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segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

A tragédia do ensino médio

Recente estudo sobre a evolução do acesso ao sistema de ensino e sobre sua qualidade, promovido pelo movimento Todos pela Educação, uma entidade sem fins lucrativos integrada por pedagogos, gestores escolares e representantes da iniciativa privada, mostra como a crise educacional do País vem sacrificando o futuro das novas gerações. 
Em 2018, segundo a pesquisa, quase 4 em cada 10 jovens na faixa etária de 19 anos não concluíram o ensino médio na idade considerada para esse ciclo educacional. E, do total de brasileiros nessa faixa etária, 62% já estão fora da escola e 55% pararam de estudar ainda no ensino fundamental. O estudo foi promovido com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Todos pela Educação definiu uma lista de cinco metas para o crescimento e modernização da educação brasileira até 2022 e, na pesquisa de 2018, constatou que o País continua longe de alcançá-las.


 Uma das metas era fazer com que o Brasil tivesse, até o ano passado, mais de 90% dos jovens de 19 anos com o ensino médio completo. Em 2018, só 63,5% atingiram esse objetivo. E, como a qualidade desse ciclo educacional é ruim, entre os alunos que conseguem concluí-lo muitos apresentam conhecimento insuficiente em leitura, ciências e matemática, enfrentando problemas para ler palavras com mais de uma sílaba, identificar o assunto de um texto, reconhecer figuras geométricas e contar objetos. Na Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2017, o ensino médio alcançou o nível 2 de proficiência, numa escala de 0 a 9 – quanto mais baixo é o número, pior é a avaliação.
Com excesso de matérias, currículo desconectado da realidade socioeconômica e conteúdos ultrapassados, o ensino médio é considerado o mais problemático de todos os ciclos do sistema educacional. E é justamente por isso que ele se destaca por altas taxas de abandono e de reprovação.

“Falta muito para avançarmos e há um desafio para a educação básica como um todo. Muitos jovens estão fora da escola ou não se formam por causa da qualidade do ensino. Se o aluno avança de etapa sem uma base sólida e chega ao ensino médio com déficit, ele é quase induzido a sair do sistema de ensino”, afirma o diretor de políticas educacionais do Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho. O desinteresse dos estudantes pode ser visto já na primeira das três séries do ensino médio, onde 23% dos alunos abandonam as salas de aula. E é justamente por isso que a taxa de crescimento de concluintes das três séries não tem a velocidade necessária para atingir a meta prevista para 2022, lembram os técnicos do Todos pela Educação.
Entre 2012 e 2018, o número de concluintes na faixa etária de 19 anos cresceu apenas 1,9% por ano, em média, quando seria necessário que aumentasse 7,2% anualmente, para que a meta pudesse ser atingida. “O crescimento é muito lento. Ainda estamos muito distantes para dizer que o País está a caminho da universalização do ensino básico”, diz o gerente de políticas educacionais da entidade, Gabriel Corrêa.
Na realidade, os problemas estruturais do ensino médio são antigos e a saída é conhecida. Em vez de concessões a modismos pedagógicos e políticas demagógicas, é preciso reduzir o número de matérias, rever os currículos e tornar os gastos no setor mais produtivos, mediante programas de aprimoramento da formação de professores, por exemplo. E tudo isso exige maior articulação entre o governo federal e as áreas educacionais dos Estados e municípios. Sem fortalecer o ensino de disciplinas essenciais e sem motivar os alunos do ensino médio a concluir esse ciclo educacional, o Brasil continuará incapaz de formar mão de obra tão produtiva quanto a de outras economias emergentes. Não conseguirá formar o capital humano de que necessita para voltar a crescer de modo sustentado. E perpetuará as condições do atraso, da desigualdade e da pobreza, impedindo que as novas gerações se emancipem intelectual, social e economicamente.
Opinião - O Estado de S. Paulo

sábado, 23 de dezembro de 2017

País precisa mudar a escandalosa situação educacional

O fracasso de um sistema educacional com quase 12 milhões de analfabetos é o legado da persistência em um modelo falido adotado por todos os governos

São 11,8 milhões de analfabetos, com mais de 15 anos de idade, representando 7,2% da população, segundo o IBGE. 

Esse é, em síntese, o atestado de um clamoroso fracasso de gerações na governança do país. Não há atenuante para a situação educacional desoladora do Brasil. A culpa é, sim, de governos — no plural, em sucessão cronológica e na plena acepção do termo. E não é de um especificamente, mas de todos que se revezaram no último século com a promessa de estabelecer a Educação como prioridade, com destaque para líderes do período recente, pós-ditadura. 

É o legado de fracasso da persistência em um modelo falido de administração do Estado brasileiro, no qual os Poderes republicanos se mantêm inertes, sem cumprir a obrigação constitucional de zelar por objetivos fundamentais como a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; a garantia do desenvolvimento nacional; a erradicação da pobreza e da marginalização; a promoção do bem coletivo, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Inexiste dicionário com qualificativos suficientes para traduzir a indignação provocada pelo retrato exposto da região Nordeste, onde a proporção de analfabetos na população corresponde ao dobro (14,8%) da média nacional, e quatro vezes mais que no Sul, onde se encontra o menor (3,6%) contingente de brasileiros que sobrevivem sem saber ler ou escrever. 

A despeito das promessas eleitorais, a perpetuação da exclusão tem sido obra governamental permanente. Gasta-se muito, e mal, em prédios, burocracia e efeitos especiais, como os de internet nas escolas. Concentram-se orçamentos públicos em universidades, em detrimento do ensino fundamental. O Centro-Oeste, que sustenta a terceira maior taxa de analfabetismo (5,7% da população), acaba de ganhar autorização para três novas universidades. 

É escandalosa, e não há definição mais adequada, a desigualdade educacional mensurada pela autodeclaração da cor da pele: entre grupos pessoas assumidas pretas ou pardas constatam-se duas vezes mais analfabetos (9,9%) do que no grupo de brancos (4,2%). Significa, na prática, virtual condenação à miséria com base na coloração da epiderme, porque uma pessoa pobre, que não sabe ler e escrever, tem escassas chances de emergir da pobreza, lembra Priscila Cruz, diretora executiva do movimento Todos Pela Educação. 

A mudança é possível, absolutamente desejável. Devem ser saudadas iniciativas como a recente instituição de uma base curricular comum e nacional. Ainda que tardia, representa um passo, mas outros são necessários, com urgência. Deveriam servir de bússola à ação do Executivo em harmonia com outros Poderes, dos partidos e candidatos, para assegurar à Educação prioridade absoluta na agenda política nacional do próximo ano. 

Editorial - O Globo