‘Escritório do crime’ pode estar envolvido no assassinato da vereadora
[ - uma semana investigam uma testemunha chave que não abre nada;
- em outra são as milícias e políticos;
nesta é um 'escritório do crime e por aí vai - inúmeros exemplos de linhas de investigação são noticiados pela imprensa, portanto, de amplo conhecimento.
Mas, continua a pergunta: qual a razão da morte de uma pessoa (a da Marielle, óbvio que só o motorista tivesse sido assassinado, seria morte de terceiro nível de importância e já teria sido esquecida) apenas uma, ter prioridade sobre mais de 60.000 que continuam impunes e a maioria sequer foi investigada - no máximo foi aberto um inquérito com a página do Termo de Abertura?
Ao final da matéria citam algumas mortes, que não foram classificadas de primeiro nível, mas, devem ter sido avaliadas de 'segundo nível' já que ainda são lembradas.
Todas as vidas humanas tem o mesmo valor = toda morte deve ser investigada com o mesmo empenho.
Em recente entrevista a representante de uma ONG, parece que a 'anistia internacional', em uma de suas entrevistas teve a falta de noção, o desrespeito aos demais assassinados, de sugerir que fosse criado um comitê de acompanhamento - formado por juristas, promotores, jornalistas, 'especialistas' (apesar de na maior parte das vezes tais especialistas apresentarem utilidade ZERO, sempre são citados) com a função de acompanhar as investigações - algo do tipo dez investigando e cem dando palpites = falando bobagem e atrapalhando.
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No rastro
da apuração do assassinato da vereadora Marielle Franco, a polícia
descobriu a existência de um grupo de elite de matadores no Rio. Formado por
policiais e ex-policiais, entre eles um major da ativa e um ex-oficial do Bope,
o grupo é altamente especializado em execuções por encomenda, sem deixar
pistas. A
participação desse grupo, conhecido como Escritório do Crime, é uma das
hipóteses levantadas pela polícia para explicar o grau de complexidade na
apuração do assassinato, que completou cinco meses sem solução.
A suposta
participação do Escritório do Crime nas mortes de Marielle e do motorista Anderson
Gomes não anula a principal linha de investigação até agora: a de que o
executor seria o miliciano Orlando de Oliveira Araújo, o Orlando de Curicica,
que está no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. A suspeita é
que o grupo de matadores teria assassinado a vereadora ao ser procurado por
Curicica, mas a polícia não descarta a hipótese de haver um outro mandante. A
proliferação de hipóteses envolvendo o crime indica o quanto a investigação das
execuções ainda patina para chegar a uma solução.
A polícia
tem informações, não confirmadas, de que a morte de Marielle teria
custado R$ 200 mil. Segundo esses relatos, a quadrilha chegou a pedir mais
dinheiro depois da enorme repercussão do caso. Os valores estão em linha com o
que cobraria o sindicato de assassinos: um homicídio vai de R$ 200 mil a R$ 1
milhão, a depender do perfil da vítima e de sua relevância. Se
confirmado o envolvimento do Escritório do Crime, a morte de Marielle seria um
de seus atos mais ousados, mas não o único: a quadrilha faz “serviços” pelo
país inteiro e cobra um ágio por ações fora do Rio. Como o grupo faz os
trajetos de carro, levando armamento pesado e farta munição, aumenta seu nível
de exposição.
A
principal pista da polícia para ligar o Escritório do Crime à execução de
Marielle vem do interrogatório de um integrante do bando. Embora ele tenha
negado que estivesse no Estácio, onde a vereadora foi morta, no dia do crime,
dados de antenas de celulares, cruzados com um aparelho usado pelo suspeito,
indicaram que ele estava no local no dia e hora do assassinato. Outro
dado relevante, que reforça a participação do grupo, é que o Cobalt usado pelos
assassinos passou pelo Itanhangá, antes de seguir para a emboscada a Marielle.
Uma câmera da prefeitura instalada no local flagrou o veículo. Nesse trajeto
fica a Favela de Rio das Pedras, um dos redutos dos matadores.
