Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Petrobras. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Petrobras. Mostrar todas as postagens

sábado, 11 de novembro de 2023

Risco de descontrole das contas públicas ameaça crescimento econômico

Governo Lula explicita que restringir gastos não é a sua prioridade - uma escolha com consequências nefastas para o equilíbrio fiscal

 BOQUIABERTO - Haddad surpreso com Lula: o presidente mandou às favas o compromisso do país com a responsabilidade fiscal (Fátima Meira/Futura Press)

O economista e ex-ministro Roberto Campos, avô do atual presidente do Banco Central, é o autor de uma frase que, sob diversos aspectos, sintetiza uma triste sina brasileira: “O Brasil nunca perde a oportunidade de perder oportunidades”. 
A velha máxima mais uma vez provou a sua validade. 
Poucas vezes o país deparou com condições tão favoráveis para crescer. Na nova era ambiental, o Brasil destaca-se por ter, entre as maiores economias do mundo, a matriz energética mais sustentável, o que o colocaria em posição de vantagem para liderar as transformações que estão em curso. 
Somos também o maior exportador de alimentos do planeta, com um agronegócio vigoroso e inovador que responde por quase 25% do produto interno bruto. 
Na geopolítica, o cenário é igualmente favorável. Enquanto a China coloca o pé no freio e a Rússia está em guerra, o Brasil é, entre os grandes emergentes, o menos exposto às turbulências internacionais. 
Tudo isso poderia ser aproveitado para o país deslanchar de vez. Contudo, estamos — de novo — condenados à nossa vocação de perder oportunidades.

arte economia

Desta vez, boa parte da culpa deve ser atribuída à cartilha econômica que os governos petistas costumam adotar: a que dá prioridade aos gastos

Na quarta-feira 8, o Banco Central revelou que as contas públicas fecharam o mês de setembro com déficit primário de 18 bilhões de reais, sendo que no mesmo mês de 2022 houve superávit de 10,9 bilhões de reais. No acumulado de doze meses, o setor público consolidado — formado por União, estados, municípios e empresas estatais — registrou déficit de 102 bilhões de reais, o equivalente a 0,97% do PIB. É certo, portanto, que as contas públicas fecharão 2023 no vermelho, após breve respiro alcançado no ano passado. A conclusão óbvia: os números estão ruins porque o governo Lula desde o início vem gastando mais do que arrecada — e promete gastar mais ainda.

arte economia

(...)

Sem disciplina fiscal, as perspectivas são alarmantes. O economista Alexandre Schwartsman, colunista de VEJA, diz que houve um aumento de 3% do déficit primário (incluindo União, estados, municípios e empresas estatais) de janeiro a setembro de 2023 versus igual período de 2022. Ressalte-se mais uma vez que, no ano passado, o governo registrou um superávit de 1,2% do PIB, que provavelmente se tornará um déficit de 1,8% neste ano, agora com o país sob a regência de Lula.

(...)
Está no DNA do Partido dos Trabalhadores gerir as contas públicas pelo caminho do aumento de receitas, e não do corte de despesas.  
Os dogmas petistas também pressupõem ingerência do governo nas empresas estatais. 
Em outubro, o conselho de administração da Petrobras, com maioria de indicados pelo governo federal, propôs a revisão de seu estatuto para que sejam permitidas indicações políticas em postos-chave da companhia. Combinadas, iniciativas como essa afetam a credibilidade do país e minam a confiança dos investidores. “O governo está se afastando de políticas que antes contribuíam para fortalecer a saúde econômica do Brasil no futuro”, diz Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating.

(...)

 

O corte de gastos seria essencial, especialmente em um país sufocado por uma das cargas tributárias mais altas do mundo, sem margem para aumento de impostos. 
 Tal premissa, contudo, está longe do horizonte petista. 
Nos últimos meses, o ministro Haddad tem procurado obsessivamente meios de elevar a arrecadação. 
Entre as propostas na mesa estão a tributação de importados de pequeno valor, apostas esportivas e empresas offshore. 
Segundo cálculos da Receita Federal, essas medidas gerariam 165 bilhões de reais em receitas extras. O problema é que elas não têm se materializado. Mais que isso: foram superestimadas, dado o otimismo exagerado com os rumos da economia. 

(...)

Os governos que gastam demais costumam gerar danos severos à economia. 
Em um primeiro momento, o avanço dos investimentos públicos pode até provocar algum crescimento do PIB, mas ele será seguido no longo prazo por crises gigantescas. 
Foi assim, lembre-se, nos anos Dilma Rousseff, quando o Brasil enfrentou a pior recessão da sua história. 
 Pelo visto, o governo Lula parece disposto a seguir o mesmo caminho. O Brasil deverá encerrar 2023 com um endividamento público que equivale a 76% do PIB e projeções indicam que, a continuar na toada gastadora, a proporção chegará a 84% em 2026. No final do ano passado, o índice foi de 73% do PIB.

arte economia

(...)

No rol das oportunidades perdidas, a reforma tributária deverá também ocupar lugar de destaque. 
Embora as novas regras aprovadas no plenário do Senado Federal sejam melhores do que as antigas, fato é que as mudanças estão longe do ideal. O texto admitiu tantas exceções, resultantes de pressões políticas e setoriais, que sua premissa original de reduzir a carga de impostos não será cumprida
O Brasil deverá ter uma das maiores taxas de IVA (imposto sobre valor agregado) do mundo, algo injusto para uma sociedade que recebe serviços precários dos entes públicos. 
“Há o risco de criarmos um monstrengo tributário”, diz Felipe Salto, economista-chefe da gestora Warren Investimentos. 
Roberto Campos tinha razão. A lista de oportunidades desperdiçadas pelo Brasil não para de crescer.

Publicado em VEJA,  edição nº 2867, de 10 de novembro de 2023

CLIQUE AQUI, para ler a íntegra da matéria = Revista VEJA


quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Lula e PT ressuscitam nomeações políticas na Petrobras com aval do STF - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Pé-de-cabra para arrombar de novo o cofre da empresa é uma mudança nos estatutos da empresa, baseados na Lei das Estatais

A Petrobras não sossega. Não num governo Lula-PT: depois de ter sido jogada por eles mesmos à beira da bancarrota, nos treze anos e meio da sua primeira passagem por Brasília, a estatal sagrada da esquerda brasileira está fazendo o possível, mais uma vez, para voltar à zona do rebaixamento. 
A Petrobras, naquele período, foi possivelmente a empresa mais roubada da história econômica mundial – com confissões assinadas de culpa, condenações em tribunais estrangeiros, devolução física de dinheiro por parte dos corruptos.  
Só se salvou da falência porque Lula e Dilma Rousseff tiveram de sair do governo. 
Com a interrupção na roubalheira nesses últimos sete anos – e com a nova Lei das Estatais, que proíbe o presidente da República de entregar os cargos de direção para os amigos a Petrobras voltou a dar lucro e a pagar dividendos para o Tesouro Nacional
Poderiam deixar exatamente assim. É claro que querem o contrário. 
Estão exigindo de volta as oportunidades ilimitadas de fazer fortuna que tiveram até 2016.
 
O pé-de-cabra para arrombar de novo o cofre é a atual manobra do Conselho de Administração da Petrobras, através da qual estão tentando mudar os estatutos da empresa, baseados na Lei das Estatais; querem ressuscitar as nomeações políticas na direção. 
O PT e Lula sempre foram contra essa lei, essencial para se combater a corrupção nas empresas controladas pelo poder público. 
Perderam no Congresso, mas agora não precisam dos votos de deputados e senadores – têm o STF. Não há erro, ali. É pedir e levar. 
No caso, o Supremo adotou o procedimento-padrão utilizado hoje para se fazer o que o governo quer – como há uma lei atrapalhando, os ministros declaram que a lei é “inconstitucional”. Qual é o problema com isso? 
 
