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domingo, 28 de janeiro de 2018

Alckmin e Temer trocam joelhadas nos subterrâneos da disputa presidencial



Aprofundaram-se as conversas para a formação das coligações partidárias de presidenciáveis que se apresentam como opções do “centro”. A movimentação fez surgir uma novidade: as relações entre Geraldo Alckmin e Michel Temer evoluíram da antipatia dissimulada para a rivalidade mal disfarçada. A dupla troca joelhadas nos subterrâneos, numa disputa pelo tempo de propaganda eletrônica de partidos que percorrem a conjuntura à procura de negócios.

O governador de São Paulo informou aos seus operadores políticos que não cogita incluir em sua caravana o PMDB de Temer. Acha que o partido ficará de fora da corrida ao Planalto. E o presidente da República tenta impedir que legendas como PTB, PP, PR, Solidariedade e DEM se aliem a Alckmin. Esforça-se para incorporar essas legendas a um projeto presidencial de ''continuidade'', encabeçado por ele próprio ou por outro candidato que defenda o ''legado'' do seu governo. Algo que Alckmin não se dispõe a fazer.

Em público, Temer afirma que não pensa em disputar a reeleição. Em privado, disse a pelo menos três ministros que ainda não se considera fora do jogo. Colecionador de denúncias criminais e de inéditos índices de impopularidade, o presidente tenta escorar suas pretensões políticas em alguma racionalidade. Avalia que, até maio ou junho, o brasileiro perceberá com mais nitidez os sinais da revitalização da economia. Nos seus melhores sonhos, a prosperidade resultaria em popularidade.

Simultaneamente, Temer tenta evitar a realização dos seus pesadelos inflando o balão de pretensas candidaturas alternativas. Alega que, no limite, pode se tornar um bom cabo eleitoral. Por ora, age como se preferisse o deputado Rodrigo Maia ao ministro Henrique Meirelles. O titular da pasta da Fazenda já farejou o cheiro de queimado. E o presidente da Câmara faz pose de pré-candidato ao Planalto, estimulando os partidos governistas a cozinharem em banho-maria as negociações com Alckmin.

Apologista da agenda de reformas impopulares do governo Temer, Rodrigo Maia passou a ser visto como queridinho do mercado. Na Câmara, herdou do antecessor Eduardo Cunha o apoio das legendas do chamado “centrão” —sobretudo PR, PP e Solidariedade. Mas nada disso faz de Maia um presidenciável instantâneo. Deputado de poucos votos, [29º colocado, em 46, nas eleições 2014.] ele está enrolado na Lava Jato. Sua hipotética candidatura dependeria de uma combinação com os russos da Polícia Federal, da Procuradoria e do Judiciário.

Operadores tucanos enxergam na movimentação de Maia um quê de jogo duplo. Crêem que o deputado dá corda a Temer apenas para negociar com Alckmin em posição mais vantajosa. No final, faria duas exigências para enfiar o DEM dentro da coligação do PSDB: 1) que Alckmin e o tucanato se comprometam a apoiar a reeleição de Maia à presidência da Câmara na próxima legislatura. 2) que a vaga de candidato a vice-presidente da República seja entregue ao deputado pernambucano Mendonça Filho, ministro da Educação de Temer.

“Esse tipo de parceria já foi firmado entre o PMDB e PT”, ironizou um correligionário de Alckmin. “Dilma Rousseff chegou ao Planalto com Michel Temer na vice-presidência e o Eduardo Cunha na presidência da Câmara. O desfecho é conhecido: Cunha desengavetou um pedido de impeachment contra Dilma, cuja deposição levou Temer à poltrona de presidente da República.” Alvo da Lava Jato, o presidenciável tucano olha de esguelha para o DEM, velho aliado dos infortúnios presidenciais do PSDB.

Blog do Josias de Souza 


sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Um guia sobre o PMDB de Temer



O Ministério Público descreve um padrão de comportamento — o uso da política para enriquecimento pessoal, a prevalência do interesse privado sobre o público


Um guia sobre o PMDB de Michel Temer foi divulgado ontem, em Brasília. É obra relevante para quem tenta compreender a desconstrução da política no Brasil nas últimas duas décadas.  É grátis e está disponível na internet. Tem 245 páginas, leva o selo do Ministério Público Federal, foi assinado e protocolado no Supremo pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que deixa a função na próxima segunda-feira.

Será melhor compreendida, se percebida como parte de uma tragédia política sobre a partilha e o usufruto do poder público para benefícios privados. É indissociável das denúncias anteriores, contra o PT de Lula e outros partidos.  Ela está circunscrita a meio bilhão de reais de exemplos de fraudes em negócios públicos realizados nas empresas estatais Petrobras, Furnas, Caixa Econômica, nos ministérios da Integração Nacional e da Agricultura, na Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República e na Câmara dos Deputados.

Temer reagiu, classificando-a como “realismo fantástico em estado puro”, num exercício do direito de defesa prévia.  Seu problema, porém, é a realidade ululante descrita em viva-voz do presidente da República; nos depoimentos de vários aliados do PMDB no Congresso; nos depoimentos dos coletores de propinas; no mapeamento das sucessivas entregas de malas de dinheiro — algumas registradas em vídeo e fotografias; em milhares de e-mails, telefonemas e conversas eletrônicas rastreadas pela polícia; nas contas bancárias, planilhas e comprovantes de pagamentos entregues por algumas das maiores empresas do país, entre elas Odebrecht e JBS.

O Ministério Público descreve um padrão de comportamento — o uso da política para enriquecimento pessoal, a prevalência do interesse privado sobre o público. É o que se vê, por exemplo, nos R$ 29 bilhões de prejuízos provocados na Petrobras e nas vendas de emendas “jabuti” negociadas em Medidas Provisórias.  O comércio de leis, no governo e no Congresso, é um capítulo à parte. Alguns casos até foram denunciados durante a votação no plenário da Câmara, como ocorreu na Medida Provisória sobre o o setor elétrico (nº 579).

Outras encomendas são mais recentes, como a autorização de ingresso de capital externo no controle de hospitais, laboratórios médicos e de empresas de planos de saúde. Esta foi negociada diretamente pelo ex-deputado Eduardo Cunha com líderes do grupo Amil, o falecido empresário Edson Bueno, e da empresa Rede D'Or, o banqueiro André Esteves, do grupo BTG.  A partir da citação de Ulysses Guimarães (“o poder não corrompe o homem, é o homem que corrompe o poder”), esse guia sobre o PMDB de Temer, às vezes, parece mesmo descrição de um mundo fantástico. Seria ótimo, se fosse apenas coisa do realismo mágico. O problema é que é tudo é verdade, informa a coletânea de provas judiciais anexada.
 

Fonte: José Casado - O Globo