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domingo, 10 de abril de 2016

"Negociata no cartão"


Houve um tempo em que se fazia política com base no chamado “fio do bigode”. 

Composições eram construídas em torno de interesses comuns e seladas a partir da confiança e de compromissos verbais. Havia negociação, ganha-ganha e, desde que o mundo é mundo, corrupção. Mas existia também uma espécie de código de honra e a palavra dos políticos ainda tinha crédito na praça. Hoje, a regra é a venalidade e crédito passou a ser apenas uma modalidade de pagamento em um amplo mercado de votos. 

Diante da ameaça do processo de impeachment, por exemplo, as forças governistas assumiram abertamente a posição de compradoras. Instalaram um balcão em um hotel brasiliense e fazem ofertas generosas (em cargos e verbas oficiais) a quem se propuser a emprestar sua voz (ou seu silêncio) a Dilma na votação do plenário da Câmara. A inovação do processo é a forma de pagamento: como numa compra à vista com cartão, o governo quer levar a mercadoria no ato e pagar apenas um mês depois. Foi a própria presidente Dilma quem avisou. Mudanças no ministério e nomeações de apoiadores só após a votação.

Dilma, evidentemente, não quer correr riscos com eventuais traidores. Como sabe com quem está lidando, não aceita tratos no fio do bigode. Para ela, a regra é a desconfiança. O que pode lhe custar caro é o fato de ter dito o que disse em meio ao processo de negociações. Nesse clima, é de se compreender que muitos dos interlocutores de sua tropa de choque se julguem também no direito de desconfiar da intenção do governo de, uma vez ganhando a parada, pagar a conta assumida antes da votação. Dilma e o PT têm histórico de inadimplência política – sobretudo com o eleitor, a quem venderam uma candidatura ilusória e entregaram uma gestão incompetente e desvinculada de seus compromissos de campanha. 

Ao trazer Lula de volta para o círculo governamental, Dilma procurou emprestar dele um pouco da credibilidade que um dia ele exibiu ao fazer acordos políticos. Ocorre que os fios da barba do ex-presidente também já não valem o que já valeram no passado. Assim, tem muita gente do lado vendedor que prefere receber antes e entregar depois.

Eis um dilema típico das negociatas. A desconfiança é a mola da traição, o ovo da serpente que envenena relações nas organizações criminosas. Pode ter o mesmo efeito no ambiente meramente “comercial” do comitê de salvação de Dilma. Até porque, pelos cálculos de políticos experientes, os prepostos da presidente, com sua generosidade nas ofertas de compra de aliados, estão promovendo uma espécie de pedalada política. Mesmo após ter criado mais três mil cargos de confiança apenas esse ano (isso depois do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, ter prometido reduzi-los em nome da austeridade fiscal), tem ficado claro a muitos que alguns postos já foram negociados com diversos interlocutores e que, com isso, o limite de “crédito” do cartão que Dilma emprestou a Lula já estourou há algum tempo.  

 Fonte: Isto É - Luiz Fernando Sá, diretor de mídias digitais e projetos

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Microcefalocracia, pode ser a causa da desorientação da presidente Dilma – doença grave, ainda sem cura e que pode exigir o afastamento da mandatária



O principal sintoma dessa doença é a capacidade reduzida de usar o cérebro no exercício do poder
Microcefalocracia é um mal que acomete países, Estados ou cidades, infectando os poderes constituídos e suas autoridades nos diversos poderes. Os sintomas são claros e fáceis de detectar. O mais característico e que por isso acaba sendo usado para batizar a moléstiaé a capacidade reduzida de uso do cérebro no exercício do poder, resultando em governantes e parlamentares inaptos. Trata-se de uma síndrome com diversas formas de manifestações que em alguns pacientes aparecem de forma combinada e assoladora. Falta de visão, incapacidade de ouvir, pensamento pequeno, insensibilidade ao problema alheio, dificuldade em se expressar (em alguns indivíduos, essa deficiência pode aparecer em sentido oposto, com extrema facilidade de expressão, mas com discurso alienado do real – [ levando até mesmo a que se cogite  que a autoridade utilizada um idioma alienígena].) estão entre elas. Há também a ocorrência de complicações psiquiátricas, como a negação da realidade, episódios de delírio, tendências de comportamento megalomaníaco e sensação de onipotência.

Um dos principais aspectos do portador da microcefalocracia são as baixas taxas de espírito cívico e autocrítica. O microcefalocrata não consegue planejar em longo prazo e atua de forma obsessiva na preservação de seu poder. Mudanças de opinião súbitas, bipolaridade, compulsão por privilégios, talvez provocadas pela redução da capacidade cerebral, são identificadas com frequência entre os portadores da síndrome. Também bastante comum nesses quadros é a mitomania, transtorno psicológico caracterizado por contar mentiras, algumas bem aceitas socialmente – em casos mais sérios, pode levar a pessoa a ter dificuldade em separar o verdadeiro do fictício.

A microcefalocracia se alastra rapidamente. Algumas regiões do Brasil já apresentam situação de infestação endêmica. A transmissão se dá através da picada da mosca azul do poder, que se reproduz com extrema facilidade em repartições, gabinetes públicos, palácios e parlamentos, sejam municipais, estaduais ou federais. O vetor alimenta-se de ambição e propina e os maiores exemplares da espécie foram observados no Planalto Central brasileiro. Também são descritas grandes quantidades de casos de transmissão oral, já tendo sido registrados inclusive em gravações feitas por autoridades policiais, digo, sanitárias.

 Cleptomaníacos estão entre os mais suscetíveis a adquirirem a moléstia.
Do ponto de vista físico, a microcefalocracia não costuma provocar danos aos seus portadores. Ao contrário, muitos deles, ao longo do tempo, costumam exibir sinais exteriores de prosperidade, tornam-se mais vaidosos e ganham peso. Os efeitos colaterais costumam atingir o ambiente ao seu redor e aqueles que dependem de suas decisões. E, então, são devastadores.  

A queda da imunidade social, por exemplo, é uma das decorrências mais relevantes. Por conta dela, todo um país pode ficar sujeito a manifestações oportunistas de pragas que se julgavam extintas, mas que estavam apenas incubadas à espera de um momento de fragilidade de organismos políticos, econômicos e sociais. Desemprego, sarampo, inflação, chikungunya, déficits orçamentários, zika... A microcefalocracia atua em um processo degenerativo de instituições e cidadãos

Estes perdem empregos, entram em depressão, tornam-se alvo de desgraças produzidas pelos microcefalocratas e, quando procuram ajuda num órgão público, encontram o estado dilapidado e sem condições de lhes dar atendimento digno.

Ainda não se descobriu cura para a microcefalocracia. Há, no máximo, paliativos como a reclusão dos governantes infectados em instituições corretivas. O combate à mosca azul do poder é imperativo e deve ser feito com a desinfecção dos ambientes em que ela se reproduz. É trabalho que leva tempo e exige empenho de todos. A lei e o voto são antídotos eficientes, mas precisam ser aplicados nas doses corretas. O primeiro pode ser usado desde já. O segundo, a partir do ano que vem. O caso do Brasil é de urgência.

Fonte: Luiz Fernando Sá – Diretor de Mídias e Projetos da Editora Três