Se o STF é capaz de decidir que artigos da própria Constituição são “inconstitucionais”, por que não faria a mesma coisa com a coitada de uma lei aprovada pela Câmara e pelo Senado?
 
É impossível achar qualquer espécie de argumento racional para justificar a devolução da Petrobras aos políticos, amigos e amigos dos amigos que levaram a empresa à ruína. A repercussão, é claro, foi um desastre. “No auge do ‘Petrolão’, recursos de projetos superfaturados financiavam o pagamento de propinas”, escreveu um editorial de O Globo. “A própria empresa reconheceu desvios de R$ 6,2 bilhões em seu balanço. Eles só ocorreram porque os diretores eram, com o beneplácito de Brasília, apadrinhados pelos políticos de diferentes partidos que se beneficiavam dessas propinas”
É essa a Petrobras dos sonhos de Lula e da esquerda nacional. 
Desde a sua volta ao governo, em 1º. de janeiro, a empresa está sendo dirigida por um ex-senador do PT – que, por sinal, é sócio de empresas da área petroleira. 
Estão querendo muito mais que isso.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

O Brasil voltou… e o apagão também! - Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

O amor venceu e o Brasil voltou! Junto, trouxe o velho e conhecido apagão. Um "gabinete de crise" foi criado, pois é preciso mostrar que algo está sendo feito. 
Mas a realidade está às claras (ou melhor, no escuro): vários estados ficaram horas sem luz.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que uma ocorrência na rede de operação do Sistema Interligado Nacional interrompeu o fornecimento de 16 mil megawatts (MW) de carga em Estados do Norte e Nordeste do Brasil, afetando também Estados do Sudeste.

Acontece... Se fosse só isso, não haveria motivo para pânico. 
Mas não é só isso. Nem de perto. A economia travou, "pisou no freio" no segundo trimestre, segundo cálculo do Banco Central. O Ibovespa experimentou dez quedas consecutivas, algo que não acontecia desde a década de 1980.  
"Ninguém come Ibovespa", podem voltar a repetir os petistas que até ontem vibravam com a aparente tranquilidade dos mercados.

A Petrobras, que vai voltar a investir em projetos ideológicos e corruptos e não mais priorizar dividendos aos acionistas, anunciou aumento de preço na refinaria. A gasolina terá uma alta de 16,2%.  
No caso do diesel, o preço médio subirá R$ 0,78 por litro, de R$ 3,02 para R$ 3,80, um aumento de 25,8%. Machuca o bolso, claro, mas é com amor...
 
Dava para continuar mostrando indicadores preocupantes da economia por um bom tempo, ou falar do prognóstico nada alvissareiro do que vem por aí. E isso seria "apenas" o lado econômico, aquele que pega no bolso de quem esperava chuva de picanha. 
Pois ainda é preciso falar do autoritarismo, da corrupção, do esgarçamento moral, da bandidolatria, da tarefa hercúlea de criar filhos com bússola moral numa nação em que o crime compensa etc.
 
Quando observamos o que se passa no Brasil é irresistível o sentimento de que essa gente merece o que está por vir. Fato: quem fez o L merece mesmo se ferrar, pois estupidez deveria ter um limite
Ninguém pode fingir que não sabia quem era Lula e o que pretendia o seu PT. Mas dureza é ferrar com o restante do povo junto, com a turma patriota que sabia muito bem o que significava a "volta do ladrão à cena do crime".
 
Não dá para desejar o pior nunca, nem por pragmatismo para prejudicar o desgoverno, nem pelo fator pedagógico dos eleitores idiotas, nem mesmo pelo desejo de vingança para com tucanos abestalhados
O povo não merece tal sofrimento. É por isso que temos sempre de torcer pelo melhor.
 
