Frase do dia
Nunca vi um crime com
tanta impressão digital. Estão lá as impressões digitais. Não era possível um
delito com tanta prova. Um crime de responsabilidade sem punição, aí sim que é
irresponsabilidade, uma forma de golpe, e essa Casa não vai aderir a isso.
Miguel Reale Jr., jurista, um dos autores do pedido
de impeachment de Dilma
A corda e o relógio
A estratégia de José Eduardo Cardozo, ministro-chefe da
Advocacia-Geral da União (AGU), que defende a presidente Dilma Rousseff contra o
impeachment, é esticar a corda o máximo
possível e criar uma guerrilha contra o processo. O primeiro passo foi
questionar a votação da admissibilidade na Câmara dos Deputados, alegando que
as declarações de voto dos parlamentares não condiziam com a natureza do pedido
em discussão.
Provavelmente,
o pedido vai ser negado pelo presidente
da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Aliados podem
tentar recurso na Comissão de Justiça, mas o objetivo é outro: recorrer da decisão de Cunha e levar a
discussão, de novo, para o Supremo Tribunal Federal (STF). Dessa feita, questionando a validade da votação. Coisa
do velho e bom PT, conhecido de todos por causa de
sua vocação para defender disparates.
Mesmo que não obtenha sucesso, Cardozo deseja que a discussão
atrapalhe ou, quem sabe, paralise o andamento do processo no Senado. Ele conta com a possibilidade de seus recursos caírem em “mãos amigas” e conseguir alguma
liminar que provoque debates que, eventualmente, travem o processo. [O ‘garboso’ precisa começar a desconfiar que esse excesso de recursos
absurdos, sem fundamento, verdadeiros disparates, tática típica de babaca
petista misturado com ‘chicaneiro’, só vai levar a um resultado: antipatia
total dos ministros do Supremo, incluindo os sempre gratos Lewandowski e Marco
Aurélio;
Este sentimento fará com que todo
recurso proveniente da defesa da Dilma seja apreciado com rapidez pelo STF e
negado de pronto, tendo em conta a indisfarçável intenção procrastinadora. ]
Outra
iniciativa é tentar obter do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mais tempo na
tramitação do processo na Casa. Para tal, Cardozo conta
com a discreta simpatia do ministro Ricardo Lewandowski, que presidirá o
julgamento, e um irregular apoio do
Renan.
Por que ganhar tempo? A presidente Dilma e o ex-presidente Lula esperam criar um clamor
internacional (improvável)
contra o que chamam de “golpe” contra
a democracia. Marco Aurélio TOP
TOP Garcia,
assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais,
atua intensamente junto aos países bolivarianos do Mercosul e da União de
Nações Sul-Americanas (Unasul) para forçar uma condenação expressa ao
processo no Brasil. [qual o
valor de uma condenação de organismos inúteis quanto o Mercosul e a Unasul?
ZERO, nada mais que um ZERO à esquerda.]
Até agora, obteve duas
declarações de relativo peso: do secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, e
do deputado kirchnerista Jorge Taiano (Parlasul). No entanto, nenhuma das instituições aprovou ou irá aprovar moções
condenando o Brasil. Até mesmo
pelo fato de não existir maioria para tal. As escaramuças são dos “executivos” que as gerenciam.
A grita internacional, se
ocorresse de forma intensa, poderia alimentar o debate (improvável)
sobre a realização de novas
eleições gerais no país. Fato que representaria uma grave ruptura e só poderia se
concretizar se o Tribunal Superior Eleitoral anulasse a chapa Dilma-Temer (PT). O
governo espera (deseja) também que a Operação Lava-Jato venha a atingir o PMDB
e, até mesmo, o vice-presidente, Michel Temer. Para o Planalto, essa hipótese
poderia “zerar o jogo” no Senado e
reabrir as chances de permanência de Dilma no poder. Espera (deseja) ainda que algum fato novo possa reverter a tendência de aprovação em
definitivo do impeachment, daqui a dois ou três meses.
Mesmo que não seja uma grande
estratégia – já que depende de
um STF majoritariamente a favor do andamento do impeachment, das surpresas da
Lava-Jato e do acaso –, esta é a que resta a Dilma. Porém – e sempre existe um porém —, essa estratégia pode ficar ainda mais fragilizada se Lula e Dilma continuarem atacando a Câmara
dos Deputados e demonstrando desprezo pela instituição.
Afinal, caso Dilma se
salve, dependerá, para governar, daqueles a quem Lula hoje chama de “quadrilha”. A corda do governo está se rompendo. O tempo está acabando.
Por: Murillo de Aragão – cientista
político