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domingo, 8 de outubro de 2017

A morte de Cancellier é um desencanto

Proibir um reitor afastado de pisar na universidade serve apenas para humilhá-lo

Depois de ter afastado o professor Luís Carlos Cancellier da reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina, proibindo-o de entrar na instituição e de ter determinado sua prisão provisória (revogada por outra juíza), a doutora Janaína Cassol Machado, titular da 1ª Vara Federal de Florianópolis, atendeu a um requerimento da defesa e decidiu: “Diante do parecer do Ministério Público, deve ser deferido o pedido, ressaltando-se que a última entrevista começa às 17h30, de modo que a autorização deve se estender para às 18h. No entanto, ressalta-se que o ingresso de Luís Carlos Cancellier de Olivo nas dependências da UFSC deve ser deferido única e exclusivamente para participar da sessão pública, na data e horário acima especificado.”

Tradução: o professor podia entrar na universidade no dia 5 de outubro, mas só das 15h às 18h. Terminado o serviço, devia ir embora.  Cancellier não usufruiu o benefício concedido pela juíza. Entrou na Federal de Santa Catarina três dias antes, no final da tarde de 2 de outubro, morto, para ser velado. Ele se suicidara, jogando-se no pátio interno de um shopping center de Florianópolis.

A morte do professor jogou nas costas dos cidadãos que o acusaram, investigaram e mandaram para a cadeia a obrigação de mostrar que fazia sentido submetê-lo ao constrangimento. Se a chamada Operação Ouvidos Moucos acabar em pizza, vai se estimular a impunidade das redes de malfeitorias encravadas em dezenas de programas de bolsas de estudo do país.

Chegou-se a dizer que a operação policial na qual o professor foi preso investigava o desvio de R$ 80 milhões de um programa de educação a distância. Mentira. R$ 80 milhões foi o valor total do programa. As maracutaias não aconteceram durante a gestão de Cancellier. Havia trapaças no pedaço, envolvendo servidores e empresários, mas o reitor nunca foi acusado de ter desviado um só tostão.

Cancellier foi denunciado pelo corregedor da UFSC, doutor Rodolfo Hickel do Prado, por tentar obstruir seu trabalho. Num artigo publicado depois de sua prisão, o reitor revelou que nunca foi ouvido pela auditoria interna. A Polícia Federal investigou o caso, e a delegada Erika Marena, madrinha da marca Lava-Jato, (Flávia Alessandra no filme “A Lei é para todos”) pediu a prisão do reitor. Ela também não o ouviu. Depois de solto, Cancellier ficou proibido de pôr os pés na universidade.

Nos dias de hoje, proibir um reitor afastado de pisar na universidade serve apenas para humilhá-lo. Vale lembrar que a ditadura nunca proibiu os professores que cassou de entrarem nas escolas. Um bilhete encontrado na jaqueta que Cancellier vestia quando se matou diz que “minha morte foi decretada quando fui banido da universidade”. (Quando três ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal obrigam Aécio Neves a dormir em casa, produzem apenas barulho, a menos que estejam defendendo a temperança nas noites de Brasília e do Rio.[nota: considerando que os três ministros autores da bizarra decisão sempre estão em sintonia com o pensamento do ministro Edson Fachin - o que foi ciceroneado em uma visita ao Senado, visita de lobby por ter sido indicado para ministro, por ninguém menos que o bandido Ricardo Saud - o trio de ministros está sendo mais conhecido como Quarteto do Barulho do STF.] )
As patrulhas da polícia e do Ministério Público devem pensar, pelo menos, uma vez antes de mandar prender um cidadão. Isso porque abundam os sinais de que se pensa mais no espetáculo da publicidade do que nos direitos dos brasileiros. Era realmente necessário prender Cancellier? Soltando-o, era necessário proibi-lo de entrar na universidade?
Guimarães Rosa ensinou: “As pessoas não morrem, ficam encantadas”. O reitor Cancellier tornou-se um desencanto para o Brasil da Lava-Jato.

