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sábado, 5 de agosto de 2023

Zema anuncia frente Sul-Sudeste contra o Nordeste e quer direita unida contra a esquerda - O Estado de S. Paulo

ENTREVISTA COM

Romeu Zema - Governador de Minas Gerais

Por Monica Gugliano e Andreza Matais

Em entrevista exclusiva ao Estadão, governador de Minas fala que, pela primeira vez, Estados do Sul e Sudeste vão agir em bloco não só para evitar perdas econômicas; ideia é lançar um candidato de direita do grupo para a sucessão presidencial e tomada de poder político

Passa pouco das cinco horas da tarde, quando o governador Romeu Zema (Novo) chega à confeitaria onde marcamos esta entrevista no bairro do Ibirapuera, em São Paulo. 
Os assessores que o acompanham usam paletó e gravata. Ele veste uma camisa azul clara com um distintivo da bandeira de Minas Gerais. Brinca, contando que sempre trabalhou na iniciativa privada e usava uniforme. 
Quando se elegeu, pela primeira vez em 2018, criou esse modelo para ele. Diz que se sentia um estranho no mundo da política, mas que, com o tempo, foi se adaptando e aprendendo. “Parece que na política, no Brasil, infelizmente existe uma renovação de fazer o mesmo – que não foi o meu caso”, ressalva.

Ele revela que ao assumir o primeiro mandato acreditava que bons projetos e realizações resultariam em apoio dos parlamentares na Assembleia Legislativa. Mas que não era bem assim. “Ele (o parlamentar) quer é ter o protagonismo dele. Ele quer que eu tome café com ele, que eu visite a cidade dele, que eu viaje com ele, que ele apareça do meu lado na televisão”.

Nesta conversa de mais de uma hora com o Estadão, Zema come um croissant de queijo e toma um café expresso. Define-se como um político liberal e de direita. Mas diz que o Brasil precisa manter programas como o Bolsa Família. Afirma que se por apoiar políticas compensatórias, ele não puder ser de direita, então será de centro-direita. 
Mas acha que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro ficou devendo aos liberais. “Na área econômica, pode ter sido bom. Mas pouco avançou em desestatização e em economia verde”.

O grande legado de Bolsonaro, para ele, foi o de ter organizado a direita. Ele crê que a figura do ex-presidente foi de fundamental importância nesse sentido. Daria nota 8 ao governo do ex-presidente, mas 5 para a comunicação de suas ações. Ainda assim, pondera que não é “bem essa direita” que os eleitores buscam e atribui a isso o fato de “terem despontado nomes mais produtivos politicamente” como o dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e até do Rio Grande Sul, o tucano Eduardo Leite. “Tudo vai passar por um processo da direita tentar se unir e encontrar um nome que tenha apoio. Mas se for para lançar dois, três nomes (em 2026), aí é para dar de mão beijada a reeleição ao adversário”, prevê.

Nascido em Araxá, na região do triângulo mineiro, Zema, 58 anos, só em alguns momentos, como quando diz que “na política você tem que saber agredir cirurgicamente”, usa um discurso que faz jus à geração e à tradição do Estado que deu ao Brasil políticos do naipe de Tancredo Neves e Magalhães Pinto, entre muitos outros. Na maior parte do tempo, ele é direto e sem meias palavras, como quando fala da oposição.

“Enxergo a esquerda como um adversário que na comunicação, na propaganda dá trabalho, mas no resultado? Pode esquecer porque eles nunca vão conseguir o melhor resultado em termos de crescimento da economia, de desenvolvimento”. Segundo o governador, a esquerda tem um discurso apelativo e o usa em detrimento de entregar melhorias para a sociedade. “Mas é um discurso sedutor, é meio que o canto da sereia: nós somos social, nós somos verdes. Eu bato palmas e aplaudo a esquerda porque eles conseguem fazer uma lavagem mental, mas na prática não tem nada”, critica.

Embora ainda falte muito para a eleição de 2026, Zema diz que só pensa na hipótese de ser candidato se achar que “poderá fazer alguma coisa”. Se não prefere apoiar outro nome. De qualquer forma ele antevê uma eleição polarizada, em um pais dividido e crê que o apoio de Bolsonaro, inelegível por oito anos, será fundamental.

