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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Ideias fora de lugar

O Santo Guerreiro precisa do Dragão da Maldade: a ausência de Lula tende a esvaziar o discurso de Jair Bolsonaro

As ideias já estavam fora de lugar antes da condenação de Lula pelo TRF-4 e sua consequente inelegibilidade. O voto unânime dos três magistrados mudou radicalmente o panorama político-eleitoral. As ideias moveram-se junto com os votos, girando 180 graus — e continuaram fora de lugar. Não era verdade, antes, que as eleições presidenciais necessariamente ficariam reféns da polarização entre populistas de esquerda e de direita. Não é verdade, agora, que o espectro dos populismos simétricos tenha sido conjurado. 

Agora, como antes, o enigma situa-se em outro lugar: a crise do centro político no Brasil.
Antes da sentença do TRF-4, as sondagens atribuíam a Lula algo em torno de 35% das intenções de voto, enquanto Jair Bolsonaro atingia cerca de 15%. [ledo engano: Lula  representava apenas uma das coisas que o Governo JAIR MESSIAS BOLSONARO precisava remover.
Outras coisas precisam ser removidas, extintas, corrigidas pelo Governo Bolsonaro e com certeza não haverá falta de dragões da maldade para eliminação durante o Governo que vai consertar o Brasil;
ALGUNS EXEMPLOS de coisas que precisam ser corrigidas seja por ajustes severos ou extinção:
- as cotas disso e daquilo, começando pelas raciais que mais afrontam o mérito;
- acabar com esse negócio de 'ditadura de minorias';
- acabar com aberrações que ofendem a FAMÍLIA, a MORAL, os BONS COSTUMES, os VALORES CRISTÃOS e tudo que representa o BEM e é visto como mal;
- revogar o Estatuto do Desarmamento; 
uma série de providências buscando o combate ferrenho à criminalidade com aumento de penas, revogação de absurdos inseridos na Constituição vigente e que impedem que bandidos sejam condenados à pena de morte, à pena de prisão perpétua, a pena com trabalhos forçados, absurdos que impedem que um bandido fique encarcerado por mais de 30 anos consecutivos.
Defendemos todas essas medidas e muitas outras e confiamos que serão também defendidas pelo futuro presidente.
DETALHE: não somos favoráveis a um Governo Plebiscitário, mas, em alguns casos que impõem a necessidade de urgentes correções no texto constitucional, a realização de um Plebiscito é, a nosso ver, inteiramente válida.
Mas, lembrando que PLEBISCITO é, e sempre será, a exceção.
Um aviso que entendemos oportuno: não representamos, nem pretendemos representar,  o deputado JAIR MESSIAS BOLSONARO.
Quando expomos o que entendemos será feito pelo futuro presidente, cuja candidatura defendemos e apoiamos dentro das nossas possibilidades, não estamos falando em nome do futuro presidente e sim em NOSSO NOME, defendendo ideias nossas e que são compartilhadas - qualquer comparação entre o que defendemos e as ações e posições de deputado Bolsonaro comprova tal compartilhamento entre o quye desejamos e o futuro presidente apoia.] 

O número relevante, que passava quase imperceptível, era 50% — não a soma dos potenciais eleitores de ambos, mas a metade do eleitorado avesso às duas alternativas populistas. Num cenário em que a massa menos informada dos cidadãos só sabia da existência daquelas duas candidaturas, 50% declaravam rejeitá-los. O espaço para uma candidatura vitoriosa de centro ampliou-se, obviamente, com a virtual destruição da postulação de Lula. Mas o centro não triunfará se persistir na sua crônica incapacidade de formular um discurso político popular.

O outono do lulismo reflete-se na fragmentação do campo do populismo de esquerda. Ciro Gomes (PDT), Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos, presumível candidato pelo PSOL, já disputam seu espólio eleitoral, enquanto o PSB tenta atrair o interesse de Joaquim Barbosa.  [os nomes acima, destacados  em vermelho, representam tudo que não serve para o Brasil.]  Tudo indica, porém, que o PT erguerá uma candidatura própria. Nutrido a partir da campanha fantasmagórica de Lula, que promete a restauração de uma mítica “idade de ouro” e exibe-se como vítima da “perseguição das elites”, mister X, o candidato do PT, tem chances apreciáveis de ultrapassar a barreira do primeiro turno. [o codinome do pretenso substituto do condenado Lula, deixa claro que se trata de prestidigitação eleitoral.
Oficializar os eleitores de Lula na categoria de palhaços.] Nessa hipótese, uma imagem holográfica de Lula reunificaria, no segundo turno, o bloco do capitalismo de compadrio, do corporativismo e do paternalismo estatal.

Na ponta oposta (ao menos, aparentemente), o populismo de direita apresenta-se unificado desde o início. Bolsonaro investiu no promissor mercado eleitoral do ódio ao lulismo, mesclando sua alma original ultranacionalista a uma agenda ultraliberal fornecida por seitas ideológicas das catacumbas da internet. O Santo Guerreiro precisa do Dragão da Maldade: a ausência de Lula tende a esvaziar o discurso de Bolsonaro. 

Contudo, por enquanto, sua candidatura progride, alimentada pela ilusória candidatura de Lula. Dias atrás, num evento patrocinado pelo BTG Pactual, o sombrio deputado [deputado JAIR MESSIAS BOLSONARO, o mais votado no Rio de Janeiro e que se encontra no sétimo mandato] foi ovacionado por mais de dois mil investidores, uma reiterada comprovação de que a idiotia política e a habilidade para ganhar dinheiro não são mutuamente excludentes.

Mister X (Lula em holografia ou Ciro Gomes, ou mesmo Boulos) versus Bolsonaro? Mesmo agora, não pode ser descartada a hipótese de um tóxico segundo turno, uma “escolha de Sofia” entre a tradição varguista e a nostalgia da ditadura militar, uma recusa absoluta a encarar os dilemas do presente. Contudo, só seremos arrastados a essa encruzilhada impossível se o centro político concluir sua trajetória de implosão.

O PSDB avançou, de olhos abertos, rumo ao abismo engalfinhando-se durante 15 anos nas estéreis lutas intestinas entre seus caciques, firmando um pacto faustiano com Eduardo Cunha em nome do impeachment e, finalmente, perfilando-se com o Aécio Neves do malote de dinheiro da JBS. Mas o colapso tem raízes mais profundas: desenhou-se lá atrás, quando o partido de FHC não soube formular uma política social alternativa ao programa paternalista de estímulo ao consumo privado conduzido pelo lulismo triunfante. O vazio de ideias da candidatura de Geraldo Alckmin espelha um impasse antigo, que se manifesta agonicamente nas periódicas celebrações tucanas dos aniversários do Plano Real.

“Exemplo de lealdade no ninho: enquanto Alckmin tenta consolidar sua candidatura, FHC busca um Macron para chamar de seu”, disparou um obscuro deputado petista, acertando o alvo. Duvidando do candidato tucano, FHC descreve círculos especulativos ao redor da potencial candidatura de Luciano Huck, qualificando-a como “boa para o Brasil”, capaz de “arejar” o cenário e “botar em perigo a política tradicional”. O Macron da França surgiu no vórtice de uma crise dramática, criou um partido centrista viável e ofereceu à nação um ousado projeto de reformas econômicas, sociais e institucionais. Já o Macron de FHC emerge como fenômeno exclusivamente midiático: uma estrela brilhante na constelação das celebridades.

Macron — como, em circunstâncias nacionais diferentes, o argentino Mauricio Macri e o partido espanhol Cidadãos — evidencia que o centro político é capaz de se reinventar diante do desafio populista. O Macron de FHC é o exato oposto disso: um atestado de falência do nosso centro político.

Demétrio Magnoli

 

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Tanto pró e tanto contra

Dizem alguns analistas: a necessidade da reforma da Previdência é tão óbvia que, certamente, acabará sendo feita

Foram ruins os principais indicadores da economia real em agosto. A produção industrial caiu, o comércio vendeu menos e os serviços prestados às famílias e aos negócios perderam volume. Para fechar a sequencia negativa, ontem o Banco Central divulgou seu Índice de Atividade Econômica: queda de 0,38% no mesmo período, pior que o esperado.

