Cessão de drones comprados pela Polícia Federal à FAB marca o fim de projeto que custou R$ 150 milhões aos cofres públicos e tinha como objetivo dinamizar o combate ao contrabando e à ação de traficantes nas fronteiras do país
Dois veículos aéreos não tripulados (vants), comprados em 2009 pela
Polícia Federal (PF) por R$ 27,9 milhões, foram cedidos para a Força
Aérea Brasileira (FAB). O ato que repassa o uso dos equipamentos para a
Aeronáutica foi publicado no Diário Oficial da União na última
terça-feira e ocorreu após a PF gastar R$ 150 milhões com o projeto.
Esse custo envolve, além da manutenção dos aparelhos, o treinamento de
equipes especializadas, que inclusive viajaram para o exterior a fim de
aprender a manusear o equipamento. A mudança marca o abandono da
proposta inicial, que tinha a finalidade de elevar a capacidade de
investigação contra o tráfico de drogas e o contrabando, principalmente
nas regiões de fronteira. O uso dos aviões evitaria que agentes fossem
colocados em risco durante as diligências. [gastos de R$ 150 milhões, com manutenção dos aparelhos treinamento de equipes especializadas - qual o gasto com manutenção? lembrando que dos nove anos da compra dos aparelhos, dois eles ficaram parados;
gasto com treinamento, ainda que pago em dólares não alcançam milhões e com isto fica a dúvida se os gastos com manutenção em sete anos alcançaram o custo de várias vezes o preço dos drones???]
Com a mudança do órgão que opera os drones, muda a finalidade. A
Força Aérea Brasileira atua principalmente na defesa do espaço aéreo
nacional e não é responsável, em circunstâncias normais, pela
investigação do crime organizado. Além de ceder o uso do equipamento, a
PF terá de gastar R$ 1,5 milhão com a atualização de licenças
internacionais. Além disso, de acordo com uma fonte, a corporação
policial também assumiu a responsabilidade de arcar com a manutenção dos
vants, que estavam parados desde 2016 em um hangar da corporação em São
Miguel do Iguaçu (PR).[o que justifica que os veículos tenham ficado parados mais de dois anos e mesmo assim os gastos de manutenção, desde a compra, ficaram em torno de R$ 100.000.000,00?]
O encerramento do
projeto é visto como um duro golpe nas atividades de investigação da PF,
embora a instituição não admita oficialmente. Os drones são dotados de
câmeras de alta resolução, com capacidade de filmar e fotografar a
distância, mesmo durante a noite, com pouca luz. Voando em uma altitude
elevada, os modelos podem acompanhar a rota de criminosos durante o
transporte de drogas e armas — algo que ocorre quase diariamente nos 17
mil quilômetros de fronteiras do país. Os vants podem voar em qualquer
parte do território nacional e possuem características que dificultam a
visualização por alvos em terra. [os VANTs são valiosos, mas, estão parados há no mínimo dois anos e a PF cortinou desenvolvendo suas atividades e apresentando resultados.]
O presidente
da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Boudens,
lamentou o fim do projeto. “Nós já insistimos muito com a direção-geral
sobre a continuidade do projeto vant. A interrupção será prejudicial,
pois policiais federais foram treinados para operar esses equipamentos.
São cursos caros. Agentes foram deslocados para São Miguel do Iguaçu
especificamente para operar os drones. Além da perda material, tem o
esforço da equipe”, disse
Os
modernos vants Heron I, comprados pela PF, são usados por forças de
segurança ao redor do mundo para dinamizar as operações de combate ao
tráfico de drogas, mapeamento aéreo e vigilância de grandes áreas.
Tratam-se de drones de tecnologia israelense. O último voo dos
equipamentos ocorreu em fevereiro de 2016. Desde então, eles ficaram
parados, acumulando poeira na cidade paranaense. [retificando: os vant ficaram parados por no mínimo dois anos e nove meses]
Entre
2011 e 2016, os aviões deveriam, de acordo com o projeto inicial,
realizar 40 mil horas de voo. No entanto, a atividade foi bem menos
intensa. Os modelos voaram por apenas mil horas. Assim que o projeto
deixou de ser colocado em prática, os aparelhos foram parcialmente
desmontados. Em fevereiro do ano passado, a FAB chegou a anunciar que
estava em andamento uma série de encontros com representantes da PF para
discutir uma parceria.
Em nota, a FAB informa
que a cessão dos vants tem como objetivo a “otimização dos recursos,
especialmente envolvendo aspectos logísticos e de manutenção”. A
Aeronáutica destacou que o acordo foi realizado a pedido da PF, que os
drones não serão usados para fins bélicos e confirmou que receberá
repasses de recursos da Polícia Federal. “O acordo prevê que a operação
dos equipamentos será conjunta. A colaboração entre a FAB e a Polícia
Federal, bem como demais órgãos de segurança pública, não é uma
novidade. ARPs da FAB já foram empregados em apoio a diversas operações
de segurança pública e órgãos de inteligência. O mais recente ocorreu
durante a Garantia da Lei e da Ordem no Rio de Janeiro”, diz um trecho
do posicionamento.
A PF alega que a cessão é
uma forma de economizar, e que as necessidades operacionais da
instituição não serão prejudicadas com a medida. “A Polícia Federal
informa que foi celebrado acordo de cooperação entre Polícia Federal e a
Força Aérea Brasileira, que visa a operação conjunta de todos os
veículos, com a otimização dos recursos e do custeio dessa ferramenta e a
franca economia de recursos públicos. Tal acordo atende plenamente às
necessidades operacionais da Polícia Federal. Ressalte-se que a PF e a
FAB mantêm sistematicamente projetos e ações de cooperação e de atuação
coordenadas, no cumprimento de suas respectivas atribuições
constitucionais”, informou.[pelo histórico apresentado na matéria, fica claro que os vant da PF estão entre aqueles equipamentos estão entre os que é melhor não ter do que ter e não usar.]
Correio Braziliense