E o avanço da direita liberal na Argentina pode significar uma luz de esperança em meio a este apagão comunista. 
A esquerda destrói tudo, mas enquanto não for "game over" como em Cuba, na Venezuela ou na Nicarágua, podemos ter a esperança de reverter o quadro.
É verdade que na Argentina o voto é impresso, e que não há um Alejandro de Moraes no comando de todo o processo eleitoral. 
 Não obstante, sonhar não custa nada. 
Se los hermanos poderão dar um ponta pé nos lulistas deles, então os brasileiros também serão capazes de fazer isso em breve. O apagão, moral acima de tudo, há de passar um dia...


Rodrigo Constantino, colunista -  Gazeta do Povo


domingo, 13 de agosto de 2023

Governo faz Petrobras segurar preço da gasolina e repete fórmula duvidosa

Para conter a inflação, gestão Lula obriga a estatal a reter reajuste dos combustíveis, repetindo estratégia que já trouxe prejuízos à empresa e ao país

Um dos slogans mais famosos da história do capitalismo certamente ajudou o banco americano de investimentos Salomon a se tornar um colosso com atuação global. A frase, de fato, é inesquecível: Nós fazemos dinheiro do modo tradicional — nós o ganhamos”. 
De tempos em tempos, a Petrobras parece subverter a lógica que, teoricamente, deveria mover qualquer tipo de negócio. 
A petrolífera brasileira, em especial nos governos petistas, tem demonstrado vocação para ir na direção oposta. 
Ou seja, como poucas companhias no mundo, a estatal parece não se incomodar em perder dinheiro. Basta dar uma olhada no quadro que está à direita desta página para entender o tamanho do problema. Enquanto os preços internacionais do barril do petróleo sobem, a companhia reduz o valor médio do litro da gasolina enviada para as distribuidoras. Para que não haja dúvidas: a Petrobras, numa estratégia duvidosa, subsidia o preço dos combustíveis.  
Como a história recente ensina, trata-se de situação insustentável. 
A conta não fecha e, cedo ou tarde, a bomba explodirá.  
 CORTE - Prates: o presidente da Petrobras reduziu o pagamento de dividendos 
 
(...)
 
Cálculos recentes estimam que a defasagem do valor da gasolina vendida no Brasil em comparação com as cotações internacionais de petróleo está em torno de 20%.  
No caso do óleo diesel, a disparidade aproxima-­se dos 30%. 
De que forma isso afeta os negócios da Petrobras? 
Como o Brasil não é autossuficiente em sua produção, a empresa é obrigada a importar parte do combustível para atender à demanda do mercado. 
Por isso, os preços praticados no exterior afetam diretamente as contas da companhia. 
Procurado pela reportagem de VEJA, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, não quis dizer o que a empresa fará para corrigir essa distorção.

arte gasolina

(.....)

Mesquita tem razão. Nos anos Dilma Rousseff, a Petrobras foi usada como instrumento político, e a estratégia revelou-se um desastre completo.  
Sob o pretexto de controlar a inflação e estimular o consumo, Dilma mandou segurar o preço cobrado nas bombas de combustível. Em 2014, quando o modelo ganhou tração, a Petrobras encerrou o ano com prejuízo de 21,5 bilhões de reais. É um caso para ser estudado como exemplo clássico de má gestão. 
Para efeito de comparação, em 2013 a companhia havia lucrado 23,6 bilhões de reais. 
Nos anos Dilma, a petrolífera perdeu quase 60% em valor de mercado, ou algo como 100 bilhões de reais. Trata-se de um processo de destruição de valor poucas vezes visto na história corporativa brasileira. O montante, ressalte-se, nem sequer leva em consideração os escândalos de corrupção que envolveram a Petrobras nos governos petistas, que também arruinaram os cofres da empresa.

arte gasolina

(...)


