Graças ao legado do falecido Hugo
Chávez e seus contemporâneos como Nicolás Maduro, Rafael Correa, Evo Morales,
Daniel Ortega, Cristina Fernández de Kirchner, Salvador Sánchez Cerén e outros,
o Irã goza de um poder jamais visto na América Latina.
Mahmoud
Ahmadinejad: "É um assunto de vida ou morte. Preciso que intermedeie
junto à Argentina uma ajuda para o programa nuclear de meu país. Precisamos que
a Argentina compartilhe conosco a tecnologia nuclear. Sem a colaboração do
país, será impossível avançar em nosso programa".
Faz dois meses que o
Irã e a Arábia Saudita estão brincando de cabo-de-guerra para ver quem fica com
a América Latina. Em 10
de novembro de 2015 o Vice-Ministro das Relações Exteriores do Irã se reuniu, a
portas fechadas, com os embaixadores de nove países da América Latina para
reiterar o desejo da República do Irã de "expandir
e aprofundar os laços" com aquela região. No final daquele mês outras declarações no mesmo sentido foram
proferidas pelo Presidente do Irã Hassan Rouhani e pelo Líder Supremo Aiatolá
Ali Khamenei no Fórum dos Países Exportadores de Gás (GECF em inglês) em
Teerã.
Naquele
mesmo dia o Ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita Adel al-Jubeir
presidiu uma reunião de cúpula sul-americana/árabe em Riad. O Ministro das
Relações Exteriores al-Jubeir que já foi Embaixador nos Estados Unidos em 2011,
foi alvo de uma conspiração de assassinato iraniana/latino americana. A mensagem da reunião de cúpula saudita foi
inequívoca: uma reaproximação árabe com os países sul-americanos irá
aumentar o isolamento do Irã no mundo.
Lamentavelmente
para a Casa de Saud, no caso da América do Sul, ela (Casa de Saud) está mais de trinta anos
atrás de seus rivais persas. Após a revolução de 1979, os líderes da recente estabelecida
República Islâmica do Irã procuraram não só mudar seu país como também o mundo.
Em 1982 o Irã sediou uma conferência internacional da Organização de Movimentos
Islâmicos, reunindo mais de 380 clérigos de cerca de 70 países dos quatro
cantos do planeta incluindo muitos da América Latina.
[1] O propósito da conferência era exportar para o mundo a revolução iraniana.
No ano
seguinte, em 1983, o Corpo de Elite da
Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC
em inglês) desfechou sua primeira operação
terrorista internacional de grande vulto: o atentado a bomba contra os alojamentos dos Marines em Beirute.
Essa ação levou à retirada das forças multinacionais do Líbano. Naquele mesmo
ano o Irã começou a financiar e treinar o Hisbolá no Líbano. 1983 também foi o
ano que a República Islâmica iniciou as operações secretas na América Latina.
Por: Joseph M. Humire é o diretor executivo do Center for a Secure Free
Society (Centro para uma Sociedade Livre e Segura - SFS) e co-editor do livro
Iran's Strategic Penetration of Latin America (Lexington Books, 2014).
Tradução: Joseph Skilnik