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terça-feira, 6 de novembro de 2018

Ou Moro é bobo ou se faz

Juiz em trânsito

Esta tarde, em entrevista coletiva de imprensa convocada por ele, o juiz Sérgio Moro, em transição para o governo Jair Bolsonaro, poderá explicar melhor o que disse ontem em meio a uma palestra que deu em Curitiba.
Moro disse:
– Eu, aqui, faço uma respeitosa divergência, não me vejo ingressando na política, ainda como um político verdadeiro. Para mim, é um ingresso num cargo que é predominantemente técnico.

E em seguida reforçou:
– Não pretendo jamais disputar qualquer espécie de cargo eletivo. Mas Ministério da Justiça e de Segurança Pública, pra mim, eu estou em uma posição técnica, pra fazer o meu trabalho.

Ministério algum é só técnico ou eminentemente técnico. Muito menos o da Justiça. Ali, Moro terá que tomar decisões políticas e atender a políticos que irão lhe pedir ou se queixar de um monte de coisas.  E o ministro não terá como dizer: “Não, isso não é comigo”. Não poderá delegar decisões que unicamente lhe competem. Salvo se preferir ser chamado de omisso ou pretender durar pouco no lugar.

Ou Moro não entendeu ainda o papel de ministro de Estado ou está se fazendo de desentendido. Ou é bobo ou se faz de bobo. Ou melhor: pensa que que o distinto público bobo é.  Quanto à promessa de “jamais disputar qualquer espécie de cargo eletivo”, o melhor é Moro não prometer mais nada. Ele também havia dito que não despiria a toga para servir a governos. É o que fará.

Blog do Noblat - Veja
 

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Delegado da PF critica interferência de Janot na PF e sugere que procurador-geral pode estar agindo a serviço do governo



Aumentou a temperatura do confronto entre membros do Ministério Público e da Polícia Federal. Eduardo Mauat da Silva, delegado da PF que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, que está em Curitiba, acusou abertamente Rodrigo Janot de “tolher a investigação”. Não ficou só aí: sugeriu, em entrevista coletiva, que o procurador-geral da República pode estar atuando politicamente: “Houve, por parte do doutor Janot, uma iniciativa de tolher as investigações da Polícia Federal. E nós queremos que ele explique à sociedade o porquê disso”. A pedido do chefe do MP, o ministro Teori Zavascki, do Supremo, suspendeu a tomada de depoimento de parlamentares em sete inquéritos.

Mauat não economizou: “[Janot] ocupa um cargo político, foi indicado pelo governo, e não poderia interferir numa investigação da PF. São questões que precisam ser explicadas”. [o delegado não mencionou que Janot está terminando seu primeiro mandato, quer ser reconduzido e para conseguir seu intento precisa apenas do apoio de uma pessoa: Dilma Vana Rousseff.
Talvez, para alcançar esse objetivo Janot esqueceu o significado de investigar e processar passando a considerar os dois verbos com idênticos significados.]

O delegado afirmou ainda que os membros da Polícia Federal que integram a força-tarefa em Curitiba não recebem com regularidade a ajuda de custo de R$ 200 para estadia e refeição: “Os policiais estão tirando dinheiro do bolso. Você pode matar uma operação à míngua se tirar os recursos dela”.

Por: Reinaldo Azevedo





segunda-feira, 16 de março de 2015

Na tentativa de explicar, ministros ampliam confusão



O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, adota tom institucional e reconhece força dos protestos, mas Miguel Rossetto, da Secretaria Geral da Presidência, fala como manifestante inflamado

O governo escalou os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria Geral da Presidência) para responder às manifestações contra a presidente Dilma Rousseff e o PT deste domingo (15), mas não conseguiu evidenciar qual a estratégia do Planalto para lidar com a crise. Enquanto Cardozo fez uma fala institucional e buscou o equilíbrio entre os interesses do Planalto e a insatisfação dos milhares de brasileiros que foram às ruas, Rossetto adotou a postura de um militante petista indignado com os eventos.

Cardozo foi o primeiro a falar, antes de começar a entrevista coletiva. Ele reconheceu a legitimidade dos protestos, não minimizou nem ridicularizou os manifestantes, não insistiu no famoso "nós contra eles" do PT, e disse que Dilma quer o diálogo. "Estamos abertos a ouvir propostas". O ministro da Justiça também reforçou o combate à corrupção como bandeira do Planalto e a necessidade de uma reforma política. “O governo está aberto a ouvir as vozes daqueles que protestam e daqueles que aplaudem”, disse.

O discurso de Cardozo marcou uma inflexão importante na postura adotada pelo PT e pelo governo na semana passada, após o “panelaço” em protesto ao pronunciamento de Dilma no domingo (8) pelo Dia Internacional da Mulher. Na ocasião, os dirigentes petistas chegaram a acusar a oposição de ter “financiado” o panelaço.

Protestos escancaram desgaste do PT
Imediatamente após a fala de Cardozo, no entanto,  Rossetto subiu o tom e atacou o que chamou de “golpismo” e de “intolerância”. Segundo ele, os protestos deste domingo (15) reuniram apenas manifestantes que não votaram em Dilma no ano passado. Ele também insistiu na tecla de que o Planalto está empenhado no combate à corrupção e que não vê necessidade de grandes mudanças. Por fim, pregou a necessidade da reforma política como solução para todos os males que hoje afligem o governo.

No jargão do marketing político, Cardozo “falou para fora”, para os “não convertidos”, e Rossetto falou “para dentro”, para a militância que precisa de combustível para continuar defendendo Dilma. O resultado final foi ruim.  Conforme apurou ÉPOCA, no saldo final, o Planalto considerou que a iniciativa de colocar os dois ministros, lado a lado, para dar respostas aos protestos fracassou porque gerou mais ruído num momento em que o país espera uma mensagem clara do que pretende a presidente Dilma e seu governo.

Fonte: Época OnLine