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Mostrando postagens com marcador Carlos Brickmann. Mostrar todas as postagens
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sexta-feira, 23 de agosto de 2019

'O bom do silêncio” e outras notas de Carlos Brickmann

Abraham Lincoln disse que é melhor se calar e deixar que os outros pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida



Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

Bolsonaro disse que não adianta exigir dele a postura de estadista porque não é estadista. Ele tem razão — e nem precisava ter dito. Aliás, há muita coisa que não precisava ter dito. Não precisava fazer brincadeira com motosserra, aludindo à questão do desmatamento. No duro mundo dos negócios, em que agricultores europeus menos eficientes que os brasileiros adorariam proibir as importações de carne e grãos “produzidos em áreas desmatadas da Amazônia”, a brincadeira se transforma em coisa séria. O agronegócio brasileiro não tem nada a ver com o pessoal que desmata a Amazônia, garimpeiros e madeireiros ilegais. Mas vá explicar esse fato a quem está feliz com a oportunidade de recuperar seu mercado perdido.

A imprensa europeia já chamou Bolsonaro de Borat, já disse que os brasileiros querem cultivar pastos e soja na Amazônia desmatada, já pediu sanções contra o Brasil (no grupo está a maior revista alemã, Der Spiegel), já obteve a suspensão das doações alemãs e norueguesas à preservação da floresta (“por que doar dinheiro para conservar as matas a um Governo que não quer preservá-las?”). Bolsonaro já ignorou o chanceler francês, acusou a Noruega de matar baleias por meios cruéis (é verdade mas, se eles não têm autoridade moral, têm influência política), sugeriu que os alemães reflorestem seu país o que eles já fizeram faz tempo. Quem fala demais dá bom-dia a cavalo. O pior é que nós é que pagamos a conta.

Questão de imagem
Bolsonaro passou a impressão de que seu Governo não se importa com o meio-ambiente e não gosta de índios. Resultado: exatamente aquelas ONGs europeias de que ele não gosta ganharam espaço para divulgar suas versões (exageradas) sobre desmatamento. De acordo com o Banco Mundial, 94% da Amazônia estão intactos. Mas em negócios o que vale é a versão — no caso, a de que a floresta tropical já está em agonia. E o que se disser sobre maus-tratos a índios vai valer como verdade. Há pouco tempo, informou-se que garimpeiros tinham invadido a terra dos índios wajãpi, no Amapá, e assassinado seu cacique Emyra. Líderes internacionais protestaram. Só que não há nenhum sinal de invasão na terra wajãpi. O cacique morreu, mas não há indício de assassínio.
Aldo Rebelo, ex-PCdoB, ministro de Lula e Dilma, adverte para as falsas acusações ao Brasil. O mundo como ele é.

A voz da América
Abraham Lincoln, notável presidente americano (e republicano, como Trump, ídolo de Bolsonaro), disse que é melhor se calar e deixar que os outros pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida.

A dança das cadeiras
Não leve a sério as corporações que ameaçam se rebelar se Bolsonaro escolher um procurador-geral da República ou um diretor regional da Polícia Federal que não aprovem. Não vão se rebelar, não. As modificações vão ocorrer e já estão ocorrendo. O subsecretário-geral da Receita, José Paulo Fachada, foi exonerado, numa tentativa do secretário da Receita, Marcos Cintra, de manter o cargo. Mas não deve durar, apesar de ter demitido seu subsecretário. [não vai durar muito - sua obsessão pela volta da CPMF o abaterá.] E Paulo Guedes não se moverá para segurá-lo.
Com a passagem do Coaf para o Banco Central, seu presidente Roberto Leonel, escolhido pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, deve sair. Guedes disse que iria mantê-lo; mas, como o Coaf saiu da Economia, tudo mudou.