Por isso, os governadores do Sul, Sudeste – maciçamente de oposição – já se preparam e se organizaram no Consórcio Sul-Sudeste (Cossud). A entidade agora é presidida pelo governador Ratinho Junior e, pela primeira vez, formalmente constituída promete dar trabalho ao governo federal e atuar em bloco no Congresso sempre que possível. “Temos 256 deputados – metade da Câmara – 70% da economia e 56% da população do País. Não é pouco, nê? Já decidimos que, além do protagonismo econômico que temos nós queremos - que é o que nunca tivemos - que é protagonismo político”, avisa.

Entrevista


Como está o relacionamento do senhor com os demais governadores do Sul, Sudeste? Vocês se conversam tem um grupo no zap?.....

Temos o Grupo do Cossud. Na verdade, ele já existia, mas nós formalizamos o Consórcio Sul, Sudeste, que reúne os 7 Estados das duas regiões. A cada 90 dias, nós nos encontramos para trabalharmos de forma conjunta. A última reunião foi em Belo Horizonte. Tem muita coisa que um Estado faz melhor que o outro. Também já decidimos que além do protagonismo econômico que temos, porque representamos 70% da economia brasileira, nós queremos – que é o que nunca tivemos – protagonismo político. Outras regiões do Brasil, com Estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília.

E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por Estado. Nós falamos, não senhor. Nós queremos proporcional à população. Por que sete Estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o Conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente.


Quando começou o Cossud?
Começou no meu primeiro ano de governo. Já tivemos reuniões em todos os Estados, mas nunca havia sido formalizado. É que, como (João) Doria sempre foi um candidato potencial à Presidência, essa candidatura dele, atrapalhava o grupo. Os outros governadores ficavam com um pé atrás. Agora, não. Esse grupo é coeso. A reunião de BH foi a oitava, a melhor de todas. Mas foi a primeira dentro desse contexto de formalização. Não é mais um grupo informal, tem CNPJ e vamos ter um escritório de representação em Brasília. E, pela primeira vez, um dia antes da reforma tributária ser votada nós convidamos todos os 256 deputados federais (metade da Câmara dos Deputados) do Sul e do Sudeste. Os do Norte e Nordeste estão muito na nossa frente.

Qual é a agenda prioritária para o Cossud?

A reforma tributária e a representatividade no Senado. Sempre vamos estar em desvantagem – 27, num total de 81. Temos feito o mesmo trabalho com o senadores de nossos Estados e o que nós queremos é que o Brasil pare de avançar no sentido que avançou nos últimos anos – que é necessário, mas tem um limite – de só julgar que o Sul e o Sudeste são ricos e só eles têm que contribuir sem poder receber nada. A reforma tributária, fizemos outro questionamento. Está sendo criando um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade...Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década. Se não você vai cair naquela história, do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Daqui a pouco as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento. É preciso tratar a todos da mesma forma. As decisões têm que escutar ambos os lados e o Cossud vai fazer esse papel porque ninguém pode ignorar o peso de expressivo de 256 deputados na Câmara.
 
............
 
 
E Bolsonaro inelegível, ajuda ou atrapalha em 2026?
Ele ajuda. Sem dúvida. É lógico que algumas posições dele, afugenta eleitores como foi a de desdenhar a pandemia. Acaba agredindo. O apoio dele vai ser importantíssimo para o candidato que surgir em 26. Ele, mais do que ninguém atrai milhões de brasileiros.
 
 
ÍNTEGRA DA ENTREVISTA
 

O Estado de S.Paulo
 


segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Maré final amplia máquina política de Bolsonaro e reduz apelo ao centro

A maré final que impulsionou Jair Bolsonaro sugere que ele precisará fazer concessões modestas em sua plataforma para o embate direto com Fernando Haddad (PT). O forte desempenho do candidato do PSL e de políticos que pegaram carona em seu nome deve facilitar a formação de uma aliança para ampliar seu eleitorado no segundo turno. O resultado deste domingo (7) foi uma boa notícia para Bolsonaro em três dimensões: ele partirá de um patamar de votos próximo dos 50% para o confronto final; terá palanques sólidos em disputas de segundo turno nos principais estados do país; e contará com a adesão de candidatos de diversos partidos, que se elegeram em sua esteira no primeiro turno.

