Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador China. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador China. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Lula usa sua falta de cultura para fazer o mal quando compara Israel a nazistas - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Presidente petista não faz política externa voltada aos interesses do Brasil; só pensa em servir a seus propósitos pessoais

 

 

O presidente Lula é um grande especialista em utilizar sua própria falta de cultura, que ele insiste em manter intacta, para fazer o mal – é o que se chama de ignorância mal-intencionada. Acaba de dar mais um espetáculo do gênero numa conferência de chefes de Estado na África.

Como se entendesse alguma coisa de história – ele, que já foi capaz de dizer em detalhes que Napoleão esteve na China – revelou ao mundo que nunca houve “um momento histórico” como o da operação militar de Israel em Gaza. 

 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou ação militar de Israel na Palestina ao Holocausto de judeus na Alemanha nazista

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou ação militar de Israel na Palestina ao Holocausto de judeus na Alemanha nazista Foto: EVARISTO SA / AFP

É uma estupidez em estado bruto, mas Lula aproveitou, como é seu hábito, para enfiar um propósito maligno na asneira que estava falando. “Só Hitler”, segundo ele, fez coisa parecida, “com os judeus”. Igualar os crimes incomparáveis do Holocausto nazista com a reação armada de Israel ao ataque terrorista que sofreu cinco meses atrás é dizer que o carrasco e as vítimas têm culpa igual – uma falsidade 100% desonesta, que atiça o antissemitismo e cobre de infâmia o nome do Brasil no mundo.

“Ao dizer que a guerra de Israel contra os terroristas do Hamas se assemelha ao Holocausto, Lula, a um só tempo, vandalizou a história, a memória das vítimas da indústria da morte nazista e os interesses do Brasil”, disse O Estado de S. Paulo em editorial que define com precisão as dimensões do desastre causado pelo presidente – o pior, sem dúvida, de todos os que vem acumulando no campo diplomático em seu primeiro ano de governo.

Lula, na verdade, não faz uma política externa destinada a defender os interesses do Brasil. Só pensa, desde que chegou ao cargo, em servir a seus propósitos pessoais – uma coleção deformada de recalques, rancores, ideias mortas e um ódio incurável à liberdade econômica, aos Estados Unidos e às democracias ocidentais. No conflito atual, desde o primeiro minuto, tomou de maneira quase-oficial o partido do terrorismo contra Israel. Não pediu licença, nem conselho, a ninguém para fazer o que está fazendo. Apenas impôs a sua posição pessoal como posição do Brasil, e não tem o direito de fazer isso. O presidente da República é o responsável pela execução da política externa, sem dúvida. Mas ele é mais responsável ainda perante o povo brasileiro.

Desde quando o Brasil acha, como Lula, que a Rússia tem direito de invadir a Ucrânia – ou que Venezuela, Cuba e Nicarágua são democracias? Quem o autorizou a colocar o Brasil a favor de um candidato na eleição da Argentina – que perdeu, aliás? 
Como fica chorando o tempo todo com a “falta de recursos” e doa bilhões de dinheiro público às ditaduras caloteiras que batem palmas para ele?

No caso do atual conflito entre Israel e o Hamas sua arrogância em confundir aquilo que quer com aquilo que o Brasil precisa é mais agressiva ainda. Ele quer que o povo brasileiro considere como vítimas de “genocídio” os que pregam abertamente o genocídio contra os judeus de Israel. Usa as mortes de civis em Gaza, resultado direto do assassinato de 1.200 israelenses inocentes por parte do Hamas, para promover a sua política pró terrorismo, disfarçada de “pró Palestina”. Diz que está “contra Israel, não contra os judeus” – o que diria, então, sobre quem viesse a declarar, por exemplo, que quer destruir “o Brasil”, mas não “os brasileiros”? É o pior momento na calamidade histórica da sua política externa.

J.R. Guzzo - Opinião - O Estado de S. Paulo

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

A guerra de Lula - O Estado de S. Paulo

Opinião do Estadão

Na ânsia de se autopromover como líder global dos ‘pobres’ contra os ‘ricos’, Lula reduziu o Itamaraty a linha auxiliar de sua ideologia maniqueísta e de seu voluntarismo narcisista 

O presidente Lula da Silva parece ter declarado guerra ao Ocidente. Uma guerra imaginária, claro, mas nesse delírio o petista pretende posicionar o Brasil na vanguarda da luta contra tudo o que simboliza os valores ocidentais – tendo como companheiros de armas um punhado de notórias ditaduras, como China, Rússia, Irã e Venezuela.

A irresponsável declaração de Lula sobre Israel, comparando a campanha israelense contra os terroristas do Hamas ao Holocausto, está perfeitamente alinhada a esse empreendimento ideológico. Não foi, portanto, fortuita nem acidental.

Lula parece empenhado em usar seu terceiro mandato para lançar-se como líder político do tal “Sul Global”, uma espécie de aggiornamento do “Terceiro Mundo” dos tempos da guerra fria. Nessa nova ordem, as características distintivas do Ocidente – democracia, economia de mercado e globalização são confrontadas por regimes autocráticos que buscam reviver o modelo que põe o Estado e a soberania nacional em primeiro lugar, à custa das liberdades individuais, direitos humanos e valores universais, denunciados como armas retóricas das democracias liberais para perpetuar sua supremacia.

No confronto Ocidente-Oriente, a geopolítica e a segurança nacional prevalecem sobre a economia e a globalização. A geopolítica multilateral do pós-guerra se fragmenta em arranjos insuficientes para as necessidades de cooperação ante desafios globais, como mudanças climáticas, pandemias, terrorismo e guerras.

O Brasil não está imune a essas incertezas, mas, comparativamente, tem vantagens. Suas dimensões, sua democracia multiétnica e pacífica e sua economia relativamente industrializada e diversificada o tornam uma potência regional. Seus recursos o colocam numa posição-chave para equacionar o tripé do desenvolvimento sustentável global: segurança alimentar, energética e ambiental.

Nessas águas turvas e tumultuosas, sem grandes instrumentos de poder, o País precisa, para defender interesses nacionais e promover os globais, de sutileza, inteligência e credibilidade. 
Felizmente, conta com uma tradição diplomática consagrada nos princípios constitucionais do respeito aos direitos humanos, à democracia e à ordem baseada em regras, e corporificada nos quadros técnicos do Itamaraty.
 
