Nesse
trabalho acadêmico, festejado por toda a imprensa, o tenente-coronel da
PM paulista defende a ampliação da carga horária do estudo de direitos
humanos na formação dos oficiais da Polícia Militar, como forma de
combater a tortura. Em artigo anterior, procurei demonstrar que se trata
de uma falácia. O Curso de Formação de Oficiais é praticamente um curso
completo de Direito e, como se sabe, é impossível estudar qualquer
disciplina do Direito sem tratar dos direitos humanos, uma vez que a
Constituição de 88, base legal de todas as disciplinas jurídicas, é
alicerçada, de ponta a ponta, nos direitos da pessoa humana.
Sobrevivendo na Gestapo brasileira
Em vários momentos do
livro, influenciado por pensadores de esquerda, que vêm na polícia um
braço armado do sistema capitalista, Paes de Souza, de modo quase
indisfarçável, compara a Polícia Militar brasileira com a Gestapo de
Adolf Hitler. Chega a descrever o produto das ações da PM como um novo
campo de concentração nazista. Com base em artigo da psicóloga e
psicanalista Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes,
sintomaticamente intitulado “Violência, Massacre, Execuções Sumárias e
Tortura”, o tenente-coronel cita como exemplo desses casos, os 111
mortos do Carandiru, em 1992, os 493 mortos quando dos ataques do PCC em
2006 e a Operação Castelinho em 2002, “que constituiu uma emboscada”,
com 12 mortos – todos bandidos do PCC, acrescente-se, já que o coronel
não o faz em sua tese.
Para a psicóloga Maria Auxiliadora Arantes, citada no livro O Guardião da Cidade,
tais acontecimentos “são crimes filhotes de um Estado que deixou
intacto um aparelho de matar e que não puniu os que o montaram”. O
tenente-coronel Adilson Paes de Souza corrobora literalmente suas
palavras, tanto que acrescenta a elas a seguinte frase: “De fato,
Auschwitz faz-se presente”. Reparem: Paes de Souza está comparando o
trabalho da Polícia Militar – instituição em que atuou durante 28 anos,
chegando a tenente-coronel – com a violência das forças nazistas nos
campos de concentração de Hitler. Justamente num momento em que a PM
está sob o fogo cerrado dos formadores de opinião.
O cientista político Celso Lafer, responsável pela dissertação de
mestrado de Adilson Paes de Souza na USP, deveria ter-lhe feito uma
pergunta singela antes de aceitar a orientação de seu trabalho: “Onde o
senhor estava, na condição de tenente-coronel da Polícia Militar, quando
seus subordinados de farda se tornaram exemplos atuais da Gestapo de
Hitler, torturando e executando pessoas?” Antes de pontificar sobre os
problemas da Polícia Militar, apresentando soluções mirabolantes do
conforto de uma cátedra universitária, o tenente-coronel deveria ter
respondido para si mesmo essa pergunta. Na condição de tenente-coronel
da Gestapo brasileira (a se crer nos seus próprios conceitos), ou Paes
de Souza foi cúmplice do holocausto que denuncia ou foi omisso diante
dessa carnificina que imputa à PM. Em qualquer dos casos, deveria
refletir com mais profundidade sobre o assunto, antes de se arvorar a
defender tese, escrever livro e contribuir, ainda que involuntariamente,
para a difamação sistemática de que a PM é vítima na imprensa e nas
universidades.
Não é possível sobreviver durante 28 anos num aterro sanitário moral e
dele sair com a alma cheirando a talco, como canta Gilberto Gil. Em seu
livro, citando o economista Albert Hirschman, Paes de Souza fala que os
membros de uma instituição podem abandoná-la ou criticá-la quando se
sentem descontentes. O autor não diz, mas, no caso da Polícia Militar, a
via mais frequente é a omissão: o policial se esconde numa carreira
burocrática, evitando o confronto das ruas e, com isso, pode pontificar
sobre direitos humanos sem correr riscos. O tenente-coronel sobreviveu
ao horror que denuncia foi por essa terceira via? Sem essa explicação,
suas reflexões e denúncias sobre a PM perdem muito da autoridade que
poderiam ter.
Depoimentos de PM homicidas
Para exemplificar as críticas que
faz à polícia, Adilson Paes de Souza colheu o depoimento de dois
policiais militares condenados por homicídio e se valeu também de dois
depoimentos colhidos pelo jornalista Bruno Paes Manso, do jornal O Estado de S. Paulo.
