A frase é de Karl Marx: a
história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa. No Brasil é diferente: é sempre farsa, é sempre tragédia.
O
prefeito do Rio, Eduardo Paes, PMDB, aspirante à presidência da República, diz que o problema da zika é “um certo exagero”, porque “morre muito mais gente de gripe do que de
dengue, que dirá de zika”. Claro, Sua
Excelência não tem parentes que morreram de zika, nem
arriscados a ter filhos com microcefalia, nem com dengue, ou chikungunya. Pode
ver as coisas com menos paixão, certo? Mas poderia estudar um pouco. O governo
brasileiro da época, por volta de 1918, não temia a
Gripe Espanhola, porque o vírus não teria como cruzar o Atlântico. Pois cruzou. Entre São Paulo e Rio, matou
perto de 20 mil pessoas.
Paes nada aprendeu, mas não está
sozinho. Dilma vinha
reduzindo desde 2013 as verbas para combater
o mosquito Aedes aegypti, transmissor
da dengue, da chikungunya e da zika (e também, não esqueçamos, da febre amarela, que já foi epidêmica no
Brasil). Em 2016, não há verba para
isso prevista no orçamento federal.
Estados e municípios também acham que não é com eles. Em São
Paulo, a Prefeitura petista de Fernando
Haddad ignora os alertas da população ─ por exemplo, prédios
com piscina abandonada, com água, prontinha para operar como berçário de
mosquitos (fotos já foram publicadas, sem
êxito). A própria prefeitura
demarcou ciclovias com postes de plástico sem tampa, do calibre de latas de
cerveja. A água e as larvas não têm saída; os
mosquitos têm. Tlim, tlim, Saúde!
Gringo
é trouxa
A questão
da zika, tão desimportante para o prefeito Paes, motiva reuniões de emergência
da Organização Mundial da Saúde. Para
iniciar nos EUA o trabalho de prevenção, o presidente Obama liberou
imediatamente US$ 1,2 bilhão. E lá o dinheiro tem
de sair de uma verba orçamentária. Pedalar
nem se imagina.
O
número 1
Lula e sua esposa, Marisa Letícia, têm depoimento
marcado,
quarta-feira, no Ministério Público paulista, que investiga se há
ocultação de patrimônio no caso do apartamento triplex da Praia das Astúrias,
Guarujá (que se configuraria se o imóvel, em
nome da OAS, fosse mesmo de Lula).
Movimentos favoráveis e
contrários a Lula prometem manifestar-se em frente ao prédio do Ministério Público.
A
hora do desagravo
No dia 27, em compensação, é a hora de Lula: ele será a estrela da festa de 36º aniversário
do PT. Todo o comando do partido e os principais ministros petistas
falarão em sua homenagem, defendendo-o dos ataques que sofre. [só será possível à petralhada defender Lula se ele for convincente ao
se defender no dia 17.]
Espera-se que a presidente Dilma
Rousseff faça um discurso em seu favor.
Além
do oceano
A SBM
Offshore, empresa holandesa que aluga navios-plataforma
para exploração de petróleo em alto-mar, detentora de diversos contratos
com a Petrobras e acusada de pagamento de propina a diretores e altos
funcionários da estatal, anunciou que os Estados Unidos
iniciaram investigações sobre denúncias de suborno no Brasil e em Angola.
Este é um problema sério: caso
seja comprovado o pagamento de propinas para prestar serviços superfaturados,
os investidores da Petrobras na Bolsa de Nova York podem processá-la, exigindo os dividendos a que teriam direito se
não tivesse ocorrido o desvio. Sempre que se toca no assunto, as cifras citadas
ultrapassam de longe o bilhão de dólares.
Lá
e cá
A investigação sobre Angola promete ser
interessantíssima. A
filha do presidente José Eduardo dos Santos acumulou a maior fortuna do
país.
O jogo dos bilhões
O jogo dos bilhões
Atenção para uma reportagem sobre a utilização dos
milionários recursos do Fundo Garantidor de Crédito, FGC, criado
para garantir, até certo limite, o dinheiro dos correntistas de bancos que
tenham quebrado ou sofrido intervenção. O repórter é Cláudio Tognolli ─ que, só com Assassinato de Reputações, em
que o ex-secretário nacional da Justiça, Romeu Tuma Jr., conta uma série de
segredos de Lula, vendeu 150
mil livros. É uma garantia de boa apuração e credibilidade. Tognolli, há duas semanas, mostrou que o BTG Pactual recebeu
R$ 6 bilhões do FGC para reforçar seu caixa ─ bem na época em que o
então sócio principal do banco, André Esteves, tinha sido preso, juntamente com
Delcídio do Amaral, líder do PT no Senado.
O tiroteio agora vai mais longe: José Papa Jr.,
presidente emérito da Federação do Comércio de São Paulo, da família que controlava o Banco
Lavra, abre fogo em entrevista explosiva
a Tognolli. Diz que todos nós somos assaltados pelo FGC e que o dinheiro é
desviado de suas finalidades específicas.
Papa diz
que tem cem mil assinaturas num pedido de investigações a ser enviado ao
Congresso.
Cuidado!
Os Emirados Árabes Unidos acabam de criar o
Ministério da Felicidade, a ser ocupado pela ministra Ohood Al Roumi. O objetivo é garantir que
os moradores e turistas tenham sempre boas condições de vida.
Mas que ninguém dê a notícia à
presidente Dilma, ou em breve teremos mais um ministério atulhando Brasília.
Publicado
na Coluna de Carlos
Brickmann