Gazeta do Povo
A taxa de aprovação do governo Joe Biden beira os 30%, uma das menores da história. Não é por acaso. Biden já é o pior presidente americano, pior até do que Jimmy Carter.
Sua geopolítica é um fiasco total, com a saída atabalhoada do Afeganistão e a guerra da Rússia contra a Ucrânia. E sua gestão econômica é um desastre.
A inflação bate recordes e é a mais alta em quarenta anos.
Diante deste preocupante quadro, o que faz o presidente americano? Resolve enaltecer os sindicatos e ameaçar as grandes empresas com aumento de impostos!
É a receita perfeita para quem quer mesmo um desastre.
Biden fez um discurso esta semana para sindicalistas, afirmando que os sindicatos são a raiz da classe média americana. Para Biden, não foi Wall Street que construiu a nação, mas sim a classe média que, por sua vez, foi criada graças aos sindicatos. Nada mais longe da verdade!
Se Biden quer ver o resultado de um país mais sindicalizado, ele poderia começar pelo Brasil. Em nosso país, os sindicatos possuem o poder que Biden gostaria de ver nos Estados Unidos, enquanto o mercado de capitais, ao contrário, é bem menos desenvolvido. Em meio a uma crise preocupante, Biden resolve declarar guerra aos negócios e ao livre mercado! "O poder sindical é essencialmente o poder de privar alguém de trabalhar pelo salário que uma pessoa estaria disposta a aceitar", disse o austríaco Friedrich von Hayek, Prêmio Nobel de Economia. Sindicatos criam reservas de mercado que punem os trabalhadores e geram alta de preços. Não por acaso cada vez menos trabalhadores são sindicalizados na América.
A economia de mercado pode ser descrita também como a democracia dos consumidores. Os empreendedores e capitalistas não são autocratas que determinam o que deve ser produzido independentemente da demanda. Eles estão sujeitos à soberania dos consumidores. São estes que, em última instância, decidem quais produtos serão os vencedores no mercado. Os sindicalistas gostariam de mudar isso, transformando tudo numa “democracia dos produtores”. A ideia é enganosa, como define Mises em Ação humana, já que o propósito da produção é o sempre o consumo.
O que mais incomoda os sindicalistas no sistema capitalista é sua suposta frieza na busca pelo lucro. Mas o que eles ignoram é que essa busca é precisamente o que garante a supremacia dos consumidores. Sob a competição do livre mercado, os empresários são forçados a melhorar suas técnicas e oferecer os melhores produtos pelos menores preços. Por isso eles são levados a pagar somente o salário de mercado, ou seja, aquele decorrente da produtividade do trabalhador, sujeito às leis da oferta e demanda. Se um trabalhador pede aumento porque sua mulher teve mais um filho, e seu empregador nega alegando que o nascimento do filho em nada acrescenta à produtividade da empresa, ele age em função dos melhores interesses de seus consumidores.
Afinal, esses consumidores não estão dispostos a pagar mais pelo produto porque o trabalhador aumentou sua família.
A ingenuidade dos sindicalistas se manifesta no fato de que eles mesmos nunca aceitariam o mesmo argumento na compra dos produtos que eles consomem.
O sindicalista enquanto consumidor não questiona nas lojas se o bem foi produzido por empregados com poucos ou muitos filhos.
Ele quer o melhor produto pelo menor preço.
E quando ele exerce essa escolha, ele próprio está definindo como o empregador deve agir, sempre mantendo o menor custo possível, o que abarca um salário de acordo apenas com o valor agregado pelo trabalhador.
Uma característica presente na mentalidade sindicalista é o foco no curto prazo. Para os sindicalistas, a empresa tem um lucro que pode ser dividido entre seus empregados. A função de empresário é vista como sem valor, uma “exploração” que permite a apropriação indevida da “mais-valia”. O sindicalista ignora completamente o fato de que as condições de mercado estão em constante mudança e decisões fundamentais, que podem selar o destino da empresa, precisam ser tomadas diariamente. A visão sindicalista é estacionária. Portanto, o sindicalismo ignora os problemas essenciais do empreendedorismo, como a alocação de capital entre os diferentes setores, a expansão de indústrias já existentes, o desenvolvimento tecnológico etc. Tudo é tomado como certo pelos sindicalistas, que desejam apenas uma divisão diferente daquilo já existente. Como Mises conclui, não seria injusto chamar o sindicalismo de uma filosofia econômica de pessoas com visão limitada.
A essência das políticas sindicais é sempre garantir privilégios para um grupo minoritário à custa da imensa maioria.
O resultado invariavelmente será reduzir o bem-estar geral.
Os sindicatos tentam criar barreiras contra a competição entre trabalhadores, com o objetivo de garantir privilégios para aqueles já empregados.
Quando esses obstáculos são erguidos (como salário mínimo, necessidade de diplomas, restrições de horas trabalhadas e inúmeras outras regalias), o que os sindicatos fazem é dificultar a entrada de novos trabalhadores, que poderiam aceitar condições menos favorecidas. O resultado prático disso é maior desemprego na economia, assim como preços mais altos para os consumidores.
Ninguém precisa defender as ideias sindicalistas, muitas vezes impregnadas de violência, para se sensibilizar com as condições dos trabalhadores pobres. Na verdade, pode ser exatamente o contrário. A melhor garantia que esses trabalhadores têm para mudar de vida está no sistema capitalista de livre mercado. Com o foco nos consumidores, os empresários terão que investir em tecnologias que aumentam a produtividade do trabalho. Os salários terão aumento relativo aos preços dos produtos finais, lembrando que todos são consumidores. Os empresários no capitalismo desejam atender às demandas das massas, pois somente assim terão expressivos ganhos de escala. Os produtos de luxo serão sempre mais limitados, voltados para um público menor que aceita pagar bem mais caro.
Por isso os trabalhadores de países capitalistas desfrutam de condições bem melhores que aquelas encontradas em países socialistas. Não adianta achar que imposições legais vão melhorar a vida dos trabalhadores. A solução para isso não está no decreto estatal, mas sim no próprio progresso capitalista. Foi ele que permitiu o acesso dos trabalhadores a diversos produtos que aumentam o conforto de maneira impensável mesmo para aristocratas do passado.
Diante dessa breve explanação, fica mais claro a insanidade da gestão econômica de Biden, o sindicalista. O presidente afirma que os sindicatos fizeram a América, ignorando que foram os sindicatos, por exemplo, que destruíram a então potente indústria automotiva no país. Quer ver as "maravilhas" do sindicalismo, então basta observar o que aconteceu com Detroit.
Se alguém quer destruir os Estados Unidos, então basta fazer exatamente o que Biden tem proposto: punir quem gera riqueza e enaltecer quem quer apenas se apropriar da riqueza criada.
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES