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quinta-feira, 3 de maio de 2018

Contos para assustar



Em meio a autores clássicos estrangeiros, brasileiros se destacam com textos sobre loucura, alucinação e canibalismo 

Ler contos de terror escritos pelo americano Edgar Allan Poe ou pelo alemão E. T. A. Hoffmann, dois expoentes da literatura que floresceu entre o século XIX e o início do século XX e especialistas na arte de criar enredos de assombrar, é sempre um prazer — mas um prazer conhecido. É claro que ambos estão entre os 18 autores reunidos na antologia Contos de assombro (Carambaia, 224 págs., R$ 89,90). A lista, no entanto, vai além do cânone. Traz autores pouco ou nada associados aos gêneros pós-góticos do fantástico e sobrenatural, como o russo Ivan Turguêniev, o dramaturgo italiano Luigi Pirandello, a inglesa Virginia Woolf — e até os brasileiros João do Rio e Medeiros e Albuquerque. Torna-se, assim, uma leitura interessante.

O livro, de acordo com o editor Fabiano Curi, foi inspirado nos dois volumes de Ghost stories, publicados pela editora britânica Everyman em sua coleção Library pocket classics series. As coletâneas originais se ativeram aos critérios de seleção expostos no título, com histórias de autores tão insuspeitos como Elizabeth Bowen e Jorge Luis Borges, Eudora Welty e Vladimir Nabokov, Ray Bradbury e Edith Wharton, entre outros. A versão brasileira tem uma ambição maior. Além de tentar se afastar da ideia de gênero ao assumir “assombro” como tema, demonstra como a expansão do fantástico e do sobrenatural no período abrangido foi ampla e atingiu uma grande variedade de idiomas e tradições culturais.

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Em meio aos estrangeiros, três brasileiros se destacam, com contos de alucinação, loucura e canibalismo. São textos pouco ou nada conhecidos de cada um deles. O flaneur João do Rio, um dos primeiros a transportar para a literatura técnicas jornalistas e vice-versa, comparece com “Pavor”, publicado no jornal O Commercio de São Paulo, em novembro de 1911, e posteriormente inserido na coletânea Rosário da ilusão, de 1921. No conto, um homem chega em casa na alta madrugada, após vagar a esmo pelas ruas “apressado e sem destino”. “Vibravam-lhe os nervos, tinha a boca amarga, o lábio seco. A passeata perdida sob a chuva entristecera-o, enchera-o de uma dor inquieta, de um receio indeciso. E estava ali, querendo dormir, só dormir, senão dormir.” Nesse estado de excitação e em estado de vigília, ele começa a delirar com os sons e barulhos da casa.

Autor da letra do Hino da Proclamação da República, o pernambucano Medeiros e Albuquerque, que se dividiu em sua carreira literária entre o Simbolismo, a narrativa decadentista e o Parnasianismo, assina “O soldado Jacob”, publicado anteriormente numa coletânea intitulada Um homem prático, de 1898. Ambientado no fim de um ano qualquer em Paris, o conto se traveste na crônica de um estudante de medicina que faz uma visita a um hospital psiquiátrico onde está internado há 23 anos o tal Jacob. Veterano da Guerra Franco-Prussiana, o militar sofre com um trauma permanente, o que lhe confere gestos bruscos: “Sentia-se bem, à mais simples inspeção, que o velho tinha diante de si um fantasma qualquer, qualquer, alucinação do seu cérebro demente — e forcejava por afastá-la”.

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