Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador marechal. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador marechal. Mostrar todas as postagens

domingo, 30 de abril de 2023

Lições da História - O Globo

Merval Pereira

O presidente Juscelino Kubitschek e seu vice, João Goulart, em 1956
O presidente Juscelino Kubitschek e seu vice, João Goulart, em 1956 Arquivo/Agência O GLOBO

A história recente depende tanto dos jornalistas, que relatam a primeira versão dos fatos, quanto dos historiadores, que os analisam, e os documentos de época, para daí contar a história do Brasil. Com frequência os fatos passados nos ensinam como, de acordo com a ação do presente, o futuro poderia ser diferente.

É o caso da tentativa de golpe deflagrada pelos seguidores do ex-presidente Bolsonaro em janeiro deste ano, com o objetivo de impedir que Lula pudesse assumir seu terceiro mandato presidencial. Na comparação histórica, a atuação do General Teixeira Lott, comandante do Exército, na reação à tentativa de impedir que Juscelino Kubitschek, vitorioso na eleição presidencial de outubro de 1955, assumisse a presidência da República, pode ser confrontada com os fatos ocorridos em janeiro deste ano.

Para tanto, o jornalista Pedro Rogério Moreira, membro da Academia de Letras de Minas Gerais, está lançando um livro intitulado “Lott, a espada democrática, & outros escritos pacifistas”, com base em uma longa conversa que teve em 1977 com o General Henrique Teixeira Lott em seu apartamento em Copacabana, complementada por outras, no sítio do General em Teresópolis.

A atuação de militares do entorno de Bolsonaro ainda nos surpreende, passados meses da tentativa de golpe. Vídeos divulgados recentemente provocaram a demissão do General GDias, nomeado por Lula ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que se mostrou completamente inepto para enfrentar a crise, numa atuação que a oposição pretende atribuir a uma adesão tácita ao golpe.

Dezenas de militares que trabalhavam no GSI sob as ordens do General Augusto Heleno ainda estavam em atividade, e foram demitidos depois que os vídeos demonstraram que aderiram aos revoltosos e se recusaram a combatê-los. Uma CPI mista está para começar a revolver esses fatos, com perspectiva de crise política à frente.

A justificativa na época de JK era tão implausível quanto a alegada por Bolsonaro hoje, de que as urnas eletrônicas não eram confiáveis. Na época, tirou-se da manga da farda dos revoltosos uma carta que já não funcionara anteriormente em 1950, quando Getúlio fora eleito: a obrigatoriedade de maioria absoluta para vencer a eleição, o que não era exigido pela Constituição.

Pedro Rogério diz que decidiu retomar o tema, que mantinha inédito até então, quando assistiu à tentativa de golpe em janeiro deste ano. Diz ele: “ No dia 11 de novembro de 1955, um pequeno grupo de políticos e militares inconformados com a eleição de Juscelino Kubitschek intentou um golpe para impedir sua posse na presidência da República. Alegavam que JK não alcançara a maioria absoluta de votos (que a lei eleitoral não exigia)”.

“O Exército, legalista, reagiu em armas na defesa do eleito. JK foi empossado. O líder dos legalistas foi um general chamado Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott. Este livro é um recorte da vida do notável soldado que batia continência exclusivamente para a pátria e para o poder civil”.

“O ideal civilista de Lott esteve presente no dia 8 de janeiro de 2023, quando os três poderes da República repeliram prontamente a violenta tentativa golpista envenenada por uma fake news semelhante à de 1955, a inverídica fragilidade da urna eletrônica. Os golpistas de outrora, civilizados, foram se refugiar num cruzador rebelde da Marinha. Os golpistas de 2023, criminosos, tiveram refúgio num acampamento militarizado de Brasília”.

A história mostra que JK governou sob ameaça de golpes, o primeiro na cidade paraense de Jacareacanga, em 1956. Três anos depois, em 1959, houve a revolta de Aragarças. Derrotados pelas forças legalistas, os sediciosos de ambas ocasiões foram anistiados por Juscelino. O golpe militar de 1964 foi uma consequência dessa série de embates entre militares golpistas e legalistas. É uma lição da história que os golpistas de hoje precisam ser punidos exemplarmente, inclusive o ex-presidente Bolsonaro, o mentor. [COMENTÁRIO: de inicio, pela irrelevância do tema, sequer pensávamos em transcrever a  matéria acima, publicada em  O Globo. 
Porém, considerando  a evidente intenção de mediante uma NARRATIVA transformar a baderna de 8 de janeiro de 2023 em tentativa de golpe, para tanto igualaram tal baderna ao contragolpe preventivo desferido pela marechal Lott em novembro de 1955, garantindo a posse de JK (que na ótica dos contragolpistas estava sob risco).
O absurdo: - o 'contragolpe preventivo'  ocorreu em 11 de novembro de 1955, para garantir a posse de JK, marcada para 31 janeiro 1956, que ocorreu; 
- já a suposta tentativa de golpe, para impedir o apedeuta de governar ou 'desempossá-lo' - não poderia ser para impedir sua posse, ocorrida 1º janeiro 2023 - ocorreu em 8 de janeiro de 2023, data em que o imaginário beneficiário do golpe se encontrava fora do Brasil, há dez dias.
Tudo no esforço de vender uma baderna - realizada por infiltrados da esquerda, buscando propiciar ao governo petista, empossado em 1º janeiro 2023 - há oito dias - condições para adotar medidas repressivas contra manifestantes da Direita.]
 
Merval Pereira, jornalista - O Globo
 

sábado, 28 de maio de 2022

A justiça no fundo do poço - Revista Oeste

Alexandre de Moraes, ministro do STF | Foto: STF/SCO
Alexandre de Moraes, ministro do STF | Foto: STF/SCO

Por meio do “quinquênio”, o cidadão será roubado, a cada cinco anos, para pagar um aumento salarial automático de 5% para todos os juízes

É um mergulho desesperado no subdesenvolvimento mais agressivo — uma ditadura africana de segunda categoria provavelmente teria vergonha de fazer esse tipo de mamata com os amigos do gângster que estiver ocupando a cadeira de ditador. A desculpa que arrumaram para dar algum tipo de explicação a essa tramoia é uma coisa triste: a “licença-biênio” serviria para “premiar” a dedicação dos magistrados que permanecem nos seus cargos como se o problema da justiça de Alagoas fosse evitar uma possível demissão em massa de juízes, desmotivados pelo miserável salário inicial de R$ 30.000 por mês que ganham, fora os benefícios. O pior é que a decisão não diz respeito só a Alagoas. Como acontece com outras unidades da federação, Alagoas é um Estado-parasita: não gera receita suficiente para honrar suas próprias despesas, e tem de ser sustentado pelo desvio de impostos pagos por cidadãos de outros Estados brasileiros. Quem estará pagando pela farra, portanto, não é “o governo”, e nem o erário alagoano é você mesmo, a cada vez que liga o celular, acende a luz de casa ou põe 1 litro de combustível na bomba do posto. Alagoas não ajuda ninguém. É apenas, do ponto de vista da política, um exportador líquido de gigantes como Fernando Collor, Renan Calheiros ou Arthur Lira, para ficar no resumo da opera — ou de decisões como a do “biênio” para os juízes.