Mas esse capital está sendo dilapidado pela diplomacia sectária do presidente Lula da Silva. Lula já disse que a democracia é relativa. Mas sua política externa é definida por um princípio absoluto: a hostilidade ao Ocidente (o “Norte”, os “ricos”) e o alinhamento automático a tudo o que lhe é antagônico.

Sua passagem pela África foi um microcosmo desse estado de coisas. Interesses econômicos foram tratados de forma ligeira. Em entrevista, ele se evadiu de cobrar a Rússia e a Venezuela por sua truculência autocrática, ao mesmo tempo que insultou judeus de todo o mundo ao atribuir a Israel práticas comparáveis às dos nazistas.

Seja em conflitos onde o País teria força e autoridade para atuar, como os da América Latina, seja naqueles nos quais não tem força, Lula se alinha ao que há de mais retrógrado e autoritário. Abrindo mão de sua neutralidade, o País se desqualifica como potencial mediador. 
O Brasil poderia promover seus interesses econômicos e pontos de cooperação com a Eurásia sem prejuízo da defesa de valores civilizacionais comuns ao Ocidente. Mas Lula sacrifica os últimos sem nenhum ganho em relação aos primeiros. 
Em sua ânsia de se autopromover como líder global dos “pobres” contra os “ricos”, reduziu a máquina do Itamaraty a linha auxiliar de sua ideologia maniqueísta e seu voluntarismo narcisista.
 
A “frente ampla democrática” propagandeada na campanha eleitoral deveria ter sido projetada para as relações internacionais. 
Mas também aqui ela se mostrou uma fantasia eivada de sectarismo ideológico – arrastando consigo o Brasil, obliterando suas oportunidades de integração econômica e prejudicando possibilidades de cooperação pela promoção da paz, da democracia, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais que a Constituição traçou como norte da diplomacia nacional.


Notas & Informações - O Estado de S. Paulo


domingo, 5 de novembro de 2023

O Brasil não está no círculo das nações que dão as cartas no mundo

 Geopolítica é para profissionais

Assistimos à intensificação da tensão entre nações, característica de uma guerra fria agravada. Isso não é uma novidade, mas o quadro é complicado por dinâmicas econômicas contraditórias nos EUA, China e Europa. 
Paralelamente, a guerra na Ucrânia se desenrola com uma cascata de efeitos secundários que reverberam globalmente — quadro agravado pelo conflito em Israel.
 
 

 O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em reunião do Conselho de Segurança da ONU (30/10/2023) (ONU/Divulgação)

Deparamos com circunstâncias sem precedentes que podem trazer consequências sérias ao Brasil. Estamos à beira de uma transformação da guerra fria em curso em conflito de proporções globais, considerando a inclinação para a beligerância e a imprevisibilidade dos líderes atuais.

A atual conjuntura guarda paralelos com a década de 1930, ecoando a máxima de que a história tende a se repetir — embora como uma espécie de paródia. 
Para o Brasil, os impactos de um conflito global seriam desastrosamente superiores aos da II Guerra. 
A interconexão global e a interdependência econômica amplificadas deixam-nos em posição mais vulnerável.
 
No período pré-guerra, o Brasil vacilou antes de se posicionar ao lado dos Aliados contra o Eixo. 
 Hoje, observa-se um aparente desvio do país em direção a uma política externa reminiscente do Terceiro Mundo, com um alinhamento mais próximo aos interesses chineses e russos. 
Esse movimento gera questionamentos: por que tomar tal direção?

“Em um contexto complicado, o país oscila entre um protagonismo ilusório e ações relevantes”

Nossa economia está atrelada em grande medida ao comércio de commodities com a China, conferindo a esse parceiro uma influência considerável nas relações comerciais. 
Além disso, nossa dependência dos insumos russos, especialmente fertilizantes e diesel, restringe nossa capacidade de adotar postura mais assertiva com esse parceiro estratégico. 
Simultaneamente, enfrentamos críticas e uma espécie de perseguição por parte dos países europeus no que tange às questões ambientais.
 
A diplomacia dos EUA, marcada pela confusão há algum tempo, carece de narrativa coesa e ferramentas eficazes para reforçar sua presença institucional no Brasil. 
Washington parece nos tratar como “não prioridade”, relegando ao setor privado as relações com o país.

Em um contexto complicado, o Brasil oscila entre um protagonismo ilusório e ações efetivamente relevantes, como as tentativas de mediar um cessar-fogo em Gaza. O país não demonstra o peso de uma grande potência nem atua como tal em um cenário mundial onde a dissimulação e a desinformação são estratégias geopolíticas corriqueiras.
 
A biografia Putin, de Philip Short, revela a intricada teia da geopolítica ao narrar as manobras do líder russo desde o colapso da União Soviética. 
No trabalho de Short, que cobre os principais acontecimentos desde a queda do Muro de Berlim até a invasão da Ucrânia, o Brasil, para o bem ou para o mal, é mencionado apenas uma vez em um contexto singelo: nossa abstenção em uma votação de resolução da ONU em 2011.
Essa menção isolada reflete a posição do Brasil no xadrez geopolítico. Mesmo ostentando o status de uma das maiores economias do mundo, detendo vastos recursos naturais e sendo um dos principais produtores de alimentos, não ascendemos ao círculo das nações que dão as cartas no palco mundial.[para fechar o rol - autêntico e até condescendente -  que aponta as falhas do Brasil na disputa por um desejado, e inalcançável, protagonismo mundial, ainda fazem o L e elegem um Lula presidente, trazendo ao picadeiro  um ministério em que mais de 95% dos integrantes são SUMIDADES EM NADA.
Lula se imagina um estadista, mas, ainda não sabe diferenciar apupos de aplausos, da mesma forma que a primeira dama considera ser apalpada o mesmo que apupada.] 
 
