar o índice de “trancamento” da evolução da doença, evitando hospitalização, UTIs e  respiradores, com uso prévio dos medicamentos precoces e baratos.

Na verdade a simples hospitalização pelo Covid-19 já é meio caminho andado para o óbito.  
O Hospital Montenegro, da cidade do mesmo nome (RS),cem por cento SUS, e uma das  boas referências de tratamento da doença, apontou na corrente semana um índice de mortes de 19,9 % dentre os hospitalizados, o que certamente se repete em outras unidades.Uma verdadeira tragédia.

Tenho certeza que meu caso pessoal  (Covid-19), que na verdade não significa nada no meio de tantos  “milhões”, da qual já estou “saindo”, sem danos, com medicamentos alternativos, os chamados “precoces”, jamais mereceria qualquer atenção da “mídia” tradicional médico-hospitalar. Com teste “reagente” (positivo), em 3 de março corrente, saí a “mendigar” alguma receita médica para poder comprar os remédios precoces, tripudiados pela OMS e seus comparsas, mas  nos quais eu acreditava para “matar o bicho”, e não correr o risco de “hospitalização , com ou “sem” vaga, me dando o direito de tentar evitar a morte.

Estou curado,e “vivo”, graças ao meu mais radical ceticismo com os grandes interesses da indústria farmacêutica de vacinas e insumos respectivos. Se me submeterei à vacina ainda é questão que não decidi. [sugerimos: aguardar a disponibilidade de vacina e enquanto aguarda, analisar qual a mais eficaz.

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo 


sexta-feira, 17 de julho de 2020

DESPEJARAM MUITOS BILHÕES E CORRUPÇÃO, MAS POUCA INTELIGÊNCIA NO COMBATE AO COVID-19 - Sérgio Alves de Oliveira


Apesar das deficiências na prevenção e cura da pandemia do novo coronavirus, certamente o maior índice de letalidade no Brasil se deve  à demora no combate à doença. Conforme o “avanço” da “praga chinesa”, chega-se a um ponto em que a possibilidade de cura fica cada vez mais remota,irreversível,com muita frequência levando ao óbito.
Investe-se  fábulas de dinheiro, público e privado, em novos hospitais, leitos, UTIs, respiradores artificiais, e diversos outros equipamentos, relativos ao Covid-19,no momento em que a máxima prioridade deveria ficar centrada  no “ataque” à doença logo aos primeiros sintomas, no seu início, no seu “jardim da infância”.

É evidente que os testes e exames laboratoriais respectivos despendem apenas uma pequena fração dos custos envolvidos nas fases posteriores da sua evolução, com toda a parafernália hospitalar envolvida. E o mesmo acontece com os remédios ”quebra-galho” disponíveis no mercado da indústria farmacêutica, bem baratos,que apesar de destinados originalmente a outras doenças,têm demonstrado alguns  resultados satisfatórios quando empregados bem no início da doença. E tudo isso sem considerar a verdadeira guerra de interesses econômicos deflagrada  dentro da indústria farmacêutica, cada  qual não poupando “fake news” para alijar o  concorrente da competição.

A roubalheira “pública”na compra de equipamentos e remédios para combater a doença, com dispensa de licitação, especialmente nos Estados e Municípios, hoje detentores do “monopólio” das políticas públicas no  enfrentamento da referida  doença, por decisão do próprio  Supremo Tribunal Federal, teve um efeito absolutamente “perverso”: “democratizou” a corrupção, através da  sua “distribuição” a uma infinidade de servidores e  administradores públicos, dos Estados e Municípios, onde o controle certamente fica bem  mais difícil por ficar (a corrupção) “pulverizada”nos diversos entes político-administrativos dessa “pseudofederação”, “teóricamente ”autônomos” entre si.

