[só batem, só tentam desvalorizar, os
que estão no topo.
o guerrilheiro e traidor Lamarca foi
abatido em 1971 e Bolsonaro formou-se na Aman em 1977, com 22 anos;
quando o traidor foi abatido por
força comandada pelo general Cerqueira, Bolsonaro tinha entre 15 a 16
anos; nem um petista - categoria que se destaca pela falta de inteligência, bom
senso e noção - iria afirmar ter participado com aquela idade da operação abate
Lamarca.]
Candidato repete que participou de busca
à lider esquerdista, mas se aproveita de mito da caserna para avolumar -
enganosamente - a própria biografia
Na
história da repressão a grupos guerrilheiros nos anos 1970, militares do serviço de
inteligência atribuem ao que chamam de “moleque sabido” uma informação essencial na investigação sobre Carlos
Lamarca, capitão do Exército que desertou para se tornar líder
de grupos armados de resistência à ditadura militar. O candidato do PSL à
Presidência, Jair Bolsonaro, tenta acoplar à sua biografia conservadora uma
suposta participação na busca a Carlos Lamarca, quando o guerrilheiro
passou em 1970 pelo Vale do Ribeira, no interior de São Paulo, em
fuga de tropas do Exército que o perseguiam. [foi
nessa fuga que o desertor e traidor Lamarca - com a covardia
característica de todos os terroristas e assassinos que conspiravam contra o
Brasil - assassinou covardemente o tenende Mendes da PM-SP.] Seria
Bolsonaro o “moleque sabido” ou o candidato tenta se
apropriar de episódio mítico entre os militares para avolumar a própria
biografia? [obviamente que Bolsonaro jamais
incorreria em tão elementar e inequívoca contradição - nem o mais estúpido dos
petistas seria capaz de tanta falta de noção.
Óbvio
que a ascensão de Bolsonaro desperta em seus adversários o incontrolável desejo
de tentar desmoralizá-lo e uma das táticas é semear a confusão.]
Quando
Lamarca chegou a Eldorado, cidade em que Bolsonaro passou a infância, o hoje candidato a presidente tinha 15 anos
recém-completados. Em entrevistas, como a concedida há duas semanas ao programa Roda Viva,
da TV Cultura, Bolsonaro repete que ainda “moleque” ajudou na “caça
ao Lamarca” porque conhecia as matas na região de Eldorado. Propositadamente,
Bolsonaro mistura dois episódios distintos para colocar-se no centro de fatos
relevantes para a história? São episódios que aconteceram com um ano e quatro
meses de diferença e em dois locais distantes entre si por 210 km.
Época teve acesso a arquivos de um
velho militar - por sinal, eleitor de Bolsonaro - que serviram de base para os
relatos detalhados da perseguição das Forças Armadas ao capitão desertor. O
mais famoso desses relatos é o projeto Orvil (livro de trás para
diante). A inciativa reuniu documentos e depoimentos de oficiais das Forças
Armadas que buscavam rebater as informações publicadas no livro “Brasil:
Nunca Mais”, obra de 1985 em que defensores dos direitos humanos
reconstruíram torturas e assassinatos ocorridos nos porões da ditadura militar.
Em mais de 300 páginas, “Brasil: Nunca Mais” era uma narrativa
devastadora da rotina de torturas, assassinatos e desaparecimentos forçados de
presos políticos. [o livro Brasil Nunca Mais é o
mais completo amontoado de mentiras - são tão gritantes as contradições do
mentiroso livro, que com o advento da internet e outros recursos, o BNM foi
para o arquivo;
enquanto,
para ficar só em um exemplo, o livro A VERDADE SUFOCADA, do Coronel Carlos Alberto
Brilhante Ustra, já alcança várias edições.] O projeto Orvil buscou contar
a história dezenas de militares assassinados pelos grupos esquerdistas,
usando para tal arquivos e depoimentos de integrantes da repressão.
São esses
arquivos militares que mostram que Bolsonaro mistura histórias diferentes para
enobrecer seu passado.
1
– A história do “moleque sabido” de Itapecerica
Em
janeiro de 1969, o assalto a unidades militares para o roubo de armas era a
principal preocupação do alto comando do Exército. Aquela época, duas irmãs
viviam em um sítio de Itapecerica da Serra, município da Grande São Paulo. Cada
qual vivia com sua família em dois trechos dos terrenos. Os documentos dos
agentes da repressão preservam seus nomes chamando-as apenas de “irmã da
frente” e “irmã de trás”, em referência ao ponto do sítio em que cada casa
se localizava em relação à rua de acesso. Um dos filhos da “irmã da frente” começou
a ser impedido de circular livremente por todo o terreno. Como insistia em
andar para todos os lados, recebeu safanões de homens que estavam trabalhando
nas redondezas da casa de trás. O garoto reclamou com a mãe. Esta não se dava
com o cunhado - velho militante esquerdista - e decidiu fazer uma queixa
na delegacia de polícia de Itapecerica. Questionada se havia motivos para que o
filho tivesse sua circulação restrita, ela mencionou que vira homens
pintando de verde um caminhão, dando a ele aparência de veículo militar.
A
informação despertou a curiosidade do delegado. Às 13h do dia 23 de janeiro de
1969, policiais localizaram cinco homens nos arredores do sítio. Quatro foram
presos. Um conseguiu fugir. Os presos foram então enviados à Segunda Companhia
de Polícia do Exército. Apresentaram uma versão para a pintura do caminhão
considerada aceitável: eram contrabandistas que precisavam falsificar o
caminhão militar para distribuir mercadorias. O major que comandou o
interrogatório achou a história perfeita demais.
