Temerários na pandemia, protestos de rua agravam o isolamento de Bolsonaro
A despeito de passos iniciais promissores, os movimentos que procuram
articular a sociedade contra os rompantes autoritários de Jair Bolsonaro
ainda têm muito chão a percorrer. Assim o indicam os protestos
realizados no domingo (7) em diversas cidades do país. [os protestos contra o presidente Bolsonaro foram insignificantes - não contaram com grande participação popular nem alcançaram apreciável número de cidades, os antifas - é bom saber sua origem - se aproveitaram (o que é normal na maldita esquerda, da qual são representantes) de uma morte ocorrida nos Estados Unidos e outra no Rio - ambos as vítimas afrodescendentes, sendo a autoria das mesmas atribuída à polícia - dois fatores que estimulam participação popular, com os participantes, se declarando contra o racismo e a violência policial, se infiltraram e inflaram uma suposta manifestação pró-democracia.
O vídeo abaixo, prova que parte dos antifas não sabe o que é democracia e só incendeia patrimônio de terceiros.]
Se o objetivo era uma demonstração de força e coesão, os resultados são
ambíguos. Começa-se, claro, pela decisão controversa — e sem dúvida
temerária — de estimular pessoas a ocuparem as ruas em plena pandemia que
não atingiu seu pico em território nacional.Questionada abertamente por partidos de oposição, autoridades e
entidades, a estratégia decerto mobilizou menos gente do que poderia em
outras circunstâncias. Embora longe de desprezíveis, os contingentes
visíveis nas capitais não se comparam, por exemplo, aos das
manifestações em defesa da educação no ano passado.
Louve-se, de todo modo, a índole pacífica de praticamente todos os atos.
Mal se pode listar como exceção o confronto de um pequeno grupo
exaltado com a Polícia Militar na cidade de São Paulo, quando as vias já
esvaziavam. [baderneiros que diziam pró-democracia - devemos lembrar que todos - tanto os pró Bolsonaro, quanto os marginais, incluindo as torcidas organizadas (por natureza afeitas a pratica de atos ilícitos) desrespeitaram o tão decantado, e inútil, isolamento social meia boca.] O governo Bolsonaro, tudo indica, pretende carimbar nos movimentos os
rótulos da baderna e da perseguição política —o que serve tanto para
atiçar suas hostes mais fanáticas quanto para buscar aliados entre
militares e policiais.
Na semana passada o presidente chegou mesmo a chamar de “terroristas” os
organizadores dos protestos, e o general Augusto Heleno, chefe do
Gabinete de Segurança Institucional, achou tempo na noite de domingo
para atacar os “vândalos” dispersados pela PM paulista, a seu ver
antidemocráticos. O que de fato ameaça o mandatário, contudo, é a contínua desmoralização
de seu governo e o acúmulo de questionamentos cada vez mais graves a sua
conduta.
Alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal devido à escandalosa
interferência na Polícia Federal, entre outros percalços judiciais, e
com sustentação precária no Congresso Nacional, Bolsonaro já
experimentou o primeiro aumento importante de sua reprovação com os
impactos iniciais da pandemia de Covid-19 no país. Ainda terá de gerir uma economia em frangalhos, com desemprego em alta e
contas públicas mais ruinosas a demandar ajustes amargos. [não pode ser olvidado que as mazelas destacadas foram herdadas e acrescidas de malefícios pela Covid-19.] As
perspectivas para o que resta de seu mandato se afiguram, pois,
sombrias. Os movimentos da sociedade mostram a vitalidade da democracia —o que só é
má notícia para um presidente em conflito com as instituições, se não
com as ruas.
Editorial - Folha de S. Paulo