Um episódio que se passou com a renomada médica pneumologista de São Paulo, Dra.Carmen Silvia Valente Barbas, internacionalmente  reconhecida por ter aperfeiçoado nova técnicas de ventilação mecânica para o Covid-19,atuante nos Hospitais de Clínicas e Albert Einstein, tem força para deixar-nos,do “comum-dos-mortais”, verdadeiramente de “orelhas-em pé”. Ela foi uma das “milhões” de vítimas dessa doença.
Mas apesar de  especialista  e “inventora” de novas tecnologias em respiração  mecânica,e cercada de todos os recursos do mundo para enfrentamento dessa doença,na verdade ela acabou “escapando  por pouco”.

No dia 19 de março de 2020 a referida  médica começou a ter um pouco de dor de garganta,tosse , dores no corpo e cansaço. Nem deu muita “bola”. Mas acabou fazendo teste de Covid-19, em 23 de março. Os resultados laboratoriais,”positivo”, só chegaram no dia 27,ou seja, após 4 dias. Não é preciso ser médico para  se concluir  que durante esses 4 dias,somados aos outros 4 dias decorridos entre os primeiros sintomas e o   exame laboratorial ( de 19 a 23 de março), ou seja,um total de 8 dias, o vírus chinês foi se “aperfeiçoando”. Quando se deu conta da gravidade da sua situação,a Dra. Carmen imediatamente convocou os seus discípulos,médicos que havia treinado com a sua invenção, para atendê-la. Nada mais justo .E com isso  acabou “escapando”. Mas por muito pouco.

O caso da Dra. Carmen certamente serve para mostrar em que  “maus lençóis” estão os brasileiros, que não são médicos, pneunomologistas ,ou infectologistas,nem têm alunos treinados por eles para atendê-los nesse tipo de  demanda, e também não têm as estruturas de hospitais sofisticados como o de  Clínicas ou Albert Einstein à disposição.
 Portanto, o que mais falta no combate ao novo coronavirus é mais  honestidade, bom senso e, acima de tudo ,“lógica”, qualidades ao que parece cada vez mais raras, especialmente no poder público. Sem atacar o Covid-19 no seu “berçário”,uma infinidade de mortes ainda deverão acontecer.


Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo
 

segunda-feira, 6 de abril de 2020

O samba de uma nota só - Alon Feuerwerker

Análise Política

Neste curso coletivo de dimensões planetárias sobre epidemias, aprendemos que a curva epidêmica tem um trecho exponencial ascendente, logo no começo. Depois a subida inverte a curvatura, conforme algumas pessoas se imunizam e outras, infelizmente, vão a óbito. Uma hora chega o pico. E quando o fator “R”, o número de indivíduos que cada indivíduo contaminado contamina, cai abaixo de um, a curva começa a trajetória descendente. Numa imagem que é quase o espelho de quando subiu.

O enigma para o analista político é tentar decifrar se haverá correlação entre as idas e vindas da curva epidêmica e uma parente dela: a curva de aprovação/desaprovação dos políticos que lidam com a epidemia em cada país. Ou em cada estado. Ou em cada cidade. Quem disser que tem certeza provavelmente falta com a verdade. Ao final deste pesadelo (haverá um “final”?) poderemos ter certeza. Mas aí será trabalho para historiadores, os privilegiados que podem se dar ao luxo de fazer previsões só depois que tudo já aconteceu.

Políticos agem por instinto, e movidos principalmente (unicamente?) pelo humor do eleitorado do qual dependem. Donald Trump decidiu proibir exportações de produtos médicos necessários para ajudar pacientes da Covid-19 e profissionais da saúde. E mandou comprar/pegar tudo que fosse necessário comprar/pegar mundo afora. Para tristeza dos fãs da “globalização”, cada um só vota nas eleições de seu próprio país. E a contabilidade de mortos que interessa a Trump no ano eleitoral é a dentro das fronteiras dos Estados Unidos.

Por isso, ele combina bem o “blame game(o esforço, por enquanto pouco produtivo apesar da propaganda, de emplacar a expressão “vírus chinês”) com uma versão mais tosca do “big stick”, versão que dispensa aquela parte de “fale macio”. E os índices mostram o presidente candidato à reeleição navegando em meio à curva crescente da epidemia nos Estados Unidos. 