O saque aos cofres públicos feito em Alagoas vem se somar a outro despropósito em estado puro que acaba de ser praticado nestes dias: a ressurreição do infame “quinquênio”, uma praga extinta em 2005 e trazida de volta agora pelo Congresso, por pressão do sindicalismo judicial que envenena de forma tão completa as relações entre o judiciário e a sociedade brasileira. Por meio do “quinquênio”, o cidadão será roubado, a cada cinco anos, para pagar um aumento salarial automático de 5% para todos os juízes, desembargadores e integrantes do Ministério Público deste país
Não se trata de premiar mérito nenhum, ou produtividade, ou mais qualidade no trabalho, ou o cumprimento de metas, ou sequer um tratamento um pouco mais decente para os que têm a infelicidade de se verem envolvidos com a justiça — é dar dinheiro por “tempo de casa”, e só isso. O “quinquênio” vem se juntar ao colar de “penduricalhos” que anulam a regra constitucional do teto de remuneração para os magistrados — ninguém pode ganhar mais que um ministro do Supremo Tribunal Federal — e fazem do poder judiciário brasileiro um dos mais caros do mundo.  
 
São acréscimos salariais pagos a título de “auxílio” para moradia, alimentação, transporte, educação familiar, viagens, livros, “excesso de trabalho” mais férias anuais de 60 dias, aposentadoria com salário integral, aumentos eternos, pensões, assistência médica de gente rica e por aí afora. 
Isso leva o ganho médio de um juiz ou procurador aos R$ 50.000 por mês — e frequentemente muito mais. 
Os sindicatos que estão na origem disso tudo, e que pressionam o tempo todo o Congresso e as assembleias legislativas, acham pouco. 
Por que não, se estão obtendo tanto sucesso? Normalmente, para os grupos sindicais, Conselho Nacional de Justiça e Supremo Tribunal Federal funcionam como parceiros; é pedir dinheiro e correr para o abraço.

Nada é tão ruim quanto a avaliação da imparcialidade dos juízes criminais brasileiros. Nosso lugar é o de número 138; pior que isso, só a Venezuela

Pelo preço que paga, o brasileiro deveria estar tendo uma das melhores, mais eficazes e mais confiáveis justiças do mundo. É o exato contrário: está tendo uma das piores, e pode colocar pior nisso. É revelador, a propósito, o último levantamento do WJP, ou World Justice Project, uma sociedade internacional dedicada à promoção do respeito à lei ao redor do mundo. Somando-se todos os itens que compõem a avaliação, o Brasil é o 112º entre os países que têm a pior justiça do planeta está entre os 20% que fecham a raia, num total de 139 avaliados. 

Verifica-se, ali, que no item sobre justiça criminal — uma área essencial para se avaliar a qualidade do sistema de justiça de um paíso Brasil está no 117º lugar. É difícil ficar muito pior do que isso. O índice que mede se os autores de crimes são efetivamente punidos, e se os juízes são competentes e rápidos nas suas decisões, é mais baixo ainda: entre os mesmos 139, aí, o Brasil fica no posto 133
Nada é tão ruim, porém, quanto a avaliação da imparcialidade dos juízes criminais brasileiros. Nosso lugar é o de número 138; pior que isso, em toda a face da Terra, só a Venezuela.
 
Tudo isso já parece mais do que suficiente em matéria de depressão, baixo-astral e fundo de poço, mas no Brasil de hoje sempre se pode contar com o STF para piorar o pior. 
Poucos, ali, têm uma história de superação comparável à do ministro Alexandre de Moraes. O ministro já é possivelmente o grande marechal de campo das milícias judiciárias que operam no momento neste país — conduz pessoalmente, na condição de magistrado do STF, um inquérito criminal contra “fake news” e “atos antidemocráticos”, uma aberração que nenhuma lei brasileira permite.  
Desde quando, afinal, a suprema corte da nação pode funcionar como uma delegacia de polícia? 
Agora, Moraes voltou a subir a régua e bater a sua marca mais recente: mandou de volta à prisão fechada um pedreiro do interior da Paraíba, que cumpria sua pena em regime domiciliar, porque o cidadão saiu de casa para trabalhar 20 minutos antes da hora permitida. 
Só deveria sair às 5 horas da manhã. Saiu às 04h40min, segundo a tornozeleira. O caso foi parar no Supremo e Moraes mandou prender de novo o pobre-diabo, por desrespeito aos horários que deveria cumprir. “Tais faltas não podem ser relativizadas”, decidiu ele.
 
É alucinante. O homem não saiu de casa às 04h40min para tomar uma pinga, mas para trabalhar, numa hora em que os ministros do STF e milhões de outros brasileiros estavam dormindo o sono dos justos. 
Quer dizer: foi punido por levantar cedo, castigo possivelmente inédito na história do direito universal. 
Mas a ideia-chave da prisão domiciliar não é justamente o incentivo ao trabalho? 
Não é, segundo a suprema corte brasileira — o que importa, de acordo com essa decisão, é obedecer à tornozeleira. 
O ministro Moares quis mostrar que é imparcial; como o Rei Salomão, aplica o “mesmo rigor” para o deputado Daniel Silveira, contra quem faz há mais de um ano uma guerra ilegal, inédita e incompreensível, e o pedreiro da Paraíba. Na verdade, revela apenas um comportamento fanático. Não aplica justiça; persegue os dois. Não é equilíbrio. É uma justiça de pesadelo.

Como acreditar em justiça quando juízes de direito roubam abertamente o erário público?

Quando se aponta a insânia pura e simples de uma decisão como essa, o STF, a imprensa e a esquerda falam em “ataque” às “instituições”.  
Como assim? E as observações do World Justice Project — também seriam um ataque? 
Ataque internacional, a soldo dos inimigos mundiais da democracia? 
A verdade é que a justiça brasileira, hoje em dia, está reduzida a decisões como a volta do pedreiro paraibano à prisão ou a episódios de assalto ao erário como o que ocorreu com a licença-prêmio-biênio de Alagoas. 
É uma comprovação a mais de que a democracia brasileira não existe, ou não tem um mínimo de sentido lógico para os cidadãos. 
Democracias exigem, obrigatoriamente, que a população acredite, por um mínimo que seja, na capacidade da justiça em fazer justiça — punir o errado e premiar o certo, para começar. 
Como alguém vai achar isso se há juízes com a conduta de Alexandre de Moraes? 
Como acreditar em justiça quando juízes de direito roubam abertamente o erário público, como acaba de acontecer em Alagoas? 
Como acreditar numa justiça feita de quinquênios”, “biênios”, férias de 60 dias por ano e salário extra para ler livros, julgar processos que estão em atraso ou pagar o ensino de filhos até 24 anos, como acontece no Rio de Janeiro? É cada vez mais difícil.

