Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Penitenciária Lemos de Brito. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Penitenciária Lemos de Brito. Mostrar todas as postagens

domingo, 31 de maio de 2015

Bandidas ou bandidos, não importa o sexo. Devem ser segregadas da Sociedade. Antes de ter pena deles/as pensem nas vítimas que fizeram

Abandono, a pena mais sofrida de mulheres nas prisões do Rio

Apenas 1,6% dos maridos mantém vínculo com internas nas cadeias do estado

As quartas-feiras, os sábados e os domingos tornaram-se para elas dias de tristeza e angústia. Cumprindo pena no presídio feminino Talavera Bruce, no Complexo Penitenciário de Bangu, Denise Cristina Luciano de Souza, Rosângela Chagas e Sandra Regina de Souza fazem parte da estatística de detentas abandonadas pela família e pelos companheiros logo após a prisão. Para elas, o dia de visita se resume a ficar na cela. Mesmo assim, elas se penteiam e se arrumam. É a forma de manterem viva a esperança de que voltarão a ver um ente querido quando o portão principal da unidade se abrir para as visitas. 
 
Solidão. Denise: “Meu marido até foi na delegacia quando fui presa. Depois, desapareceu. Enquanto outras pessoas recebem visitas, fico na minha cela, chorando. - Agência O Globo / Marcelo Carnaval
Tá com pena dela... leve pra casa... quando ela restabelecer os contatos você vai ver a encrenca que arrumou

Dados da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) mostram que apenas 34 das 2.104 (1,6%) internas das seis unidades prisionais femininas do estado recebem visita íntima, direito adquirido apenas em 2001, 17 anos após a promulgação da lei que garantiu essa regalia aos homens. Um número irrisório, se comparado aos 2.183 dos 40.746 presos (5,3%) que encontram as companheiras no parlatório. No Talavera Bruce, das 382 presas somente 13 recebem os parceiros. Desses, cinco são companheiros ou maridos que estão em liberdade e oito, prisioneiros de outras unidades. [a visita íntima tinha que acabar para homens e mulheres; antes do sexo, são bandidos e devem ser tratados como tal.]
 
Denise, de 20 anos e prestes a dar à luz, foi detida no dia do chá de bebê, há três meses, quando carregava uma encomenda, que não sabia ser de drogas. [nunca sabem! quanto maior o número e periculosidade dos bandidos recolhidos a um presídio, maior o número dos inocentes, dos que alegam ser vítimas de um erro judiciário.] Com direito a visitas íntimas e dos familiares, ela está no pavilhão para grávidas e não sabe o que vai fazer quando a menina nascer: - Meu marido até foi na delegacia, assim que fui presa. Depois, desapareceu. Tenho medo que nossa filha seja entregue a um abrigo, porque ninguém me procurou mais. Enquanto outras pessoas recebem visitas, fico na minha cela, chorando.

Presa há dois anos e três meses, quando tentava entrar com drogas na Penitenciária Lemos de Brito ao visitar o marido, Rosângela, 40 anos, diz que ele conheceu outra mulher, com quem se casou. Sem a visita dele e da família, ela conta os dias para completar a pena de cinco anos e seis meses. Quer retomar a vida e criar o filho, de 5 anos.
- Deixava de comer carne para levar para ele na cadeia. Foram dez anos de fidelidade, como amiga e amante. Ele dizia que me amava. E agora? - questiona.

O abandono das mulheres nos presídios femininos é um problema antigo. Em 1983, a ex-diretora do Desipe, socióloga e coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, Julita Lemgruber, abordou o tema no livro "Cemitério dos vivos". Segundo ela, a mulher presa representa tudo o que a sociedade rejeita:  - A mulher transgressora não é considerada digna de respeito e atenção. Isso é cultural. É um problema nos cárceres do mundo inteiro. A expectativa de uma sociedade machista e patriarcal é que a mulher seja dócil e respeite as normas da família. Ao cometer um crime, ela rompe com a sociedade duas vezes e é abandonada. É castigada duplamente.

A análise de Julita encaixa-se ao caso de Sandra, de 27 anos, que está no final da gravidez. Presa há cinco meses com grande quantidade de drogas em casa, desde então nunca mais viu o marido e os quatro filhos. - Não esperava isso dele. Já pensei até em suicídio. Se ninguém vier, minha menina será levada para um abrigo - diz. 

Cientista político e pesquisador do Laboratório de Análises Criminais da Uerj, João Trajano diz que o homem, mesmo preso, consegue manter o vínculo de chefe da família, diferentemente da mulher. Mas ele acredita que a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) tenha condições de melhorar o quadro: - A Seap deveria humanizar a pena das mulheres. A privação da liberdade já é a pena. Ficar sem a família é um duplo castigo.

O titular da Seap, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, diz que está estudando com o setor de assistência social uma forma de reaproximar as presas das famílias. - Vamos conversar e sugerir mudanças que possam ajudar na ressocialização - afirma.