No momento, o povo americano parece mais preocupado em sobreviver,  [sobrevivendo e contendo a pandemia Trump será apontado como o presidente capaz de gerar empregos e bombar a economia - que importância tem que ele no inicio da pandemia tenha errado - só não erraram os que ficaram preocupados em apontar seus erros.
Lembrem que essa conduta do povo, do eleitor, é válida para todos os países.] menos em discutir se lá atrás Trump subestimou o problema.
Por aqui, Jair Bolsonaro sofre algum desgaste por ser talvez mais teimoso. 

O ocupante da Casa Branca mudou o discurso e a linha de ação quando foi necessário, sem se preocupar em explicar por que alterou a rota. Assim funcionam os líderes. Bolsonaro já teve inúmeras oportunidades de ajustar o leme para indicar que se preocupa sim com o impacto da epidemia para a saúde e a vida, mas não aproveitou. Continua no samba de uma nota só, de que os efeitos econômicos da paradeira podem ser tão ou mais daninhos que os da Covid-19.


As pesquisas mostram por enquanto um desgaste para ele apenas na margem. Não está bem avaliado no combate à epidemia, mas mantém perto dele o eleitorado fiel desde a reta final do primeiro turno em 2018. Por cálculo, ou por instinto, ou por convicção, tanto faz, ele parece achar que isso será suficiente para concluir o mandato e brigar para continuar em 2022. Pode ser. Mas também pode estar subestimando o papel que o cansaço com o belicismo presidencial pode desempenhar para juntar gente contra ele até lá.
[juntar gente contra ele e a favor de quem? Moro vai de vice.
Não esqueçam que o líder, o fenomenal, está solto, só que ninguém se lembra dele.
O Doria sem Bolsonaro é nada x nada.
O animador de auditório é uma falácia.] 

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político - Análise Política








sábado, 28 de março de 2020

São Paulo registra maior número de mortes por coronavírus em 24 horas - VEJA


Entre eles está o primeiro óbito na cidade de Sorocaba, no interior, um homem de 92 anos, e a primeira em Embu das Artes, Grande São Paulo, uma mulher de 82 anos. Outras cidades fora da capital paulista também registraram suas primeiras mortes, caso de Guarulhos, Vargem Grande Paulista, Taboão da Serra, e Ribeirão Preto, todas contabilizaram pelo menos um óbito.

Entre as vítimas recentes da capital, os mais novos são um homem de 58 anos e uma mulher de 62. No total, são 1.406 casos confirmados da doença no Estado.

No Brasil
O Ministério da Saúde afirmou também neste sábado que são 3.904 de casos confirmados de infecção por coronavírus no país, com 111 mortes causadas pela Covid-19, o que significa 19 novas mortes confirmadas nas últimas 24 horas. Na véspera, a pasta havia anunciado que o país tinha 3.417 casos confirmados, com 92 mortes.

VEJA - Brasil


sexta-feira, 6 de março de 2020

[Audiência de custódia libera mãe que matou bebê] Exame indica que mãe que matou bebê pode sofrer de tristeza pós-parto [a criança tnha 46 dias = tristeza bem longa...]

Vítima tinha 46 dias e, segundo confissão da mãe à polícia, morreu asfixiada com uma fralda

[FATO: a assassina NÃO estava em estado puerperal, conforme laudo do IML.]

A Justiça concedeu liberdade provisória à mãe suspeita de matar asfixiada a filha. A bebê tinha 46 dias. Aos policiais, a mulher, que não teve a identidade divulgada, disse que a gravidez era indesejada e confessou ter sufocado a criança com uma fralda. A mãe foi indiciada por homicídio duplamente qualificado meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima e liberada em seguida após passar por audiência de custódia.