Leia também “A voz dos imbecis”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste


terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Espinhos do recesso - Nas entrelinhas

Esquentam a disputa pelo comando da Câmara dos Deputados e a polêmica jurídica sobre a Lei da Ficha Limpa, flexibilizada pelo do STF ministro Kassio Nunes Marques

No jargão jornalístico, flores do recesso são os assuntos que tomam conta do noticiário político quando o Congresso e o Judiciário estão sem funcionar, geralmente alimentados pelo Executivo, pelos candidatos ao comando da Câmara e do Senado e pelos ministros de plantão no Judiciário. São tão frondosas como as flores da primavera, porém, menos decisivas do ponto de vista do processo político. Entretanto, nesses tempos bicudos de pandemia do novo coronavírus, com mais de 190 mil mortos e sem data marcada para o começo da vacinação, estamos diante é de flores com espinhos.

As principais são a disputa pelo comando da Câmara dos Deputados, que a oposição encara como uma espécie de batalha de Stalingrado, para conter o avanço de Jair Bolsonaro rumo à reeleição à Presidência da República, e a polêmica jurídica sobre a Lei da Ficha Limpa, cuja flexibilização, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques, o novo integrante da Corte indicado pelo presidente, supostamente possibilitaria — entre outras — a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto em 2022. Esse seria o adversário que Bolsonaro gostaria de ter no segundo turno, para uma espécie de vitória de Waterloo particular. Essas duas disputas, durante o recesso, podem nos trazer alguma emoção política, ao lado da polêmica sobre as vacinas contra a covid-19.

Há momentos que catalisam as forças da história e mudam o seu rumo. A Batalha de Stalingrado, por exemplo, durou um pouco mais de seis meses, do fim de julho de 1942 até 2 de fevereiro de 1943, tempo suficiente para mudar os rumos da guerra, ao preço de 1,5 milhão de mortos. Teve quatro fases distintas: a avassaladora ofensiva alemã; a obstinada reação russa, ao norte e ao sul, que cercou as tropas alemãs; a fracassada tentativa de Hitler de socorrer seu exército; e a rendição do que restou dele, faminto, sem combustível nem munição.

Mesmo com a vantagem numérica, os alemães não conseguiram vencer a resistência do Exército Vermelho, em razão do conhecimento do terreno, das condições climáticas, da experiência em batalhas de rua, das táticas antitanque, da artilharia de barragem e da capacidade logística. O exército alemão rendeu-se em 2 de fevereiro, com cerca de 91 mil soldados, entre eles 22 generais. Entretanto, 11 mil alemães decidiram lutar até a morte, dois mil foram mortos, e os demais foram levados presos. O resto da história todos conhecem.

Napoleão
Outra batalha decisiva foi a de Waterloo, na Bélgica, que durou menos de 24 horas, envolvendo forças francesas, britânicas e prussianas. Iniciada a 18 de junho de 1814, a guerra colocou, de um lado, Napoleão Bonaparte que já havia sido derrotado na Rússia e seu exército de 72 mil homens recrutados às pressas, e de outro, o exército aliado de 68 mil homens comandados pelo britânico Arthur Wellesley, duque de Wellington, composto de unidades britânicas, neerlandesas, belgas e alemãs, reforçado, mais tarde, pela chegada de 45 mil homens do exército prussiano.

Napoleão havia fugido da ilha de Elba a 26 de fevereiro de 1815, em direção ao sul da França, e logo conseguiu apoio popular para fazer frente a Inglaterra, Prússia, Áustria e Rússia, montando um exército com 125 mil homens e 25 mil cavalos. Marchou para a Bélgica, a fim de impedir a coalizão dos exércitos inglês e prussiano. Ao alcançar Charleroi, o exército de Napoleão dividiu-se em dois, com uma parte seguindo em direção a Bruxelas, para encontrar as tropas de Wellington, e outra, comandada pelo próprio Napoleão, em direção a Fleuru, contra o exército prussiano de Gebhard von Blücher. A ideia de Napoleão era derrotar um de cada vez.

Napoleão venceu os prussianos na chamada Batalha de Ligny. Partiu, depois, para Waterloo, onde encontrou os ingleses, em 17 de junho, em solo encharcado, que dificultava o posicionamento dos canhões. Estava certo de que as forças prussianas não se reagrupariam e chegariam a tempo para socorrê- los. Seu erro foi dar a tarefa de perseguir os prussianos em retirada ao marechal Grouchy, “homem medíocre, valente, íntegro, honrado, confiável, um comandante de cavalaria de valor várias vezes comprovado, mas um homem de cavalaria e nada mais”, nas palavras de Stefan Zweig, em Momentos decisivos da humanidade (Record).

Iniciada a batalha, a artilharia inglesa surpreendeu Napoleão, com um novo armamento: granadas. Mesmo assim, os franceses avançaram e deixaram Wellington por um fio. Entretanto, o general prussiano Blücher enganou os franceses. Encarregado de persegui-lo, Grouchy recusou-se a voltar para Waterloo, apesar dos apelos de seu Estado Maior, que tomara conhecimento do início da batalha contra Wellington; para não contrariar as ordens que recebera, continuou em busca das tropas prussianas, supostamente em retirada. Blücher, porém, flanqueou os franceses e chegou em socorro de Wellington; as tropas de Grouchy, o disciplinado marechal, não. A contraordem de Napoleão, pedindo a sua ajuda, chegara tarde demais.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense

 

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Efeitos colaterais - Nas Entrelinhas

Lucena (duas vezes), ACM (duas), Sarney (quatro) e Renan (quatro) presidiram o Senado mais de uma vez, mas nunca foram reeleitos na mesma legislatura; existe, porém, precedentes na Câmara

O primeiro impacto das eleições municipais na política nacional se dará nas disputas pelas Mesas do Congresso, principalmente a da Câmara. Do ponto de vista da composição das duas Casas, não houve grande mudança na correlação de forças, apesar dos suplentes que deverão assumir, porém, o desempenho dos partidos na eleição de prefeitos e vereadores, que estão na base da reprodução e renovação dos mandatos dos deputados, influencia — e muito — os humores dos congressistas. As articulações para o comando do Senado e da Câmara ganharam nova dinâmica já a partir desta semana.