 
 

Publicado em VEJA,  edição nº 2866, de 3 de novembro de 2023

 

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

"A grandeza do Brasil" - Correio Braziliense

Para o jornalista, "estamos entre as maiores economias do mundo, produtores espetaculares do combustível mais nobre, o alimento que energiza pessoas. E nosso potencial é maior ainda em energia limpa, minerais, água potável e terra"

Ao abrir a Assembleia Geral da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou contra o conflito na Ucrânia e criticou os membros permanentes do Conselho de Segurança, que têm poder de veto e fazem guerras. O Brasil quer ser membro permanente — já que também foi nação vitoriosa na II Guerra.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que falou depois, concordou com Lula, pregando a necessidade de mais vozes no Conselho de Segurança. [mais vozes,  para falar bobagens? Biden, emite com folga, as falas negativas que o petista que preside o Brasil expeliria se o Brasil se tornasse membro permanente do CS-ONU.]  Hoje os presidentes Lula e Biden se encontram, em Nova York. Foi uma presença forte do Brasil, diante de representantes dos 193 países membros das Nações Unidas. É desejo do Brasil ter um protagonismo mais significativo nas questões mundiais. Mas teria o país um poder nacional para sustentar uma posição maior, mais decisiva?

Não parece que estejamos em situação de grandeza política para isso. O chefe de Estado, que deveria ser um estadista, é mais afeito às questões menores da política, assuntos provincianos, pessoais. 
O Brasil se apresenta grande na ONU, mas fica com aspecto de propaganda. Na prática, conforma-se com o objetivo de ser uma liderança regional. 
Não fossem os desastres econômicos dos regimes argentino e venezuelano, certamente teríamos séria concorrência no campeonato regional de poder e influência.
 
Misturamos política com comércio exterior. Ter a China como principal parceiro comercial não exige que elogiemos o regime autoritário comunista chinês
Nossas relações internacionais misturam diplomacia com ideologia e, hoje, estamos colados na Venezuela, Argentina, Cuba, Nicarágua, China e Rússia — só para citar alguns países que, por coincidência, não são exatamente democracias.

Além disso, nossa tentativa de liderança mistura o estilo de clientelismo usado dentro do país com política de boa vizinhança de oferecer créditos de um banco estatal nacional, como se ele fosse uma agência internacional de desenvolvimento. É a projeção do fisiologismo interno para atrair países na ilusão de liderança regional.

Para complicar as questões diplomáticas, nosso chefe de Estado faz declarações tomando partido na guerra Rússia-Ucrânia. Despreza decisões do Tribunal Penal Internacional, chama os países-membros do Tratado de Roma de bagrinhos, provoca o aliado histórico americano e permite que aportem no Rio navios de guerra do Irã
Agora, na ONU, desagradou de novo os EUA ao defender Cuba e o Hamas.

Como a Índia
A Índia, que tem a maior população do mundo, desde sua independência em 1947 tem mantido neutralidade, com a qual cruzou a Guerra Fria.
Hoje, China, Rússia e EUA parecem ensaiar uma segunda Guerra Fria. 
O atual governo brasileiro poderia imitar a Índia, mas dá todos os sinais de que já escolheu ficar coadjuvante de um lado. 
O poder nacional, além do poder político, se compõe do poder econômico, social e militar.

No econômico, estamos entre as maiores economias do mundo, produtores espetaculares do combustível mais nobre, o alimento que energiza pessoas. E nosso potencial é maior ainda em energia limpa, minerais, água potável e terra para produzir alimento, que pode ainda ser multiplicada, a despeito da ideologia anti-agro.
Mas nosso poder militar é fraco, em disparidade com a riqueza que precisa ser defendida.
E nosso poder social é medíocre, com ensino em geral precário e formação política e de cidadania não compatíveis com o primeiro dos fatores de riqueza: a natureza.
 
E Lula, na ONU, ainda criticou o nacionalismo. 
Seu ex-ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, tem criticado a mediocridade. 
Com ela, não pode haver grandeza.
 
 Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense
 
 

sábado, 16 de setembro de 2023

A ditadura equivocada na China - Carlos Alberto Sardenberg

O governo da China enfrenta sérias dificuldades naquilo que parecia ser sua especialidade: botar o país para crescer. Há problemas econômicos específicos — como o endividamento das administrações regionais e o esgotamento de grandes projetos de infraestrutura —, mas a questão básica é mais profunda. Trata-se da perda de eficiência do sistema político, aquele que se poderia chamar de ditadura esclarecida. 
 
Ditadura, pelo óbvio. A sociedade vigiada e controlada pelo Partido Comunista.  
Na economia, ampla abertura para o investidor privado nacional e estrangeiro. 
Por trás disso, o comando de uma burocracia formada nas melhores universidades ocidentais e treinada em grandes companhias. 
 
Um pequeno exemplo: a política monetária é aplicada pelo Banco do Povo da China. O povo não manda nada. 
Mandam economistas que trabalham exatamente como os mais eficientes banqueiros centrais do mundo. 
 
Há uma ideologia por trás disso. Sustenta que a democracia política, estilo ocidental, não funciona e, pior, atrapalha o crescimento econômico. 
Muito debate, parlamentos atrasando a aplicação dos programas, imprensa incomodando, sociedade reclamando e resistindo a medidas do governo — não há como ter eficiência, diz essa doutrina. 
Mas, para que isso seja verdade, é preciso admitir que a tecnocracia é eficiente e sabe claramente os interesses atuais e futuros dos cidadãos e do país. Logo, não erra. 
 
Pois o governo do presidente Xi Jinping vem cometendo erros sucessivos. O mais desastroso foi o programa Covid Zero. A ideia era bloquear a transmissão do vírus. 
Um teste positivo numa fábrica e se fechava toda a fábrica, trabalhadores e funcionários lá dentro, por quantos dias fosse necessário para testar todo mundo e isolar os doentes. 
Um caso num bairro, e todos os moradores eram simplesmente trancados em suas casas, com barricadas à frente dos prédios. 
Se o vírus escapava do bairro mesmo assim, regiões inteiras eram isoladas. 
Um caso num porto, e se fechavam todas as operações ali.
 
Sendo essa a política, o governo se descuidou da vacinação — e deu tudo errado. A Covid Zero paralisou seguidamente a economia e não impediu a transmissão. 
Quando, finalmente, se abandonou a política, a economia estava desorganizada, a sociedade cansada e não vacinada. 
Depois o governo se equivocou em várias tentativas de recuperação, e o resultado aí está: a China crescendo muito pouco, os ganhos de renda bloqueados.

Como se chegou a esse ponto? Pela natureza do regime. Sem democracia, sem livre debate, os médicos e cientistas que alertavam sobre os erros da Covid Zero eram simplesmente presos ou trancados em casa. Incipientes debates em alguma imprensa regional, reportando reclamações de moradores, foram rapidamente abafados.

