J. R. Guzzo
Petista, a esquerda e os extremistas que estão no governo querem impor ao Brasil coisas que a maioria das pessoas não quer
O presidente Lula acha que a Câmara de Deputados
está atrapalhando o seu governo; ele tem a solução para todos os
problemas do Brasil, mas não pode “fazer nada”, porque a Câmara “não
deixa”.
A culpa por tudo, logo no começo, era da “herança maldita” que
Lula teria recebido do governo anterior – uma negação flagrante de todos
os números e fatos disponíveis quando ele assumiu a Presidência, da
inflação ao desemprego, da balança comercial ao lucro das estatais.
Depois veio o Banco Central:
os juros altos, segundo Lula, impedem que o governo faça qualquer coisa
capaz de melhorar o País. O problema, agora, é a Câmara. Os deputados
não aprovam os projetos que ele apresenta. Aprovam, por outro lado, tudo
o que ele não quer. Lula fez as contas: a esquerda, como ele disse, tem
136 deputados, no máximo, num total de 513, e com os deputados que tem o
seu governo não consegue ir a lugar nenhum nas votações em plenário.
Não
passa pela cabeça do presidente da República que seu partido, mais os
satélites, só têm um quarto da Câmara porque três quartos do eleitorado,
nas últimas eleições, votaram contra ele na escolha dos deputados.
Votaram contra as propostas da esquerda.
Não gostam das suas ideias. Não
querem as mesmas coisas.
Seu Brasil não é o Brasil de Lula, do PT
e da esquerda.
É disso que se trata, e apenas disso: a grande maioria
do povo brasileiro é contra o projeto que ele tem para o País, e sua
vontade está expressa na composição da Câmara dos Deputados.
Eles não
estão ali porque foram nomeados. Estão ali porque o povo quis que
estivessem.
Podem não ser os seus melhores representantes, mas são os
únicos que existem; não há outra maneira de se dar voz e algum poder de
decisão às pessoas a não ser com a eleição de um parlamento.
Se a Câmara
é assim, é porque o eleitorado quis assim.
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Lula,
a esquerda e os extremistas que estão no seu governo querem impor ao
Brasil coisas que a maioria do eleitorado não quer, simplesmente – é
esse o começo, o meio e o fim do problema.
O presidente pode comprar
apoio, é claro – já gastou, nestes cinco meses, R$ 5 bilhões em
“liberação de recursos” para os deputados.
Mas essas coisas nunca
fornecem resultado garantido; há a venda de votos, mas nem sempre há a
entrega do combinado. Fazer o que?
A única saída, para acabar mesmo com o
problema, é cassar os mandatos dos deputados da oposição – quem sabe
Lula não chega lá, em parceria com o TSE? Enquanto houver TSE, eleição no Brasil não vale nada; mandato de deputado, então, vale menos ainda.
Acabaram de cassar o mandato do deputado Deltan Dallagnol, o mais votado do Estado do Paraná, porque o Sistema Lula quis se vingar da sua atuação nos processos da Lava Jato;
não houve o menor vestígio de legalidade na decisão. É só continuar
nessa batida.
Se cassarem mais uns 150, por aí, Lula vai ter, enfim, uma
Câmara do jeito que quer. [será que os não eleitos, os sem votos que cassam o mandato dos eleitos, os com votos = aguentam? dão conta do desgaste de cassar dezenas dos representantes do Povo?]
J. R.Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo]