Diz Studart, no livro, que num pequeno hiato de
poder, quando Médici passou a presidência para Geisel, houve gente poupada em
troca da delação
Publicado
na Coluna
de Carlos Brickmann
Carmen
Navarro Rivas recebeu todos os documentos que atestam a morte de seu filho,
Hélio Luiz Navarro de Magalhães. Mas, há mais de 40 anos, tem certeza de que
ele continua vivo, com nova aparência e outro nome. Hélio Luiz, diz o
jornalista e professor Hugo Studart, em livro ontem lançado, é um morto-vivo:
foi preso na Guerrilha do Araguaia e delatou os velhos companheiros para
continuar vivendo. Hélio Luiz, o livro, diz que, apesar da
ordem do presidente Médici de matar todos, seis outros guerrilheiros foram
poupados em troca de colaboração. E, para que não fossem mortos como vingança,
anunciou-se que mortos já estariam.
O
Presidente militar, General Emílio Garrastazu Médici, em seu gabinete em
Brasília (AE/VEJA)
O livro
provocou duros protestos de famílias dos guerrilheiros citados: dizem que é
falso. O jornalista Fernando Portela, autor de ótimos livros sobre a guerrilha,
disse que jamais ouvira falar de guerrilheiros poupados: todas as suas fontes
garantiram que nenhum sobrevivera. Mas é difícil, prossegue, dizer que é falso
um livro tão detalhado, com tantas fontes.
Há
informações que são verificáveis, como: “Com o falecimento de seu pai, em 1999,
Hélio Luiz se apresentou à Receita Federal, em 8 de agosto de 2001, com sua
verdadeira identidade, a fim de regularizar o CPF e liberar inventário. Ato
contínuo, forneceu à Justiça documento no qual abria mão dos direitos sobre o
imóvel no qual seu pai residia com a segunda mulher, Elza da Costa Magalhães”.
Há documentos? É buscá-los.
A
guerrilha
O PCdoB,
Partido Comunista do Brasil, defendia a luta armada contra o regime militar; e
organizou a Guerrilha do Araguaia, que resistiu a duas ofensivas militares
convencionais e foi destruída pela terceira, na qual a ordem era extrair
informações dos guerrilheiros aprisionados, fosse como fosse, e depois
matá-los, levando os corpos para destino desconhecido. Diz Studart, no livro,
que num pequeno hiato de poder, quando Médici passou a presidência para Geisel,
houve gente poupada em troca da delação.
Todos os
detalhes
Ocapítulo 19 do livro de Studart, em que narra essa história, com nome, codinome
e fotos dos guerrilheiros apontados como mortos-vivos, está em http://www.chumbogordo.com.br/20390-sonata-para-carmen-siga-a-pista-e-leia-esse-capitulo-para-o-incrivel-trabalho-do-historiador-hugo-studart/
Lula ou
Haddad?
O prazo
final para o registro dos candidatos à Presidência é amanhã, dia 15. Espera-se
que o PT tente registrar Lula como seu candidato, sabendo embora que é
inelegível, para que haja impugnação, recursos, embargos, e a coisa se arraste
até 15 de setembro, fim do prazo de programação da urna eletrônica. O objetivo
é colocar nome e foto de Lula na urna, mesmo que o candidato seja Haddad, para
que o eleitor vote em Haddad pensando que vota em Lula. Há um risco: se o TSE
recusar o registro de Lula, encerra-se a manobra. Há um risco maior: o TSE
recusar o registro e rejeitar qualquer substituição. Nesse caso, o PT deixa de
ter candidato à Presidência.
Medo de
tumulto
O setor
de Inteligência de Brasília está preocupado com a possibilidade de tumultos na
cidade durante a reunião do Tribunal Superior Eleitoral. O MST programou a
“marcha a Brasília”, tentando reunir cinco mil pessoas em frente ao tribunal
para manifestar-se por Lula. O temor é de que a marcha vise tumultuar Brasília,
com invasões, fogo nas ruas, depredações e invasão de prédios públicos – o que
já ocorreu em casos semelhantes. Dois mil homens deverão cuidar da segurança da
cidade contra a bagunça. [Temor sem fundamento: é público e notório que a corja lulopetista, depois que trocaram as mordomias dadas aos manifestantes profissionais por andar a pé ou em coletivo superlotado e lanchar pão com margarina, perderam a disposição para bagunçar.
No máximo latem; e sabemos que enquanto os cães ladram a caravana passa.]
Corrida
frenética
A
Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais, Abrig,
promove na próxima quarta-feira, com a Fundação Getúlio Vargas, um debate entre
os coordenadores dos programas de governo de todos os candidatos à Presidência
da República. A ideia é ótima – mas deve estar provocando pânico nos diversos
comitês de coordenação de campanha. O programa de governo normalmente é a
última preocupação do candidato, e só é feito para cumprir tabela, caso um
jornalista queira saber se existe. Em geral é um programa genérico, em que se
defende o aumento dos salários, o crescimento econômico, a redução de despesas
do Governo, a redução das desigualdades sociais e da mortalidade infantil e a
vitória do bem sobre o mal. Mas arranjar coordenadores de planos de governo de
uma hora para outra, e prepará-los para que enfrentem um debate, é mais
complicado.
Pagando
tudo
Imagine o
coordenador do plano de Ciro mostrando onde vai buscar o dinheiro para limpar o
nome de alguns milhões de cidadãos. Ou de Alckmin, explicando como o Centrão
vai ajudar a baixar as despesas do Governo. Ou de Bolsonaro, achando verbas
para abrir colégios militares às centenas. Ou de Boulos, provando que enfim
temos um novo Lula.
Transcrito do Blog do Augusto Nunes - Veja