O mesmo acontece nas decisões de política econômica. Quando o presidente e a administração central erram, a burocracia mantém esse erro, insiste, até que as próprias instâncias superiores, o presidente e a cúpula do partido percebam a besteira. De novo, como não há debate sobre a falência de certas políticas, não há base para a procura das mais corretas. Erro atrai erro.

E quer saber? É bom que isso esteja acontecendo. O povo chinês paga um preço e também muitos países cujas economias se ligaram mais fortemente à China. Mas era preciso desmistificar o sistema e derrubar a ideia de que a democracia atrapalha. É notável também a perda de prestígio da China como parceiro econômico e geopolítico. Se o governo lá muda suas políticas sem consultar seu próprio povo, por que consultaria outros governos?

Assim é que os países ocidentais no sentido amplo, democráticos e desenvolvidos — incluindo Japão, Austrália e Coreia do Sul —, buscam parceiros confiáveis.  
Países emergentes democráticos são candidatos. Alguns pularam na frente. 
O México ultrapassou a China como maior fornecedor dos Estados Unidos. Canadá também. A União Europeia, outro exemplo, procura fontes de energia fora da Rússia.

Enquanto isso, o Brasil de Lula, antiamericano, se alinha com China e Rússia.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Coluna em O Globo - 16 setembro 2023


quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Centrão no governo - O infeliz xadrez de Lula - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

Fufuca, Lula, Costa Filho e França em foto após a cerimônia de posse dos novos ministros.| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Na quarta-feira, Lula preferiu fazer a posse de seus novos ministros de uma maneira bem discreta, uma reunião fechada no gabinete dele, sem convidados. Tudo para não ficar muito clara a ausência de Ana Moser, que deveria entregar o Ministério dos Esportes para o deputado federal André Fufuca (PP). Ela e o PT estão em desacordo. A primeira-dama Janja da Silva também não concorda, e já se manifestou publicamente sobre esse assunto.

A foto da posse mostra Lula, Fufuca e o novo ministro de Portos e Aeroportos, o deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos), com o polegar para cima. Já Márcio França (PSB) – realocado do comando de Portos e Aeroportos para o recém-criado Ministério do Empreendedorismo e da Microempresa – aparece com a cara de desagrado e com as duas mãos para trás. Assim devem estar o Partido Socialista Brasileiro e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Só que eles não vêm a público para manifestar isso.
 
Está sendo muito infeliz o xadrez de Lula nessa entrega ao Centrão. 
O Republicanos recebe o Ministério de Portos e Aeroportos, mas diz que não está recebendo, que isso não significa que o partido vai aderir ao governo, que é uma questão pessoal do ministro Silvio Costa Filho – que por sua vez vai ter de prestar contas também aos seus eleitores, que foram enganados
O mesmo vale para Fufuca. Deixaram os seus eleitores na mão. 
Os eleitores os elegeram não para serem empregados de Lula, mas empregados dos eleitores do Maranhão e de Pernambuco.

E o PP também não está satisfeito porque quer todas as apostas esportivas no Ministério dos Esportes, quer a presidência da Caixa – e parece que Lula vai dar – e quer também a Diretoria de Habitação da Caixa Econômica, que o PT não quer soltar. 

Eu pergunto aos que elegeram Lula: votaram também no Centrão? Porque fica bem estranho isso.

TSE mantém cassação de Dallagnol
No Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já está formada maioria, com quatro votos em sete, para não aceitar o recurso de Deltan Dallagnol, mantendo a cassação do deputado federal mais votado do estado do Paraná. Houve uma época em que os tribunais respeitavam a força do povo, a força do eleitor. O mais votado dificilmente seria banido. O relator, ministro Benedito Gonçalves, votou contra Dallagnol, assim como Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Ramos Tavares. A denúncia foi feita pelo PT, PCdoB e PV.
 
Brasil terá insegurança jurídica internacional?
No Ministério da Justiça, o ministro Flávio Dino aderiu a uma tese de Lula, de que o Tribunal Penal Internacional está estranho por não ter a adesão de Rússia, China e Estados Unidos. Então, o ministro disse que o Brasil tem de avaliar se cai fora do Tribunal de Haia. 
Isso significaria rasgar o Tratado de Roma, que o Brasil assinou, que foi confirmado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, depois de aprovado pelo Senado Federal. 
Então o Brasil, que já tem insegurança jurídica interna, vai ter também insegurança jurídica internacional.
 
Colaboração não é delação premiada
Finalmente eu me esclareci diante do noticiário que só fala em “delação premiada” do Mauro Cid. Eu sabia que não era isso. 
Não encontrei em lugar nenhum. 
Avisei a quem me segue que não tem isso. Era impossível, porque um sujeito com essa formação ética de família e passagem pela Academia Militar das Agulhas Negras não teria como fazer isso
Agora está esclarecido que se trata da colaboração prevista na Lei 12.850/2013. 
Significa que a pessoa abre mão de seu direito de ficar calado para não se incriminar e conta tudo. 
Não é aquele acordo em que a pessoa se obriga a incriminar alguém, a incriminar outros.
 
Isso não tem nada a ver com outra questão que o pessoal está chamando de “lavagem de provas”. Sabem como funciona? Aparece um indício, mas não há como buscar a prova atrás daquele indício. 
Então quebram sigilo bancário, sigilo fiscal, sigilo telefônico por algum outro pretexto, desenterram caso antigo e vão procurar. 
Assim como tem a lavagem de dinheiro – em que se tenta tornar legal o dinheiro ilícito –, tem também a lavagem de provas.
 
Desembargador aposentado rouba a cena no STF
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes pediu 15 anos e meio de regime fechado para o primeiro réu julgado pelo STF por suposto envolvimento nos atos de 8 de janeiro. 
Aécio Lúcio Lopes Costa Pereira teria sido fotografado no plenário do Senado no dia 8. 
Dizem que ele quebrou espelhos, computadores, obras de arte etc. 
Segundo ele, não era uma tentativa de golpe, mas uma manifestação de protesto. Ainda lembrou que o réu não pôde comparecer a seu próprio julgamento porque está no presídio da Papuda.
 
