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terça-feira, 27 de outubro de 2015

Lava Jato não é mais exceção, diz Moro sobre busca em firma de filho de Lula



Companhia de Luís Cláudio Lula da Silva recebeu dinheiro da Marcondes & Mautoni, consultoria investigada por atuar na "compra" de medidas provisórias nos governos Lula e Dilma
O juiz responsável pela Lava Jato, Sergio Moro, disse nesta terça-feira (27) em palestra que a Lava Jato não é mais uma exceção. E exemplificou com a decisão da juíza federal Célia Regina Orly Bernardes, que aceitou os argumentos do Ministério Público e permitiu as buscas nas empresas do filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Luís Claudio Lula da Silva, além de prisões de lobistas e condução coercitiva de alvos da Operação Zelotes. As empresas são: LFT Marketing esportivo, Touchdown Promoção de Eventos Esportivos e Silva Cassaro Corretora de Seguros.

"Esses casos (investigações da Lava Jato) influenciam positivamente. Ontem mesmo tem a decisão de uma colega juíza que pareceu importante", disse.

A operação investiga fraudes em julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado ao Ministério da Fazenda. Segundo a PF, esta nova etapa investiga incentivos fiscais em favor de empresas do setor de automóveis.

"Muito suspeito"
O Ministério Público Federal alega ser "muito suspeito" a LFT Marketing Esportivo, que pertence a Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, receber valores "expressivos" de uma firma que mantém "contatos" com o governo. Relatório da investigação diz que, apesar dos dividendos milionários, a empresa não tem funcionários, tampouco pagou salários ou recolheu contribuição previdenciária nos últimos anos, indicativo de que seria de fachada.

Os documentos da Operação Zelotes mostram que a Marcondes & Mautoni recebeu R$ 16,8 milhões da MMC Automotores, que fabrica veículos Mitsubishi, e da CAOA, que monta modelos Hyundai, para viabilizar a MP 627, de 2013. Em 2014, 97% do faturamento da Marcondes veio desses negócios. Naquele mesmo ano, o escritório repassou, além de recursos para seus sócios, R$ 1,5 milhão para a LFT. São esses os únicos beneficiários.

"Tem razão o MPF ao afirmar ser 'muito suspeito uma empresa de marketing esportivo receber valor tão expressivo de uma empresa especializada em manter contatos com a administração pública (Marcondes & Mautoni)', o que justifica a execução de busca e apreensão na sede da empresa",
escreveu a juíza Célia Regina Ody Bernardes, da 10ª Vara Federal em Brasília, em sua decisão.

Carvalho
Um dos nomes mais próximos ao ex-presidente Lula no PT, o ex-ministro Gilberto Carvalho foi ouvido nesta segunda-feira, 26, pela PF sobre suposto envolvimento com a compra da MP 471.  Ele é mencionado em agendas e e-mails dos lobistas envolvidos no esquema, entre eles Mauro Marcondes, com quem manteria relação "estreita". Os investigadores ainda não têm dados que comprovem pagamento de propina para o petista, razão pela qual ele não foi alvo da terceira fase da Zelotes, mas apenas intimado a se explicar.

Uma das anotações de APS menciona um "café" com "Gilberto Carvalho" em 16 de novembro de 2009, quatro dias antes de a MP 471 ser editada pelo ex-presidente Lula. Para os investigadores, "café" pode ser interpretado como propina ou mesmo um encontro com o ex-ministro.

Há mensagens mostrando, ainda, em que Marcondes encaminha um assunto para o petista e pede para ele tratar do tema com Lula "informalmente".

Na época da edição da MP 471, Carvalho era o chefe de gabinete de Lula. Documentos apreendidos com outro lobista, citam ainda o ex-ministro Nelson Machado, número dois da Fazenda na época da MP. Ele não foi alvo da nova fase da operação realizada ontem.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.