Outros
temas urgentes também atrapalham a tramitação
A
temporada de eventos extraordinários da Lava-Jato chegou ao seu auge com os pedidos de prisão
de Renan, Sarney e Jucá, mostrados na edição desta terça-feira do GLOBO. A
revelação traz algumas perguntas, a serem respondidas nos próximos dias e
semanas. Qual é
o impacto desses pedidos na crise política? Quem será mais afetado por
eles: Temer ou Dilma?
Ainda que os pedidos venham a ser
recusados, o que
se pode dizer no calor dos fatos é que eles não afetam só quem está sob a
ameaça de ver o sol nascer quadrado. A medida extrema joga um mar de lama sobre
o cenário político e dá ao processo de impeachment um preocupante grau de
incerteza.
O fato de
a medida atingir em cheio a cúpula do PMDB no Senado cria problemas mais
evidentes para Temer. É lá que se dará a
batalha final do impeachment, prevista para agosto. A perda relâmpago de ministros já
havia feito o presidente interino determinar a aliados, sem sucesso, que
acelerassem o processo de impedimento. Os episódios pressionam senadores
indecisos ou que votaram pelo afastamento de Dilma a reverem suas posições.
Também atrapalha a tramitação de
temas urgentes, sem os
quais o peemedebista dificilmente conseguirá tirar a economia da UTI. Renan controla a pauta do Senado. Jucá, ministro até outro dia, ainda é o
principal articulador político do governo. Sarney,
desnecessário dizer, tem forte ascendência sobre parlamentares. E
mais: o eventual afastamento de Renan, como quer Janot, entregaria a
presidência do Senado a um petista, Jorge Vianna.
Dilma, porém, também
pode ter problemas.
Ainda que
sob desconfiança mútua, a petista ainda
tem em Renan, que não se tromba com Temer, um importante aliado. Não à toa
foi a Renan que ela recorreu para pôr na rua o plano de trocar votos contra o
impeachment pela promessa de apresentar uma proposta de "Diretas Já".
Renan
também criticou publicamente a tentativa de aliados de Temer de encurtar o rito do impeachment e tem
conseguido até aqui garantir o andamento desejado pelo PT.
Fonte: O Globo - *Alan Gripp é editor de País