Em posição mais confortável que seu rival, o presidenciável do PSL terá a opção de reforçar suas trincheiras em vez de amenizar o tom seu discurso para conquistar novos votos. Os acenos ao eleitorado de centro podem se resumir a gestos limitados, suficientes para atrair o apoio que falta para empurrá-lo à vitória.  Ao longo do primeiro turno, Bolsonaro preferiu fortalecer um viés conservador, antipolítico e de linha dura na segurança para cristalizar e expandir seu eleitorado.  A estratégia deu certo, e a carta da moderação ficou guardada para um eventual segundo turno. O cenário oferece a ele o privilégio de decidir com que intensidade vai aplicá-la. Essa escolha dependerá mais de uma grandeza política (que ele ainda não demonstrou) do que de uma necessidade eleitoral.

O quadro é bem menos cômodo para Fernando Haddad. Ele deverá atrair com facilidade boa parte dos eleitores de Ciro Gomes (PDT), mas precisará dar um passo largo para fazer frente ao campo de Bolsonaro.  O petista já planejava um movimento significativo em direção ao centro para expandir seu alcance. Pretendia fazer esse gesto já no primeiro turno, mas a dificuldade de crescimento na reta final da campanha obrigou o candidato a reforçar seus tons de vermelho.  No segundo turno, Haddad deve se reapresentar como um candidato moderado, com acenos de reaproximação com o mercado financeiro e ajustes na plataforma econômica elaborada pelo PT. [Haddad antes de qualquer quer decisão ficará de joelhos diante do babalorixá Lula, que decidirá o que pode o poste-laranja fazer ou não fazer e falta ao 'capacho' a dignidade que lhe dê a coragem para sacudir a sela e derrubar o presidiário que o subjuga.]  
 
Para ampliar seu eleitorado, o petista enfrentará principalmente uma dificuldade de articulação política em alguns dos principais estados do país –principalmente São Paulo, Minas Gerais e Rio.  Com poucos candidatos competitivos no Sudeste, o PT ficou fora do segundo turno nesses três estados. Em Minas e no Rio, deve ficar absolutamente isolado, já que os candidatos que continuam na disputa são adversários dos petistas. No Rio, o candidato de Bolsonaro, Wilson Witzel (PSC), disparou na reta final e terminou com mais de 40% dos votos. Seu adversário no segundo turno será Eduardo Paes, que já foi aliado do PT, mas se transferiu para o DEM.

O revés do governador petista Fernando Pimentel em Minas também prejudica a vida de Haddad para o segundo turno. O presidenciável do PT ficará sem palanque no estado nas próximas três semanas, enquanto Bolsonaro poderá contar com o apoio de Romeu Zema (Novo) –que enfrentará o tucano Antonio Anastasia (PSDB).  Em São Paulo, o presidenciável do PSL terá o já anunciado palanque de João Doria (PSDB), enquanto Haddad precisaria buscar Márcio França (PSB), que chegou ao segundo turno na disputa pelo governo estadual.

Os petistas poderão contar com os governadores reeleitos em primeiro turno no Nordeste, como Rui Costa (PT) na Bahia, Camilo Santana (PT) no Ceará e Renan Filho (MDB) em Alagoas. Esses governadores não terão um palanque eleitoral próprio para emprestar a Haddad, mas poderão usar as máquinas de seus governos. Em 2014, petistas consideraram a vitória de Pimentel no primeiro turno em Minas um passo crucial para fortalecer a candidatura de Dilma no estado para o embate final com Aécio Neves (PSDB). O governador eleito passou a mobilizar prefeitos, oferecendo o apoio do governo estadual em troca de engajamento na campanha à reeleição da então presidente. Dilma venceu Aécio no segundo turno entre os mineiros.

O candidato do PSL, por outro lado, ainda terá o Sul do país a seu favor. O governador eleito do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), se alinhou a seu campo durante o primeiro turno. A força de Bolsonaro ainda impulsionou o candidato do PSL em Santa Catarina, Comandante Moisés. Ele chegou ao segundo turno e dará palanque a Bolsonaro para o embate com Haddad.  O presidenciável também pode se beneficiar de candidatos de seu grupo que foram eleitos para o Congresso. O desempenho de políticos do PSL e de nomes que se aproximaram do presidenciável para se eleger forma uma tropa de cabos eleitorais gratuitos para sua campanha no segundo turno.

O bom desempenho de Bolsonaro nas urnas deve facilitar ainda a adesão de caciques de partidos tradicionais a sua candidatura. A perspectiva de poder costuma falar alto nesses momentos. Políticos de siglas como MDB, DEM, PSDB e do chamado “centrão” chegaram a indicar apoio ao candidato do PSL ainda no primeiro turno. Os números deste domingo devem estimular novas alianças.

Bruno Borghossian -  Folha de S. Paulo/UOL