Super Temer se meteu com a SuperTele
Num momento de onipotência, Michel Temer disse que “converso com quem eu quiser, na hora que eu achar mais oportuna e onde eu quiser”. Conversou com Joesley Batista, e deu no que deu.  Temer é um homem frio, mas de vez em quando vira SuperTemer. Esse perigoso personagem recebeu no Planalto uma comitiva de conselheiros da operadora Oi, a ex-telegangue, ex-Telemar e ex-SuperTele. Ela deve R$ 63 bilhões na praça. O grupo estava escoltado por três deputados e representava os interesses do empresário Nelson Tanure, que participou do encontro, sem que seu nome constasse da agenda.

Num rolo desse tamanho, as querelas são muitas, mas vale a pena resgatar uma delas. O conselheiro Hélio Costa, ex-ministro das Comunicações de Lula, anunciou que será “impossível” cumprir o acordo que a Oi assinou com a Anatel, comprometendo-se a transformar em investimentos, num prazo de quatro anos, os R$ 11 bilhões que admite dever à Viúva por conta de multas. Costa (e as demais operadoras que entraram na farra desse “Termo de Ajustamento de Conduta”) querem até 12 anos de refresco.

A operadora ofende o regulamento, é multada e não paga. Mal administrada, quebra. Faz um acordo e promete investir o que deve. Não quer cumprir o trato e vai ao presidente da República, escoltada por três deputados. Quando der bolo, SuperTemer precisará de bons advogados.

O Rio mudou
O governador Luiz Fernando Pezão é amigo de seus amigos. Durante uma audiência formal, tratando de assuntos do Rio, pediu aos visitantes que fizessem doações de livros para a cadeia de Benfica, onde seu padrinho Sérgio Cabral trabalha como bibliotecário.
O juiz Marcelos Bretas fez bem ao Rio. Hoje o governador pede livros a quem vai tratar de negócios com ele.

Ato falho
A defesa de Temer pisou na Bíblia ao chamar os irmãos Joesley e Wesley Batista de “iscariotes”.
Judas foi um traidor, mas ninguém nega que ele era da turma do Nazareno. Jantaram juntos horas antes do beijo infame.
Temer, que ainda não se comparou a Jesus, diz que nunca teve a ver com os Batista.

Stepan (1936-2017)
Morreu Alfred Stepan, o professor americano que, com suas pesquisas, reorientou o conhecimento que os brasileiros tinham sobre seus militares.  Em 1974, a polícia política se preocupou porque o professor Fernando Henrique Cardoso estaria traduzindo o livro de Stepan — “Os militares na política”. Era boato, mas o meganha temia que a “convicção esquerdista” do tradutor contaminasse a obra.

Em 1970, Stepan foi um dos 20 brasilianistas que protestaram diante da abertura de um processo contra o historiador Caio Prado Júnior. Numa das grandes covardias da ditadura, Caio foi condenado a quatro anos e meio de prisão por causa de uma entrevista inócua para um jornalzinho de estudantes.

Estatística
A Olimpíada se confundiu com uma roubalheira, mas o Rock in Rio foi um sucesso, e nele a Viúva não pôs um tostão.
Os organizadores do evento tiveram que tourear 68 órgãos públicos.

Fonte: Elio Gaspari, jornalista

[ Nota para a jornalista Dorrit Harazim:
 - magnifico seu artigo ser ser favorável a devolução do Prêmio Nobel;
Só que inócuo, pois vc mesma diz que o regulamento do Nobel não aceita devolução nem cassação.

Não pegou bem o diálogo que vc contou ao final. 


"Diálogo do século passado: uma senhora que fora assistir a uma exposição de Henri Matisse (1869-1954) teria se indignado com uma de suas telas.

— Mas isso não é uma mulher — protestou ao artista.

— Não, minha senhora. Isso é um quadro — esclareceu Matisse

Vale para os dias de hoje."


No Brasil de hoje tem muitos artistas, vários com o apoio da imprensa, que chamam pedofilia de arte.]