O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) cobra
na Justiça uma indenização de R$ 11.656.223,90 da empresa Forjas Taurus
S/A, fornecedora de armas de fogo para a Polícia Civil do DF. Desse montante, R$ 10 milhões se referem a um dano moral coletivo
pelo perigo que esse armamento com defeito de fabricação representa à
população do DF. Os promotores levaram em conta perícia do Instituto de Criminalística
e várias ocorrências registradas por policiais civis com relatos de
panes graves nas pistolas fornecidas pela Taurus.
Hoje as cerca de cinco mil armas usadas pela PCDF foram fabricadas
pela empresa que detém uma espécie de reserva do mercado brasileiro nos
órgãos de segurança pública. Apenas excepcionalmente o Exército
Brasileiro autoriza a compra de armas produzidas por empresas
estrangeiras. A ação se refere a um lote com 750 unidades, sendo 100 do modelo PT
100 Plus; 250 do tipo PR 24/7 PRO DS; e 400 PT 640 SA/DA, ao custo de R$
1,6 milhão, em abril de 2014.
O problema principal é o risco de disparos acidentais em quedas das
armas. Testes mostraram que essa possibilidade é grande, o que coloca em
xeque a integridade do policial e dos cidadãos de bem que podem ser
alvo de uma bala perdida justamente das armas que deveriam protegê-los. Há também o chamado efeito chaminé, quando o cartucho fica preso no
cano da pistola ou o disparo frustrado, quando a arma nega fogo.
O MPDFT aponta que o contrato da Taurus com a PCDF prevê que os
armamentos sejam providos de um mecanismo contra disparos acidentais,
mas esse item de segurança não está disponível, mesmo com a trava manual
acionada.
A ação é assinada pelos promotores de Justiça Rodrigo Bezerra e
Marcel Bernardi, do Núcleo de Investigação e Controle Externo da
Atividade Policial (Ncap), e Eduardo Gazzinelli e Marcelo Barenco, da
Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social do DF (Prodep). O MPDFT não é o único preocupado com a qualidade das armas fornecidas
pela Taurus. O assunto é tratado em vários estados justamente pelos
diversos problemas detectados com as pistolas de uso de policiais civis e
militares.
Executivos da Taurus vão responder criminalmente
Em outra frente, os promotores de Justiça pedem a condenação criminal de
seis executivos da Taurus à época do contrato fechado com a Polícia
Civil do DF. Eles foram denunciados pelos crimes previstos na Lei 8137/90, de
induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou
afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade do bem ou
serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou
divulgação publicitária; e vender, ter em depósito para vender ou expor à
venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em
condições impróprias ao consumo. As penas variam de dois a cinco anos de
detenção, mais multa. A ação tramita na 8ª Vara Criminal de Brasília.
PCDF vai comprar 3 mil novas armas
Em outra frente, o Ministério Público do DF encaminhou ao diretor-geral
da Polícia Civil do DF, Eric Seba, uma recomendação para que as armas
usadas pela corporação sejam substituídas por modelos mais eficientes
que não coloquem vidas em risco. Ao Correio, Seba explicou que há realmente relatos de panes,
especialmente da pistola modelo 24/7. Mas a Polícia Civil está
promovendo uma licitação internacional para compra de três mil armas de
fogo. O processo já recebeu autorização do Exército e deve ser concluído
até o fim do ano. Com essa licitação, empresas estrangeiras poderão
disputar o contrato. A PCDF destinou R$ 9 milhões para essa aquisição.
CB Poder - Ana Maria Campos
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quarta-feira, 16 de maio de 2018
MPDFT cobra indenização da Taurus por panes em armas da Polícia Civil
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