A premissa a se resolver é a questão da reeleição na mesma legislatura, que a Constituição de 1988 proíbe. Um parecer da consultoria jurídica do Senado diz que o assunto é regimental e que, portanto, dependeria apenas de decisão dos senadores. [desde quando consultores jurídicos do Senado possuem poder para mudar a Constituição?  - interpretações criativas do texto constitucional,  para satisfazer conveniências, interesses e vaidades, são tão nocivas aos princípios democráticos, quanto é  o Supremo legislar, ação que  ofende o principio de harmonia e independência dos poderes = cada Poder  no seu quadrado.] Essa questão, porém, será dirimida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As articulações para que os ministros do Supremo lavem as mãos, como Pilatos, seguem o percurso que todos conhecem: as relações entre senadores e ministros, tecidas ao longo do tempo. Entretanto, não dá para apostar que o Supremo aceitará a mudança das regras de jogo, pelo precedente que abre.

Na hipótese de que a reeleição seja permitida, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), está com quase tudo dominado. Já se acertou com as bancadas do MDB e do PT. O seu problema é o grupo Muda Senado, que originalmente foi um esteio de sua vitória contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Na Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é contra a reeleição, caso isso seja permitido, não terá adversários capazes de derrotá-lo. Essa possibilidade lhe cairia no colo, pois quem trabalha abertamente para a reeleição é Alcolumbre.

No período republicano, foram poucos os presidentes da Câmara que se reelegeram na mesma legislatura: Sabino Barroso (1909-1914), Arnolfo Rodrigues de Azevedo (1921-1926) e Ranielli Mazzini (1958-1965), que, por duas vezes, assumiu a Presidência da República em situação de crise institucional. A primeira, na renúncia de Jânio, em 1961; a segunda, na deposição do presidente João Goulart, em 1964, mas acabou tendo de entregar o cargo para o marechal Castelo Branco. No Senado, nunca houve esse precedente. Embora Humberto Lucena (duas vezes), Antonio Carlos Magalhães (duas), José Sarney (quatro) e Renan Calheiros (quatro) tenham presidido a Casa mais de uma vez, nunca foram reeleitos na mesma legislatura.

Bolsonaro
Caso não seja mesmo permitida a reeleição na mesma legislatura, no Senado, o candidato mais forte à sucessão de Alcolumbre é o senador Eduardo Braga (MDB-AM), líder do governo na Casa. O circo pega fogo, porém, na Câmara, onde está instalada a disputa entre o líder do PP, deputado Arthur Lira (AL), e o líder do MDB, deputado Baleia Rossi (SP). O primeiro, é o candidato apoiado pelo Palácio do Planalto, com objetivo de domar a Câmara, controlando a sua pauta. O fortalecimento do PP nas eleições municipais, nas quais saltou de 495 para 682 prefeituras, foi resultado da estratégia de aproximação com Bolsonaro desenvolvida pelo senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, e Arthur Lira, que, por isso mesmo, aumentou o seu cacife na disputa da Câmara junto ao Palácio do Planalto.

Do outro lado do balcão, Baleia Rossi, que também é presidente do MDB, candidato apoiado por Rodrigo Maia, amarga a perda de 261 prefeituras (caiu de 1.035 para 774). Entretanto, o MDB continua sendo o partido mais forte do país em termos de prefeitos, vereadores e número de votos. Além disso, para Baleia, o apoio do DEM foi robustecido pelo desempenho eleitoral dessa legenda, que aumentou o número de prefeituras de 266 para 459 (193 a mais). Seu problema é a resistência da esquerda, o que faz de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), mesmo com candidato avulso, um azarão. É óbvio que essa matemática não se reflete automaticamente na eleição da Câmara, mas mexe com os ânimos dos deputados, que se envolvem diretamente nas eleições municipais e captam os humores do eleitorado.

É aí que a derrota dos candidatos apoiados por Bolsonaro no primeiro turno pesa na balança. Fragiliza sua relação com os partidos do Centrão, entre os quais o PSD de Gilberto Kassab. Se tivesse mais senso estratégico, Bolsonaro não teria se envolvido, como se envolveu, no primeiro turno. Nada garante que não repita o erro no segundo turno, correndo risco de ter o apoio rejeitado pelos candidatos com quem tem afinidade. Mesmo no caso de Crivella, no Rio, seu apoio pode ser desastroso, pois as primeiras pesquisas mostram que o eleitorado de esquerda e centro-esquerda já desembarcou na candidatura de Eduardo Paes (DEM), e a eleição está praticamente perdida. Além disso, envolver-se diretamente na disputa pelo comando da Câmara é um jogo perigoso. Por exemplo, custou muito caro para a ex-presidente Dilma Rousseff, que foi derrotada por Eduardo Cunha (MDB-RJ), de quem era inimiga figadal. Ele abriu o processo de impeachment da ex-presidente da República, antes de ser afastado do cargo e preso por causa do Petrolão.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


sábado, 14 de dezembro de 2019

O pequeno grande ditador - IstoÉ

Castello Branco consolidou o regime militar, eliminou políticos e abriu caminho para os generais que instaurariam o terror no Brasil

O avião que levava o marechal e ex-presidente Humberto de Alencar Castello Branco (1897-1967)despencou em queda livre nos arredores de sua Fortaleza natal na manhã de 18 de julho de 1967. Ele vinha de uma visita à fazenda Não-Me-Deixes, da amiga Rachel de Queiroz, em Quixadá, a 150 quilômetros da capital. O bimotor foi atingido por um caça pilotado pelo almirante Alfredo Malan D’Angrogne, filho de um amigo de Castello, o general Alfredo Souto Maior. Desde então, paira o mistério em torno do acidente. Especuladores passaram a afirmar que o presidente havia sido vítima de um atentado, e a versão persiste até hoje.
PRESIDENTE O marechal Humberto de Alencar Castello Branco perfila-se diante da tropa ao chegar ao Congresso Nacional: dia da posse, em 6 de abril de 1964 (Crédito: Agência Estado)

Ao lado do corpo de Castello Branco foi encontrado um embrulho de papel pardo com um exemplar da primeira edição de “Iracema”, de José de Alencar, que lhe havia sido entregue por Rachel, com a intenção de que Candinho, como o chamava, entregasse a relíquia a um amigo no Rio de Janeiro, o destino final da viagem. Amava livros, e Rachel chegou a imaginar que o amigo ficaria com o exemplar. Quando deixou a Presidência, em março, queria finalmente ler os clássicos embalado na rede e dormir à beira da lagoa de Messejana, terra dos avós (era descendente de José de Alencar), ao som de peças de Bach.