Abusos, sim
O Ministério Público e o ministro Sergio Moro pedem que Bolsonaro vete vários artigos da lei que pune abusos de autoridade. Devem ter razão em alguns pedidos, mas há pontos óbvios exigindo punição. Por exemplo, alguém, sem ser intimado, vê na porta de sua casa um forte aparato policial, que o detém e leva para depor, sem advogado — sendo que, por lei, poderia se recusar a fazê-lo. Ou quando as acusações vazam do inquérito para os meios de comunicação. [um exemplo, entre dezenas: caso das investigações do Coaf sobre as movimentações do Queiroz.]

Um bom exemplo: Eduardo Jorge, que foi secretário-geral do Governo Fernando Henrique, sofreu perseguição por parte de procuradores, que o acusaram de corrupção e vazaram as acusações para a imprensa. Ele abriu processo. Levou 17 anos, mas a União foi condenada a indenizá-lo em R$ 100 mil. E os procuradores que, agora comprovadamente, o perseguiram? Não vão pagar nada. Julgados por seus pares, um foi suspenso e um advertido. Ou seja, eles perseguiram e nós vamos pagar a conta da perseguição, com nossos impostos.

Os jatinhos do BNDES
Há certa confusão no ar: quem comprou jatos da Embraer com financiamento do BNDES (a juros baixíssimos) não cometeu ilegalidade, nem está na “caixa preta”. A Embraer teve apoio do BNDES para financiar suas vendas. Foram financiados 134 aviões em cinco anos.



Coluna de Carlos Brickmann -

Transcrito do Blog do Augusto Nunes - Veja


domingo, 17 de fevereiro de 2019

Alegria, Alegria – por enquanto” e outras notas de Carlos Brickmann

O ideal é aproveitar o capital político e passar logo a reforma. Com o tempo, 001, 002 e 003 limarão o prestígio do pai até transformá-lo num Zero


Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

As poucas informações de Bolsonaro sobre a reforma da Previdência já provocaram euforia no mercado: Bolsa em elevação, dólar em baixa. E, no fundo, Bolsonaro só disse de novo que a idade mínima para aposentadoria será de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens (aliás, nem isso era exatamente novidade: a novidade é ele ter sacramentado essas datas). Mas a expectativa do mercado é boa: a Bolsa espera romper a barreira dos 100 mil pontos, o ministro Paulo Guedes fala em economizar R$ 1,1 trilhão em dez anos. Ah, há outra novidade: o prazo de transição será de dez anos. 

Ou seja, aprovada agora como foi proposta, a reforma da Previdência fará com que, no final do mandato de Bolsonaro, homens se aposentem com 61 anos e seis meses, e as mulheres com 57 anos e seis meses; em 2029, os homens se aposentarão com os 65 anos. A transição das mulheres deve ir até 2031.
Fechado? Não é bem assim. O que se comenta é que há um colchão na reforma, pronto para absorver emendas mais suaves propostas pelo Senado e Câmara. De qualquer maneira, o alívio nas contas públicas será grande.

E agora? O ideal para o Governo é aproveitar seu capital político, a força da vitória, e passar logo a reforma. Com o tempo, a lembrança da vitória fica mais tênue, e 001, 002 e 003 limarão o prestígio do pai até transformá-lo num Zero. Quem já brigou com o vice, com o chefe da campanha e um trator como Joice Hasselmann não pode ser subestimado.

Quem tem a força
O Governo Bolsonaro, imagina-se, acaba de começar. O primeiro lance, diga-se, foi um êxito: os chefões do crime organizado paulista foram para prisões federais, conforme pedido do Ministério Público, e as medidas de segurança que o Governo tomou impediram até agora aquilo que se temia: a volta do clima de guerra civil no Estado, com bandidos atirando em todos os policiais que viam. Esta é a área de Sérgio Moro, um dos sustentáculos do atual Governo. Se a reforma da Previdência passar, se forem cumpridas as promessas de privatizações e da redução da máquina administrativa, será um sucesso da área de Paulo Guedes, de longe o mais importante ministro de Bolsonaro. Se a economia der certo, os Recrutas Zero, os ministros mais pitorescos, a turma do vai-vem podem fazer bobagem que o eleitor não vai dar bola. Se a economia der certo, será um grande Governo. Se a economia não der certo, será no máximo um Governo médio com acertos e erros.

