Presidente
também desconversou sobre indicação de Lula para ministério – e não negou que o
ex-presidente possa assumir cargo no governo
A dois dias das
manifestações programadas contra o governo e o PT em todo o país, a presidente Dilma Rousseff concedeu
nesta sexta-feira uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto para descartar a possibilidade de renunciar ao cargo. "Resignação não é comigo, não", afirmou. A petista fazia
referência a notícias de que estaria "apática"
diante da gravidade da atual crise política. Ao longo do pronunciamento, Dilma
permaneceu firme e demonstrou uma articulação rara a seus discursos -
qualidades que, se vistas mais vezes, talvez tivessem evitado que seu governo
tivesse chegado tão perto do abismo. "Solicitar
minha renúncia é reconhecer que não há base para o impeachment, não há base
para qualquer ato contra minha pessoa. Tenho cara de quem está resignada? Tenho
gênio de quem está resignada? É impossível quem me conhece achar que, pela
minha trajetória, eu renuncie, eu me resigne diante de tamanho desrespeito à
lei. Não tenho essa atitude diante da vida. E é por isso que eu represento o
povo brasileiro, que também não é um povo resignado", disse a petista. [fácil de explicar a firmeza e articulação da Dilma,
características sempre rara em seus discursos. É que Dilma passou três dais
diante de um espelho, lendo o texto, soletrando as palavras – tendo a
assessoria de uma professora de português (cuidando da pronúncia) e duas
fonoaudiólogas.]
Nos últimos dias, petistas têm defendido a ideia de que Lula assuma um ministério para adquirir foro privilegiado e escapar, assim, de ser julgado pelo juiz Sergio Moro, que conduz os processos relativos à Lava Jato em Curitiba. "Teria o maior orgulho de ter Lula como ministro. Ele daria uma imensa contribuição para qualquer governo", afirmou. Questionada se a medida seria, então, adotada, Dilma foi evasiva: "Não vou discutir".
Dilma tratou ainda dos protestos convocados para domingo. Afirmou que manifestações são um momento importante para o país e que, por isso, "não devem ser manchadas por atos de violência". "Não cabe perder esse patrimônio", prosseguiu.
(Da redação Veja)