“Iracema” serve como símbolo de um homem que não realizou seus sonhos — e nenhum deles tinha a ver com o poder. Apaixonado pela mulher, Argentina, amargou a viuvez nos últimos anos. Amante da cultura, reprimiu-a por causa dos protestos de estudantes ao longo dos 1.065 dias de governo, manchado pela repressão, a caça a políticos e supressão dos direitos civis. Católico e anticomunista, acreditava na redenção da moral e na pujança econômica, mas arrastou o Brasil à inflação e à milhares de falências. Não conseguiu nem mesmo cumprir a promessa de que devolveria o governo aos civis ao final do mandato. Seu rival, o ministro da Guerra e membro da linha dura, Arthur da Costa e Silva, subiu ao Planalto presidência e aprofundou a ditadura de 1964, sob o pretexto de humanizá-la.

A biografia “Castello — a marcha para a ditadura”, do jornalista cearense Lira Neto, lançada em 2004 e reeditada pela Companhia das Letras, ganha alarmante relevância ao desenhar o perfil do ditador impotente para negociar com as forças políticas, empresariais e militares com o objetivo de salvar o País. Ao contrário, sua morte representou o réquiem de uma geração de líderes que poderiam ter resgatado a democracia. “Infelizmente, a reedição do livro, 15 anos depois, reveste-se de incômoda atualidade”, diz Lira Neto. “Menos pelos eventuais méritos que a obra possa vir a ter; muito mais pela permanência do pensamento autoritário entre nós — e pela ascensão ao poder de um grupo político antidemocrático, cujos expoentes por diversas vezes já fizeram o elogio da ditadura e da tortura.”

Sem pescoço
O retrato apresenta o baixinho (1,67 metro) cabeçudo inferiorizado pelos musculosos colegas gaúchos do Colégio Militar de Porto Alegre, onde recebeu o apelido de Quasímodo, por exibir uma corcunda e ter problemas de locomoção, o que compensou com a inteligência e o talento do estrategista que venceu os alemães em Monte Castelo. Segundo Lira Neto, a ausência de porte atlético lhe deu uma atitude “escorregadia e calculista”. Pode mesmo ter fingido contrariedade quando passou o poder ao corpulento e gaúcho Costa e Silva, conhecido como inculto e brutal. Quando anunciaram o sucessor de Castello, Rachel de Queiroz teria dito: “Vão substituir um presidente sem pescoço por outro sem cabeça”. [nunca estão satisfeitos - o presidente Bolsonaro se destacou no atletismo mas o taxam de inculto;
Castello Branco, limitado no atletismo e no porte físico, mas brilhantes na inteligência, incluindo estratégia militar é também criticado.]

O espírito de corpo dos dois pode afastar a tese do atentado aéreo. “As teorias conspiratórias buscam explicações mirabolantes para episódios que escapam à nossa compreensão”, diz Lira Neto. “Mas não resistem à análise das fontes documentais disponíveis.”  De acordo com ele, o melancólico legado de Castello pode ser resumido na seguinte lição: “Não há qualquer possibilidade de negociação com os herdeiros da linha dura. Eles não negociam. Usam a força em vez de argumentos”.

IstoÉ - Cultura




segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Vivandeiras do bolsonarismo - Editorial - IstoÉ


Foi ainda nos idos de 60, às portas do regime militar que, inclemente, vergou o País a um dos mais sombrios períodos de ditadura, com cassação de direitos fundamentais e perseguição a opositores, que o então marechal Humberto de Alencar Castelo Branco se apropriou da expressão “vivandeira” para classificar aqueles civis que recorriam à oficialidade dos quartéis no intuito de buscar conchavos e impor a ordem na base da força. Disse o militar, no alvorecer dos desmandos sob a farda, quanto a essas graúnas oportunistas: “vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias ao Poder Militar”. Soou na época como profecia. Ao mero impulso de alguns afoitos insatisfeitos, a tentação autoritária, sempre à espreita, volta a salpicar aqui e acolá como saída achavascada. 

As figuras que a insuflam não comungam decerto do espírito progressista, 
predominante nas nações ditas civilizadas. Ao contrário, regem suas ideias pela supressão das liberdades e dos direitos dos outros, dos demais. Nunca incluído na conta o deles. Parece que vivem a enaltecer o valor de um bom castigo com o cipó aroeira, aquele consagrado na música do cantor ativista Geraldo Vandré, que, como diz o refrão, “um dia volta ao lombo de quem mandou dar”. Vivandeiras da vez surgem aos montes por esses dias. O filho Zero Três, Eduardo Bolsonaro, e o chefão da Secom que controla a verba de comunicação do governo, Fábio Wajngarten, estão na nova revoada e dão mostras recorrentes de suas predileções. Sobrevoam como aves de rapina a cutucar a ainda tenra democracia com vitupérios verborrágicos e evidentes intenções opressoras. Dudu, todos viram, saiu a pregar a reedição de um AI-5, o ato institucional que legitimou arbitrariedades, enquanto Wajngarten tratou de impor abertamente uma espécie de asfixia financeira, a título de retaliação, a veículos tidos como adversários do Estado — pelo mero cumprimento de dizer a verdade — e a insinuar ameaças a empresas que ali anunciassem. Comete equívocos em série no intento de lustrar, sem competência, a imagem oficial. O pelotão bolsonarista almeja selar o destino da mídia independente e calar as vozes que lhe incomodam. 

Dudu e Wajngarten, cada um ao seu tempo e no seu quadrado, reverberam, está claro, a palavra do chefe. O mito Messias deu a ordem unida. Falou em acabar com jornais como o matutinoValor”, proibindo a propaganda legal (restaurada pelo Supremo Tribunal), em cassar concessões das Organizações Globo e em cancelar assinaturas do diário “Folha de S.Paulo”. Todos os movimentos, juntos e combinados, com o propósito de intimidação à imprensa, tratada como um antro de patifes, canalhas e porcos. A ofensa virou arma. A campanha suja é reforçada nas redes digitais com fake news. A podridão dos valores diz mais de quem os pratica do que dos insultados. Jair no Planalto flerta com maquinações golpistas, está dia a dia mais evidente. Não parece preocupado em provocar crises institucionais. Alimenta-se delas. Desejaria, ao que induz, ser um monarca distribuindo benesses exclusivamente àqueles veículos subservientes, bajuladores, que em troca dos agrados aplaudem ou escondem suas estripulias (e, por incrível que pareça, há quem se preste ao serviço). 

Desvela assim os mais recônditos traços de um déspota. É sempre fundamental frisar: a liberdade de expressão e comunicação projeta-se como um pilar da democracia, esteio da dialética e direito de toda uma sociedade, previsto em lei. Dito isso, há de se lembrar que é da natureza do jornalismo cobrar, questionar, criticar e servir de instrumento da população no trabalho de vigilância sistemática dos poderes constituídos. Da mesma maneira, na outra ponta, é dever dos governos — qualquer um, à direita, à esquerda ou ao centro, sem distinções — prestar contas do que faz e responder civilizadamente aos questionamentos por seus atos. Não é isso o que se vê e que ocorre nos tempos atuais, dado o pendor histriônico do senhor Jair Bolsonaro, de seguidores e auxiliares que, por mais de uma vez, ameaçaram ostensivamente essa e as demais correlações de força. Com Legislativo e Judiciário, sobremaneira. 

O filósofo iluminista, pai da nação americana e um de seus primeiros presidentes, Thomas Jefferson, entendia que a imprensa, tal qual um cão de guarda, deveria sempre ter liberdade de criticar e condenar, desmascarar e antagonizar. Criou por meio de princípios como esse o país que tantos admiram, inclusive o capitão mandatário das paragens de cá. Seria aconselhável e de bom tom que as vivandeiras do bolsonarismo, que exaltam os EUA como uma referência, passassem a se espelhar nesse bom exemplo.

IstoÉ - Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Duque de Caxias, modelo de patriota, de soldado, de chefe militar e de cidadão, aponta aos brasileiros o caminho do dever

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Sérgio Tasso Vásquez de Aquino

Neste 25 de agosto de 2019, a Nação Brasileira, irmanada ao glorioso Exército Brasileiro, congrega-se, uma vez mais e sempre, em torno de seus melhores valores e tradições, para saudar, relembrar com profundos respeito e reconhecimento, e comemorar os fatos e feitos da personalidade e da vida sem jaça do Marechal Luiz Alves de Lima e Silva, que passou à História como o Duque de Caxias.


General nunca vencido, serviu à Pátria com denodo e bravura desde a mais tenra idade, havendo combatido da Guerra da Independência, como jovem Oficial no início da hierarquia militar e Porta-Bandeira do Batalhão do Imperador, até a Guerra do Paraguai, como Comandante-em-Chefe das tropas da Tríplice Aliança. Defendeu, com altivez e grande coragem moral e física, a Independência e a Soberania do Brasil, e foi o responsável maior pela manutenção da Integridade do Território Nacional, juntamente com a Marinha Imperial, vencendo todas as graves lutas intestinas e as tentativas de secessão do seu tempo, que pretendiam esfacelar o Brasil e formar diversas unidades autônomas de língua portuguesa, a exemplo do ocorrido no antigo império espanhol das Américas.

Magnânimo na vitória, sempre voltado a trazer os antigos revoltosos para o seio da Grande Pátria comum, herança tornada possível pelo valor, pelo sacrifício, pela bravura dos heróicos ancestrais luso-brasileiros, com toda a justiça recebeu o título e passou a ser conhecido e proclamado, pelos tempos afora, com “Caxias, o Pacificador”. Haverá honra maior para um grande, intrépido e invicto Guerreiro? O clímax da sua extraordinária capacidade de comandar, liderar pelo exemplo deu-se em Itororó, quando, depois de várias tentativas brasileiras mal sucedidas, com grande número de baixas, finalmente levou de vencida, pessoalmente e à frente dos seus soldados, a encarniçada defesa paraguaia e logrou cruzar a estratégica ponte, feito decisivo para o resultado positivo da batalha, esporeando sua montada e de sabre, “o símbolo da própria honra militar”, elevado aos céus. Desse modo, conduziu aos píncaros da glória sua tropa, eletrizada pelo magnífico exemplo do Comandante-em-Chefe sem igual, ao brado de ‘‘Sigam-me os que forem brasileiros!’’

Na política, em que exerceu altas funções, como Senador pelo Rio Grande do Sul, depois de pacificar Farrapos, Ministro da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros, por três vezes em cada cargo, deixou registrados magníficos e imorredouros exemplos de dignidade, proficiência e comportamento impoluto, que muito diferente, e melhor, teriam tornado o Brasil de hoje, se seguidos por tantas pessoas que, de 1990 para cá, nas funções públicas e eletivas e no âmbito dos diversos partidos, malsinadamente tanto vêm deslustrando, prejudicando e enxovalhando nossas esperanças por vida digna e justa para os brasileiros, com Paz, Justiça, Democracia e oportunidades para todos desenvolverem os talentos recebidos de Deus, com o aproveitamento racional para nosso povo das incríveis riquezas nacionais.

Segundo o historiador militar, Cel. Manoel Soriano Neto, a propósito das dolorosas consequências para a Pátria da ‘‘Questão Christie’’, grafou, em carta ao Visconde do Rio Branco, mais uma mensagem que os pósteros deveriam ter levado em devida conta: “Não se pode ser súdito de nação fraca. Tenho vontade de quebrar minha espada, quando não me pode servir para desafrontar o meu País de um insulto tão atroz”. Tudo isso se torna muito atual e merece também ser recordado, quando a pinça neocolonialista – comunista tenta, de novo, fechar-se sobre o Brasil e enfrentar, desmoralizar e isolar um governo que, pela primeira vez em cerca de trinta anos, prometeu e foi eleito espetacularmente, para colocar em primeiro lugar os interesses nacionais, e não se fazer caudatário e subserviente aos hipócritas centros mundiais de poder, que se querem apossar do nosso patrimônio nacional, da nossa riqueza sem igual, e explorá-la em proveito próprio e em prejuízo da nossa Nação, nem subordinado à cruel ideologia vermelha que conduz à escravidão, ao empobrecimento e à desgraça generalizados, exceto para a pervertida nomenklatura dominante.

Os países desenvolvidos da Europa, que hoje nos criticam solertemente por motivos interesseiros e escusos, tendo por tema versões mentirosas sobre queimadas na nossa Amazônia, saquearam a África, destruíram a maior parte das suas próprias florestas nacionais, poluíram o ar, a terra e a água com os refugos da Revolução Industrial, quando exploraram o trabalho infantil e reduziram à semiescravidão os cidadãos mais pobres, ainda hoje se utilizam grandemente de combustíveis fósseis na sua matriz energética e, juntamente com todos os países ricos, poluíram os oceanos, o verdadeiro pulmão do mundo, com seu lixo industrial e suas explosões nucleares experimentais, remetem rotineiramente para as regiões subdesenvolvidas do mundo seu lixo tóxico, inclusive o nuclear, e quase levaram à extinção as baleias, pela pesca predatória implacável, que obrigou o estabelecimento de restrições internacionais para evitar tal crime irreparável.

O conluio neocolonialista-comunista encontra muitos seguidores no Brasil, traidores da Terra que os viu nascer e agentes antinacionais, atraídos pela pecúnia ou pela ideologia perversa que professam, todos instrumentos de dominação e de miséria e desgraça para os concidadãos. Operam na má e venal imprensa falada, escrita e televisiva, nas cátedras e direções acadêmicas e escolares, no meio da pretensa ‘’Intelectualidade’’ e no ambiente “artístico”, nos partidos e na política em geral, no legislativo, nas cortes do judiciário, até mesmo as de mais alta expressão, de influência decisiva no ordenamento e na segurança jurídicos e na vida nacional como um todo, etc., em toda a parte capaz de influir opiniões e induzir comportamentos no meio da massa mais inculta e desavisada.

