Juiz em trânsito
Moro disse:
– Eu, aqui, faço uma respeitosa divergência, não me vejo ingressando na política, ainda como um político verdadeiro. Para mim, é um ingresso num cargo que é predominantemente técnico.
E em seguida reforçou:
– Não pretendo jamais disputar qualquer espécie de cargo eletivo. Mas Ministério da Justiça e de Segurança Pública, pra mim, eu estou em uma posição técnica, pra fazer o meu trabalho.
Ministério algum é só técnico ou eminentemente técnico. Muito menos o da Justiça. Ali, Moro terá que tomar decisões políticas e atender a políticos que irão lhe pedir ou se queixar de um monte de coisas. E o ministro não terá como dizer: “Não, isso não é comigo”. Não poderá delegar decisões que unicamente lhe competem. Salvo se preferir ser chamado de omisso ou pretender durar pouco no lugar.
Ou Moro não entendeu ainda o papel de ministro de Estado ou está se fazendo de desentendido. Ou é bobo ou se faz de bobo. Ou melhor: pensa que que o distinto público bobo é. Quanto à promessa de “jamais disputar qualquer espécie de cargo eletivo”, o melhor é Moro não prometer mais nada. Ele também havia dito que não despiria a toga para servir a governos. É o que fará.
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