Jonatan Diniz relata terror psicológico que sofreu na cadeia em publicação nas redes sociais
O brasileiro Jonatan Diniz, que foi expulso da Venezuela
por dez anos após dez dias preso em uma sede do Serviço Nacional de
Inteligência Bolivariana (Sebin), relatou nesta terça-feira os abusos
que sofreu enquanto esteve detido. Em publicação nas redes sociais, o
jovem de 31 anos conta que os agentes do governo o fizeram ficar nu em
frente aos oitos detentos com quem compartilhou uma cela de 8 metros
quadrados. Morador de Los Angeles, onde está desde que saiu da
Venezuela, Jonatan conta que sofreu acusações falsas de ter ligação com
rebeldes opositores ao governo do presidente Nicolás Maduro, como Óscar Pérez,
piloto venezuelano que em junho de 2017 roubou um helicóptero e
supostamente atacou prédios públicos em Caracas num ato contra o chefe
de Estado.
"Me fizeram ficar nu não sei quantas vezes e (nem) com
quantos celulares tiraram fotos minhas. Inclusive, me mandaram ficar nu
na frente de todos os detentos sem a mínima lógica na noite que
cheguei", contou Jonatan. "O chefe-geral do lugar falou para todos os
detentos que eu tinha ligação com Óscar Pérez e o grupo da Resistência
da Venezuela (mais uma falsa acusação) para incentivar os presidiários a
me odiar, já que os mesmos são contra atos de Óscar Pérez".
Jonatan realizava trabalhos filantrópicos na Venezuela quando foi preso sob acusação de promover atividades contra o governo chavista. O brasileiro nega que os seus trabalhos no país tivessem ambições políticas, embora tenha se indignado com a repressão das forças de segurança durante os vários meses de manifestações do ano passado. Conforme o GLOBO antecipou no domingo, Jonatan confirmou que não sofreu nenhum abuso físico ou sexual enquanto estava preso. O catarinense contou que foi preso em 26 de dezembro enquanto estava em um momento de descontração com amigos na praia de Camino Macuto, no estado venezuelano de Vargas. Um homem armado que se identificou como policial o retirou do local e fez ameaças contra ele:
"Ele fez diversas acusações falsas a meu respeito dizendo que eu era da CIA, que eu estava lá usando fotos de crianças da Venezuela para ganhar dinheiro à custa de outros, que era mentira que eu tinha chegado com a America Airlines na Venezuela", escreveu o jovem na rede social, destacando que o suposto policial à paisana não sabia que a companhia aérea americana faz voos para o aeroporto de Maiquetia, no estado de Vargas.
Jonatan realizava trabalhos filantrópicos na Venezuela quando foi preso sob acusação de promover atividades contra o governo chavista. O brasileiro nega que os seus trabalhos no país tivessem ambições políticas, embora tenha se indignado com a repressão das forças de segurança durante os vários meses de manifestações do ano passado. Conforme o GLOBO antecipou no domingo, Jonatan confirmou que não sofreu nenhum abuso físico ou sexual enquanto estava preso. O catarinense contou que foi preso em 26 de dezembro enquanto estava em um momento de descontração com amigos na praia de Camino Macuto, no estado venezuelano de Vargas. Um homem armado que se identificou como policial o retirou do local e fez ameaças contra ele:
"Ele fez diversas acusações falsas a meu respeito dizendo que eu era da CIA, que eu estava lá usando fotos de crianças da Venezuela para ganhar dinheiro à custa de outros, que era mentira que eu tinha chegado com a America Airlines na Venezuela", escreveu o jovem na rede social, destacando que o suposto policial à paisana não sabia que a companhia aérea americana faz voos para o aeroporto de Maiquetia, no estado de Vargas.
Jonatan disse que haverá uma apresentação na quarta-feira na
sede da OAB de Balneário Camboriú para apresentar a organização de
caridade pela qual trabalhou voluntariamente na Venezuela. Ele disse que
tenta formalizar a instituição, chamada "Time to Change the Earth",
desde novembro passado.
SEM COMIDA DO GOVERNO
Em seu texto, Jonatan descreve as condições precárias da cela em que ficou detido. Ele diz que nos 11 dias em que ficou preso só recebeu alimentos do governo por dois ou três dias. Nos outros dias, ele contou com a gentileza dos outros detentos, que compartilharam a comida com o brasileiro.
"De 11 dias presos, me deram comida somente 2 ou 3 dias, os outros 8 presos que estão lá há quase 3 anos não recebem nenhuma comida, tendo a família deles que viajar todos os dias para levar algo para eles sobreviverem. E foi da comida de meus colegas de cela que me alimentei, porque se fosse depender do Sebin eu tava fu****", escreveu ele nas redes sociais. "Dormíamos em 6 pessoas em colchões no chão e mais 3 em um triliche caindo aos pedaços... O vaso sanitário era na cela, sem privacidade alguma, e não existia chuveiro. Banhávamos em um cantinho com pote e depois secávamos o local. (Para) Fazer as 'necessidades' tinha que ser na frente de todos, e o cheiro nem sempre era dos melhores pela cela ser muito pequena e com tanta gente e quase nenhuma ventilação".
