Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott. Mostrar todas as postagens

domingo, 30 de abril de 2023

Lições da História - O Globo

Merval Pereira

O presidente Juscelino Kubitschek e seu vice, João Goulart, em 1956
O presidente Juscelino Kubitschek e seu vice, João Goulart, em 1956 Arquivo/Agência O GLOBO

A história recente depende tanto dos jornalistas, que relatam a primeira versão dos fatos, quanto dos historiadores, que os analisam, e os documentos de época, para daí contar a história do Brasil. Com frequência os fatos passados nos ensinam como, de acordo com a ação do presente, o futuro poderia ser diferente.

É o caso da tentativa de golpe deflagrada pelos seguidores do ex-presidente Bolsonaro em janeiro deste ano, com o objetivo de impedir que Lula pudesse assumir seu terceiro mandato presidencial. Na comparação histórica, a atuação do General Teixeira Lott, comandante do Exército, na reação à tentativa de impedir que Juscelino Kubitschek, vitorioso na eleição presidencial de outubro de 1955, assumisse a presidência da República, pode ser confrontada com os fatos ocorridos em janeiro deste ano.

Para tanto, o jornalista Pedro Rogério Moreira, membro da Academia de Letras de Minas Gerais, está lançando um livro intitulado “Lott, a espada democrática, & outros escritos pacifistas”, com base em uma longa conversa que teve em 1977 com o General Henrique Teixeira Lott em seu apartamento em Copacabana, complementada por outras, no sítio do General em Teresópolis.

A atuação de militares do entorno de Bolsonaro ainda nos surpreende, passados meses da tentativa de golpe. Vídeos divulgados recentemente provocaram a demissão do General GDias, nomeado por Lula ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que se mostrou completamente inepto para enfrentar a crise, numa atuação que a oposição pretende atribuir a uma adesão tácita ao golpe.

Dezenas de militares que trabalhavam no GSI sob as ordens do General Augusto Heleno ainda estavam em atividade, e foram demitidos depois que os vídeos demonstraram que aderiram aos revoltosos e se recusaram a combatê-los. Uma CPI mista está para começar a revolver esses fatos, com perspectiva de crise política à frente.

A justificativa na época de JK era tão implausível quanto a alegada por Bolsonaro hoje, de que as urnas eletrônicas não eram confiáveis. Na época, tirou-se da manga da farda dos revoltosos uma carta que já não funcionara anteriormente em 1950, quando Getúlio fora eleito: a obrigatoriedade de maioria absoluta para vencer a eleição, o que não era exigido pela Constituição.

Pedro Rogério diz que decidiu retomar o tema, que mantinha inédito até então, quando assistiu à tentativa de golpe em janeiro deste ano. Diz ele: “ No dia 11 de novembro de 1955, um pequeno grupo de políticos e militares inconformados com a eleição de Juscelino Kubitschek intentou um golpe para impedir sua posse na presidência da República. Alegavam que JK não alcançara a maioria absoluta de votos (que a lei eleitoral não exigia)”.

“O Exército, legalista, reagiu em armas na defesa do eleito. JK foi empossado. O líder dos legalistas foi um general chamado Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott. Este livro é um recorte da vida do notável soldado que batia continência exclusivamente para a pátria e para o poder civil”.

“O ideal civilista de Lott esteve presente no dia 8 de janeiro de 2023, quando os três poderes da República repeliram prontamente a violenta tentativa golpista envenenada por uma fake news semelhante à de 1955, a inverídica fragilidade da urna eletrônica. Os golpistas de outrora, civilizados, foram se refugiar num cruzador rebelde da Marinha. Os golpistas de 2023, criminosos, tiveram refúgio num acampamento militarizado de Brasília”.

A história mostra que JK governou sob ameaça de golpes, o primeiro na cidade paraense de Jacareacanga, em 1956. Três anos depois, em 1959, houve a revolta de Aragarças. Derrotados pelas forças legalistas, os sediciosos de ambas ocasiões foram anistiados por Juscelino. O golpe militar de 1964 foi uma consequência dessa série de embates entre militares golpistas e legalistas. É uma lição da história que os golpistas de hoje precisam ser punidos exemplarmente, inclusive o ex-presidente Bolsonaro, o mentor. [COMENTÁRIO: de inicio, pela irrelevância do tema, sequer pensávamos em transcrever a  matéria acima, publicada em  O Globo. 
Porém, considerando  a evidente intenção de mediante uma NARRATIVA transformar a baderna de 8 de janeiro de 2023 em tentativa de golpe, para tanto igualaram tal baderna ao contragolpe preventivo desferido pela marechal Lott em novembro de 1955, garantindo a posse de JK (que na ótica dos contragolpistas estava sob risco).
O absurdo: - o 'contragolpe preventivo'  ocorreu em 11 de novembro de 1955, para garantir a posse de JK, marcada para 31 janeiro 1956, que ocorreu; 
- já a suposta tentativa de golpe, para impedir o apedeuta de governar ou 'desempossá-lo' - não poderia ser para impedir sua posse, ocorrida 1º janeiro 2023 - ocorreu em 8 de janeiro de 2023, data em que o imaginário beneficiário do golpe se encontrava fora do Brasil, há dez dias.
Tudo no esforço de vender uma baderna - realizada por infiltrados da esquerda, buscando propiciar ao governo petista, empossado em 1º janeiro 2023 - há oito dias - condições para adotar medidas repressivas contra manifestantes da Direita.]
 
Merval Pereira, jornalista - O Globo