O crime aconteceu na manhã de terça-feira. Agentes da 24ª Delegacia de Polícia (Setor O, Ceilândia) souberam da morte da criança pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que constataram o óbito. Ao chegarem ao endereço da família, os policiais se depararam com o corpo da bebê no colchão. Inicialmente, na delegacia, a mãe alegou que amamentou a filha e, em seguida, a colocou para dormir. Disse ainda que, ao acordar, notou que a criança não respirava.

Mas, de acordo com o delegado da 24ª DP Raphael Seixas, à noite, uma testemunha compareceu à delegacia informando que a acusada teria dito a ela ter matado a filha. “Desde o começo das investigações, desconfiamos de um suposto homicídio, até por conta da frieza da suspeita durante o depoimento. A perícia esteve no local, e o cadáver foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML) para constatar as causas da morte”, afirmou.

Após o depoimento da testemunha, agentes voltaram ao endereço da mulher para efetuar a prisão, mas ela não estava em casa. Na manhã de quarta-feira, os policiais voltaram ao local e a prenderam em flagrante. Ao ser interrogada, a autora confessou o assassinato e disse que a gravidez era indesejada. A mulher foi encaminhada ao IML, onde a equipe médica constatou estado puerperal (tristeza natural pós-parto). [caminho da impunidade; a gravidez é indesejada, a mãe assassina tem medo de fazer o aborto - acontece com frequência da assassina conseguir abortar, mata a criança mas também morre.
É bem mais cômodo deixar a criança nascer, mata a criança e depois um laudo errado diz que a mão criminosa estava em estado puerperal.]
A suspeita foi liberada após passar por audiência de custódia. Segundo o delegado, a Justiça entendeu que, pelo fato de ela estar em estado puerperal, caberia a liberdade provisória, mediante uso de tornozeleira eletrônica. A mulher é casada e tem outros dois filhos. A juíza determinou que, por segurança, ela permaneça longe das crianças.

De acordo com o delegado Raphael, não se sabe se, no momento do crime, os demais familiares estavam na residência. Nesta quinta-feira (5/3), a acusada foi submetida a outro exame no IML para comprovar o estado puerperal, mas o resultado deu negativo. “Há uma versão mentirosa por parte dela. Temos 10 dias para concluir o inquérito. Agora, ouviremos o depoimento do pai, além de outras testemunhas, para reunir novos elementos”, revelou o investigador.


TranstornoCybelle Bertoldo, obstetra do Centro de Medicina Fetal em Brasília (Cemefe), explica que o estado puerperal se divide em três fases. “O blues (tristeza) puerperal é aquela tristeza que desaparece aos poucos, mas a mãe não chega a rejeitar o bebê. Essa atinge cerca de 80% das mulheres. A depressão pós-parto é uma melancolia impactante, em que a mãe tem dificuldade de vínculo com a criança e apresenta irritabilidade. Por último, há a psicose puerperal, que é um transtorno mais grave, em que há casos de agressão contra o bebê”, detalhou.

De acordo com a especialista, a psicose puerperal é a mais rara e acomete menos que 0,2% das mulheres.Esses sintomas podem aparecer 15 dias após o nascimento do bebê. O exame para identificá-los consiste em uma avaliação psicológica, na qual os profissionais colocam em consideração os fatores de risco da gravidez, se a paciente foi agredida durante a gestação ou se é algo indesejado”, ressaltou.

Correio Braziliense





quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

INsegurança Pública no DF; Ceilândia [cidade do DF] registra três homicídios em uma hora nesta quinta-feira


Todas as vítimas eram homens, segundo a Polícia Civil. Até as primeiras horas desta manhã, apenas um autor havia sido preso

Ceilândia teve pelo menos três registros de homicídio durante a madrugada desta quinta-feira (20/2). As vítimas, segundo a Polícia Civil, são homens. Até as primeiras horas da manhã, apenas um autor foi preso. [o governador Ibaneis se jacta de que tem controle sobre a Segurança Pública do DF.
Só este ano mais de 40 pessoas foram assassinadas no DF. Na primeira semana de fevereiro, foram assassinadas 17 pessoas.
O governador está preocupado com a possibilidade de seu secretário de Segurança, baixar a nota da segurança pública de Brasília -  que em avaliação anterior aquela autoridade deu nota 8 - para  1 ou 2.
E, quando a vitima consegue sobreviver ainda sofre para ter atendimento médico. Um rapaz levou uma facada no Recanto das Emas, a faca quebrou e ficou em suas costas, a milímetros da coluna e ele teve que esperar 44 horas por atendimento médico.]


