O Estado de S.Paulo
Bolsonaro e queimadas atraíram o mundo a favor da Amazônia e contra o Brasil
Os incêndios na Amazônia e o incendiário Jair Bolsonaro conseguiram
atrair a ira do mundo para o Brasil. O desmatamento e as queimadas, que
evoluem juntos e extrapolam a Amazônia, atingem vários Estados, saem da
área rural, afetam cidades e se transformam numa crise internacional. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, se disse “profundamente
preocupado”. O presidente da França, Emmanuel Macron, quer convocar o
G-7, que reúne as maiores economias do mundo, para reagir. E astros como
Gisele Bündchen e Leonardo DiCaprio potencializam a repercussão. O
Brasil está isolado.
[desde o inicio do governo Bolsonaro que parte da imprensa tenta demiti-lo;
no inicio os motivos invocados não se sustentavam;
de junho para julho surgiu o a farsa da intercePTação - objetivo soltar Lula, demitir Moro, acabar com a Lava-Jato e facilitar o caminho para derrubar Bolsonaro;
só que a fraude foi logo descoberta e a armação passou a ser conhecida como 'o escândalo que encolheu' e Bolsonaro permanece firme e Moro indemissivel.
Agora tentam uso a crise do meio ambiente, que tem como um dos seus protagonistas um país que mata baleias do Ártico.
Não conseguirão derrubar o presidente Bolsonaro - a carreira de Bolsonara só se encerra se ele insistir em aprovar a CPMF, ainda que como novo nome.]
Enquanto isso... o presidente Bolsonaro, seus ministros e principais
colaboradores resumem as árvores derrubadas, as labaredas nas florestas,
a fumaça que intoxica e as reações pelo mundo afora como uma mera,
mesquinha, questão política e ideológica. Não se ouviu uma única frase, uma única palavra do presidente lamentando
a devastação, tomando providências, agindo para resolver o aumento do
desmatamento e as queimadas que assolam uma área imensa do País. Tudo o
que ele fez, até agora, foi desqualificar a medição das áreas
desmatadas, demitir o diretor do Inpe, Ricardo Galvão, [demissão motivada por atitude indisciplinada, desrespeitosa, do demitido, que em entrevista ofendeu o Presidente da República.] e tentar
adivinhar quem são os culpados: as ONGs! [para a maioria das ONGs que defendem o meio ambiente, a grana que recebem dos governos estrangeiros é tão importante, tão vital para sobreviverem, quanto era o imposto sindical para os sindicatos.]
Assim como os “governadores paraíba” do Nordeste são inimigos e devem
ser tratados a pão e água, os do Norte e do Centro-Oeste agora são
suspeitos de “conivência” (termo usado pelo presidente) com as
queimadas. Sim, senhores e senhoras, ambientalistas torram o ambiente
para retaliar o presidente e os governadores fecham os olhos,
prazerosamente. Poderia ser apenas uma acusação patética, não fosse algo
muito próximo de injúria e difamação. Que provas o presidente tem para
falar algo de tal gravidade contra ONGs e governadores?
Esse discurso belicoso, audacioso, é com base na convicção pessoal do
presidente de que as ONGs são braços da esquerda internacional e dos
países europeus para controlar a Amazônia e criar condições para, mais
adiante, se apossarem dela. [o presidente da França chega a falar até em ação militar.] Quem passar por gabinetes da Esplanada dos
Ministérios vai ouvir que as ONGs embebedam os índios, exploram as
reservas, dão guarida a quadrilhas que agem na região, são mancomunadas
com madeireiras ilegais e garimpeiros clandestinos.
Logo, é uma guerra. Assim, não há nenhuma surpresa na vaia uníssona que
recepcionou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na Semana do
Clima na Bahia – um evento, aliás, que Salles tentou cancelar e depois
voltou atrás. Diante do escândalo das queimadas, lê-se que o ministro
agora quer criar uma força-tarefa com ONGs, madeireiras e mineradoras
para combater as chamas atuais e prevenir novas.
Só não podem contar com os dois mais fiéis e antigos parceiros do Brasil
na defesa do ambiente, a Alemanha e a Noruega, que foram escorraçadas
por Bolsonaro e cortaram quase R$ 300 milhões de contribuição para o
Fundo da Amazônia. Os dois, aliás, são, ou vinham sendo, os únicos
financiadores do programa de... prevenção de incêndios na região!
Assim, o cerco vai se fechando não contra o governo brasileiro, mas
contra o Brasil, depois que o presidente decidiu bater de frente com
China, mundo árabe, França, Alemanha, Noruega e Suécia, no rastro de sua
ira ideológica contra Inpe, Ancine, ICMBio, IBGE, Fiocruz, Ibama, PF,
Receita, Coaf, universidades e, claro, imprensa. Aliás, de quem é a
culpa do derretimento da imagem do Brasil no exterior? Para o
presidente, é da imprensa!
Sinuca. Bolsonaro estabeleceu um padrão para demitir, pela
imprensa ou pelas redes sociais. A bola da vez é o delegado Maurício
Valeixo, o Eduardo Villas Boas da PF. O líder e referência da
instituição.
Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo