Vozes - Gazeta do Povo
Brasil e Argentina
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
Lula planejou um grand finale para seu mandato como presidente temporário do Mercosul. A ideia era usar o Rio como cenário para o anúncio do sonhado acordo com a União Europeia. Faltou combinar com os russos — ou melhor, com os franceses e os argentinos.
O presidente esperava concluir uma negociação que se arrasta desde 1999. Quando os dois blocos pareciam se aproximar dos finalmentes, surgiram novos obstáculos em Paris e Buenos Aires. Na semana passada, Emmanuel Macron chamou a proposta de “antiquada” e “mal remendada”. Acrescentou que o texto seria “completamente contraditório” com o discurso ambiental do Brasil.
Pode ser uma nova desculpa para o velho protecionismo, mas não há chance de acordo sem o aval da França. Lula reconheceu o impasse ao dizer que não vai “desistir do Macron”.
Com a Argentina, a conversa tende a ser ainda mais complicada. Javier Milei se elegeu com um discurso agressivo [e razões não faltam para sua postura, que é melhor definida como sendo SINCERIDADE.] contra o Mercosul. Chegou a insinuar um rompimento com o bloco, que descreveu como uma união aduaneira em favor de empresários “que não querem competir”.
É improvável que ele leve a ameaça adiante, mas o Planalto sabe que não pode mais contar com boa vontade e espírito colaborativo na Casa Rosada.
Quando Lula já se conformava com o fracasso do acordo comercial, Nicolás Maduro resolveu inventar um conflito na fronteira com Roraima.O presidente da Venezuela informou que pretende anexar dois terços do território da Guiana. Fez um plebiscito fajuto, adulterou as linhas do mapa e nomeou um governador para uma região que pertence ao país vizinho.
A crise irritou o governo brasileiro e ofuscou o que sobrava da cúpula do Mercosul. Ontem, enquanto os presidentes conversavam na Praça Mauá, os Estados Unidos faziam manobras militares no espaço aéreo da Guiana.
A Casa Branca já prometeu “apoio incondicional” à soberania do país, uma forma diplomática de avisar que defenderá as petroleiras americanas contra uma ofensiva de Caracas.
SABER MAIS, CLIQUE AQUI
Em maio, Lula estendeu o tapete vermelho a Maduro e disse sofrer preconceito por ser “amigo na Venezuela”. Agora talvez perceba que o chavista age como amigo da onça.
Bernardo Mello Franco, colunista - O Globo
Vozes - Gazeta do Povo
OAB e PGR querem oferecer acordo para quem foi preso no acampamento diante do quartel e não participou de invasão na Praça dos Três Poderes. - Foto: Renan Ramalho/Gazeta do Povo
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
O Mercosul é apenas mais um dos nossos graves erros. Um bloco que, do ponto de vista teórico, pode e deve ser elogiado. Todo agrupamento de países para cooperação, redução de impostos, melhoria das condições de vida das respectivas populações, é sempre bem-vindo.
Mas, do ponto de vista prático, é apenas mais um dos nossos desastres. Uma escolha totalmente errada na sua gestação e criação. Com falta de inteligência extrema. A criação de blocos econômicos deve ser feita com critério, com sabedoria, e não apenas pela simples criação de um.
Todos os que militam no comércio exterior sabem - ou deveriam saber - sobre a lógica dos acordos econômicos. E a atual União Europeia deu o tom em seu início, em 1944, com a criação de uma área de livre comércio entre três países, a saber, Bélgica, Países Baixos (Netherlands e não Holland) e Luxemburgo, denominado Benelux, que foi consolidado em 1948.
Mais tarde, com a entrada da Itália, França e Alemanha Ocidental, foi criada a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço - CECA. Com a posterior inclusão, em várias etapas, de muitos outros países, chegamos à União Europeia com 28 países. Agora 27 após a saída do Reino Unido. Pode ter havido erros, e certamente ocorreram. Mas, seguiram uma lógica. Deixando claro a inteligência com que o bloco econômico foi criado. A lógica determina que se crie algo de sucesso aos poucos, e com o tempo, passo a passo.
E como o pedante e "auto-suficiente" Mercosul foi iniciado? Da pior maneira possível para países nas nossas condições. No meio do processo, ou seja, como uma união aduaneira. Em que todos os membros, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai devem ter a mesma alíquota de importação de mercadorias importadas de terceiros países. Isso é uma união aduaneira.
E qual a consequência dessa inconseqüência armada pelos quatro países do bloco? Simples, a destruição da liberdade econômica de cada um deles. E o mais prejudicado, claro, e certamente, é o Brasil.
Este acordo de união aduaneira impede que cada país faça seu acordo com quem quer que seja, um país ou bloco econômico. Ele amarra todos os países aos demais três, ou seja, qualquer acordo só pode ser feito se os quatro países estiverem de comum acordo. Isto é o famigerado "4 + 1".
Esta é uma situação muito difícil. É necessário que todos tenham as mesmas ideias, objetivos, interesses, etc. Imagine um acordo do Mercosul com a União Europeia. De um lado 27 países com interesses diversos, e de outro lado, quatro países também com interesses e ideologias diversas. Em especial países tão diversos quanto os quatro do Mercosul. E isso ocorre com todos os acordos, com todos os países com quem o Brasil deseje ter um acordo econômico.
Isso tem que acabar. O Brasil tem que recuperar sua independência e soberania para fazer acordos com quem desejar. E isso não é possível, repetimos, com o "4 + 1".
*O autor, Samir Keedi, é professor técnico e universitário de pós-graduação, palestrante, bacharel em Economia, mestre em Administração, autor de vários livros em comércio exterior, entre eles o "ABC do comércio exterior".
e-mail: samirskeconsultoria@gmail.com.br
É acadêmico titular da Cadeira Nº 4 da APH-Academia Paulista de História e sócio propietário de de SKE Consultoria Ltda.
Pense em alguma coisa ruim para o brasileiro comum — o governo Lula quer fazer, está tentando fazer ou promete fazer. Pense em alguma coisa boa: não apareceu nenhuma até agora
Lula | Foto: Shutterstock
Sua motivação, no caso, é a pior possível — é o protecionismo na sua forma mais primitiva, esse mesmo que há décadas impede o Brasil de crescer e de criar riqueza, para beneficiar uma elite inepta, ignorante, incapaz de competir e dependente do Erário.
Na noite em que Jair Bolsonaro foi eleito, Paulo Guedes deu uma amostra do que os novos ocupantes do poder pensavam sobre a América do Sul. Ele festejava a vitória num hotel da Barra da Tijuca, a poucos metros da casa do presidente eleito.Ao ouvir uma pergunta sobre o Mercosul, o futuro ministro acusou o bloco de ser dominado por “inclinações bolivarianas”. Em seguida, engrossou com uma repórter do jornal argentino Clarín. “O Mercosul não será prioridade. Era isso que você queria ouvir?”.
Apesar de terem muito em comum, os países da região levaram quase dois séculos para dividirem a mesma mesa. A primeira reunião dos 12 presidentes sul-americanos só aconteceu em 2000, por iniciativa de Fernando Henrique Cardoso.Oito anos depois, Lula assinaria o tratado de criação da Unasul. O subcontinente vivia uma maré de governos de centro-esquerda, mas a entidade estava longe de ser monolítica. Entre seus fundadores, figuravam o colombiano Alvaro Uribe e o paraguaio Nicanor Duarte.
Apesar da presença de conservadores, a direita brasileira estrilou. Olavo de Carvalho escreveu que a Unasul teria “poderes para impor o socialismo a todo o continente”. Nesta sexta, o deputado Kim Kataguiri definiu a Unasul como uma “associação de países de regime socialistas (sic), todos extremamente autoritários”. “Não se sabe se o órgão agirá como uma união soviética latina ou um fórum de ditadores do narcotráfico”, [pretendem ser uma URSS latina, uma associação de ditadores narcotraficantes e tudo o mais que não prestar] emendou o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança.
O potencial da cooperação não se limita à esfera comercial. Ao somar forças, os sul-americanos podem ampliar sua voz em negociações de temas como defesa, desenvolvimento, saúde e combate às mudanças climáticas. O Brasil é quem tem mais a ganhar com a atuação conjunta. O país concentra quase a metade do território, da população e da economia do subcontinente. A Unasul tem defeitos a serem corrigidos, mas abandoná-la foi uma atitude contrária ao interesse nacional. Para a embaixadora Barthelmess, a medida significou uma “abdicação de liderança brasileira”. “Em nome de rancores cultivados na esfera da política doméstica, sacrificaram-se princípios tradicionais de política exterior do país”, resumiu. [liderar não é, necessariamente, demonstração da importância do líder; muitas vezes, especialmente no caso da Unasul, os liderados são tão sem importância, que liderá-los compromete a imagem do líder.]
Bernardo M. Franco, jornalista - O Globo
Os investimentos privados obtidos por meio de concessões e privatizações são só um exemplo do que separa os modelos de Estado em jogo nas urnas. Em linhas gerais, “mais ou menos Estado”. Os recursos já compromissados vão alavancar as áreas de energia, transporte, saneamento e telecomunicações. A lista tem 900 projetos para rodovias, trilhos e portos.
Somam-se a ela projetos mais ambiciosos, como a privatização da Petrobras, de outros gigantes estatais e o que fazer com bancos públicos.
Clareza, objetividade e inteligência: Paulo Guedes explica em 1 minuto o futuro brilhante que está sendo preparado para o Brasil. pic.twitter.com/MTWIzRgQJR
— Roberto Motta (@rmotta2) August 4, 2022
Na atual administração, o governo arrecadou R$ 300 bilhões com desinvestimentos e venda de empresas, segundo levantamento do site Poder360. A maior delas foi a Eletrobras — outorga de R$ 67 bilhões.
No ano passado, as empresas estatais tiveram lucro líquido de R$ 188 bilhões, revertendo um longo ciclo de prejuízos puxados por Infraero, Correios, Eletrobras e Petrobras — pilhada por corrupção, como a Lava Jato descobriu. Na era petista, o déficit foi de R$ 40 bilhões.
– Ministro Paulo Guedes: Não prestem atenção em narrativas, prestem atenção nos fatos! pic.twitter.com/c44D78KmJB
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) August 4, 2022
Outra novidade implementada foi a montagem de um inventário com milhares de imóveis públicos, no valor de R$ 1,5 trilhão. Boa parte deles está colocada à venda desde 2020 — vão gerar R$ 100 bilhões até dezembro.
Enxugar o Estado é um processo lento — e burocrático. A atual administração esbarrou em entraves, especialmente na resistência do Congresso Nacional. A reforma administrativa, que mexe com o funcionalismo público, empacou. A votação da Eletrobras foi a mais difícil articulação na Câmara desde a Reforma da Previdência. Neste ano, uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) precisou ser aprovada na Câmara para vender terrenos da Marinha, resquícios do Brasil colonial. Áreas na costa marítima e em margens de rios e lagoas eram reservadas à Coroa Portuguesa.
Defesa do inchaçoA distância entre as agendas de Paulo Guedes e as dos gurus da campanha petista, Aloizio Mercadante e Guido Mantega, não para por aí. O PT pretende revogar a Reforma Trabalhista feita na gestão de Michel Temer, recuperar os sindicatos e impor um novo regime fiscal. O teto de gastos públicos é alvo de ataques do próprio ex-presidente, que defende o inchaço da máquina e o manejo do Orçamento sem rédeas.
Eu tenho a sorte de ter a meu favor os meus mandatos. O Brasil não precisa de teto de gastos. Quem faz teto de gastos é quem não tem confiança. O país precisa de credibilidade, estabilidade e previsibilidade.