O
profissionalismo do Escritório do Crime acaba sendo sua assinatura, justamente
um dos rastros seguidos pela polícia. Assim como não usam seus celulares pessoais
(o aparelho do criminoso localizado pela polícia não estava no nome dele), eles
têm a capacidade de fazer um levantamento prévio, a partir de informações
privilegiadas, como saber se câmeras de segurança estão ou não funcionando. Por
serem policiais e ex-PMs, conhecem bem a máquina administrativa e têm uma farta
rede de informantes. Até a
clonagem dos carros é feita por integrantes da quadrilha, que mantêm sigilo
absoluto sobre as ações. Se houver a menor desconfiança de que, internamente,
alguém possa traí-los, o delator é eliminado. [estranho é que a maior fonte de informações são integrantes do bando, ex-integrantes, etc.]
Como o
chefe do grupo é ex-oficial do Bope, os membros da organização criminosa são
bem treinados e capazes de ficar horas dentro de um carro, por exemplo. Foi o
que aconteceu na vigilância feita enquanto Marielle, no dia 14 de março, dava
uma palestra na Casa das Pretas, na Rua dos Inválidos, no Centro, momentos
antes de ser executada. Para evitar idas ao banheiro, os criminosos costumam
urinar em garrafas no próprio carro. Caso sejam abordados pela polícia,
apresentam a carteira da corporação — há sempre um PM no carro. Se isso
ocorrer, abortam a missão.
Do bicho
para a milícia
Os
integrantes do grupo começaram a atuar como seguranças de bicheiros do Rio, no
início dos anos 2000, com a missão de garantir o poderio e os territórios de
seus patrões.
Pouco
depois, de acordo com investigações, o ex-oficial do Bope decidiu criar sua
equipe de matadores de aluguel, para assassinar os desafetos dos
contraventores. Eliminavam qualquer um, desde que lhes pagassem bem. No início,
bastava ter a descrição do carro das vítimas, horário e local, para a execução
do “serviço".
Em pouco
tempo, o chefe do bando deixou de ser apenas segurança, tornado-se dono do
próprio negócio, explorando o jogo do bicho e as máquinas de caça-níqueis. O
ex-oficial se transformou em miliciano, ampliando seus negócios para a área da
construção civil e até a venda de combustível furtado de dutos da Petrobras, na
Baixada Fluminense. Mesmo assim, as mortes por encomenda continuaram a ser o
negócio mais rentável. A polícia atribui ao grupo dezenas de homicídios, no
estado e fora dele, que continuam ainda sem solução.
Lista de
assassinatos sem solução
A
carteira de assassinatos atribuída pela polícia ao Escritório do Crime é
extensa. Uma das mortes que estariam na conta do grupo é a do presidente da
Portela, Marcos Vieira de Souza, conhecido como Falcon, de 52 anos, em setembro
de 2016. Ele
concorria a uma vaga de vereador pelo PP e foi executado em seu comitê
eleitoral, em Oswaldo Cruz, na Zona Norte, quando seus seguranças o deixaram
sozinho por alguns minutos. Foi o tempo suficiente para dois homens encapuzados
entrarem no local e assassinarem o candidato com tiros de fuzil na cabeça. Nem
a presença de câmeras no local inibiu a ação.
Outro
homicídio atribuído aos mercenários é o do sargento da PM reformado Geraldo
Antônio Pereira, no estacionamento de uma academia no Recreio, na Zona Oeste,
em maio de 2016. Na época,
a Delegacia de Homicídios da Capital (DH) informou que a principal linha de
investigação era a disputa pela exploração de máquinas de caça-níqueis na
região. Pereira, quando estava na ativa, trabalhou como policial cedido à
Divisão Antissequestro (DAS).
Em junho
do ano passado, a vítima foi o contraventor Haylton Carlos Gomes Escafura, de
37 anos, filho do bicheiro José Caruzzo Escafura, o Piruinha. Mais uma vez, o
crime foi cometido por dois homens que subiram até um quarto no oitavo andar de
um hotel na Barra da Tijuca, onde estavam a vítima e sua acompanhante, a PM
Franciene Soares de Souza, de 27 anos. Todos os crimes continuam sem solução.