Nessa semana que passou duas notícias atraíram minha atenção: a
participação do youtuber e influencer digital Felipe Neto em uma live
com um ministro do “supremo” tribunal federal (STF) e um convite (feito
pelo presidente da câmara dos deputados) para que o mesmo participe,
vejam só, de uma sessão no congresso nacional para discutir fake News
(atualmente expressão usada para definir opiniões liberais e, sobretudo,
conservadoras, bem como qualquer manifestação de apoiadores do
Presidente Jair Bolsonaro - ainda que seja, imagino, para elogiar seu
corte de cabelo).
Um detalhe interessante é que ele foi convidado para debater sobre o
suposto problema das fake News (e para “dar ideias”) no momento em que
ele mesmo foi (conforme matéria da Revista Oeste) condenado pela juíza
Giselle Rocha Raposo por ..... disseminar notícias falsas (desabonando a
imagem do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo
Augusto Xavier da Silva).
Diante disso eu sinceramente não ficaria surpreso se o próximo passo do
STF e da presidência do congresso nacional fosse, por exemplo, convidar o
ex presidente Lula para discutir leis anticorrupção.
Bom, mas isso apenas nos mostra como funciona a esquerda. A esquerda não
seria esquerda se não operasse dessa forma. Não há surpresa aqui.
Com efeito, vou me eximir de tecer comentários sobre as polêmicas em
torno desse sujeito de 32 anos (idade adulta, pois, na qual cabe a todos
mostrar indícios de alguma maturidade cognitiva e, mesmo, moral).
No entanto, deixarei abaixo desse texto dois links para vídeos que
esclarecem muito a seu respeito, assim como nos mostram, e isso é
importante observar, sua talvez maior habilidade: imitar uma foca.
Colocado isso, passo, então, à questão central: o que leva instituições
essenciais à nossa democracia, como judiciário e legislativo, a
convidarem para um “debate” alguém cuja maior habilidade parece ser
imitar uma foca?
Em que medida alguém com esse perfil (esclarecido em grande medida pelos
vídeos que postarei abaixo) pode contribuir para um debate que não seja
em torno de como melhor imitar uma foca ou falar obscenidades e outras
frases desconexas e sem fundamento em uma linguagem ignóbil? Sim: essa é
uma questão importante que emerge quando assistimos aos seus vídeos,
amplamente acessíveis, especialmente no Youtube.
Com efeito, segundo vejo isso apenas nos mostra o quão vilipendiadas
estão nossas instituições. Não apenas isso, nos mostra como nossas
instituições têm sido narcotizadas e violentadas. E não se trata apenas
do judiciário e do legislativo: o mesmo tem ocorrido com família,
instituições de ensino, etc.
Na verdade, a notoriedade de um indivíduo que fala obscenidades em
linguagem pobre é, antes de tudo, um sintoma: ele só acende e é colocado
sob os holofotes porque nossas instituições já estão, por anos,
vertiginosamente em declínio.
Afinal, no passado seria simplesmente impensável que a alguém com esse
perfil fosse dada notoriedade e influência, especialmente por ministros e
deputados. Mas não apenas por eles: famílias funcionais também não
permitiriam que seus filhos tivessem livre contato com o “conteúdo”
(sic) oferecido por ele, seja em redes sociais seja em publicações.
Como sabemos pelos dados, no passado as famílias ainda se mantinham, em
sua maior parte, estruturadas dentro do modelo que poderíamos chamar de
“tradicional”: crianças criadas pelos seus pais biológicos em ambientes
de pouco conflito.
E, como sabemos, crianças criadas dentro desse modelo se saem melhor em
todos os sistemas de avaliação referentes à sua saúde mental e a
critérios sociais.
Como disse mesmo um presidente de esquerda, Barack
Obama, “crianças que crescem sem pai têm cinco vezes mais chances de
viver na pobreza e cometer crimes; nove vezes mais chances de abandonar a
escola e vinte vezes mais chances de acabar na prisão”.
Isso apenas corrobora a célebre afirmação de nosso saudoso Rui Barbosa, a
saber, “a família é a célula máter da sociedade”.
Na verdade, muito provavelmente os pais de outrora sequer permitiriam
que seus filhos convivessem com alguém que fizesse uso de linguagem
obscena para proferir uma enxurrada de estultices. Como dizia um ditado
comum à minha época, “diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és".
E eu não consigo imaginar pais realmente engajados na
paternidade/ maternidade felizes com um filho falando vulgaridades em
desacordo com a lógica e com a gramática.
Em verdade, embora
assistíssemos a programas de palhaços como “Os Trapalhões”, tais
programas eram restritos àquilo que poder-se-ia considerar seu
propósito: entretenimento lúdico para a família. Seus integrantes não
apenas divertiam a família sem a corromper: eles fortaleciam os laços
familiares (entre pais e filhos).
Não apenas isso, eles não aderiam a uma agenda política cujo propósito é
fazer colapsar nossas instituições (família inclusa). Tratavam-se de
programas produzidos para a família, a qual, à época, era mais unida,
isto é, compartilhava diversos momentos, inclusive momentos de
entretenimento.
Hoje, com a fragmentação da família, nossas crianças estão à mercê de
maus exemplos e à exposição, por exemplo, a obscenidades e à erotização
precoce e suas consequências nefastas (como pedofilia, por exemplo).
Novamente: os dados simplesmente corroboram esse flagelo, o qual pode
ser testemunhado empiricamente.
Além disso, acrescente-se que estamos em um contexto em que são eleitos,
para deliberar sobre os rumos de nossa sociedade, atores de filmes
pornô, palhaços, etc, os quais muito provavelmente deveriam ficar
restritos às atividades para as quais estão originariamente
vocacionados.
Mas não apenas elegemos sujeitos com esse perfil: também elegemos
indivíduos intelectualmente medíocres e moralmente indigentes em um
deletério processo com um terrível efeito dominó: aquelas figuras torpes
que elegemos acabaram por nomear ministros, secretários, etc, alinhados
com sua miséria moral e intelectual. Isso nos trouxe ao que muitos
chamam de “herança maldita”, uma herança de partidos de esquerda como
Psdb (esquerda Fabiana) e PT.
Se não bastasse isso, crianças e jovens são submetidos a um ensino
medíocre (estamos nas últimas posições na avaliação do ‘Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes’/Pisa, o qual avalia o
desempenho de 80 países nos quesitos leitura, matemática e ciência).
Esses fatos revelam a miséria de nossas instituições políticas e de
ensino. Sobre a família, ela está tão combalida quanto às demais
instituições citadas.
Para que se tenha uma ideia da tragédia, um censo escolar de 2011
revelou que, naquele momento, quase 6 milhões de crianças não tinham
sequer o nome do pai em suas certidões de nascimento. Hoje estima-se que
o número possa ter chegado a 10 milhões.
Resultado? Ora, eis que chegamos a Felipe Neto e ao seu protagonismo
junto às crianças e em instituições como legislativo e STF, bem como na
grande mídia que o tem vitimizado.
Assim, na verdade o seu acesso a essas instituições se dá em virtude de
ele estar alinhado àqueles que atualmente possuem nelas o protagonismo.
Quando soube de seu debate com um ministro do STF, pensei: trata-se de
um diálogo ‘inter pares’. O mesmo me ocorreu ao ver o convite que lhe
foi feito pelo presidente da câmara dos deputados.
Imagino que eles se entendam bem e não há problemas nisso. Afinal, é
estimável que todos encontrem aqueles com os quais possam manter uma
relação de intercompreensão, não é mesmo?
O que é realmente preocupante é o fato de instituições tão fundamentais
como judiciário, legislativo, mídia, família, instituições de ensino,
estarem vulgarizando a discussão sobre temas tão essenciais quanto
liberdade de expressão, valores, participação de jovens na política,
etc.
Aliás, se nossas instituições estão realmente preocupadas com o debate a
partir de argumentos, por que não elevam a discussão e não convidam
jovens como Nikolas Ferreira (um dos vídeos abaixo é dele) para debater a
partir de robustos argumentos?
Por que não dão espaço ao contraditório, assegurando não apenas
diversidade e um debate altamente qualificado, mas garantindo a
liberdade de expressão (trato dela em dois vídeos disponíveis na nossa
página do DPL no Facebook)?
Por outro lado, se nossos magistrados e políticos realmente querem
transformar o debate público em uma “palhaçada” ordinária, julgo que
seria menos danoso convidarem alguém como o lúdico Sérgio Mallandro,
para que ele possa entoar seu famoso “vem fazer glu-glu”. Além de
divertida sua participação seria também ingênua e inócua. Sem falar que
seria, em minha opinião, mais elevada intelectualmente.
Carlos Adriano Ferraz
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL),
Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),
doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York
(SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). É
professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), bem como membro do
Docentes pela Liberdade (DPL) nacional e diretor do DPL/RS.
Transcrito do Rota 2014 - Blog do José Thomaz
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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segunda-feira, 3 de agosto de 2020
"Felipe Neto e a decadência de nossas instituições", por Carlos Adriano Ferraz
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