É mais que hora, pois, de a mentira ser eficazmente enfrentada pela verdade. De o bom governo, que confiamos haver elevado ao poder para bem conduzir a Pátria, fazer sentir sua força, combatendo a desinformação da guerra psicológica adversa com a ação psicológica da comunicação social eficaz e atuante, como ocorreu sob a liderança do General Octávio Costa no tempo do notável governo do Presidente Emílio Garrastazu Médici, para engajar todos os patriotas na luta por corações, almas e mentes que precisa ser travada, e vencida. De recuperar o tempo perdido, pela deliberada decisão governamental de 1990 a 2018, de negar recursos às Forças Armadas para reaparelharem-se, atualizarem-se, fortalecerem-se, a fim de exercer a necessária e adequada dissuasão contra qualquer ameaça externa ou interna.

No tempo do chamado “governo militar’’ ninguém ousava meter-se nos assuntos brasileiros, nem tentar dizer-nos o que fazer. Éramos respeitados, como Nação soberana, independente, dona do seu destino, altiva, construindo em paz e com grandeza seu radioso futuro. Hoje, temendo o gigante que ensaia voltar a ser uma potência e um competidor de peso na arena internacional, força externas e subversivas, apoiadas por seguidores internos, tudo fazem para obstaculizar nosso redespertar: ONGs, governos estrangeiros, organismos internacionais, comunismo internacional, nas suas várias facetas e configurações...

Aos militares do Brasil, aos governantes, legisladores, juízes, todos os que sejam do Bem, aos bons brasileiros em geral, de todas as profissões e recantos do nosso imenso e abençoado País, o Duque de Caxias, Patrono do Exército Brasileiro, sinaliza-nos o Caminho do Dever
enfrentemos, sem desfalecimento, mas com eficácia, decisão, coragem e bravura, todos os fatores adversos e os antagonismos e pressões criados pelos inimigos externos e internos da Pátria.

AGORA!

A AMAZÔNIA BRASILEIRA É SÓ NOSSA, “À FORÇA DO DIREITO OU DO CANHÃO” (Hino da Escola Naval).

“NÃO SE PODE SER SÚDITO DE NAÇÃO FRACA!”

“SIGAM-ME OS QUE FOREM BRASILEIROS!”
Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2019, Dia do Soldado.

Sérgio Tasso Vásquez de Aquino é Vice-Almirante, Reformado.
 
 

domingo, 16 de junho de 2019

Bolsonaro defende armar a população para evitar golpe de Estado

Presidente participou de evento do Exército em Santa Maria (RS) na noite deste sábado (15)
Em evento do Exército em Santa Maria (RS) neste sábado (15), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que armar a população pode evitar golpes de Estado. "Nossa vida tem valor, mas tem algo com muito mais valoroso do que a nossa vida, que é a nossa liberdade. Além das Forças Armadas, defendo o armamento individual para o nosso povo, para que tentações não passem na cabeça de governantes para assumir o poder de forma absoluta. Temos exemplo na América Latina. Não queremos repeti-los. Confiando no povo, confiando nas Forças Armadas, esse mal cada vez mais se afasta de nós", falou em pronunciamento. Ele não atendeu a imprensa.
O presidente participou neste sábado (15) da Festa Nacional da Artilharia (Fenart), no 3º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, que celebra o aniversário do marechal Emílio Luiz Mallet, seu patrono. Bolsonaro assistiu a uma encenação da Batalha de Tuiuti, de 1866, durante a guerra do Paraguai, vencida pela Tríplice Aliança (Brasil, Uruguai e Argentina). A apresentação contou com tiros, cavalos, luzes, narração e soldados com os uniformes da época. Com ares de superprodução, a encenação foi acompanhada pela orquestra da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) que interpretou a trilha ao vivo, incluindo a música de abertura do seriado "Game of Thrones".
Na chegada, os convidados foram recepcionados por soldados com os uniformes usados na Guerra do Paraguai em acampamento cenográfico com direito a churrasco e chimarrão. Antes, Bolsonaro deu tapas em um "pixuleko" e depois o jogou para cima. O boneco com a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido como presidiário foi entregue por um apoiador que estava com o grupo que o recepcionou na chegada na base aérea da cidade. O presidente foi acompanhado por carreata até o evento do Exército.
O presidente volta a Santa Maria 26 anos depois de ser considerado "persona non grata" da cidade.  Em junho de 1993, por unanimidade, os vereadores aprovaram moção de repúdio contra Bolsonaro, na época deputado federal, por ter defendido o fechamento do Congresso e a volta da ditadura em uma entrevista ao jornal A Razão. A moção nunca foi revogada. O caso foi relembrado na última semana pelo jornal Zero Hora. Desde a tarde, simpatizantes do presidente o aguardavam para uma carreata. Em frente ao 3º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, Regimento Mallet, pessoas vestiam roupas nas cores verde e amarela e seguravam bandeiras do Brasil. Apoiadores levaram cadeiras e chimarrão para esperar o presidente na praça que fica em frente ao regimento.
Além de Bolsonaro, estavam presentes os ministros e o general Edson Leal Pujol, comandante do Exército Brasileiro, e o general Geraldo Antônio Miotto, do Comando Militar do Sul. "Precisamos, mais que um parlamento, o povo ao nosso lado para que possamos impor uma política que reflita em paz e alegria para todos nós", disse no evento.
SANTOS CRUZ
Mais cedo no sábado, em Brasília, Bolsonaro comentou a demissão do general Santos Cruz da Secretaria de Governo. "Todo mundo pode ser [demitido]. Muita gente se surpreendeu com a saída do general Santos Cruz. Isso pode acontecer. Muitas vezes, a separação de um casal você se surpreende: 'Mas viviam tão bem!'. Mas a gente nunca sabe qual a razão daquilo. E é bom não saber. Que cada um seja feliz da sua maneira". O presidente não deu detalhes sobre o que motivou a saída de Santos Cruz, demitido na quinta (13).
Em seu lugar assumirá o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira. À frente do Comando Militar do Sudeste desde maio de 2018, Ramos comandou a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah) de 2011 a 2012. Como novo chefe da Secretaria de Governo, integrará a ala militar do Planalto, [por enquanto o general Luiz Eduardo é o único general, quatro estrelas,da ativa, na ala militar do Planalto.] composta também por Heleno, o vice-presidente, Hamilton Mourão, e os generais Otávio Rêgo Barros, porta-voz, e Floriano Peixoto, chefe da Secretaria-Geral da Presidência. 
 