O primeiro caso aconteceu na EQNM 2/4 Bloco D, por volta da meia-noite. Investigadores da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro) foram acionados e confirmaram o óbito. [esse homicídio aconteceu a poucos metros da 15ª  Delegacia de Polícia; 
o assassino desceu do carro que parou a alguns metros da vítima, o carona desceu, aproximou-se da vítima e efetuou dois disparos à queima-roupa. câmeras  de segurança filmaram a ação.] A suspeita é de que o homem tenha sido atingido por disparos de arma de fogo. Minutos depois, na QNN 1, outra vítima foi encontrada. 

O terceiro homicídio aconteceu por volta da 1h. Um homem foi esfaqueado em frente a um bar, na EQNO 1/3. Testemunhas contaram à polícia que autor e vítima estavam juntos, acompanhados de um grupo, bebendo. De repente, os dois teriam começado a discutir e, em seguida, um esfaqueou o outro. A vítima tinha 45 anos e morreu na hora. O autor, de 32 anos, foi preso em flagrante e encaminhado para a 24ª Delegacia de Polícia (Setor O), onde o crime é investigado. [no inicio da manhã, mais um assassinato foi cometido em Samambaia. O matador desceu de um carro e atirou na sua vítima que estava em outro carro e teve morte imediata.] 

Cidades - Correio Braziliense



segunda-feira, 8 de abril de 2019

Militares do Exército atiram em carro e matam músico na Zona Norte - Tudo indica que militares realizavam uma operação e músico desobedeceu a ordem de parada

Soldados do Exército que realizavam operação na Favela do Muquiço, no Rio,  atiraram contra um carro que desobedeceu ordem de parada e um dos ocupantes foi morto e outro ferido. A vítima era um músico, que foi confundido com criminosos pelos militares. Um homem foi morto por tropas do Exército na tarde deste domingo (07), na Avenida Brasil, na região de Guadalupe, no Rio de Janeiro. De acordo com testemunhas, o carro de uma família foi confundido com um levado por traficantes e alvejado pelos militares.

Imagens publicadas nas redes sociais mostram o veículo cravejado de balas, enquanto uma mulher desesperada chora ao lado do carro. Nas redes sociais, moradores afirmaram que um automóvel com as mesmas características foi roubado minutos antes - o que teria provocado a confusão envolvendo o pelotão.
[comentário: quando se está dirigindo e nos aproximamos de uma blitz  - seja da polícia, das FF AA ou qualquer órgão policial, o correto e seguro é parar, não tentar furar o bloqueio ou fugir de qualquer outro forma - a tentativa de fuga aumenta as suspeitas, é forte indicio de reação e obriga os militares a agir com a força necessária.
Durante o dia o  ideal, e seguro,  é parar o carro, desligar o motor e manter as mãos a vista - de preferência sobre o volante;
Se durante a noite, parar o carro, apagar o farol deixando apenas as luzes de presença acesa, acender luzes internas, desligar o motor e mãos sobre o volante.
Os policiais ou militares estão sob tensão, não sabem o que vão enfrentar em cada carro que mandam parar e tem o DEVER de chegar em casa vivo.] 
Em nota, o Comando Militar do Leste negou que tenha ocorrido confusão e disse que a tropa agiu para repelir injusta agressão. "Ao avistarem a patrulha, os dois criminosos, que estavam a bordo de um veículo, atiraram contra os militares, que por sua vez responderam à injusta agressão. Como resultado, um dos assaltantes foi a óbito no local e o outro foi ferido, sendo socorrido e evacuado para o hospital", diz o comunicado.