'AGENTE DA CIA'
O brasileiro também relata as ameaças que sofreu, citando a acusação pública contra ele feita por Diosdado Cabello, membro da Assembleia Nacional Constituinte venezuelana e figura de peso dentro do chavismo. Os agentes de segurança não o deixaram sair da cela, apenas para assinar documentos que o chamavam de "estafador e agente da CIA". Ele não pôde receber visitas em momento algum: "Tentaram colocar terror psicológico falando que eu poderia ficar lá tanto 1 como 1000 dias, que ninguém havia me procurado e que ninguém nem sequer sabia de minha prisão", escreveu. "Diosdado Cabello, braço direito de Nicolas Maduro, fez pronunciamento em rede nacional a meu respeito acredito que dia 27/12/2017 me acusando de terrorista e ligação com grupos criminosos, de verdade, essas pessoas estão com tanto medo de perder o poder que já estão alucinando".
Em mensagem na internet no domingo, Jonatan havia dito que
chegou a odiar muito o presidente Maduro devido ao sofrimento que
vivenciou junto aos venezuelanos enquanto esteve no país durante os
protestos que mataram mais de 120 pessoas no ano passado. Nesta
terça-feira, se explicou: "EU JÁ ODIEI MADURO, verbo no passado! Isso não quer dizer
que continue o odiando ou que estou ajudando qualquer um dos lados a
ganhar o poder, porque sinceramente em meu ponto de vista pessoal, nem
direita e nem esquerda são capazes de tirar Venezuela do buraco, para
mim a verdadeira revolução bolivariana e a solução deve nascer da força
do povo fazer a mudança com as próprias mãos e não esperar que os
governos façam", defendeu.
No domingo, o ativista usou suas redes sociais para fazer um longo desabafo sobre toda a sua experiência na Venezuela. Segundo o relato, ele visitou a região pela primeira vez em 2016 como mochileiro e acabou se encantando pelo lugar. Apaixonou-se também por uma venezuelana e viveu no país por três meses, entre maio e agosto de 2017, desenvolvendo trabalho filantrópico voltado para a população empobrecida. A ideia do seu projeto era doar roupas, comida, brinquedos e “o que fosse necessário para quem estava precisando”.
O Globo
SEM COMIDA DO GOVERNO
Em seu texto, Jonatan descreve as condições precárias da cela em que ficou detido. Ele diz que nos 11 dias em que ficou preso só recebeu alimentos do governo por dois ou três dias. Nos outros dias, ele contou com a gentileza dos outros detentos, que compartilharam a comida com o brasileiro.
"De 11 dias presos, me deram comida somente 2 ou 3 dias, os outros 8 presos que estão lá há quase 3 anos não recebem nenhuma comida, tendo a família deles que viajar todos os dias para levar algo para eles sobreviverem. E foi da comida de meus colegas de cela que me alimentei, porque se fosse depender do Sebin eu tava fu****", escreveu ele nas redes sociais. "Dormíamos em 6 pessoas em colchões no chão e mais 3 em um triliche caindo aos pedaços... O vaso sanitário era na cela, sem privacidade alguma, e não existia chuveiro. Banhávamos em um cantinho com pote e depois secávamos o local. (Para) Fazer as 'necessidades' tinha que ser na frente de todos, e o cheiro nem sempre era dos melhores pela cela ser muito pequena e com tanta gente e quase nenhuma ventilação".
'AGENTE DA CIA'
O brasileiro também relata as ameaças que sofreu, citando a acusação pública contra ele feita por Diosdado Cabello, membro da Assembleia Nacional Constituinte venezuelana e figura de peso dentro do chavismo. Os agentes de segurança não o deixaram sair da cela, apenas para assinar documentos que o chamavam de "estafador e agente da CIA". Ele não pôde receber visitas em momento algum: "Tentaram colocar terror psicológico falando que eu poderia ficar lá tanto 1 como 1000 dias, que ninguém havia me procurado e que ninguém nem sequer sabia de minha prisão", escreveu. "Diosdado Cabello, braço direito de Nicolas Maduro, fez pronunciamento em rede nacional a meu respeito acredito que dia 27/12/2017 me acusando de terrorista e ligação com grupos criminosos, de verdade, essas pessoas estão com tanto medo de perder o poder que já estão alucinando".
No domingo, o ativista usou suas redes sociais para fazer um longo desabafo sobre toda a sua experiência na Venezuela. Segundo o relato, ele visitou a região pela primeira vez em 2016 como mochileiro e acabou se encantando pelo lugar. Apaixonou-se também por uma venezuelana e viveu no país por três meses, entre maio e agosto de 2017, desenvolvendo trabalho filantrópico voltado para a população empobrecida. A ideia do seu projeto era doar roupas, comida, brinquedos e “o que fosse necessário para quem estava precisando”.
O Globo