— Lula (@LulaOficial) July 27, 2022
Historicamente, o partido é contra a autonomia do Banco Central, um avanço do governo atual — os dirigentes do banco agora têm mandatos de quatro anos, que não coincidem com o do presidente da República. Em 2014, a mais famosa peça de campanha de Dilma Rousseff, elaborada pelo marqueteiro do Petrolão, João Santana, mostrava um banqueiro retirando um prato de comida da mesa de uma família.
No ano passado, mesmo com o impacto global da pandemia, o Brasil atingiu uma corrente comercial de US$ 500 bilhões. As exportações bateram US$ 280 bilhões. “O superávit, num cenário de guerra comercial, foi de US$ 61 bilhões”, afirmou Marcos Troyjo, ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia no governo Bolsonaro. “Isso vai crescer mais neste ano, pela performance dos cinco primeiros meses. Mostra que, além do cenário interno, temos vocação para crescer no exterior. Somos um dos cinco principais destinos de investimento direto. Temos a maior corrente comercial da história.”
Para o consórcio de imprensa que apoia Lula, se eleito, a resposta seria a censura de conteúdos publicados em suas próprias plataformas — batizada de “regulação da mídia”
Em junho, o governo comemorou o aval para integrar a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Já a esquerda tem usado à exaustão o discurso de que há uma onda vermelha em curso na América Latina e que isso pode aproximar o país dos vizinhos. De fato, há uma maré de esquerda nos arredores. Mas por que o Brasil se beneficiaria de economias em espiral de ruína?
15 mil ONGs
A cartilha divulgada pelo PT em junho fala em “assegurar às mulheres o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos”. A proibição do aborto é um dos temas mais caros para Bolsonaro, cuja base eleitoral reúne a maioria das igrejas evangélicas e os conservadores. O PT ainda sugere um plano robusto de imposição de cotas raciais que extrapole as universidades federais e os concursos públicos. Não há detalhes de como essas cotas seriam exigidas na iniciativa privada.[vale lembrar que em novembro próximo o Congresso Nacional vai rever a política de cotas, com grandes possibilidades de serem abolidas = passando a valer o MÉRITO.]
O Brasil hoje tem um presidente que nunca se reuniu com o movimento sindical, nunca recebeu reitores, movimentos sociais. Que ofendeu indígenas, quilombolas. Um país generoso como o Brasil não precisa disso.
— Lula (@LulaOficial) July 29, 2022
Para o consórcio de imprensa que apoia o retorno de Lula, se eleito, a resposta seria a censura de conteúdos publicados em suas próprias plataformas e nas redes sociais — batizada de “regulação da mídia”. Trata-se de algo que o PT já tentou tirar do papel duas vezes. A primeira delas ocorreu no início do governo de Lula, com um Conselho Federal de Jornalismo. O projeto de José Dirceu e Luiz Gushiken acabou não vingando, porque os jornais fizeram forte mobilização. Depois, Franklin Martins deixou outra ameaça redigida na mesa de Dilma Rousseff, que não quis arriscar sua já enxovalhada popularidade.
Faltam menos de dois meses para o primeiro turno das eleições. O Brasil está diante de uma encruzilhada.
Leia também “A bandeira do consórcio da imprensa”
Num dado momento, entretanto, com o Brasil sob governo petista, surgiu um interesse comum entre aquelas nações em fazer um contraponto à influência americana, principalmente, e europeia, em segundo lugar. Seria a voz mais importante do mundo emergente. O grupo se formalizou diplomaticamente, incorporando a África do Sul, para ter um representante daquele continente. De uma coisa meramente retórica, de mais discurso e menos ação, evoluiu para algo mais prático, especialmente com a criação do Novo Banco de Desenvolvimento, chamado banco do Brics, para financiar projetos em comum. Banco que é hoje presidido por um brasileiro, o economista Marcos Troyjo, indicado pelo governo Bolsonaro.
Tudo isso para dizer que as circunstâncias abriram uma enorme possibilidade para o Brasil — não aproveitada. Dos membros do grupo, um, a China, era não apenas o principal parceiro comercial do Brasil, como um dos maiores produtores mundiais de medicamentos e insumos. A Índia, há anos, cravou posição como a maior produtora de genéricos e também de insumos farmacêuticos. A Rússia, em reconstrução, não havia perdido a capacidade tecnológica, inclusive nas ciências biológicas e médicas.
