Gleison
Vieira da Silva de, 17 anos, foi assassinado pelos outros três comparsas
O menor Gleison Vieira da Silva, de 17 anos, foi assassinado na
madrugada desta sexta feira dentro do Centro Educacional Masculino, em
Teresina. Ele é um dos quatro jovens infratores condenados na semana passada pelo estupro
coletivo de quatro meninas e pela morte de uma delas em Castelo
do Piauí. O crime ocorreu no fim de maio. Gleison foi espancado pelos outros três menores condenados com ele, segundo
informações iniciais da Polícia Civil. Ele teria sido atacado no alojamento
onde os menores começaram a cumprir a internação, em ala separada. O jovem
recebeu diversas pancadas na cabeça e ficou com o rosto desfigurado.
Gleison, 17 anos: espancado até a morte em
Centro de Recuperação(Polícia Civil de Castelo do Piauí/VEJA)
Uma certeza existe: esse ‘di menor’ não estuprará mais ninguém e nem cometerá mais crimes
A
transferência dos menores preocupava a direção de casa de correção. Os demais internos costumam rejeitar e até
retaliar menores acusados de estupro. Antes, eles estavam apreendidos em
outra unidade, o Centro de Internação Provisória (Ceip), onde Gleison chegou a
ficar separado dos demais. Ele brigou
com um dos comparsas pouco antes do estupro, de acordo com a mãe. Os menores se irritaram com o garoto depois que foi divulgado
um vídeo em que ele narra detalhes do crime contra as meninas e delata os
demais. Em Teresina, ele dividia o quarto com F.J.C.J., também de 17
anos, I.V.I e B.F.O., ambos de 15.
O ataque começou por volta das 23
horas de quinta-feira. Gleison recebeu golpes na cabeça e teve traumas no crânio e
no rosto. O menor chegou a ser socorrido por um educador social e foi
retirado com vida de dentro do alojamento, mas não resistiu. Ele morreu ainda
dentro do CEM. O corpo não tinha marcas
de perfuração, e as autoridades vão investigar se houve estrangulamento ou
sufocamento. Depois do assassinato de Gleison, os três foram levados temporariamente de volta para o Ceip, onde
ficam totalmente isolados, em apartamentos individuais. "Fomos surpreendidos. Eles confessaram
a barbárie à polícia com a crueldade e a frieza de pessoas de alta
periculosidade. Eles alegaram ao delegado no momento vingança", diz o
diretor de Atendimento Socioeducativo do Piauí, Anderlly Lopes. "Eles tinham problemas mais antigos,
como disputa por objetos furtados. Existe uma suposição de que os três estavam
tramando contra a vítima, que havia delatado os outros no processo."
Lopes
recomendou ao juiz da 2ª Vara da Infância e da Juventude, Antônio Lopes, a
transferência dos três menores agressores para unidades no interior do Estado,
em Picos ou Parnaíba, porque há risco de
serem atacados por outros adolescentes infratores. Quando o grupo chegou ao
CEM, os demais menores apreendidos protestaram, batendo contra as grades dos alojamentos.
Os quatro adolescentes estavam recolhidos no mesmo local, um alojamento separado dentro da ala destinada a menores
que cometeram estupros e crimes graves.
O Centro
Educacional Masculino tem capacidade de sessenta internos, mas abriga cerca de
oitenta atualmente. O local não tem
estrutura para isolamento individual. A casa de correção tem histórico de
superlotação e fugas. Ao todo, a ala em que eles cumpriam a internação
abrigava treze menores internados, mas sem acesso aos quatro garotos de Castelo
do Piauí, segundo o diretor. Eles ficaram em um cômodo com quatro camas de
concreto e haviam sido transferidos para a unidade há cerca de 24 horas. "A separação deles era uma necessidade
anterior, tivemos essa preocupação. Mas em diálogo com esses adolescentes
chegamos à conclusão de que a medida não seria viável, até por segurança deles.
Os internos que já estavam na unidade tumultuaram o ambiente na ânsia de fazer
vingança e esses adolescentes, com receio de sofrerem represálias, aceitaram
ficar agrupados."
Fonte:
Revista VEJA