Filha de Paulo Roberto Costa recebeu R$ 500 milhões
por engano
Um cheque
virou motivo de discórdia entre Bradesco e Arianna Costa Bachmann
Um
cheque de R$ 500 milhões virou motivo de discórdia entre o Bradesco e Arianna
Costa Bachmann, filha
do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Na segunda-feira, o banco
recorreu à Justiça para obter um mandado de busca e apreensão contra Arianna e,
assim, receber de volta o cheque errado que havia emitido em nome dela há mais
de um mês. Costa foi preso na Operação
Lava-Jato e deverá entregar todo seu patrimônio à Justiça.
Na versão do advogado dela,
Raphael Montenegro, tudo
começou no dia 30 de dezembro, quando
Arianna foi ao Bradesco do Largo da Carioca para sacar uma aplicação de
previdência privada no valor de R$ 650 mil. Segundo ele, tratava-se de recursos que não estão bloqueados pela
Justiça, apesar de Arianna figurar como beneficiária do acordo de
delação premiada que o pai firmou com o Ministério Público Federal.
Cheque de R$ 500 milhões entregue pelo Bradesco à filha de Paulo
Roberto Costa - Raphael Montenegro Hirschfeld
Ainda de acordo com Montenegro, aquele era o último expediente bancário do ano, e Arianna solicitou dois cheques administrativos: um de R$ 150 mil e outro de R$ 500 mil. Guardou-os sem conferir. Só em 3 de janeiro, após as festas de fim de ano, ela percebeu que um deles tinha valor mil vezes maior que o original: R$ 500 milhões, em vez de R$ 500 mil.
O que poderia ser motivo de
felicidade para muita gente, virou, segundo o advogado, uma dor de cabeça a mais para Arianna. O pai dela foi preso em
março de 2014 depois que a Polícia Federal descobriu que ele estava destruindo
provas com a ajuda de familiares. Arianna, uma irmã e seus maridos figuram como
sócios de empresas usadas no esquema de corrupção operado por Costa. O ex-diretor obteve prisão domiciliar e livrou os parentes da
cadeia ao se comprometer com a delação e a entrega do patrimônio fruto de sua
ação criminosa. Todos os bens do ex-diretor estão bloqueados.
Se a
família for flagrada movimentando recursos ocultados da Justiça, os benefícios
perderão efeito. — A família já está
muito fragilizada, com a intimidade devassada. Arianna ficou com medo de que
esse cheque circulasse como indício de movimentação de dinheiro não declarado.
Por isso, pedi uma reunião no Bradesco para garantir a solução do mal-entendido
em vez de entregar o cheque na agência — contou Montenegro. — Dei uma cópia do cheque. O banco pediu
tempo para fazer uma auditoria interna, alegando que não tinha como saber se
ele havia sido adulterado. A troca ficou acertada para após a apuração.
A reunião
foi realizada na segunda-feira, num escritório do Bradesco na Rua Senador
Dantas. No mesmo dia, o banco pediu à
Justiça a apreensão do cheque na casa de Arianna. O mandado foi autorizado na terça-feira, em regime de urgência, pelo juiz Luiz Felipe Negrão, da 3ª Vara Cível da Barra da
Tijuca, onde ela mora. O magistrado registrou que “há prova inequívoca” de que
Ariana solicitou o cheque no valor de R$ 500 mil e que tudo indica que houve
erro de funcionários do banco. Ele suspendeu imediatamente os efeitos do
cheque, mas negou o sigilo judicial
solicitado pelo Bradesco. Ontem, antecipando-se a uma possível busca, o
advogado entregou o cheque ao juiz.
Procurado
pelo GLOBO, o Bradesco não quis comentar o caso. É o
segundo erro cometido pelo banco envolvendo um personagem da Lava-Jato. No
dia 23, o Bradesco atribuiu a um “erro
humano” a informação equivocada enviada ao Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf), em 2011, de um saque de R$ 200 mil do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Fonte: O Globo