O Brasil tem dois institutos com reconhecimento mundial na produção de vacinas, o Butantan e Manguinhos. Todo mundo sabia disso quando se iniciou a pandemia. E a oportunidade estava na mão: uma boa articulação permitiria que Brasil, China, Índia e Rússia se organizassem para produzir e distribuir vacinas em larga escala, com financiamento de seu próprio banco. China, Índia e Rússia entrando com a tecnologia e as fórmulas; Brasil, com sua capacidade de produção e seu imenso mercado, estendendo-se para o Mercosul e toda a América Latina.
Mas isso jamais passou pela cabeça do presidente Bolsonaro e de seu chanceler, Ernesto Araújo. Nessa cabeça, a China é um bando de comunistas, que produz vacina para destruir o mundo ocidental. A Rússia, bem, seja o que for, não é amiga dos EUA. A Índia, do direitista e populista Narendra Modi, até poderia ser próxima, mas o país tem uma diferença histórica com os EUA. Sendo a maior produtora de genéricos, a Índia sempre teve interesse em limitar as patentes farmacêuticas, dominadas pelas grandes farmacêuticas americanas e europeias.
Por isso, em meados do ano passado, a pandemia crescendo, a Índia propôs na OMS que as patentes de medicamentos relacionados à Covid-19 fossem temporariamente suspensas. Trata-se de uma controvérsia. A patente, o direito exclusivo de explorar a venda de um medicamento, é um estímulo importante para que as farmacêuticas invistam bilhões de dólares na busca de uma nova substância. Mas faz tempo que o mundo, incluindo governos e setor privado, está debruçado na busca de arranjos legais que permitam conciliar a patente com a distribuição de medicamentos para as nações mais pobres.
Uma diplomacia pragmática salvaria milhares de vidas. Essa outra matou.
O ministro da Agricultura, Julien Denormandie, afirmou ainda que essa é uma etapa “intermediária”: em dez anos, o governo promete dobrar a área cultivada, chegando a 2 milhões de hectares dedicados ao cultivo de oleaginosas e leguminosas em 2030. [a França não tem tanta terra para ser liberada para cultivo da soja, ou será que o Julien está contando já com a terra da Amazônia internacionalizada?]
Os produtores franceses assinaram uma “carta de compromisso”, prometendo respeitar a meta em troca de ajuda financeira, no valor de 100 milhões de euros (quase 630 milhões de reais) durante dois anos, para incentivar o cultivo e a pesquisa de proteaginosas. Segundo Denormandie, a empreitada tem como objetivo a garantia da “soberania agroalimentar” e o fim da importação de soja ligada ao desmatamento. Atualmente, metade das proteínas vegetais para ração animal utilizadas na França é proveniente de importações e o país é o maior importador de farelo de soja brasileiro na União Europeia: das 2,2 milhões de toneladas que atravessaram suas fronteiras no último ano, mais de 88% veio do Brasil.
Grande parte de sua presidência depende da conciliação entre meio ambiente e economia. Desde sua posse em 2017, o líder francês luta para adotar políticas mais ecologicamente corretas, sob pressão de grupos de proteção ambiental e parte da sociedade. Contudo, foi um imposto sobre emissões de CO2 que inflamou os protestos dos Coletes Amarelos em 2018, que quase abateram seu governo.
Em agosto e novembro, ativistas do Greenpeace protestaram em Paris para denunciar a “inação” e o “silêncio” do governo a respeito dos incêndios na Amazônia, provocados para que a terra seja usada para pecuária e agricultura. Macron já havia admitido que o país era “em parte cúmplice” do chamado “desmatamento importado”. O desmatamento na floresta amazônica do Brasil teve o maior crescimento em 12 anos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área afetada aumentou cerca de 9,5% de agosto de 2019 a julho de 2020 em comparação com o período anterior, de 2018 a 2019.
Mundo - Veja - Por Amanda Péchy