Imaginou que subversivos poderiam tê-la criado. Mandou então um destacamento
vasculhar a região do sítio em Itapecerica. A chegada dos blindados de
reconhecimento M-8 logo se tornou uma festa para as crianças de Itapecerica.
Nenhum suspeito foi nem sequer avistado. O capitão que comandava o pelotão
começou a perguntar para as crianças sobre estranhos que rondavam o local.
Assim descreveu o diálogo que manteve com um garoto de “não mais de 10
anos”, a quem chamou de “moleque sabido”:
“ -
E como o pessoal chega até o sítio?
- Eles vêm de carro até aquelas árvores lá embaixo, onde deixam o carro e sobem
a pé.
- E qual o carro de que se utilizam?
- É um Fusca cinza, quase novo, mas que tem os dois pneus de trás completamente
carecas.
- Oi, moleque sabido. Só faltava você ter anotado a chapa desse carro para ser
um verdadeiro policial.
- E anotei.
- Puxa! Então vá até sua casa e traga essa anotação para mim, porque é muito
importante.
- Não. Anotei aqui [apontou para a própria fronte]. A placa é 30-81-45".
Não há
comprovação da existência do “moleque sabido”. Mas os militares de
inteligência contaram que, às 18h30 do mesmo dia, um carro foi abandonado por “terroristas”
no bairro de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. Para escapar de uma
blitz, os “terroristas” fugiram a pé, deixando parte das armas no banco
do carro: um Fusca cinza, placa 30-81-45, com dois pneus muito gastos. Dentro
do carro, havia uma nota fiscal de uma Kombi verde, vendida a Carlos
Lamarca.
Na tarde
do mesmo dia, Lamarca desertara do 4º Regimento de Infantaria, de Quitaúna
(SP), levando 63 fuzis, dez metralhadoras e muita munição. Fugira
acompanhado do sargento Darci Rodrigues, do cabo José Mariane e do soldado
Carlos Roberto Zamirato. Todos haviam se tornado militantes da VPR, a
Vanguarda Popular Revolucionária, então o principal grupo da luta armada em
resistência ao regime. Usaram na fuga o Fusca Cinza, que depois seria trocado
pela Kombi comprada por Lamarca. Assim, o “moleque sabido” teria dado a
primeira trilha que levaria à captura de Lamarca, que só ocorreria em setembro
de 1971.
2
– O pequeno Bolsonaro sai à caça
Em maio
de 1970 - um ano e quatro meses depois do episódio de Itapecerica - Lamarca
estava em fuga pela região de Eldorado, a antiga Xiririca da Serra, onde
morava a família de Jair Bolsonaro. Ele nascera em Campinas, mas se mudara
muito criança para Eldorado. Em 8 de maio, Lamarca e sete guerrilheiros
chegaram à cidade em uma Picape. Pararam num posto de gasolina. Foram abordados
por policiais e reagiram a bala, conseguindo fugir. Os militares mandaram
tropas de Sete Barras a Eldorado.
Os
soldados que se confrontaram com Lamarca e a VPR, vistos como heróis, passaram a
receber visitas constantes do jovem Bolsonaro, a quem estimularam a entrar na
carreira militar, conforme contou. Bolsonaro conta que estava na escola no
momento em que as tropas do Exército localizaram os terroristas. Ele disse
lembrar que os professores, amedrontados pelos tiros, esvaziaram as salas de aula
e mandaram as crianças atravessar a praça rastejando para se proteger das
balas.
De acordo
com os registros militares, para tal fato ter acontecido, Bolsonaro
precisava ter estudado à noite. Mas Eldorado não oferecia aulas noturnas em
1970. O Exército registrou ter localizado os terroristas às 21h. Os
integrantes da VPR estavam armados com fuzis FAL e se mostraram superiores no
embate. Pegaram um tenente do Exército como refém e se embrenharam nas
matas. Depois de caminharem um dia e meio, Lamarca e os
companheiros decidiram matar o refém. Enterram-no numa pequena vala. Meses
depois um dos militantes da VPR seria preciso e apontou o local da cova do
tenente Alberto Mendes Júnior. [o tenente Mendes era oficial da Polícia Militar do Estado de
São Paulo e da qual é herói e patrono, tendo sido promovido 'post mortem' a
capitão.]
O Exército mobilizou centenas de
homens na busca de Lamarca nas matas nos arredores de Eldorado. Teria sido
nesse momento que Bolsonaro teria ajudado os militares com seu conhecimento.
Não há registro desse fato. De todo modo, se ajudou, fracassou. Lamarca
escapou e só seria morto em 17 de setembro de 1971, um ano e quatro meses
depois. O líder da VPR estava doente quando foram encontrados e mortos a
tiros no município de Ipupiara (BA). Estavam exaustos e fracos à sombra de uma
árvore. [Lamarca não estava doente e nem os vermes que o
acompanhavam; estavam exaustos de tanto fugir das forças de segurança.]
Os militares asseguram que quem deu o tiro final em Lamarca foi o então major
Nilton Cerqueira. Vinte e quatro anos depois, Cerqueira era general e
secretário de Segurança do Estado do Rio, quando empreendeu esforços de
dezenas de homens para recuperar uma morta e uma pistola roubada de Bolsonaro
num assalto em julho de 1995.