Depois, Coelho disse que, um dia antes, tentaram intimidá-lo, com o Conselho Nacional de Justiça dizendo que ele vai ser investigado. Disse que não tem mais idade, que não tem mais tempo a perder para o medo. Não tem mais tempo de ter medo de nada. 
E, por fim, ele se dirigiu aos ministros do Supremo dizendo que à frente dele estavam as pessoas mais odiadas desse país. 
Alexandre de Moraes ainda falou depois, chamou de “extremistas” os que não gostam do STF e disse que são a minoria da população.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


domingo, 10 de setembro de 2023

A China tomou posse do MST - Gazeta do Povo

Vozes - Leonardo Coutinho


Brasil, América Latina, mundo (não necessariamente nesta ordem)

Detalhe de cartaz de propaganda chinês da época maoista sobre a mecanização agrícola.| Foto: Reprodução/Domínio público

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) divulgou que está fazendo um negócio da China. Literalmente. O Partido Comunista Chinês vai investir na organização que tem como uma das suas principais atividades a invasão de terras.

No fim de julho, uma delegação de 14 pesquisadores da Universidade Rural da China visitou assentamentos do MST e prometeu intercâmbio e suporte técnico para ajudar os assentados a modernizar seu sistema produtivo. A parceria, no entanto, é um belo negócio que os chineses avistaram depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na China carregando no colo o chefão do MST, João Pedro Stédile.

De volta ao Brasil, o MST se abrigou sob o dossel de institucionalidade do Consórcio Nordeste – que, não por acaso, também foi à China acomodado na algibeira presidencial. As duas organizações anunciaram que serão uma espécie de laboratório do empreendedorismo agrícola chinês.

    O Partido Comunista Chinês já tem os grandes produtores brasileiros de joelhos. Os fazendeiros praticamente se tornaram fornecedores de cliente único, tornando o agronegócio nacional perigosamente dependente dos interesses do partido

O governo do Rio Grande do Norte estendeu o tapete vermelho para os chineses demonstrarem a grandiosidade de sua tecnologia agrícola e recepcionará um campo de testes de pelo menos 31 modelos de equipamentos que serão usados em lavouras do MST. Antes de tomar esta iniciativa, entretanto, o Consórcio Nordeste bateu em muitas portas, dentro e fora do Brasil, em busca de financiamento “carimbado” para as máquinas chinesas. Como não deu certo, resolveram, então, transformar a região em um grande showroom para ajudar a convencer não só entes governamentais e agências de fomento, mas também os produtores da magnificência do maquinário que o Partido Comunista Chinês quer desovar no Brasil.

A aliança do Consórcio Nordeste com os interesses da China não é recente. Desde a sua criação, em 2019, a associação de governos esquerdistas nordestinos se apresentou como trincheira chinesa no Brasil. Uma espécie de movimento de secessão, que tinha como pretexto se contrapor ao “fascismo” do governo federal que buscava se afastar da China ao mesmo tempo que se alinhava aos Estados Unidos, na época comandados por Donald Trump.

Durante a pandemia de Covid-19, o consórcio passou a tratar diretamente com o embaixador chinês e com o governo da China, que ignorou qualquer tipo de protocolo e respeito na relação bilateral com o Brasil e passou a lidar com o grupo de governadores como se eles formassem um Estado dentro do Estado.

Quais serão as reais implicações da marcha da China sobre a agricultura familiar brasileira, valendo-se dos governadores esquerdistas do Nordeste e do MST? 
Não é possível prever com exatidão, mas os sinais apresentados pelos próprios envolvidos na operação indicam que:

1. O Partido Comunista Chinês já tem os grandes produtores brasileiros de joelhos. Os fazendeiros praticamente se tornaram fornecedores de cliente único, tornando o agronegócio nacional perigosamente dependente (e subserviente) dos interesses do Partido Comunista Chinês;

2. Os chineses viram um grande negócio no Brasil. Não soa nada absurdo ver, em breve, milhões e milhões de reais provenientes dos cofres públicos jorrarem para o financiamento dos tratorzinhos chineses. O diminutivo não é depreciativo, mas uma referência ao sistema de minimáquinas que a China desenvolveu para atender minipropriedades;

3. A conquista da produção da agricultura familiar,
que ficará atrelada – potencialmente em um modelo de sociedade 50%-50% com os chineses. O que antes era 100% brasileiro perderá, de imediato, metade da influência nacional e possivelmente muito mais do que isso no que se refere à destinação para o mercado interno;

    China, Rússia, Irã, Cuba, Venezuela e as demais autocracias que existem pelo mundo trabalham noite e dia para desacreditar as democracias. O mais bizarro é que eles têm conseguido fazer isso muito bem com o apoio de muita gente da direita

4. Quase ninguém se lembra, mas, durante a pandemia de coronavírus, a China chantageou meio mundo – e não foi diferente com o Brasil – sequestrando insumos para vacinas e emperrando as cadeias logísticas para se blindar de qualquer crítica ao regime e sua lista sem fim de violações.  
O Congresso brasileiro, políticos de todos os matizes ideológicos e a imprensa, sem falar do Consórcio Nordeste, uniram-se em coro para reverenciar a ditadura. 
Pois sem ela todos nós morreríamos, não é mesmo? 
Como o Partido Comunista entendeu o processo de domesticação ao qual fomos submetidos, eles avançaram na conquista;

5. O esquerdismo latino-americano do qual o MST faz parte é terreno fértil para o Partido Comunista Chinês semear suas políticas estratégicas que nada têm a ver com os interesses locais, mas apenas servem de plataforma para os objetivos globais do regime chinês.

Uma pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Latinobarómetro, com sede no Chile, revelou que o desprezo dos latino-americanos pela democracia tem crescido de forma perturbadora. 
 Do total de 20 mil pessoas ouvidas em 17 países da região, 17% disseram preferir um regime autoritário a um sistema democrático. Para outros 16% tanto faz viver em uma democracia ou uma ditadura. 
A coisa fica ainda mais horripilante quando perguntados se defendem a democracia: o porcentual dos que disseram “sim” caiu de 63%, em 2010, para 48%, em 2023. [a condição mais adversa à  preservação da democracia é que na adoção de algumas medidas destinadas a preservar a democracia,  na prática, agridem a democracia.]

China, Rússia, Irã, Cuba, Venezuela e as demais autocracias que existem pelo mundo trabalham noite e dia para desacreditar as democracias. O mais bizarro é que eles têm conseguido fazer isso muito bem com o apoio de muita gente da direita que acredita que questões ligadas à corrosão de valores familiares ou tudo que cabe no tal wokeismo são culpa da democracia.