 O delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, disse neste domingo (7) que "tudo indica" que os militares do Exército que mataram Evaldo dos Santos Rosa em uma ação durante a tarde em Guadalupe, Zona Oeste do Rio, atiraram ao confundirem o carro com o de assaltantes.

Além do óbito, pelo menos duas pessoas ficaram feridas, uma que estava no carro e outra que passava a pé pelo local. O Comando Militar do Leste confirmou que este último se trata de um "cidadão inocente" e disse que a vítima está fora de perigo.

Em nota enviada à emissora, o Exército declarou que a patrulha se deparou com um assalto em que dois criminosos atiraram e os militares reagiram à “injusta agressão”. A instituição acrescentou que os fatos serão apurados.Em novo pronunciamento, o Exército acrescentou que o Comando Militar do Leste determinou que todos os envolvidos e as testemunhas sejam ouvidos em uma delegacia militar.

O caso está sendo investigado pela Polícia Judiciária Militar.

Correio Braziliense - O Globo - Veja


quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

PMs que fazem a segurança de Rollemberg na Bahia reagem a assalto

Três policiais militares que fazem a segurança do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) reagiram a um assalto na noite de ontem (26/12) na Bahia. 

O carro em que eles estavam foi fechado e os supostos assaltantes começaram a atirar. Um dos criminosos foi atingido na cabeça e morreu no local. Os demais fugiram.

Esses detalhes foram registrados em ocorrência policial numa delegacia de Camaçari (BA). O governador e sua família já estavam no hotel e não presenciaram a abordagem que ocorreu por volta de 20h30.  Rollemberg viajou ontem e deve retornar a Brasília na sexta-feira (29/12). Estava acompanhado de um capitão que é ajudante de ordens, outro oficial e uma sargenta da PM.

Em nota, a Casa Militar do DF, responsável pela segurança do governador, afirma que a equipe da PM foi vitima de uma emboscada logo depois de deixar o governador na pousada em que está hospedado. “Foi uma tentativa de assalto na Estrada Velha do Monte Gordo, Barra de Jacuípe, município de Camaçari (BA). Quatro homens fecharam o veículo da segurança e ato contínuo desembarcaram do veículo em que estavam anunciando o assalto. Houve troca de tiros e um dos assaltantes veio a óbito no local. Os demais assaltantes fugiram abandonando o veículo, produto de roubo, e um revólver calibre 38. Os seguranças não se feriram na ocorrência”, relatou a Casa Militar.

Correio Braziliense 

 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Paciente descobre que, para governo, ‘morreu’

Ministério da Saúde manda recolher remédio de paulistana com doença grave por óbito que não ocorreu

[no Brasil das  cotas  inconstitucionais, por inúteis, preconceituosas e estúpidas, está sendo gestada a cota dos que devem ter a morte decretada antes que o óbito ocorra.] 
Após derrubar na Justiça a decisão que determinou o fornecimento de um medicamento de alto custo usado por Denise Roque de Toledo Correia, paulistana de 29 anos que tem uma doença rara nas células-tronco, o Ministério da Saúde mandou recolher frascos da substância na casa da jovem. O motivo: “óbito”. 


À espera. Denise Roque de Toledo Correia, que precisou dizer que estava viva, aguarda os medicamentos do governo federal - Acervo pessoal


Denise conta que, com as mãos trêmulas e incrédula diante do funcionário responsável pela coleta do remédio, subiu as escadas do sobrado onde mora, buscou a documentação pessoal para provar quem era ela e teve de escrever o óbvio na guia do governo: “estou viva”. Depois, fotografou a papelada, pois foi impedida de ficar com qualquer cópia. 

