Momentos decisivos para Temer
No esforço para debelar a crise, o presidente se aproveita da hesitação do PSDB e do aumento do PIB para ganhar um fôlego às vésperas do julgamento no TSE e da conclusão do inquérito contra ele pela PF
Hoje, mais do que nunca, o presidente da
República, Michel Temer, é o homem e suas circunstâncias, como diria o
filósofo Ortega y Gasset. O seu comportamento, em tempos de crise,
depende fundamentalmente da realidade que o cerca. Se a semana passada
pudesse ser desenhada, ela teria a aparência de um gráfico de
eletrocardiograma. Na terça-feira 30, o gabinete presidencial era
dominado pela tensão. Até àquela altura, Temer colecionava infortúnios,
tanto na seara política como jurídica. Tinha de contornar focos de
rebelião no Congresso, ao mesmo tempo em que via o cerco se fechar no
STF, onde responde a inquérito com prazo exíguo de conclusão.
Economia dá sobrevida a Temer
O presidente sabe que a situação do governo permanece delicada e os ventos que correm cortantes na direção contrária do Palácio não estão nem perto de serem debelados. Nesse contexto conturbado, enquanto o País é levado por um pêndulo de incertezas, Temer sofre pressões de todos os lados. Ele mesmo reconheceu, na entrevista à ISTOÉ, que se move ao sabor dos cenários que se apresentam. Perguntado se permaneceria à frente do País caso venha a perder o apoio do PSDB e da base aliada, respondeu: “Vou esperar perder o apoio primeiro, né, para depois examinar”. Mas os bons auspícios que sopram na economia não só lhe permitiram ganhar fôlego como lhe franquearam margem de ação política.
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