A voz do povo
A Taboola, líder mundial na avaliação dos desejos dos consumidores, apurou que Paulo Guedes, da Economia, é o ministro mais lido nas redes sociais. A Taboola chegou a esta conclusão a partir do acesso que tem a 9 bilhões de page-views e 70 milhões de horas na Internet.  
Guedes é o mais lido; 
o segundo é Moro
Damares, com todas as declarações que provocam turbulência, é a terceira, com menos da metade das leituras de Guedes.
Seguem-se Onyx Lorenzoni, Ernesto Araújo, Tereza Cristina, Ricardo Salles, Marcos Pontes, general Fernando Azevedo, da Defesa, e Ricardo Vélez Rodríguez, da Educação. Os outros – bem, os outros estão atrás não só da Damares mas também do Rodríguez. Não se preocupe com eles.

(...)
 
A lei é para todos
A deputada federal Bia Kicis, do PFL brasiliense, quer revogar a PEC da Bengala – a emenda constitucional que passou a idade de aposentadoria de ministros do Supremo de 70 para 75 anos. Diz que a extensão do mandato dos ministros “impede a oxigenação da carreira”. Mas o objetivo é outro: é abrir vagas para que Bolsonaro nomeie ministros que considere mais próximos. 

É um erro: Lula acreditava nisso e descobriu que as promessas de um candidato nem sempre são cumpridas após a nomeação. Segundo, a lei deve visar casos futuros, e não mudar as regras no meio do jogo. 
Os EUA não forçam ministros da Suprema Corte a se afastar: aposentam-se quando não mais se sentem em condições de julgar (se um tiver problemas e não se afastar, os demais votam sua aposentadoria). Para que pagar aposentados a mais e perder a experiência dos mais velhos?

Coluna do Carlos Brickmann - Blog do Augusto Nunes - Veja

domingo, 30 de setembro de 2018

“Tá difícil pra todo mundo” e outras notas de Carlos Brickmann


Fernando Haddad, ele mesmo denunciado na Lava Jato, não quis ficar só: o tesoureiro de campanha que escolheu, Francisco Macena, também é réu

 Os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) (Paulo Whitaker/Nacho Doce/Reuters)


Bolsonaro é auto-suficiente. Quem tem a seu lado o general Mourão não precisa de inimigos. Fernando Haddad é não-suficiente: em boa parte do país há apreensão de material de campanha petista que, sem dar nomes, manda votar no 13 — e põe, ao lado, o retrato de Lula. A vida é dura: Bolsonaro, tão fã de militares, tem de mandar um general ficar quietinho. E Haddad? Estudar tanto, por tantos anos, para virar genérico de presidiário?


Os problemas de ambos, porém, não se limitam aos aliados. Chegam agora a seus eleitores, em reportagens de capa nas grandes revistas semanais. Haddad, mostra a IstoÉ, tem a campanha comandada de dentro da cela de Lula, preso em Curitiba. E Bolsonaro: é capa da Veja, com base no processo em que se separou de Ana Cristina Siqueira Valle. Ela o acusou de ocultar da Justiça Eleitoral, em 2006, três casas, um apartamento, uma sala comercial e cinco lotes. E de ter rendimentos superiores ao triplo do salário de deputado somado aos proventos de militar da reserva. Quem pagava o extra?  [a suposta acusadora já declarou em diversas entrevistas que mentiu ao fazer as acusações, atribuindo tal conduta ao fato de durante um processo de separação ser comum a troca do que ela chama de cotoveladas.
Assim, não tem como prosperar as acusações apresentadas por Ana Cristina, que inclusive tece elogios ao capitão.]  Ela não esclarece. Ainda o acusa de ter furtado, do cofre dela no Banco do Brasil, R$ 600 mil, mais US$ 30 mil, mais jóias. E de tê-la ameaçado de tal maneira que ela foi morar na Noruega.  Verdades ou mentiras? O fato é que o processo estava arquivado e Veja teve que desarquivá-lo. Ana Cristina hoje apoia Bolsonaro, mora no Brasil, diz que exagerou na ação e adotou o nome eleitoral de Cristina Bolsonaro.