Esse sentimento repleto de confusão é usado pelas ditaduras para se normalizarem, colocando em xeque os valores democráticos. Ninguém tem investido mais nisso que o Partido Comunista Chinês. Xi Jinping tem gastado muito de seu capital político e financeiro para vender a ideia de que o Ocidente não pode ter o “monopólio da democracia”, ou mais precisamente dizer o que é democracia. Xi, na maior desfaçatez possível, passou a vender a ideia de que há uma democracia com características chinesas. Truque que angariou adeptos dentro dos principais partidos políticos do Brasil, inclusive.

A China compra quase tudo e todos. Não resta dúvidas de que a sua mais recente aquisição é o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra. Mas, no caso, parece que não foi bem uma compra e sim, como dizem os seguidores de Stédile, uma ocupação
Ou seja, a China tomou posse de algo do qual ela se sente literalmente dona.

Conteúdo editado por:  Marcio Antonio Campos

Leonardo Coutinho, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


 



domingo, 27 de agosto de 2023

China, Rússia e Índia deixam Lula falando sozinho nos Brics - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Diplomacia brasileira acha que o grupo de países funciona como a ‘base do PT’ e vai apoiar o governo em sua ‘agenda mundial’; não é nada disso

Chegaram, e já passaram, os 15 minutos de fama que esses Brics têm direito de tempos em tempos na mídia brasileira. 
Como sempre, não acontece nada de útil para o público pagante. 
Os governantes dos cinco países se reúnem em algum lugar (desta vez, o da Rússia nem quis ir), fazem o que os assessores lhes dizem para fazer e deixam o mundo exatamente onde estava antes de se reunirem. 
 Quando se vai ver, o único efeito prático disso tudo, no fundo, é dar mais uma oportunidade para os especialistas em geopolítica falarem em mesas redondas depois do horário nobre, escreverem artigos na imprensa e encherem a paciência geral. 
Desta vez, ao que parece, até os professores em altos estudos internacionais, que vivem de falar dessas coisas, estão achando que os Brics foram mal. Saíram da sua reunião menores do que eram antes de se reunir.

A principal decisão, pelo que deu para entender, foi aumentar o número de membros do grupo – na suposição de que isso deixa o conjunto mais forte, como um clube que faz campanha para ter mais sócios. 
O problema é quem está entrando. Como uma organização internacional, de qualquer tipo ou finalidade, pode ficar mais forte com a entrada da Argentina, por exemplo, ou do Irã
 
 A Argentina está em processo de recuperação judicial, não se sabendo se vai haver a recuperação – o que se sabe é que o país continua na fila do pronto socorro financeiro do FMI, a inflação dos últimos doze meses passou dos 115% e os níveis de pobreza estão em 40% da população
 
Nenhum dos problemas da Argentina pode ser resolvido pelos Brics; imagine-se, então, se existe algum problema dos Brics que pode ser resolvido pela Argentina. 
De mais a mais, não está claro nem se os próprios argentinos querem entrar no grupo.
O Irã é um caso mais perdido ainda: a sua “Guarda Revolucionária” foi oficialmente declarada como organização terrorista pela Europa e Estados Unidos. 
O que os Brics podem ganhar com isso?
 
O problema da organização, na verdade, vai muito além do novo quadro social. 
O Brasil do chanceler-chefe Celso Amorim acha que os Brics são uma coligação de partidos, como a “base do PT”, que está unida para derrotar os Estados Unidos, a Europa e o capitalismo – e que vão apoiar o presidente Lula em sua “agenda mundial”, como ele é apoiado pelo tráfico de emendas parlamentares no Congresso Nacional.  
Não é nada disso, é claro. China, Rússia e Índia estão cuidando, cada um, dos seus interesses próprios, e têm prioridades muito mais práticas do que os Brics. Vão deixar o Brasil e Lula falando sozinhos em todas as vezes, sem exceção, que estiverem ocupados em tratar de coisas importantes.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 

sábado, 26 de agosto de 2023

Somos oficialmente aliados do Irã! - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo     Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Questionado se, com a participação de Irã, Rússia e China, os Brics poderiam ser vistos como um “G7 antiocidente”, Lula disse que “não podemos negar a importância geopolítica desses países”. 
Ele destacou o Irã como um país “extremamente importante”, com 120 anos de relações com o Brasil.
 
A Pérsia já foi um baita império, sem dúvida. Mas desde a revolução dos aiatolás, quando o incompetente presidente Jimmy Carter era o líder do mundo livre, o Irã se tornou uma teocracia abjeta, que busca seu armamento nuclear para "varrer Israel do mapa". 
 O Irã é um país que joga gays do prédio. É esse o país tão importante para o Brasil?
 
Como diz a reportagem de Carinne Souza na Gazeta, o Brics vira “clube de ditaduras” e Brasil assume papel de coadjuvante. 
Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã foram os selecionados para integrar o bloco. A escolha dessas nações, de acordo com especialistas, coloca o bloco em uma clara oposição ao Ocidente, além de evidenciar o poder de Xi Jinping, ditador da China, e a perda de protagonismo do Brasil entre os Brics.

"Sigo sem saber o que o Brics pretende além de um simbolismo poderoso […] Isso fica óbvio com a escolha do Irã, por exemplo. Pode até tornar as coisas mais difíceis", disse o economista e criador do acrônimo Brics, Jim O'Neill, em entrevista à BBC News Brasil. O Brasil lulista se esforça com muito empenho para se tornar um pária mundial, tudo isso por alinhamento ideológico com os comunistas antiocidentais.

Alguns bobocas podem falar em "pragmatismo", mas isso é balela. O Irã ocupa 23ª posição no Ranking de Exportações Brasileiras, o que representa 1,03% do que o Brasil exporta para o mundo. E na Importação o Irã ocupa a 70ª posição no Ranking, conforme dados do MDIC de Jan-Nov de 2019. Já os Estados Unidos ocupa a 2ª colocação tanto no Ranking das Exportações, como das Importações. 
Faz sentido econômico provocar os americanos com esse bloco ideológico?
 