A visita do emissário que, em nome do Ministério da Saúde, foi à casa da jovem, na Zona Norte de São Paulo, buscar frascos do medicamento por causa da suposta morte ocorreu no dia 13 de fevereiro, pouco antes das 16h. Segundo Denise, depois de acalmar a mãe, que ficou mais nervosa do que ela com o episódio, ligou para o número do Ministério da Saúde disponibilizado no próprio documento que assinou para entender o que havia ocorrido: — Eu queria saber de onde eles tiraram essa informação da minha morte. A atendente disse que não sabia, que não tinha como saber. Até que me perguntou por quanto tempo eu já estava sem o medicamento. Quando falei que há uns cinco meses, ela disse: ‘E você não morreu?’ — É triste dizer, mas parece que estão esperando isso acontecer. Primeiro que eu não estava mais recebendo o remédio há meses, como teria algum frasco em casa? E depois tive que escrever que estou viva. Um absurdo total.

A saga para permanecer viva começou há cerca de três anos, quando Denise descobriu ser portadora de HPN, uma doença rara e grave, que afeta o funcionamento das células-tronco e faz com que o corpo mate os glóbulos vermelhos do sangue, provocando tromboses e outras complicações. Em 2014, ela conseguiu, por decisão judicial, receber gratuitamente o medicamento Eculizumabe.

Transplante foi descartado
Para Denise, a droga é a garantia de uma vida melhor, sem o pavor de, a qualquer momento, ter de ser internada por causa de tromboses e hemorragias. Isso se houver tempo de chegar ao hospital. Os médicos não recomendam o transplante de medula, única saída curativa, porque a jovem tem complicações de AVC e outros problemas decorrentes da doença.

Para o governo, o remédio representa o maior gasto entre os dez medicamentos mais requeridos na Justiça pela população, com gastos de cerca de R$ 613 milhões em 2016 para atender a 442 pacientes, segundo dados do Ministério da Saúde. A pasta aponta ainda que a fórmula não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Foi com tais argumentos que a juíza federal Edna Medeiros derrubou, em julho de 2016, a decisão que beneficiava Denise. Ela escreveu na sentença que “o Estado, no cumprimento do dever constitucional de proporcionar saúde à população, o faz através de política pública planejada e universalizada, daí porque não pode ser exigida dele a prestação individualizada de ações voltadas para a prática da saúde. Isso fere o princípio da isonomia”.
Em outro trecho, a magistrada defendeu que, “não sendo assim, estará formado o privilégio dos pacientes de alto custo, com resultados duvidosos, em detrimento de outros, cujo atendimento demandaria gastos menores e de comprovada eficácia”.

Com os frascos que tinha recebido na última remessa antes da nova decisão judicial, Denise ainda conseguiu tomar o medicamento por cerca de três meses. Mas depois que parou, em outubro do ano passado, a saúde piorou e ela passou por internações.  A suspensão do medicamento sempre foi um fantasma a assombrar Denise, uma vez que é natural o governo recorrer das decisões judiciais que resultam em gastos extras. O que ela nunca imaginou é que chegaria ao ponto de, depois de perder o direito de receber o remédio, teria que provar para as autoridades que está viva e, evidentemente, precisando do tratamento. [o mais grave  é que após Denise admitir que conseguiu sobreviver - só Deus sabe a custa de quanto sofrimento - por cinco meses, a douta magistrada se sinta à vontade para manter a suspensão, o Ministério da Saúde manter o decreto que considerou a paciente FALECIDA e o mais grave que os rábulas do MS armem seus argumentos de que remédios de alto custo não são essenciais para manter o paciente vivo.
No Brasil da cotas para tudo, está sendo gestada a cota dos que devem ser declarados mortos antes que o óbito ocorra.]

Questionado especificamente sobre o episódio de Denise Roque de Toledo Correia, o Ministério da Saúde limitou-se a dizer, em nota, que o cadastro dela “consta como ativo no SUS” — o que significa apenas que Denise faz algum uso da rede pública de saúde. Não explicou por que Denise foi dada como morta e tampouco comentou sobre o atendimento dispensado a ela por telefone.

