Apesar das deficiências na prevenção e cura da pandemia do novo coronavirus, certamente o maior índice de letalidade no Brasil se deve à demora no combate à doença. Conforme o “avanço” da “praga chinesa”, chega-se a um ponto em que a possibilidade de cura fica cada vez mais remota,irreversível,com muita frequência levando ao óbito.
Investe-se fábulas de dinheiro, público e privado, em novos hospitais, leitos, UTIs, respiradores artificiais, e diversos outros equipamentos, relativos ao Covid-19,no momento em que a máxima prioridade deveria ficar centrada no “ataque” à doença logo aos primeiros sintomas, no seu início, no seu “jardim da infância”.
É evidente que os testes e exames laboratoriais respectivos despendem apenas uma pequena fração dos custos envolvidos nas fases posteriores da sua evolução, com toda a parafernália hospitalar envolvida. E o mesmo acontece com os remédios ”quebra-galho” disponíveis no mercado da indústria farmacêutica, bem baratos,que apesar de destinados originalmente a outras doenças,têm demonstrado alguns resultados satisfatórios quando empregados bem no início da doença. E tudo isso sem considerar a verdadeira guerra de interesses econômicos deflagrada dentro da indústria farmacêutica, cada qual não poupando “fake news” para alijar o concorrente da competição.
A roubalheira “pública”na compra de equipamentos e remédios para combater a doença, com dispensa de licitação, especialmente nos Estados e Municípios, hoje detentores do “monopólio” das políticas públicas no enfrentamento da referida doença, por decisão do próprio Supremo Tribunal Federal, teve um efeito absolutamente “perverso”: “democratizou” a corrupção, através da sua “distribuição” a uma infinidade de servidores e administradores públicos, dos Estados e Municípios, onde o controle certamente fica bem mais difícil por ficar (a corrupção) “pulverizada”nos diversos entes político-administrativos dessa “pseudofederação”, “teóricamente ”autônomos” entre si.
Um episódio que se passou com a renomada médica pneumologista de São Paulo, Dra.Carmen Silvia Valente Barbas, internacionalmente reconhecida por ter aperfeiçoado nova técnicas de ventilação mecânica para o Covid-19,atuante nos Hospitais de Clínicas e Albert Einstein, tem força para deixar-nos,do “comum-dos-mortais”, verdadeiramente de “orelhas-em pé”. Ela foi uma das “milhões” de vítimas dessa doença.
Mas apesar de especialista e “inventora” de novas tecnologias em respiração mecânica,e cercada de todos os recursos do mundo para enfrentamento dessa doença,na verdade ela acabou “escapando por pouco”.
No dia 19 de março de 2020 a referida médica começou a ter um pouco de dor de garganta,tosse , dores no corpo e cansaço. Nem deu muita “bola”. Mas acabou fazendo teste de Covid-19, em 23 de março. Os resultados laboratoriais,”positivo”, só chegaram no dia 27,ou seja, após 4 dias. Não é preciso ser médico para se concluir que durante esses 4 dias,somados aos outros 4 dias decorridos entre os primeiros sintomas e o exame laboratorial ( de 19 a 23 de março), ou seja,um total de 8 dias, o vírus chinês foi se “aperfeiçoando”. Quando se deu conta da gravidade da sua situação,a Dra. Carmen imediatamente convocou os seus discípulos,médicos que havia treinado com a sua invenção, para atendê-la. Nada mais justo .E com isso acabou “escapando”. Mas por muito pouco.
O caso da Dra. Carmen certamente serve para mostrar em que “maus lençóis” estão os brasileiros, que não são médicos, pneunomologistas ,ou infectologistas,nem têm alunos treinados por eles para atendê-los nesse tipo de demanda, e também não têm as estruturas de hospitais sofisticados como o de Clínicas ou Albert Einstein à disposição.
Portanto, o que mais falta no combate ao novo coronavirus é mais honestidade, bom senso e, acima de tudo ,“lógica”, qualidades ao que parece cada vez mais raras, especialmente no poder público. Sem atacar o Covid-19 no seu “berçário”,uma infinidade de mortes ainda deverão acontecer.
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo