Situação constrangedora de João Doria, que voltou de Miami após recomendar [impor, com medidas restritivas com punições severas aos eventuais transgressores.] o isolamento aos paulistas, reforça a conduta contraditória de autoridades no combate ao novo coronavírus
O protagonista, nesse cenário, é o presidente Jair Bolsonaro. Mesmo já tendo sido diagnosticado com covid-19, ele menospreza os perigos da doença que já matou quase 190 mil brasileiros e atingiu mais de 7 milhões de pessoas no país. O mandatário não se preocupa em evitar aglomerações e recusa-se a utilizar máscaras faciais. O presidente é reconhecido, ainda, por questionar a eficácia das futuras vacinas e diz que não pretende tomar o imunizante, contribuindo para o movimento antivacina.[ops..... apesar do título da matéria se referir às incoerências dos políticos - e o presidente Bolsonaro ser coerente no que se refira ao combate à pandemia - tínhamos a certeza de que o 'jeitinho' brasileiro tentaria colocá-lo na matéria, maximizando um inexistente aspecto negativo.
Incoerente é o Ibaneis, o governador do DF. Impôs aos moradores do DF o uso obrigatório de máscara - medida certa e que ele tornou absurda, ridícula, errada ao impor uma multa de quase dois salários mínimos a eventuais violadores.
Só que no ápice da pandemia o governador foi filmado visitando uma UPA, SEM máscara - com o sempre presente séquito de 'aspones'.
Não foi multado e com certeza entre seus acompanhantes havia servidores com o DEVER DE OFÍCIO de notificá-lo.
Achou pouco e viajou para uma cidade do interior de Minas onde foi flagrado sem máscara e, mais grave, infringindo uma Lei Federal - Código de Trânsito - ao andar de moto SEM usar capacete. Novamente não foi punido.]
As incoerências, entretanto, não se restringem apenas ao desrespeito às medidas de prevenção. Durante a pandemia, o país viu governantes serem alvos de denúncias por crimes contra a administração pública. No Rio de Janeiro, o governador afastado Wilson Witzel (PSC) responde a um processo de impeachment e está impedido de exercer o cargo por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), devido a suspeitas de corrupção na área da Saúde em plena pandemia.
Na cidade do Rio de Janeiro, o prefeito afastado Marcelo Crivella (Republicanos), sempre crítico às medidas de isolamento social, não só minimizou a pandemia como abandonou o sistema público de saúde carioca. Nesta semana, foi preso suspeito de ser o responsável por um esquema de corrupção milionário.
DescasoNa avaliação de cientistas políticos ouvidos pelo Correio, os episódios protagonizados por políticos pelo país simbolizam o descaso que virou o combate à pandemia da covid-19 no Brasil. Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Ricardo Ismael diz que o principal problema foi a falta de cooperação e coordenação entre governo federal, estados e municípios, mas ele destaca que as atitudes de cada governante deixaram a desejar. [falta que ocorreu em virtude de decisão do STF ter concedido aos governadores e prefeitos o protagonismo nas ações de combate ao coronavírus - tal situação obrigou o Poder Executivo da União ficar a reboque dos estados e municípios.]