O pacote do ajuste
fiscal é tão primário que a maior parte das medidas depende de aprovação do
Congresso. É difícil acreditar que uma presidente
tão impopular, que não dá a mínima para o Legislativo, vá conseguir aprovar um arrocho tão forte à população. Muitos
parlamentares com os quais o governo conta para o sucesso da empreitada
acreditam que a presidente já está com
um pé fora do Planalto. Portanto, não vão lhe estender a sobrevida tendo
que assumir o ônus de forçarem os trabalhadores a arcarem com uma contribuição
que não querem.
Dilma lança a última cartada para
reequilibrar as contas públicas num momento de forte ameaça de perda de mandato.
Pelas contas da Eurasia Group, já são de 40% as chances de a petista não terminar o governo.
DIFICULDADES
POLÍTICAS
A
consultoria ressalta que, mesmo que a petista chegue ao
fim de 2018 no Planalto, as dificuldades políticas que ela enfrenta vão
impedir um ajuste fiscal mais robusto. Essa também é a sensação de parte do
governo, que se ressente de um líder capaz de aglutinar forças e convencer a
todos que o esforço que será feito nos próximos dois ou três anos trará de
volta o crescimento e os empregos.
Não se pode esquecer que o tempo
para o governo aprovar o pacote de R$ 65 bilhões é curto demais: três meses. Se pouco ou nada sair do Congresso, 2016 poderá ser ainda pior do
que está sendo este ano, pois ficará explícito para os investidores que Dilma
esgotou a capacidade de gerir o país.
Nesse
contexto, o rombo estimado de R$ 30,5
bilhões que, agora, o governo quer cobrir, será muito maior. A recessão
tenderá a ser tão profunda, que 2017 também será dado como perdido.
ARROGÂNCIA
É inaceitável que Dilma não tenha pensado em todas
essas consequências quando optou pelo caminho da destruição da economia.
Por arrogância, ela não ouviu os alertas. Preferiu
desqualificar os críticos. Dona da verdade, insistiu nos erros e abusou das mentiras na campanha
eleitoral para se reeleger. Deu no que deu. O problema é que quem pagará
a conta é o país, que já é apontado como um doente terminal.
Tomara
que ainda seja possível reverter o pior. Dizem que Deus é brasileiro. Mas, com Dilma no comando do país, talvez
nem a força divina seja capaz de impedir que pulemos para o abismo.
Fonte: CB - Vicente Nunes