CRISE - Greve dos caminhoneiros em 2018: economia parada por dez dias
CRISE - Greve dos caminhoneiros em 2018: economia parada por dez dias (Miguel Schincariol/Getty Images)
O que está ruim pode piorar. Atualmente, o preço do barril do petróleo tipo Brent, principal referência do mercado, está em torno de 85 dólares. Segundo o banco francês Société Générale, o valor chegará a 100 dólares em 2024. Não se trata de mera suposição. 
Em decisão conjunta, as nações que integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) decidiram diminuir a produção em 1,4 milhão de barris por dia até janeiro do ano que vem.  
De seu lado, a Arábia Saudita, maior produtora de petróleo do mundo, também determinou o corte de 1 milhão de barris diários
A estratégia é óbvia: com produção menor, os preços aumentam. Acrescente-se a isso o provável crescimento da demanda diante da expectativa de aceleração econômica global e o que se tem é um quadro de preços em ascensão.
 
O governo Lula mantém a pressão sobre a gestão da empresa.  
No início de agosto, anunciou a revisão da política de dividendos, com corte na distribuição dos recursos aos acionistas, uma crítica à fartura dos anos Bolsonaro. 
A justificativa é que uma proporção dos proventos seja destinada a investimentos. 
O problema é que, no passado recente, o uso dos recursos sob tal pretexto levou a obras superfaturadas e trocas de favores políticos — daí para a corrupção é um passo curto. 
Lula também teme que o aumento do preço dos combustíveis impulsione a inflação.  
De fato, existe correlação direta entre as duas coisas. 
Estudos mostram que uma alta de 1% no preço da gasolina gera impacto imediato de 0,05 ponto no IPCA.
Os preços dos combustíveis sempre foram uma questão sensível no Brasil. Em maio de 2018, a greve dos caminhoneiros, que pleiteavam queda do custo do diesel, interrompeu o fornecimento de itens essenciais à economia por dez dias, levando caos ao país. 
A situação agora é bem diferente, mas é inegável que a Petrobras vive momento desconfortável. 
 Segundo um ex-presidente da companhia, há o temor de um novo ciclo de prejuízos, mais cortes nos pagamentos de dividendos e até redução dos investimentos. 
“Quando a Petrobras perde, todo o Brasil é afetado”, disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, em entrevista ao programa VEJA Mercado
O governo, portanto, deveria zelar pela saúde financeira da empresa.
 A melhor maneira de fazer isso é deixá-la seguir o seu próprio caminho.

MATÉRIA COMPLETA - Com reportagem de Felipe Erlich

Publicado em VEJA, edição nº 2854 de 11 de agosto de 2023


sábado, 12 de agosto de 2023

A política dos truques para disfarçar os gastos - Carlos Alberto Sardenberg

O Globo - Opinião

Nos governos petistas tornou-se bem conhecida a ‘contabilidade criativa’. Pois parece que a imaginação avançou 

A política dos truques para disfarçar os gastos

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discursa durante lançamento do Novo PAC, no Rio — Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo [oportuno ter presente que o "novo" PAC é o CONTO DO PACO, apresentado nos governos passados do PT. Tentam passar a imagem de um sucesso, quando na realidade foi o CAMPEÃO DE OBRAS INICIADAS e ABANDONADAS.]

O Novo PAC tem uma pegada ambiental. Como exatamente? Bem, o governo promete algo como um arcabouço institucional que deve induzir práticas sustentáveis nos investimentos e programas públicos e privados. Uma generalidade. Os planos de exploração do petróleo na Margem Equatorial são, em contrapartida, bem concretos.

São exatos 19 poços a explorar, incluindo aquele colocado na área mais sensível, a foz do Amazonas, cuja licença ambiental foi negada pelo Ibama. A estatal comparece no PAC com planos de pesados investimentos em petróleo, tudo carbono puro.

A contradição está na cara. Há um discurso ambiental, metas não específicas de descarbonização e investimentos definidos na direção contrária. Parece que estamos falando de dois governos. 
E estamos mesmo, pelo menos nesse caso. E mais: um governo tentando enganar o outro. 
 
Eis o truque para driblar o veto do Ibama à exploração na foz do Amazonas:  
- um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) esclarecendo que não é preciso licença ambiental.  
Mais exatamente: que a licença estaria, digamos, implícita no leilão feito pela Agência Nacional de Petróleo em 2013, quando a Petrobras adquiriu o direito de explorar o referido poço, ao longo do litoral do Amapá.

Um governo nega a exploração. Outro autoriza. Qual valerá?
Pelo Novo PAC, ganha o da AGU. No programa, a Petrobras deve voltar a construir navios, plataformas de exploração e refinarias, em grande estilo. O que introduz uma segunda contradição. Se a estatal investirá como no “glorioso passado” de Lula 2 e Dilma 1, obviamente precisa de muito dinheiro. 
Mas a companhia, na prática, reduz seus ganhos — e as margens para investimento — ao manter o preço dos combustíveis mais baixo.  
E ao vender no mercado interno, com prejuízo, produtos importados a preços mais altos. 
Essa contradição apareceu no passado [governos Lula e Dilma,  petistas.] e foi superada da única forma possível: tomar dinheiro emprestado, tornando a Petrobras a petrolífera mais endividada do mundo.

De novo?
Parece que sim, pois o pessoal nem se preocupou em explicar por que as refinarias saíram muito mais caras que o previsto e não foram concluídas por isso mesmo. [fácil de explicar: governos que tem a roubalheira como meta principal, gostam de obras, serviços, são mais difíceis de controlar, sujeitos a atrasos o que facilita o assalto aos recursos públicos.] 
Agora serão retomadas com que dinheiro? 
Com os lucros do óleo da Margem Equatorial, aquele sob restrição ambiental? 
Ou a volta ao passado seria completa, incluindo as dívidas? [óbvio que esta é alternativa vencedora, na prática, como disse Alckmin "a volta à cena do crime", muito provavelmente o ex-governador substituindo o criminoso-mor = o paulista já tem experiência em transformar substituição eventual em permanente.] 
 
Há outros truques em andamento, especialmente nas contas públicas
A questão é mais ou menos esta: como gastar sem registrar que é gasto? Os investimentos do PAC, por mais que Lula diga o contrário, estão na categoria dos gastos primários (despesas não financeiras) que deveriam ser equilibradamente pagos com receitas de impostos. 
 
Quando a despesa não cabe na receita, o que se faz? Dois truques: um, tirar a despesa da conta. Isso mesmo: gastar, mas não colocar na contabilidade. O outro truque: prever receitas enormes para sabe-se lá quando. Também há um drible aqui: aumenta-se a carga tributária jurando de pés juntos que não há aumento de impostos.  
Empresas e cidadãos pagarão mais, mas a coisa aparece como ajuste, correção, eliminação de injustiças fiscais.

Nos governos petistas tornou-se bem conhecida a “contabilidade criativa”. Pois parece que a imaginação avançou. Tome o exemplo dos precatórios. É assim: o governo deixou de pagar ou pagou a menos para cidadãos ou empresas. Estes vão à Justiça, ganham o processo, e a Justiça manda o governo pagar. São os precatórios, conta pesada.

No governo Bolsonaro, aprovou-se uma emenda constitucional adiando o pagamento desses precatórios. 
A bomba estoura no atual governo, todo mundo sabe disso. 
Como pagar, se a administração Lula já aumentou diversos gastos, promete novos e ainda assegura que fará déficit zero em 2024? 
 
Não tem jeito de fazer tudo ao mesmo tempo. A menos... a menos que se considerem os precatórios como despesa financeira, outro truque em gestação. 
O gasto é feito, o governo fica mais endividado, e o déficit sai limpo dessa conta. Mas vai-se a credibilidade.[ credibilidade para um governo mentiroso, campeão de promessas não cumpridas - a turma que fez e o L e espera a picanha com cervejinha -  que o diga;  aliás, não haverá perda de credibilidade, só se perde algo, quando temos.]

Criatividade, às vezes, dá nisso. 

Coluna em O Globo 12 agosto 2023

 

Carlos Alberto Sardenberg,  colunista