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terça-feira, 7 de junho de 2016

Pedidos de prisão trazem incerteza para processo de impeachment



Outros temas urgentes também atrapalham a tramitação
A temporada de eventos extraordinários da Lava-Jato chegou ao seu auge com os pedidos de prisão de Renan, Sarney e Jucá, mostrados na edição desta terça-feira do GLOBO. A revelação traz algumas perguntas, a serem respondidas nos próximos dias e semanas. Qual é o impacto desses pedidos na crise política? Quem será mais afetado por eles: Temer ou Dilma?

Ainda que os pedidos venham a ser recusados, o que se pode dizer no calor dos fatos é que eles não afetam só quem está sob a ameaça de ver o sol nascer quadrado. A medida extrema joga um mar de lama sobre o cenário político e dá ao processo de impeachment um preocupante grau de incerteza.

O fato de a medida atingir em cheio a cúpula do PMDB no Senado cria problemas mais evidentes para Temer. É lá que se dará a batalha final do impeachment, prevista para agosto. A perda relâmpago de ministros já havia feito o presidente interino determinar a aliados, sem sucesso, que acelerassem o processo de impedimento. Os episódios pressionam senadores indecisos ou que votaram pelo afastamento de Dilma a reverem suas posições.

Também atrapalha a tramitação de temas urgentes, sem os quais o peemedebista dificilmente conseguirá tirar a economia da UTI. Renan controla a pauta do Senado. Jucá, ministro até outro dia, ainda é o principal articulador político do governo. Sarney, desnecessário dizer, tem forte ascendência sobre parlamentares.  E mais: o eventual afastamento de Renan, como quer Janot, entregaria a presidência do Senado a um petista, Jorge Vianna.

Dilma, porém, também pode ter problemas. Ainda que sob desconfiança mútua, a petista ainda tem em Renan, que não se tromba com Temer, um importante aliado. Não à toa foi a Renan que ela recorreu para pôr na rua o plano de trocar votos contra o impeachment pela promessa de apresentar uma proposta de "Diretas Já".

Renan também criticou publicamente a tentativa de aliados de Temer de encurtar o rito do impeachment e tem conseguido até aqui garantir o andamento desejado pelo PT.

Fonte: O Globo - *Alan Gripp é editor de País