Com quem andas

Haddad, ele mesmo denunciado na Operação Lava Jato, não quis ficar só: o tesoureiro de campanha que escolheu, Francisco Macena, também é réu. Acusação: receber R$ 2, 6 milhões de pixuleco da empreiteira UTC para pagar dívidas de campanha. Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, reforça as denúncias de uso intensivo do caixa 2. Três tesoureiros do PT foram condenados e há outros dois citados por delatores.



Do zero ao infinito

Mas o grande problema atual da chapa do PT não é a corrupção. É a capa da revista IstoÉ desta semana: mostra como o ex-presidente Lula, cumprindo pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, de dentro da prisão comanda a campanha de Haddad; “De lá”, diz a revista, “o petista articula a cooptação de caciques regionais e até entregas de dinheiro por meio de jatinhos”.  Um caso, com nomes citados: “Ao descobrir que um dos motores da candidatura de Ciro no Maranhão era o deputado Weverton Rocha (PDT-MA), candidato ao Senado, Lula, por meio de Gilberto Carvalho, enviou uma importante mensagem a Valdemar Costa Neto (ex-presidente nacional do PTB, preso em regime semi-aberto): ‘Faça chegar dinheiro à campanha de Weverton Rocha’. O deputado, conforme informações colhidas por Lula da prisão, precisava de R$ 6 milhões para deslanchar sua campanha. (…) Valdemar deflagrou a operação para o envio do dinheiro ao Maranhão”. A verba foi enviada num avião Cirrus, a serviço da empreiteira CLC, diz IstoÉ. O avião caiu em Boa Viagem, Pernambuco, mas sem vítimas nem danos à carga. O dinheiro, completa a revista, foi entregue ao candidato, que então cortou o apoio a Ciro e o deu a Haddad.


A revista publica textos de bilhetes, diz quem são os portadores que vão à prisão ver o Chefe e lá recebem as mensagens de comando aos políticos da aliança. Na campanha, pelo que está publicado em IstoÉ, só resta um papel a Haddad: fingir que ele não é ele, mas Lula. Não lhe deve ser difícil.



Ruim até para Alckmin

Este é um fim de semana de más notícias para os candidatos — até para os que estão com as intenções de voto lá em baixo. Alckmin, por exemplo, que imaginava estar deslanchando a essa altura da campanha, pelo domínio do tempo de TV, ainda encontrou espaço para levar mais uma pancada — e em Goiás, onde os tucanos estão no poder há longo anos, onde o candidato do partido ao Senado, Marconi Perillo, é também um dos coordenadores da campanha tucana à Presidência. Na manhã de sexta-feira, a Polícia Federal desfechou a Operação Cash Delivery, que investiga pagamentos irregulares a agentes públicos. Um dos alvos da Cash Delivery é Marconi Perillo, citado em delações de executivos da Odebrecht. A defesa do governador (e candidato ao Senado) afirmou que a operação foi desfechada agora para prejudicar a campanha. De acordo com as delações, Perillo teria obtido duas doações da Odebrecht, uma de R$ 2 milhões, em 2010, outra de R$ 10 milhões, em 2014. Se não se eleger, Perillo perde o foro privilegiado.



A facada e a leitura

Depois do atentado a Bolsonaro, a leitura de artigos sobre ele triplicou: é o que indica a pesquisa da Taboola, plataforma internacional de descoberta de conteúdo, líder mundial no setor.  A leitura on-line passou de 7,6 milhões para 20,71 milhões em um mês. As datas de maior crescimento foram a do atentado, dia 7, e a da segunda cirurgia de emergência, dia 13.