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segunda-feira, 13 de julho de 2015

Racismo de esquerda?



A esquerda costuma tratar como capitão-do-mato todo negro que se opõe a ela. Já aconteceu com o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa – o carrasco dos mensaleiros – e agora com o professor Paulo Cruz, que contestou a cantora Daniela Mercury, para quem a redução da idade penal é um “extermínio dos negros” (sic).

Para o progressista de plantão, os negros são seus aliados naturais e ele busca neles o apoio moral para suas teses. A cor da pele do interlocutor, contudo, é usada contra ele quando este se revela um opositor dos dogmas da esquerda. É interessante notar que o progressista vive a dizer que a cor da pele não importa, mas a verdade é que a cor da pele dos outros nunca lhe passa desapercebida.

O progressista padrão é dotado de um radar que tenta identificar em poucos segundos a cor da pele, a classe social e a opção sexual do interlocutor. A lógica binária das mentes progressistas impede que seus portadores saibam lidar com a diversidade. Negros conservadores como Thomas Sowell e homossexuais de direita como Clodovil são anomalias no mundo preto-e-branco dos progressistas.

A esquerda não permite que negros divirjam dela. E entende que a cor da pele de todo indivíduo é sua jaula ideológica. É negro? Tem que ser de esquerda!  Por isso o jovem negro Fernando Holiday foi brutalmente ofendido. A esquerda reduz o indivíduo a sua cor de pele e faz dela a sua jaula ideológica. Holiday é negro? Não pode ser de direita. 

O progressista pensa que os negros são vulneráveis e que devemos tratá-los com a gentileza discriminatória que dispensamos às crianças. E não importa o que os negros pensem a respeito: nenhuma criança sabe o que é melhor para si mesma.

É por isso que podemos testemunhar situações bizarras como o “diálogo” impetuoso entre Daniela Mercury e um negro para quem a redução da idade penal não significa o encarceramento em massa de negros.  Na tentativa de afirmar sua superioridade moral, a cantora partiu para a hipérbole política e afirmou que reduzir a idade penal é coisa de quem quer “exterminar negros e pobres”.

Ao reduzir toda a problemática da idade penal a uma forçada associação com negros e pobres, Mercury deixa subentendido o que ela realmente pensa dos negros e pobres.  Paulo Cruz, um negro, contestou a frase absurda de Daniela Mercury, recebeu um evasivo “me respeite” e ficou falando sozinho.

Pouco depois, um perfil de fãs da cantora conclamou os “mercuryanos” a denunciar o perfil de Paulo! Qual seria o conteúdo da denúncia? “Ele é negro, mas não é de esquerda”?
Preconceituoso prafrentex

A necessidade imperiosa de bancar o cafetão das minorias – para usar a brilhante expressão de Alexandre Borges – faz o progressista negar o fato de que negros, homossexuais e pobres não são obrigador a assumir determinada visão de mundo por causa da sua cor, opção sexual ou origem social. O progressista é um preconceituoso politicamente correto.

Isso me faz refletir: será que existe um racismo de esquerda? Politicamente correto?  A tentativa da esquerda de associar a redução da idade penal aos negros esconde uma premissa…racista. Ora, existem muitos negros e pobres no Brasil, mas apenas uma minoria deles comete crimes, acreditem ou não os esquerdistas.

Aliás, não são “os negros” que vão para a cadeia; são os criminosos, sejam eles negros, brancos, asiáticos ou coloridos. O que sei é que os supostos defensores de minorias não têm mandato para falar em nome daqueles que supostamente representam. Falam apenas em nome de sua ideologia.

E sei que associar a redução da idade penal à hipótese de encarceramento em massa de negros é um preconceito às avessas. É feio ter que repetir isso para progressistas, mas vamos lá: galerinha prafrentex, os negros não são bandidos em potencial. Por favor, aceitem isso.

Thiago Cortês é jornalista - Publicado na Reaçonaria.