Empresário estava em NY e teve prisão preventiva decretada por suspeita de ter pagado propina a grupo ligado ao ex-governador Sérgio Cabral
Preso ao chegar ao Rio, Eike Batista é levado ao presídio Ary Franco
Empresário é acusado de pagar propina ao ex-governador Sérgio Cabral
Alvo de mandado de prisão preventiva da Operação Eficiência,
deflagrada na última quinta-feira, o empresário Eike Batista foi detido
assim que o avião em que estava pousou no Rio na manhã desta
segunda-feira. Ele foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) para ser
submetido ao exame de corpo de delito, e, depois, encaminhado ao
presídio Ary Franco, em Água Santa, Zona Norte do Rio. A aeronave em que o empresário estava chegou por volta das 10h. Ele
embarcou ontem às 21h45m (0h45m no horário brasileiro de verão) em Nova
York com destino ao Brasil. No aeroporto JFK, o empresário afirmou ao GLOBO que volta ao Brasil para responder à Justiça
e negou que já tenha negociado uma delação premiada. Na mesma
entrevista, ele disse que "tem que mostrar o que é" e que precisa passar
"as coisas a limpo".
Eike Batista deixa o IML após fazer exame de corpo de delito - Márcio Alves / Agência O Globo
De acordo com a secretaria de Administração Penitenciária, uma transferência para outra unidade só é avaliada após o ingresso do preso no sistema. O retorno de Eike ao Brasil foi negociado com a Polícia Federal. Investigadores à frente do caso no Rio confirmaram, ontem, que esperavam que o empresário se apresentasse nesta segunda-feira às autoridades. Eike teve seu pedido de prisão preventiva expedido na quinta-feira em decorrência das apurações da Operação Eficiência, desdobramento da Lava-Jato. Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, por, segundo o Ministério Público Federal (MPF), ter pago US$ 16,5 milhões em propinas no exterior ao ex-governador Sérgio Cabral.
Considerado foragido após não ter sido encontrado em sua casa na
última quinta-feira, Eike assumiu, junto a autoridades brasileiras, o
compromisso de voltar ao Rio. A PF decidira que, se o empresário não
cumprisse o acordo, pediria imediatamente a prisão dele nos Estados
Unidos. Caso fosse necessário, o pedido seria feito por intermédio do
Departamento de Recuperação de Ativos Financeiros (DRCI), órgão do
Ministério da Justiça. A demora das autoridades brasileiras em conseguir que Eike fosse
preso em Nova York, uma das cidades mais conhecidas pelo alcance de seu
policiamento, não foi gratuita. Na verdade, em nenhum momento, os
investigadores ou o governo brasileiro pediram que o empresário fosse de
fato preso pela polícia americana.
Ao contrário de alguns países que iniciam buscas tão logo o nome do procurado seja incluído na lista da Interpol, os Estados Unidos exigem que a agência internacional ou o governo do país interessado na prisão faça um pedido específico ao ministério público local, e um juiz precisa deferir a solicitação. A Polícia Federal, deliberadamente, não deu este passo. O objetivo era conseguir que Eike se entregasse de forma negociada, o que vai ocorrer hoje.
Ao contrário de alguns países que iniciam buscas tão logo o nome do procurado seja incluído na lista da Interpol, os Estados Unidos exigem que a agência internacional ou o governo do país interessado na prisão faça um pedido específico ao ministério público local, e um juiz precisa deferir a solicitação. A Polícia Federal, deliberadamente, não deu este passo. O objetivo era conseguir que Eike se entregasse de forma negociada, o que vai ocorrer hoje.
De acordo com autoridades brasileiras, a negociação é vantajosa, uma
vez que a prisão do empresário no exterior exigiria um longo processo de
extradição ou deportação, cujo trâmite poderia durar meses.
“PASSAR AS COISAS A LIMPO”
— Eu tô voltando e (vou) responder à Justiça, como é o meu dever — afirmou no Aeroporto JFK antes de embarcar, acrescentando: — Sentimento é de ter que mostrar o que é. Está na hora de eu ajudar a passar as coisas a limpo.
Eike confirmou que não tem ensino superior completo e que fez apenas
dois anos do curso de engenharia na Universidade de Aachen e "saiu para
trabalhar, para ganhar dinheiro". E desconversou ao ser perguntado se,
em algum momento, vai levar a público fatos até agora desconhecidos. — Olha, como estou nessa fase, me entregando à Justiça, melhor não
falar nada. Depois a Justiça, e o que for permitido falar, vai acontecer
depois. Agora não dá.
“PASSAR AS COISAS A LIMPO”
— Eu tô voltando e (vou) responder à Justiça, como é o meu dever — afirmou no Aeroporto JFK antes de embarcar, acrescentando: — Sentimento é de ter que mostrar o que é. Está na hora de eu ajudar a passar as coisas a limpo.
Fonte: O Globo