O esquerdista Caio Blinder, que "fez o L", lamentou a decisão lulista de atrair o Irã para o Brics: "O bloco Brics agora está bem diversificada, amplo leque, um clube que abriga regimes homofóbicos, misóginos e fundamentalistas islâmicos, além de ditaduras habituais". Ele acrescentou: "Se a a nova safra de ditaduras homofóbicas, misóginas e fundamentalistas islâmicas tivessem sido aceitas nos Brics na gestão Bolsonaro, a esquerda jurássica brasileira estaria denunciando tamanho obscurantismo". 
Pois é, mas na gestão Bolsonaro, como sabemos, isso jamais teria acontecido...

Guga Chacra, que demoniza Bolsonaro, também criticou a aproximação com tais ditaduras nefastas: "Lula e as ditaduras do Brics - além de China e Rússia, agora o bloco tem também dois países com Apartheid contra as mulheres (Irã e Arábia Saudita)". Causa espanto a surpresa da turma tucana, que parece nunca ter tomado conhecimento das posturas ideológicas de Lula e seu PT, mesmo depois de 14 anos deles no poder...

O Brasil vai se afastando do Ocidente e se aproximando dos regimes mais toscos do planeta, que desrespeitam todos os direitos humanos. Mas os tucanos escreveram cartinha pela democracia com essa gente, fizeram o L para "salvar a democracia".  
Agora somos aliados oficiais do Irã. 
Durmam com esse barulho - e com a consciência pesada!


Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo

 

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

A China mostrou a Lula quem manda no Brics - O Estado De S. Paulo

William Waack1

Brasil vendeu fiado aos asiáticos ao aceitar entrada de países no bloco em troca de apoio para ter assento no Conselho de Segurança da ONU

O Brasil vendeu fiado para a China no sôfrega intenção de fazer os Brics funcionarem como um bloco anti-hegemonia dos Estados Unidos. Em troca da entrada no grupo de países que tornarão o grupo uma ferramenta chinesa para desafiar a ordem americana, o Brasil recebeu a promessa de ver o País mencionado como candidato a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

É a repetição de um erro de quase 20 anos atrás, quando o Brasil ajudou a China a obter a condição de economia de mercado - em troca do tal lugar no Conselho de Segurança. [precisamos dizer quem presidia o Brasil e, estupidamente, cismou que é um estadista, que tem liderança internacional?] É necessária uma ingenuidade muito grande em matéria de política externa - ou uma visão muito deturpada da realidade dos fatos internacionais - para imaginar que a China vá promover a entrada no Conselho de Segurança dos quatro aspirantes principais: Japão, Alemanha, Índia e Brasil. [uma certeza: dos quatro aspirantes,  podem ter a certeza que o Brasil é o ÚNICO que NÃO TEM CHANCE de entrar naquele Conselhos; no Brics, a única situação em que o Brasil está em primeiro lugar é no nome, que é forma em ordem alfabética.] 

Japão e Índia são hoje os principais rivais na área imediata de expansão e influência da China, a Ásia.  
E ambos têm sérias desconfianças em relação ao que Pequim pretende. 
A China é, sem dúvida, a grande vencedora da queda de braço no Brics, impondo ao Brasil a expansão de um grupo que tornará nossa diplomacia menos efetiva.
Para a China, incluir o Irã no grupo faz todo sentido, pois ela está desmontando o que foi a grande influência americana no Oriente Médio (e acaba de mediar um entendimento entre sunitas da Arábia Saudita e xiitas do Irã)
Para o Brasil, muito pouco: nossas vantagens comparativas estão em outro campo, o da bioeconomia, transição energética e economia verde, e bem menos no campo da proliferação de tecnologias nucleares.
 
A China surge agora como a condutora de um bloco que já foi chamado de terceiro mundo, países subdesenvolvidos, em desenvolvimento, mercados emergentes.  
Agora o nome da moda é “Global South”, que segue designando o mesmo fenômeno: seu grande número e interesses divergentes impedem que atuem como um “blocão” coeso, mas dão grande repercussão a quem, como a China, está empenhada na formação de uma heterogênea aliança antiamericana.
 
Onde o Brasil fica nisso não está claro
Depende de acesso à tecnologia, sistema financeiro internacional e mantém laços históricos e culturais com o “mundo ocidental”.  
Vende e tem grande parte do seu saldo comercial favorável atrelado à China, mas vale a pena lembrar que boa parte da tecnologia e insumos que fizeram da agroindústria brasileira uma superpotência na produção de alimentos está ligada ao Ocidente.
Lula pretende alterar uma ordem internacional que, segundo ele, reservou ao Brasil um lugar subalterno como fornecedor de matérias primas
Não foi imposição. Foi escolha.

William Waack, colunista - O Estado de S.Paulo

 

segunda-feira, 10 de julho de 2023

TABELA MORTES EFETUADAS PELO COMUNISMO [DESATUALIZADA]

 

TABELA MORTES EFETUADAS PELO COMUNISMO

TABELA MORTES EFETUADAS PELO COMUNISMO 

O COMUNISMO REPRESENTA A OPRESSÃO A TORTURA E MORTE DE MILHÕES  DE SERES HUMANOS JÁ QUE  HOJE E NO BRASIL EXISTEM HORDAS DE COMUNISTAS TRAMANDO PELA QUEDA DA NOSSA DEMOCRACIA EM PROL DESTA TIRANIA ASSASSINA E MENTIROSA.  

Blog Prontidão Total

 

 

quinta-feira, 29 de junho de 2023

O ressentimento como moeda - Revista Oeste

Theodore Dalrymple

A luta contra a hegemonia global do dólar pode levar a uma situação muito pior


 Foto: Shutterstock

Tanto na imprensa britânica quanto na francesa muito tem se falado recentemente, não sem certa satisfação maliciosa, sobre o declínio do dólar americano como a moeda de reserva do mundo
Afinal, a importância do dólar americano há muito tempo é um lembrete da substituição permanente da Europa como o centro do mundo depois da Primeira Guerra Mundial.

Claro, o ressentimento causado pela dominação do dólar americano não se restringe à Europa.  
Países, tanto quanto indivíduos, gozam de um status de subordinados. 
E a situação do dólar como moeda de reserva é o que permite aos Estados Unidos — ao que parece, indefinidamente — gastarem mais do que podem, ou seja, consumirem mais do que produzem à custa de outras nações. Enquanto a fé no dólar durar, e não existir outra moeda de último recurso em vista, isso deve continuar acontecendo.

