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sexta-feira, 2 de junho de 2017

Temer tem condições de desprezar a direção do PSDB e sua sempre presente vocação para o muro - a 'arraia miúda' , a que vota, ficará junto a Temer

Momentos decisivos para Temer

No esforço para debelar a crise, o presidente se aproveita da hesitação do PSDB e do aumento do PIB para ganhar um fôlego às vésperas do julgamento no TSE e da conclusão do inquérito contra ele pela PF

Hoje, mais do que nunca, o presidente da República, Michel Temer, é o homem e suas circunstâncias, como diria o filósofo Ortega y Gasset. O seu comportamento, em tempos de crise, depende fundamentalmente da realidade que o cerca. Se a semana passada pudesse ser desenhada, ela teria a aparência de um gráfico de eletrocardiograma. Na terça-feira 30, o gabinete presidencial era dominado pela tensão. Até àquela altura, Temer colecionava infortúnios, tanto na seara política como jurídica. Tinha de contornar focos de rebelião no Congresso, ao mesmo tempo em que via o cerco se fechar no STF, onde responde a inquérito com prazo exíguo de conclusão.

Ao receber a revista ISTOÉ no Palácio do Planalto na manhã de quinta-feira 1, Temer exibia um semblante revigorado. Não à toa. Minutos antes, o presidente havia sido informado de uma boa nova – provavelmente a mais importante desde o início do terremoto que se abateu sobre o governo: a alta de 1% no PIB, a primeira desde o quarto trimestre de 2014. “Isso é fruto da credibilidade e da confiança que se tem no País”, afirmou Temer à ISTOÉ. O meio político também emitiu sinais concretos de que, por ora, ainda é possível segurar o leme da governabilidade. Na noite de segunda-feira 29, em reunião com Temer num hotel em São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que hoje preside os tucanos, haviam se comprometido a articular, no seio do PSDB, a votação da reforma da Previdência, antes de qualquer tratativa a respeito da sucessão. No mesmo dia das alvíssaras sobre o PIB, Temer recebeu a confirmação de que: 1. O “pacto” pelas reformas permanecia de pé e 2. O PSDB mantinha a intenção de tirar o tema sucessão da pauta, salvo o surgimento de um fato novo.

Economia dá sobrevida a Temer
O presidente sabe que a situação do governo permanece delicada e os ventos que correm cortantes na direção contrária do Palácio não estão nem perto de serem debelados. Nesse contexto conturbado, enquanto o País é levado por um pêndulo de incertezas, Temer sofre pressões de todos os lados. Ele mesmo reconheceu, na entrevista à ISTOÉ, que se move ao sabor dos cenários que se apresentam. Perguntado se permaneceria à frente do País caso venha a perder o apoio do PSDB e da base aliada, respondeu: “Vou esperar perder o apoio primeiro, né, para depois examinar”. Mas os bons auspícios que sopram na economia não só lhe permitiram ganhar fôlego como lhe franquearam margem de ação política.


MATÉRIA COMPLETA em IstoÉ