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quinta-feira, 21 de março de 2019

Renda da classe alta brasiliense é 6 vezes maior que a de famílias carentes

A renda domiciliar per capita da classe alta brasiliense é pouco mais de seis vezes superior a de famílias mais carentes. Nas cidades mais ricas, 40,3% das crianças de até 3 anos têm acesso à educação, enquanto nas mais pobres, mais de 83% estão fora de creches 

 A desigualdade de renda na capital federal, medida pelo Índice de Gini, cresceu em 2017 e 2018 em comparação ao biênio anterior (2015-2016), conforme mostra a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD). O índice subiu de 0,53 para 0,58. Ele vai de 0 a 1, sendo 1 de diferença máxima e 0, mínima.

O estudo, divulgado ontem pela Companhia de Planejamento (Codeplan), indica que a renda familiar per capita da classe alta brasiliense é pouco mais de seis vezes superior a de componentes do círculo mais carente. O primeiro grupo tem um faturamento médio de R$ 15.662 e o segundo, de R$ 2.463.  O abismo social deve-se a um círculo vicioso, que começa na infância. Nas cidades de alta renda — Plano Piloto, Jardim Botânico, Lagos Norte e Sul, Park Way, Sudoeste e Octogonal —, 40,3% das crianças de até 3 anos têm acesso à educação. Na contramão, mais de 83% daquelas que vivem em regiões com baixos rendimentos — Fercal, Itapoã, Paranoá, Recanto das Emas, SCIA-Estrutural e Varjão — não ingressaram em creches. “Isso mostra a falta de vagas e estrutura para a população que não tem condições de pagar uma mensalidade”, comentou o presidente da Codeplan, Jean Lima.

A rede pública atende à 15.827 crianças de até 3 anos.
De acordo com a Secretaria de Educação, cerca de 23 mil estão à espera de uma vaga, sem previsão de atendimento. “Hoje, há 52 Centros de Ensino de Primeira Infância (CEPIs) e mais 60 instituições conveniadas. Outros quatro CEPIs estão em construção no Distrito Federal — dois em Samambaia, um na Ceilândia e um no Lago Norte”, descreve a pasta, por meio de nota oficial. Ela projeta a abertura de 19 mil vagas até o fim de 2022.