Em junho de 2012, Manso defendeu no Departamento de Ciências Políticas
da USP a tese de doutorado “Crescimento e Queda dos Homicídios em São
Paulo entre 1960 e 2010”, em que faz uma “análise dos mecanismos da
escolha homicida e das carreiras no crime”. Essa tese de Manso já havia
lhe rendido o livro O Homem X: Uma Reportagem sobre a Alma do Assassino em São Paulo (Editora Record, 2005), no qual o tenente-coronel buscou os dois depoimentos.
Os policiais ouvidos por Paes de Souza ganharam os apelidos de
“Steve” e “Mike”, geralmente dados aos policiais que trabalham nas ruas.
O policial Steve foi condenado a mais de 20 anos de reclusão por um
homicídio a tiros e facadas. “No auge da prática do ato, senti que
estava cheio de ódio e acabei descarregando tudo sobre o corpo da
vítima. Tinha um sentimento de ódio generalizado de tudo”, afirma o
policial. De origem nordestina, ele contou que seu pai era PM aposentado
e costumava conversar com toda a família na hora do jantar sobre o
sentimento de honra que envolvia a profissão. Inspirando-se no pai,
Steve, ao completar 18 anos, ingressou na polícia, por meio de concurso
público.
“Fui designado para trabalhar numa unidade da Polícia Militar na
periferia da cidade de São Paulo. Comecei a ver uma realidade que não
conhecia: favelas, meninas estupradas, pessoas pobres vítimas de roubo, o
que causou revolta”, conta Steve. Movido por essa revolta, diz que
começou a trabalhar além do horário normal, prendendo o máximo possível
de bandidos, na esperança de acabar com a criminalidade na região. O PM
conta que, numa ocasião, prendeu em flagrante dois ladrões que tinham
roubado um supermercado, mas na noite do mesmo dia viu os dois na rua.
Quando os abordou, soube que fizeram um acordo com o delegado, inclusive
deixando na delegacia uma parte da propina para o policial.
“Nesse momento, percebi que a corrupção existente nos distritos
policiais da área onde trabalhava gerava a impunidade dos delinquentes”,
afirma Steve, que passou a frequentar velórios de policiais mortos em
serviço, alimentando ainda mais sua revolta com a impunidade dos
bandidos. Foi aí que decidiu fazer justiça com a própria farda: “Eu era
juiz, promotor e advogado. Levava a vítima para um matagal, concedia-lhe
um minuto para oração e a sentenciava a morte”. Essa vida de justiceiro
fardado destruiu sua família. Sua mulher chegou a tentar o suicídio. E,
na cadeia, sofreu maus-tratos e não teve a solidariedade dos colegas:
os policiais que o visitavam estavam mais preocupados em sondá-lo para
saber se não seriam delatados, em virtude de outras ocorrências.
Um dos entrevistados pelo repórter Bruno Paes Manso, citado na
dissertação do tenente-coronel Paes de Souza, também relata que se via
em guerra contra os criminosos e, movido pelo ideal de resolver o
problema da criminalidade, trabalhava praticamente o dobro: as oito
horas regulamentares pagas pelo Estado somadas às oito em que combatia o
crime de graça, por sua própria conta e risco. Esse policial contou ter
deparado com vários casos graves, que só via em filmes. Certa vez,
atendeu a uma ocorrência em que uma criança de quatro anos foi estuprada
e ele, junto com outros policiais militares, evitou o linchamento do
estuprador. “Nesse momento, achou um contrassenso ter que proteger quem
havia praticado uma monstruosidade contra uma menina. Sentiu revolta”,
relata Paes de Souza.
Mais confrontos, mais mortes
Esse é praticamente o padrão dos
depoimentos de policiais militares condenados por homicídio: 1) imersão
idealista do policial no combate ao crime; 2) revolta com a impunidade
dos criminosos; 3) justiça com a própria farda; 4) prisão,
arrependimento e transferência da culpa para a corporação militar. O
livro Sangue Azul (Editora Geração Editorial, 2009), baseado no
depoimento de um soldado da PM do Rio de Janeiro ao documentarista
Leonardo Gudel, também segue esse padrão. E, de acordo com as
entrevistas concedidas pelo autor, parece que o recém-lançado Como Nascem os Monstros
(Editora Topbooks, 2013, 606 páginas), romance do policial carioca
Rodrigo Nogueira, condenado e preso por homicídio, também não foge à
regra.
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quinta-feira, 13 de julho de 2017
A falácia da desmilitarização da polícia
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