Fonte: O Globo



sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Mais uma vez Ministério Público desperdiça tempo e dinheiro acusando coronel Ustra por crimes que, caso tenham ocorrido, já foram anistiados



MPF denuncia coronel Ustra e outros dois por morte de dirigente do PCdoB
O Ministério Público Federal ofereceu mais uma denúncia contra o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra por crimes cometidos durante a ditadura militar. Ustra é um dos envolvidos na morte do militante comunista Carlos Nicolau Danielli, sequestrado e barbaramente torturado nas dependências do Destacamento de Operações e Informações do II Exército (DOI) em São Paulo, em dezembro de 1972. Esta é a sexta ação penal protocolada pelo MPF contra o ex-comandante da unidade. Também foram denunciados o delegado da Polícia Civil de São Paulo Dirceu Gravina e o servidor público estadual aposentado Aparecido Laertes Calandra, ambos subordinados a Ustra na época do assassinato. 

O operário Carlos Nicolau Danielli integrava a cúpula do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), legenda que ajudara a fundar a partir de uma dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Em 28 de dezembro de 1972, ele foi detido e levado para o DOI, onde sofreu espancamentos e foi submetido a tortura durante três dias. Segundo relatos de outros presos, Danielli estava, já no segundo dia, próximo da morte, com o abdômen inchado, olhar estático, sangrando pelos ouvidos e pela boca, sem condições de se manter de pé. O óbito foi registrado no dia seguinte, 30. Apesar de não ter suportado a intensidade das agressões, o militante não forneceu as informações que os torturadores queriam sobre outros integrantes do PCdoB.

Testemunhas identificaram Ustra, Gravina e Calandra como responsáveis diretos pela morte de Danielli. O dirigente comunista foi uma das 37 pessoas assassinadas no DOI durante o período em que Ustra esteve à frente do destacamento, de 1970 a 1974. Sob o comando do então major, Gravina e Calandra conduziram várias ações de sequestro e sessões de tortura contra opositores do regime militar. A conduta fazia parte do ataque sistemático e generalizado à população civil por agentes do Estado organizados em um sistema semiclandestino de repressão. 

LAUDO
Os envolvidos comumente mascaravam os episódios de óbito, para que as consequências dos brutais maus tratos não fossem registradas oficialmente. Danielli foi enterrado como indigente no cemitério de Perus, em São Paulo. O laudo de exame de corpo de delito indica que a vítima fora alvejada ao trocar tiros com policiais durante uma tentativa frustrada de fuga e morrera de anemia aguda traumática

A versão, forjada por Ustra em conjunto com os médicos legistas Isaac Abramovitch e Paulo de Queiroz Rocha (já falecidos), desconsidera as evidentes marcas de tortura no corpo do militante e a impossibilidade óbvia de ele estar armado naquelas circunstâncias. Anos mais tarde, especialistas apontaram uma série de falhas técnicas ao revisar o documento, como a ausência de informações sobre os hematomas, visíveis nas fotos do corpos, e os orifícios das supostas balas. 

Ustra, Gravina e Calandra devem responder por homicídio triplamente qualificado, uma vez que a morte foi causada por motivo torpe, com emprego de tortura e mediante recurso que impediu a defesa da vítima. O coronel reformado foi denunciado também por abuso de autoridade, pois ordenou e executou a prisão de Danielli sem as formalidades legais exigidas na época, como a comunicação do fato a um juiz para fins de controle da lisura do ato.

O procurador da República Anderson Vagner Gois dos Santos, autor da denúncia, destaca que os crimes não são passíveis de prescrição ou anistia, uma vez que foram cometidos em contexto de ataque sistemático e generalizado à população, em razão da ditadura militar.
O Estado brasileiro tinha pleno conhecimento desse ataque, o que qualifica as práticas como crimes contra a humanidade.(MPF)

Fonte: Diário do Poder