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terça-feira, 3 de setembro de 2019

O presidente que encolheu - O Globo



Bernardo Mello Franco

A nova pesquisa Datafolha mostra que Jair Bolsonaro encolheu. Depois de oito meses, o índice de brasileiros que consideram o governo ruim ou péssimo subiu para 38%. É uma reprovação bem maior que a dos antecessores Fernando Henrique (15%), Lula (10%) e Dilma (11%) no mesmo período.  Para se ter uma ideia do buraco: com seis meses no poder, Fernando Collor era rejeitado por 20%. Ele já havia confiscado as poupanças, mas ainda não chegava perto do capitão em impopularidade.

A rejeição a Bolsonaro é maior entre negros (51%), nordestinos (52%) e desempregados (48%). No entanto, também avança em setores que o apoiaram maciçamente na eleição. Chega a 46% entre os mais ricos e a 43% no público com ensino superior.  Outro dado ajuda a dimensionar o desgaste do presidente. De cada quatro eleitores dele, um afirma que não repetiria o voto hoje. Isso aponta um exército de 14 milhões de arrependidos — um incentivo e tanto para quem pretende confrontá-lo em 2022.

Desde a última rodada da pesquisa, Bolsonaro disse palavrões em discursos e entrevistas, ofendeu os governadores do Nordeste, demonstrou descaso pelo desmatamento da Amazônia e comprou brigas com líderes de países europeus. [com todo respeito ao ilustre articulista, chamar o presidente francês de líder é apequenar o significado do adjetivo.
Macron é tão líder que foi desautorizada por Ângela Merkel, Boris Johnson e Trump.]  Essa estratégia de radicalização pode agitar as redes, mas não tem dado bons resultados no mundo real. Para 55% dos brasileiros, o presidente não se comporta à altura do cargo na maior parte das situações. Em outra etapa do questionário, 44% disseram que não confiam em nada do que ele diz.

Nos últimos dias, o Planalto tentou emplacar a versão de que o bate-boca com Emmanuel Macron fez Bolsonaro virar o jogo. Ele teria saído como defensor da soberania nacional contra a cobiça estrangeira pela Amazônia. A pesquisa desmonta a propaganda. Para 75%, o interesse internacional pela floresta é legítimo, já que ela é importante para todo o planeta.  Ontem o presidente insistiu no autoengano. Ao ser questionado sobre a insatisfação dos eleitores, preferiu lançar dúvidas sobre a pesquisa. [vale destacar que uma pesquisa realizada faltando mais de três anos para a próxima eleição presidencial tem VALOR ZERO.]

Bernardo Mello Franco - Publicado em O Globo