 
 
 
 

domingo, 30 de dezembro de 2018

Elio Gaspari: De Pio.Correa@edu para Bolsonaro@gov

Orgulho-me de estar à sua direita, mas como servi à diplomacia digo-lhe que o senhor, estando certo, faz errado

Excelentíssimo presidente,
Eu deixei a diplomacia em 1969, depois de 32 anos de serviços. O senhor era um garoto. Fui secretário-geral do Itamaraty e era chamado de "Abominável Homem das Nove". Orgulho-me ao dizer que estou à sua direita. Se o senhor duvida, repito-lhe o que disse a um colega assombrado com meu discurso ao assumir o cargo:-- Não gosto de diplomatas pederastas, não gosto de diplomatas vagabundos, não gosto de diplomatas bêbados.
Talvez vosmicê tenha simpatia pela memória do presidente John Kennedy.  Era um bestalhão e sua morte deixou-me indiferente. Vivi no Rio de Janeiro antes que Copacabana fosse invadida pela horda pululante e chinfrim de suburbanos transmigrados e pela lepra das favelas. Deixei um livro de memórias e se um diplomata fosse flagrado lendo-o durante a desgraçada ruína dos petistas, estaria frito. ("O Mundo em que Vivi", 1.098 páginas, pesando um quilo.) Minha lembrança foi banida da Casa a que servi, lutando contra o comunismo e os cabeludos esquerdosos.
Esse currículo é minha credencial para dizer-lhe que o senhor está fazendo o certo, da maneira errada. Nunca alimentei encrencas públicas com países com quem temos fronteiras secas. (Nossos limites com a Venezuela estendem-se por 2.200 km de mata.) Vá lá que seu governo queira brigar com Cuba, nosso saudoso marechal Castello Branco rompeu relações diplomáticas com o castrismo, mas não tinha créditos a receber. Os problemas da vida internacional não admitem improvisações fáceis (desconvidar convidados) nem atitudes emocionais (acicatar a China). Exigem definições fundadas no conhecimento perfeito dos fatos e em sua segura interpretação à luz do interesse nacional. E digo mais, exigem estilo.
Fui embaixador no Uruguai ao tempo em que lá vivia asilado o senhor João Goulart. Visitei sua filha quando ela foi atropelada e só me referia a ele em conversas com as autoridades locais como "el señor presidente". Vivi as delicadas negociações com a Argentina e o Paraguai que resolveram uma questão de limites e permitiram a construção da hidrelétrica de Itaipu. Jamais acompanhei a retórica antibrasileira dos nossos vizinhos. Podia-se detestar o Pio Correa, mas eu não podia estimular preconceitos contra nossa Pátria.

Mesmo quando deixei a carreira, tornando-me presidente da Siemens, empenhei minha palavra de honra em várias ocasiões e patrocinei uma visita de 50 jornalistas europeus ao Brasil, repelindo as denúncias de torturas sistemáticas a presos políticos. Ainda durante o governo do general Medici dei-me conta de que havia sido ludibriado. Mais tarde, muito esquerdistas proclamaram-se campeões da verdade. Ao meu estilo, em 1971, escrevi o seguinte ao chefe do Estado-Maior do Exército, general Alfredo Malan:
"Menti, sem saber, a quantos me ouviam. Estou hoje convencido, por boas e suficientes razões, de que a tortura, as torturas mais cruéis, são desgraçadamente aplicadas em nosso país de forma rotineira e sistemática a prisioneiros políticos. Iludido estava eu e iludido estará você, como iludido está o honrado e digno presidente da República que, como eu, afirmou publicamente o contrário."
Nunca divulguei essa carta porque, como na minha atividade diplomática, sempre segui o ensinamento do Barão do Rio Branco, tão violentado pela chusma esquerdista:
"Nada mais ridículo e inconveniente do que andar um diplomata a apregoar vitórias".
De seu fiel admirador,
Pio Correa

A 1ª LEI DE DELFIM
Nesta semana começa o governo de Jair Bolsonaro e não custa repetir a primeira lei do professor Delfim Netto: "Na quarta-feira o presidente terá que abrir a quitanda às 9h da manhã com berinjelas para vender a preço razoável e troco na caixa para atender a freguesia.

Pelos próximos quatro anos a rotina essencial será a mesma: abrir a quitanda, com berinjelas e troco.

Todos os desastres da economia brasileira deram-se quando deixou-se de prestar atenção na economia da loja."
 
(...)

INDULTO
Por trás do vaivém da concessão do indulto de fim de ano por Temer, esteve a decisão de deixar um legado para Bolsonaro.
Concedido, o indulto preservaria o delicado equilíbrio existente nos presídios do país. Negado, colocaria gasolina nos corredores controlados por facções criminosas que esperam faíscas capazes de estimular rebeliões.
Nas últimas semanas Bolsonaro e seu ministro Sergio Moro repetiram formulações genéricas que fazem sentido para quem está solto e são promessas de marcianos para quem está preso. Por exemplo: negar a progressão da pena para quem pertence a uma facção dentro de um presídio. Tudo bem, desde que se faça de conta que em alguns lugares é possível viver numa cela sem aderir à facção. Quem vai distinguir o preso primário que aderiu para proteger sua vida e a de sua família do bandido que chefia o grupo?
Elio Gaspari, jornalista - O Globo

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

PELA ORDEM! Um dos problemas da dupla Mourão-Bolsonaro é que um general teria de obedecer às ordens de um capitão. Aí dá ruim

Blog do Reinaldo Azevedo 

Sim, ambos estão na reserva. Mas só são quem são porque sua origem é a caserna.

[um pequeno esclarecimento: 

um general, ainda que na reserva, tem precedência sobre um capitão - regra que também confere precedência de um coronel em relação a um tenente-coronel, de um capitão sobre um tenente, etc.

Já na política a situação é diferente.

- um soldado raso sendo eleito presidente da República é comandante supremo até de um marechal (cargo que só existe em caso de guerra) - visto que o Presidente da República é, por disposição constitucional, o Comandante Supremo das Forças Armadas;

- no caso Bolsonaro x Mourão, o candidato a presidente da República é o capitão da reserva Jair Bolsonaro e o candidato a vice-presidente da República é o general Mourão.

Por todos os motivos a precedência é do candidato ao cargo de Presidente da República, que tem,  por assim dizer, o 'comando' da campanha - que exerce em comum acordo com a direção do partido político ao qual é filiado;

Após a eleição, o cargo mais importante continua sendo o de Presidente da República, apesar do vice-presidente não ser subordinado ao titular do cargo.

Assim, o general Mourão tem  que acatar, especialmente enquanto candidato a vice, as determinações do capitão JAIR BOLSONARO que é o candidato ao cargo de Presidente da República.]

LEIA TAMBÉM: Dirceu fala ao El País e insiste na distinção entre “vencer eleição” e “tomar o poder”. Não é ameaça revolucionária, mas continua ruim