A hegemonia do dólar também dá — ou dava — aos Estados Unidos um imenso poder político
De um só golpe, eles podem — ou podiam — eliminar países das linhas normais de crédito e dos meios de troca. 
Mas essas sanções não são fatais para as nações que as enfrentam. 
A necessidade de escapar das sanções econômicas afia e concentra a mente das pessoas, acaba com a rotina e encoraja governos sobre a necessidade de serem mais flexíveis. 
A primeira vez que me dei conta disso foi em Rodésia, que era como o Zimbábue ainda era conhecido na época, cujo regime colonizador branco basicamente transformou o país em pária internacional. Graças às sanções, a eficiência do governo e uma disposição para desobedecer às regras se tornaram uma questão de sobrevivência. Onde quer que existam sanções econômicas existirão pessoas dispostas a ganhar fortunas fugindo delas, inclusive nos países que as impuseram.

Isso posto, nenhum país quer ser objeto dessas sanções, e ser vulnerável a elas é uma das razões por que muitos países desejam desdolarizar a economia mundial — ou é isso que dizem. Se isso é verdade, é outra história. Foto: Shutterstock

O Brasil não vai ficar feliz em ser dominado por um regime asiático autoritário

Tanto a China quanto o Japão têm enormes reservas de dólares, cujo valor eles certamente não querem ver sofrer uma queda súbita e dramática. Um declínio semelhante na capacidade dos Estados Unidos de pagar por importações teria um sério efeito deletério na economia mundial como um todo.

Mesmo assim, fala-se muito sobre alguma forma de moeda do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Pelo que sei, só poderia ser o yuan chinês em tudo, menos no nome; pelo menos num futuro próximo.

A ideia de os países do Brics serem uma grande família unida e feliz em sua oposição à hegemonia norte-americana é absurda. Os indianos que conheço têm medo dos chineses e não gostariam de ser dominados por eles. 
Os russos também temem os chineses e estão preocupados com sua penetração na Sibéria, que já é em boa parte uma colônia econômica chinesa. 
A Rússia, que costumava tratar a China com condescendência, se tornou o sócio minoritário nessa suposta parceria. 
Seja qual for o resultado da guerra na Ucrânia, a inferioridade do poderio militar russo não vai passar despercebida para os indianos, que há tempos se armam com os mesmos equipamentos. 
 Quanto ao Brasil (ainda que eu possa estar errado), o país é culturalmente parte do Ocidente e não vai ficar feliz em ser dominado por um regime asiático autoritário.
Fala-se muito sobre alguma forma de moeda do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
 
 O ressentimento nunca é um bom conselheiro ou motivador de políticas, mesmo quando existe uma razão genuína para ele. A condição do dólar americano como moeda de último recurso é injusta, sem dúvida, e traz vantagens imensas aos Estados Unidos que eles não merecem. 
Essa é uma causa de ressentimento em muitas partes do mundo, inclusive na Europa, que ainda amarga sua destituição como potência hegemônica mundial e sua marginalização cada vez maior no globo, tudo em um doloroso contraste com sua autoimagem. 
O presidente Macron pediu diversas vezes que os europeus deixassem suas pequenas diferenças de lado para obterem uma independência estratégica em relação aos Estados Unidos, de cujo poder ele se ressente, mas deseja copiar. 
Mesmo assim, as diferenças culturais e políticas entre as nações e regiões europeias continuam emergindo, como água passando pela areia. 
A centralização de poder na Europa que o presidente francês gostaria de estabelecer com quase toda certeza causaria uma forte reação centrífuga e em pouco tempo levaria a um conflito potencialmente desastroso — a condição historicamente normal da Europa.

Em outras palavras, a Europa não pode ser um contrapeso independente para os Estados Unidos ou a China; ela precisa escolher se aliar a um ou ao outro. 
Por mais que o continente se ressinta da liderança norte-americana, e por mais incompetente ou moralmente dúbia essa liderança tantas vezes tenha provado ser, os Estados Unidos são preferíveis a qualquer outro; e na política o preferível é uma categoria muito mais importante que o bom.

Opor-se à hegemonia norte-americana, por mais injusta que ela seja, não é o suficiente para criar um mundo melhor, e é muito provável que crie um mundo pior

Entre a passividade e a fúria insensata
O ressentimento, pessoal ou em escala nacional, é uma emoção encantadora que, ainda que invariavelmente danosa, tem suas recompensas psicológicas. Primeiro, ele pode durar para sempre, ao contrário de praticamente todas as demais emoções. 
Ele convence quem o sente de sua própria superioridade moral em relação àqueles que supostamente o causaram. 
E reduz a necessidade de reflexão ao convencer a pessoa que se ressente de que todos os seus problemas e fracassos vêm de fora e de que, se não fossem os outros, ela teria sido brilhantemente bem-sucedida. O ressentimento permite que as pessoas sintam seu ódio em nome da própria virtude. 
E propõe soluções que costumam ser piores que a situação que deveriam melhorar. 
Ele coloca o foco no que é impossível, e não no que é possível, justificando assim a alternância entre a passividade e a fúria insensata. 
É uma das grandes causas da autodestruição.

Existe alguém que nunca foi tentado pelo ressentimento, ou que nunca respondeu ao seu canto de sereia? Existe alguém que não tenha causa nem motivo para se ressentir (o que é uma das razões para o seu potencial de longevidade)?

Muitos países se candidataram a fazer parte da “aliança” do Brics.  
É importante lembrar que uma perna não se fortalece quando fica inchada e edematosa. 
Opor-se à hegemonia norte-americana, por mais injusta que ela seja, não é o suficiente para criar um mundo melhor, e é muito provável que crie um mundo pior.
 

Leia também “O espetáculo sinistro das ditaduras”

 

Theodore Dalrymple é pseudônimo do psiquiatra britânico Anthony Daniels. É autor de mais de 30 livros sobre os mais diversos temas. Entre seus clássicos (publicados no Brasil pela editora É Realizações) estão A Vida na Sarjeta, Nossa Cultura… Ou o que Restou Dela e A Faca Entrou. É um nome de destaque global do pensamento conservador contemporâneo. Colabora com frequência para reconhecidos veículos de imprensa, como The New Criterion, The Spectator e City Journal.

 

Theodore Dalrymple, colunista - Revista Oeste