Como explicar então a melhora nos índices de confiança e nas expectativas de crescimento para este ano e o próximo?  Não se trata de patriotada do governo. Aqui no Brasil, consultorias, departamentos econômicos de bancos e associações, todos se declaram mais animados em relação aos próximos meses. Mesma posição tomada por instituições internacionais, como o FMI e Banco Mundial, e companhias multinacionais.       
Há bases para esse moderado otimismo. Aqui: além da clara mudança de política econômica, para melhor, registra-se a inflação muito baixa e a consequente queda da taxa real de juros. Dá-se como certo um período longo de juros baixos - até 2019, pelo menos  – uma mudança e tanto na economia brasileira tão acostumada, e viciada, com juros na lua. Isso terá impacto positivo no consumo e no investimento. Lá fora, é muito bom o desempenho dos principais países e, especialmente, do comércio global, que apresenta um ritmo de crescimento  como há tempos não se via.
As altas frequentes das bolsas americanas, com sucessivas quebras de recorde, exprimem esse bom humor global. Mas por que mesmo o mercado americano vai tão bem? Se você não sabe, não se preocupe. O prêmio Nobel de economia, Richard Thaler, também não sabe. Disse ele (tradução livre): "quem poderia imaginar que o mercado continuaria em alta durante este que é o tempo de maior incerteza de minha vida? Não pode ser a certeza de que haverá um maciço corte de impostos (nos EUA), dada a inabilidade do Congresso republicano em agir de modo coordenado. De modo que não sei de onde vem isso."
Thaler ganhou o Nobel com a tese de que as pessoas (e, pois, as empresas, o governo, as instituições) tomam frequentemente decisões irracionais. Logo, para ele, não é surpreendente que o mercado possa estar equivocado nessa já longa alta nas bolsas americanas (oito anos!). Por outro lado, há analistas e operadores para os quais a economia mundial pode estar mais aquecida do que pensa o FMI - instituição que recentemente reviu para cima suas projeções de expansão para quase todos os países.
Argumentos: juros baixos ainda por algum tempo; inflação no chão; empregos e, pois, renda total em alta; famílias, empresas e governos com dívidas reduzidas e controladas; investimentos em novas tecnologias (carros elétricos e autônomos, internet das coisas); EUA, China, Europa e Japão entregando crescimento e, pois, demanda global. O que queriam mais? Pode-se devolver a questão com outras perguntas: e se Trump fizer alguma besteira das grandes? Ele tanto pode provocar um conflito com a Coréia do Norte quanto explodir o déficit público americano, gerando inflação e juros, problema que se espalharia mundo afora. Há pressões nacionalistas e/ou protecionistas por toda parte (Brexit, Catalunha, por exemplo)  que podem colocar areia na máquina da economia global. O próprio Trump pode derrubar acordos regionais e internacionais, reduzindo o comércio global.
 Também há incertezas por aqui, todas no campo da política. A sequência do ajuste da economia brasileira - que está atrasada em relação às demais - depende de um amplo conjunto de leis, ou seja, de entendimento entre o governo e o Congresso, de modo a se formar uma maioria pró-reformas. Quem pode garantir que isso vai acontecer? Dizem alguns analistas: a necessidade da reforma da previdência é tão óbvia que certamente acabará sendo feita. Um dia as pessoas hão de entender essa necessidade, agora, nesse resto de governo Temer, ou no próximo.
Aliás, já se ouve por aqui que não será problema se a reforma ficar para o próximo presidente. Mas vai daí que o tema deverá constar da próxima campanha presidencial - e o que temos visto para 2018? O eleitor brasileiro está mais para escolher um Macron ou um tipo Trump do sul?  Em resumo, há boas razões para a expansão da economia global e a recuperação da brasileira. As expectativas dominantes hoje estão nesse lado, o lado pró-racionalidade, tipo "no fim vai dar certo".
 Mas as incertezas também estão aí e Thaler pode ter razão ao desconfiar que as pessoas podem estar fazendo a coisa errada.  Vai depender do que? Do que as pessoas fizerem, aqui e lá fora. Isso te anima?

Fonte: Carlos Alberto Sardenberg, jornalista